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Aula 5 - Fibrose Cística

O diagnóstico da fibrose cística se dá pela


Definição / Prevalência:
realização da triagem neonatal, recomendada pelo
https://www.youtube.com/watch?v=dYEEhNcLZjU
Ministério da Saúde (MS) mesmo que não aja histórico
A fibrose cística ou mucoviscidose é a doença familiar, empregando-se dosagem da tripsina
genética letal mais comum em populações caucasianas imunorreativa (IRT). Este teste detecta a tripsina, que
e é caracterizada por infecções crônicas e recorrentes está elevada nos fibro-císticos e permanece elevada
do pulmão, insuficiência pancreática e elevados níveis até 30 dias de idade. Na presença de alterações no
de cloro no suor. É uma doença de herança exame, deve-se realizar um segundo,
autossômica recessiva causada pela mutação no gene preferencialmente no primeiro mês de vida. Se o
do Regulador da Condutância Transmembrana da segundo também estiver alterado, o diagnóstico é
Fibrose Cística (CFTR), que induz o organismo a confirmado ou excluído pelo teste do suor, que está
produzir secreções espessas e viscosas que obstruem alterado em 98%-99% dos pacientes.
os pulmões, o pâncreas e o ducto biliar. Muitos
O método padrão para o teste do suor (TS)
pacientes apresentam insuficiência pancreática, que
consiste na estimulação da produção de suor pela
leva a má-absorção de nutrientes especialmente de
policarpina, que é colocada sobre a pele ou
proteínas e lipídeos e a complicações gastrintestinais
diretamente nas glândulas sudoríparas, usando um
tais como prolapso retal, síndrome da obstrução
gradiente potencial (iontoforese) e análise da
intestinal, constipação e cirrose hepática.
concentração dos íons Na e Cl. A dosagem de cloreto
O paciente portador dessa doença apresenta por métodos quantitativos no suor ≥60 mmol/l, em
secreções mucosas espessas e viscosas, obstruindo os duas amostras, confirma o diagnóstico.
ductos das glândulas exócrinas, que contribuem para o
aparecimento de três características básicas: doença
pulmonar obstrutiva crônica, níveis elevados de
eletrólitos no suor, insuficiência pancreática com má
digestão/má absorção e consequente desnutrição
secundária.

Frequentes em descendentes de caucasianos cuja Outros testes para diagnóstico da fibrose cística
incidência varia de um para cada 2000 ou 3000 incluem a análise de mutações, teste de alto custo e,
nascimentos em vários países: um indivíduo em cada no Brasil, são poucos os centros capacitados para
25 nestas populações é portador assintomático do realizá-lo; teste da secretina pancreosimina, para
gene. É menos frequente em negros, um para 17.000, e quantificar a função pancreática exócrina; dosagem da
rara em asiáticos, um para 90.000, na população gordura fecal, usado para avaliar a má digestão e má-
americana absorção de gorduras; detecção de enzimas
(quimiotripsina, elastase, lipase imunorreativa) nas
No Brasil, estima-se que a incidência de FC seja de fezes; determinação de nitrogênio fecal; detecção
1:7576 nascidos vivos; porém, apresenta diferenças sérica de proteína associada à pancreatite; dosagem
regionais, com valores mais elevados nos estados da sérica de triacilgliceróis.
região Sul.
O diagnóstico da fibrose cística também se
baseia em achados clínicos clássicos, ou seja,
Diagnóstico manifestações pulmonares e/ou gastrintestinais típicas,
A fibrose cística normalmente é diagnosticada e história de casos da doença na família, confirmado
na infância, pelos programas de triagem neonatal ou por exames laboratoriais.
pelo teste do suor
anatomicamente normais de recém-nascidos, leva à
formação de bronquiectasias e lesão pulmonar com
progressão, em última instância, para insuficiência
respiratória e morte.

A doença pulmonar na fibrose cística


caracteriza-se pela colonização e infecção respiratória
por bactérias que levam a dano tissular irreversível. Os
microrganismos, na maioria das vezes, aparecem nas
vias aéreas na seguinte ordem: Staphilococcus aureus,
Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosa,
Manifestações clínicas Pseudomonas aeruginosa mucóide, Pseudomonas
A fibrose cística caracteriza-se por uma extensa
cepacea e membros do complexo Burkholderia
disfunção das glândulas exócrinas, a qual resulta em
cepacia.
um vasto conjunto de manifestações e complicações,
tais como, bronquite crônica supurativa com
destruição do parênquima pulmonar, insuficiência
pancreática (levando à má-absorção e
desnutrição), diabetes mellitus, doença hepática e
comprometimento do sistema reprodutor masculino e
feminino.

Na FC, há um risco maior de desnutrição


secundária, inclusive pode haver risco de retardo no
início da puberdade e da menarca (MAURI, PATIN,
CHIBA, 2009).

Manifestações respiratórias:
As complicações respiratórias são as principais
causas de mortalidade e morbidade na fibrose cística. A Manifestações gastrintestinais:
manifestação mais comum é a tosse crônica As manifestações gastrintestinais são, na sua
persistente, que pode ocorrer desde as primeiras maioria, secundárias à insuficiência pancreática (IP). A
semanas de vida, perturbando o sono e a alimentação obstrução dos canais pancreáticos por mucos impede a
do lactente. Muitas crianças apresentam-se com liberação das enzimas para o duodeno, determinando
história de bronquiolite de repetição, síndrome do má digestão de gorduras, proteínas e carboidratos. Há
lactente chiador, infecções recorrentes do trato também diarreia crônica, com fezes volumosas,
respiratório ou pneumonias repetitivas. gordurosas, pálidas, de odor característico e,
finalmente, desnutrição energético proteica, acentuada
O espessamento de muco causado pela doença por outros fatores inerentes à fibrose cística.
afeta o sistema pulmonar, uma vez que bloqueia as
trocas gasosas e cria um meio para colonização de A má absorção é predominantemente
bactérias, causando infecções e inflamações do sistema ocasionada pela disfunção pré-epitelial e decorre da
respiratório que vão piorando progressivamente e rejeição de nutrientes não hidrolisados no lúmen pela
aumenta a demanda energética. insuficiente secreção pancreática. Em 85% dos
pacientes fibrocísticos, o pâncreas não produz enzimas
A presença de secreções espessas e infectadas suficientes para completa digestão dos alimentos
leva à obstrução das pequenas vias aéreas e ingeridos, e uma das primeiras manifestações é a má-
desencadeamento de um processo inflamatório absorção de nutrientes. As proteínas requeridas para o
crônico. A inflamação, presente, inclusive, em pulmões crescimento e reparo de tecidos do corpo não são
totalmente utilizadas. A gordura, o nutriente mais de elevar a calcemia, porém altos níveis desse
energético não é absorvido; assim, o crescimento é hormônio mobiliza cálcio e fósforo dos ossos,
atrasado e as deficiências de vitaminas lipossolúveis diminuindo ainda mais a massa óssea.
podem ocorrer.

Outra consequência desta doença no pâncreas Sinais e sintomas mais comuns


é a diminuição da secreção de bicarbonato de sódio. A  Tosse crônica
baixa concentração de bicarbonato no suco  Pneumonia
pancreático faz com que o pH do duodeno seja ácido, e  Perda de gordura nas fezes (esteatorreia)
isso contribui para a má-absorção.  Suor mais salgado (“Doença do beijo salgado”)

O tecido endócrino do pâncreas é preservado


inicialmente, mas com o aumento da idade do
paciente, células são perdidas e a glândula começa a
ser completamente substituída por tecido fibroso e
gordura. Quando o comprometimento atinge a porção
endócrina do pâncreas, pode ocorrer intolerância a
glicose e diabetes mellitus. porém para Ward et
al.33 não há muita diferença de necessidade de energia
entre os grupos fibrocísticos diabéticos e não
diabéticos, em ambos os casos as necessidades estão
aumentadas devido à doença, o cuidado com o
paciente diabético é que deve ser maior. Tratamento
O tratamento pré-sintomático ainda é o mais
Outra manifestação comum nos fibrocísticos é a
indicado para pacientes com fibrose cística, e tem
síndrome de obstrução intestinal distal (DIOS),
como objetivos adiar as infecções pulmonares, bem
caracterizada pelo bloqueio parcial ou completo do
como controlar as deficiências enzimáticas. Embora
intestino, podendo ocorrer cólicas, dor e/ou distensão
grandes avanços tenham sido alcançados, o
abdominal e anorexia. O refluxo gastroesofágico ocorre
tratamento da fibrose cística por meio da terapia
com maior frequência nos pacientes com fibrose cística
genética, para recuperar a expressão correta do gene
e está diretamente relacionado com o
ou que regule o sistema de transporte de íons, é ainda
desenvolvimento da doença respiratória severa.
experimental.
Manifestações hepáticas:
O metabolismo alterado dos sais biliares No tratamento da fibrose cística, vários
favorece a formação de cálculos biliares em, medicamentos (antibióticos, anti-inflamatórios,
aproximadamente, 12%-15% dos pacientes broncodilatadores, mucolíticos) ou procedimentos
fibrocísticos. A cirrose hepática ocorre em, (fisioterapia respiratória, oxigenioterapia, transplante
aproximadamente, 5% dos pacientes, sendo a retenção de pulmão, reposição de enzimas digestórias, suporte
de sais biliares hepatotóxicos um fator contribuinte nutricional, suporte psicológico e de social, terapia
para o aparecimento da doença hepática. gênica) podem ser necessários, incluindo uma equipe
multidisciplinar de profissionais. Além do tratamento
A lesão hepática acarreta danos na síntese medicamentoso e de outros procedimentos clínicos, o
endógena de vitamina D e de seus metabólitos, cuidado da família é essencial, e já mostrou trazer
podendo resultar em doença óssea e alterações no benefícios para os pacientes, também é importante
metabolismo do cálcio, sendo que a absorção intestinal que estejam sempre bem informados sobre a doença.
desse mineral se faz sob a influência da vitamina D. Os
baixos níveis séricos de 25(OH) vitamina D contribuem Uma vez que esta doença é frequentemente
para liberação do paratormônio (PTH) com o objetivo subdiagnosticada, quando não são realizados estudos
de triagem neonatal, e tem caráter crônico com Parâmetros nutricionais e frequência sugerida
variados graus de manifestações clínicas e requer para monitorização em pacientes com fibrose
continuamente o uso de medicamentos, assim como cística:
de assistência multidisciplinar, o custo médio do
tratamento é elevado e difícil de ser estimado. Por este
motivo, independentemente da renda familiar, os
fibrocísticos e suas famílias têm garantido o direito de
receber assistência do governo, via Sistema Único de
Saúde (SUS), ao qual compete o diagnóstico precoce,
por meio do teste do pezinho, até o fornecimento de
suplementos alimentares, enzimas digestórias e
medicamentos.
Características da terapia nutricional na FC de
acordo com a faixa etária:
Pré-escolares:
Objetivos da terapia nutricional:  A criança já possui certa independência, mas
A terapia nutricional tem como objetivos:
ainda precisam do auxílio dos pais para ingerir
 Manter ou recuperar o estado nutricional e as enzimas pancreáticas.
acompanhar a evolução pônderoestatural do
Escolares:
paciente, para evitar a desnutrição
(desnutrição/infecção), estabilizar o quadro  Nesta fase é comum as crianças com FC terem
pulmonar e melhorar o quadro clínico geral; receio de ingerir as enzimas e suplementos
 Aumentar e equilibrar a ingestão energética; perto dos colegas de escola, por medo da não
 Reduzir a má absorção e má digestão; aceitação do grupo. É importante a observação
 Controlar a ingestão de vitaminas e minerais; de perto dos pais.

Adolescentes:
 Promover educação alimentar e nutricional
para garantir uma alimentação adequada (NERI,  Grande necessidade energética, nem sempre
2014; ATHANAZIO, 2017); pode ser suprida com a alimentação, muitas
 Para avaliar o crescimento, utilizar os Gráficos vezes há a necessidade de utilização de
da OMS (2006-2007), em crianças e suplementos orais
adolescentes, escore z < -2 revelam deficiências
antropométricas. Avaliações adicionais da
composição corporal como circunferência do
Tratamento enzimático
Os pacientes insuficientes pancreáticos devem
braço, pregas cutâneas e bioimpedância
receber reposição de enzima pancreática. A gravidade
auxiliam na determinação do estado nutricional
da insuficiência é muito variável entre os pacientes,
(ATHANAZIO, 2017).
pois depende da quantidade de gordura dos alimentos
(aleitamento materno, formulas lácteas e hidrolisadas).
Para tanto, o cuidado nutricional adequado deve A dose de enzima é individualizada e baseada na
incluir: terapia de reposição enzimática, dietas quantidade de lipase. Recomenda-se iniciar com uma
hiperenergéticas e hiperlipídicas, e suplementação de dose mínima, que será ajustada conforme o ganho
micronutrientes. ponderal e a diminuição da esteatorréia e do odor
fétido das fezes. A dose máxima de enzima não deve
ultrapassar 10.000Ul de lipase/kg/dia. Considerar o uso
de antiácidos (para diminuir a inativação das enzimas
pela acidez gástrica) se próximo da dose máxima.
Doses altas de enzimas devem ser administradas com
cautela devido ao risco de desenvolver colonopatia
fibrosante relacionada ao uso excessivo de enzimas
pancreáticas

No Brasil, as recomendações para o tratamento


de reposição enzimática estão explícitas na Portaria n.
263, de 18 de julho de 200146, que preconiza o início
do tratamento com 1.000U/kg/refeições de lipase para
menores de 4 anos e 500U/kg/refeição para maiores
de 4 anos e, usualmente, metade da dose deve ser
utilizada após a ingestão de lanches.
Insuficiência pancreática e reposição enzimática
(ingerir no início da refeição):
Dosagens iniciais recomendadas para a terapia
de reposição de enzimas pancreáticas:

Investigação laboratorial
Uma variedade de exames pode ser útil na
avaliação do estado nutricional:

 Hemoglobina,
 Contagem de leucócitos e neutrófilos
 Albumina sérica
 Balanço de gordura fecal
 Avaliação da função hepática (TGO, TGP, Gama
A avaliação objetiva da dose de enzima Gt, Fosfatase Alcalina)
adequada pode ser feita com coleta de fezes após 3
 Curva glicêmica.
dias para quantificar a perda de gordura fecal. As
capsulas devem ser preferencialmente ingeridas
inteiras, mas nos lactentes e nas crianças menores
devem ser abertas e misturadas a um pouco de leite
Avaliação do estado nutricional
ou comida. Não devem ser mastigadas ou trituradas.
A avaliação da condição nutricional em cada
As enzimas são mais bem aproveitadas quando consulta assegura a detecção precoce dos sinais de
ingeridas no início da refeição, ou metade no início e desnutrição e a intervenção adequada. O
metade no meio. São capsulas compostas de monitoramento nutricional é baseado em dados do
microesferas ou grânulos com revestimento entérico
exame físico, medidas antropométricas, composição
que protege contra a inativação pela acidez gástrica.
corpórea, ingestão alimentar e determinações
laboratoriais. O intervalo da avaliação do paciente não
deve ser maior que 3 meses, enquanto o seguimento
varia conforme a idade, o diagnóstico e a gravidade
clínica, principalmente nos lactentes, que exigem
diagnóstico precoce e intervenção em períodos
menores (semanal ou mensal).
Exame físico: Dieta:
Sinais e sintomas clínicos de desnutrição ou A dieta deverá ser hipercalórica e hiperlipídica,
deficiências de micronutrientes devem ser observados, fracionada em pequenos volumes e com alta densidade
assim como o crescimento e o desenvolvimento. Após energética.
os 10 anos de idade, é importante verificar o
Recomenda-se que a ingestão de energia
desenvolvimento puberal a fim de interpretar as
(hipercalórica) seja entre 120 a 150% do RDA. Casos
mudanças no peso e na estatura na adolescência. Nos
graves e/ou infecções, até 200% do RDA.
pacientes portadores de FC, há um retardo no início da
puberdade e da menarca, geralmente relacionados a Distribuição de macronutrientes:
problemas nutricionais.  Carboidrato: 40 a 50%
 Lipídio: 40%
Antropometria e composição corpórea:
 Proteína: 15 a 20%
Crianças e adolescentes devem ser monitorados
quanto ao estado nutricional em todas as consultas. Lipídeos:
Em geral, realizam-se as medidas de peso, estatura e Deverá ter suplementação com óleos vegetais e
perímetro cefálico nos menores de 2 anos de idade. TCM.
Por meio dos índices antropométricos (peso/idade.
O acréscimo de módulos de lipídeos poderá ser
peso/estatura e estatura/idade) ou do índice de massa
feito entre 1,5 a 3% do VCT (valor calórico total) da
corpórea (IMC), expressos em percentuais, gráficos ou
dieta, podendo-se utilizar os TCL e TCM.
escore Z, é possível classificar o estado nutricional e
monitorar a evolução desses pacientes (Lopes et al.,  TCL contém ácidos graxos essenciais
2007).  Os TCL mais utilizados são os óleos de soja,
Como são vários os fatores que podem milho, girassol e oliva, que fornecem ácidos
comprometer o ritmo de crescimento desses pacientes, graxos tipo ômega-3 (ácido linolênico) e ômega-
é fundamental monitorar a velocidade de crescimento, 6 (ácido linoléico).
verificando se está compatível à faixa etária e ao Cálculo do VCT:
desenvolvimento puberal. Pode-se utilizar diferentes referências para
pessoas saudáveis e acrescentar 20 a 50% pelo gasto
A avaliação da composição corpórea também
energético exacerbado da doença. Pode-se utilizar as
faz parte desse acompanhamento, a fim de identificar
fórmulas propostas pelo Institute of Medicine (IOM),
perdas de massa magra ou gordura corpórea. Dessa
conforme observado na fórmula do quadro e seguindo
forma, para identificar os pacientes em risco
as tabelas a seguir:
nutricional, devem-se realizar as medidas de
circunferência do braço e das dobras cutâneas (tríceps,
bíceps, subescapular e supra ilíaca) ou de
bioimpedância.

Recomendações nutricionais Distribuição energética para atingir de 120 a


É importante observar que o gasto calórico é 150% da RDA de acordo com cada faixa etária:
elevado mesmo em pacientes FC com doença
pulmonar leve. A combinação de: demanda calórica
basal aumentada, com o aumento da demanda calórica
pela doença pulmonar crônica, com a dificuldade para
manter balanço calórico positivo pela má-absorção nos
pacientes insuficientes pancreáticos e pela anorexia em Para auxiliar na dieta hipercalórica:
 Suplementos orais:
pacientes com inflamação ativa pulmonar, pode tornar
muito difícil a manutenção de peso normal para altura.
↪ Melhoram a adesão ao tratamento. Também
Dados Científicos:
são utilizados alguns módulos como
triglicerídeos de cadeia média (TCM), para
complementar a dieta hiperlipídica.
↪ Os módulos de gordura (TCM) e carboidratos
(maltodextrina) podem ser adicionados às
preparações culinárias ou às refeições para
aumentar o valor calórico.

Como aumentar as calorias da dieta:


 Acrescentar farináceos às preparações: ao leite, Micronutrientes
pode-se adicionar aveia, amido de milho, fubá A suplementação de vitaminas e minerais faz parte
ou outro cereal; e às preparações salgadas, da terapia nutricional. As vitaminas hidrossolúveis são
farinha de mandioca ou de milho traz bem absorvidas nos fibrocísticos, embora a vitamina
excelentes resultados; B12 precise ser suplementada em pacientes com
 Para aumentar o valor calórico de tortas, purês, ressecção do íleo.
saladas, adicione sardinha enlatada, ovos
Já as lipossolúveis são pouco absorvidas, devido à
cozidos e queijo ou requeijão cremoso.
má-absorção de gorduras. Para fazer uma adequada
 Acrescentar óleo de soja ou azeite no final de
reposição desses nutrientes é importante realizar
preparações salgadas; e creme de leite ou
exames sanguíneos frequentes para identificar qual a
chantilly em preparações doces ou saladas de
real necessidade de suplementação. A maioria dos
frutas;
pacientes está em risco de desenvolver deficiências de
 Ao consumir frutas de sobremesa, dê um toque
várias vitaminas lipossolúveis, dentre os pacientes com
especial com geleias, doces de leite, ou doces
estes riscos estão os que apresentam má absorção, os
concentrados (NERI, 2014)
que apresentam baixa adesão ao tratamento, doença
 Aceitação do grupo. É importante a observação
hepática, ressecção intestinal, ou o atraso no
de perto dos pais.
diagnóstico.

Vitamina A:
Deficiência de vitamina A é frequente em pacientes
não-tratados e, baixos níveis dessa vitamina
relacionam-se ao estado clinico grave e prejuízo da
função pulmonar. Observa-se maior reserva hepática
desse nutriente nestes indivíduos, quando comparados
com pessoas hígidas, o que indica um fracasso no
transporte ou, mobilização da vitamina A do fígado
para os tecidos, ou seja, pode indicar uma deficiência Cálcio:
na proteína carreadora de retinol (PCR), e isso é tão A má absorção e a deficiência de vitamina D são
grave quanto as infecções, má-absorção e a própria as principais causas da diminuição da taxa de cálcio no
deficiência de vitamina A. intestino. Atualmente, tem havido maior consciência
de alta prevalência de osteopenia e osteoporose e do
Vitamina D: aumento de fraturas em crianças e adultos
A vitamina D aumenta a absorção de cálcio e os
fibrocísticos. Geralmente, essas complicações estão
pacientes com maior risco de desenvolver
presentes em paciente com doença grave.
hipovitaminose D são os desnutridos, levando ao
aumento da prevalência de osteoporose e fraturas Sódio:
ósseos. Os lactentes tem risco maior de perda de cloro
e sódio no suor durante os meses de clima quente,
Vitamina E: com desidratação grave, hiponatremia, hipocloremia e
A vitamina E desempenha um papel importante
alcalose metabólica; enquanto crianças e adolescentes
como antioxidante nos processos inflamatórios
têm sintomas de desidratação mais leves. Febre e
crônicos, protegendo lipoproteínas e membranas
exercício rigoroso são outras situações predisponentes
celulares contra destruições. O processo oxidativa está
que levam a perda de sais. A recomendação de uma
elevado nos fibrocísticos devido à inflamação crônica
alimentação mais salgada é feita para todos os
pulmonar, sendo assim, ocasionando a diminuição da
fibrocísticos, principalmente durante os meses de
vitamina E, independente da sua função pancreática.
calor.
Vitamina K:
Ferro:
A vitamina K está envolvida na síntese de
A deficiência de ferro é frequente na FC e é
protrombina e de osteocalcina na formação óssea. Sua
causada por vários fatores, como diminuição da
deficiência aumenta na doença hepática e no uso
ingestão, má absorção e infecção crônica. Não é claro
frequente de antibióticos devido a destruição da flora
se a sua suplementação melhora o ferro, o qual é
bacteriana intestinal (principal produtora de vitamina
monitorado pelos níveis de ferritina. A suplementação
K). Os fatores de risco para desenvolver deficiência de
com ferro não é recomendada, devido à formação de
vitamina K em fibrocísticos são insuficiência
radicais livres e ao aumento do crescimento da
pancreática, doença hepática, ressecção intestinal, e
bactéria P. aeruginosa.
antibioticoterapia. A suplementação dessa vitamina
pode ser recomendada, porém não há consenso sobre Zinco:
a dose diária. O zinco tem função importante em muitas
enzimas. Sua deficiência é caracterizada por retardo do
crescimento, acrodermatite e distúrbio da função
imune, mas pode estar presente mesmo em níveis
plasmáticos normais, o que dificulta sua detecção. A
suplementação enzimática melhora a absorção de
zinco. O zinco é um elemento importante na
composição de muitas enzimas, podendo tornar-se
deficiente devido à má-absorção de gorduras em
Minerais e eletrólitos: pacientes com fibrose cística, pois forma complexos
Devido ao distúrbio de eletrólitos, merece atenção com a gordura e o fósforo.
o cálcio, magnésio, ferro, zinco e sódio. Como a dieta
vai procurar satisfazer as necessidades energéticas Suplementação de cloreto de sódio (NaCl):
aumentadas, automaticamente vai suprir necessidades
de micronutrientes, só não vai acontecer com o sódio,
devido às perdas no suor, deve ser suplementado.

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