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Capítulo I - As sociedades comerciais em geral

1. Noções fundamentais
O Código das Sociedades Comerciais [CSC] aplica-se às sociedades
comerciais (artigo 1.º, n. º1). De acordo com o disposto no artigo 1.º, n. º2
do CSC, são sociedades comerciais “aquelas que tenham por objeto a prática
de atos de comércio e adotem o tipo de sociedade em nome coletivo, de
sociedade por quotas, de sociedade anónima, de sociedade em comandita
simples ou de sociedade em comandita por ações”.

Sociedade em nome coletivo - é um tipo societário onde todos


os sócios são solidários e todos respondem ilimitadamente
pelas dívidas da sociedade, ou seja, a dívida
da sociedade pode atingir os bens dos sócios (assumem
responsabilidade ilimitada para com o património social).

Sociedade em comandita (simples ou por ações) -


São tipos de sociedades comerciais nas quais existem duas categorias
de sócios:

a) os sócios comanditados, que respondem perante os credores da


sociedade pelas dívidas desta de forma pessoal, ilimitada, subsidiária em
relação à sociedade e solidária com os outros sócios comanditados; e os

b) os sócios comanditários, que não respondem perante os credores da


sociedade pelas dívidas desta.

Nº mínimo de sócios:

* 5 sócios de responsabilidade limitada (comanditários)

* 1 sócio de responsabilidade ilimitada (comanditado)

Artigos 465º e 479º do CSC


Sociedade por quotas- A sociedade por quotas é uma forma
jurídica de empresa, com responsabilidade limitada, constituída
por dois ou mais sócios, cujo capital social da empresa está
dividido por quotas.
Sociedade unipessoal por quotas- Sócio único, pessoa singular ou
coletiva, que é titular da totalidade do capital social.

Sociedade anónima- é uma natureza jurídica na qual a


participação e as responsabilidades dos sócios (acionistas) são
definidas pela quantidade de ações que possuem. Uma das
características é que o património pessoal do acionista fica
separado do património da empresa.

Esta norma expressa os requisitos para que uma sociedade seja


qualificada como comercial (requisitos de comercialidade),
omitindo qualquer noção de sociedade.

Durante muito tempo, a sociedade foi regulada enquanto contrato e essa


referência ainda subsiste no Código Civil [CC], cujo artigo 980.º refere.
Todavia, é mais rigoroso, referindo-nos à primeira aceção jurídica de
sociedade mencionada, substituir a expressão «contrato» por «ato
(jurídico)», uma vez que, como veremos mais adiante, as sociedades
podem ser constituídas por atos que não revestem natureza contratual
(ex.: as sociedades unipessoais, que por possuírem um sócio único não
fazem contrato.) e por atos que não constituem negócios jurídicos (p.e., as
sociedades criadas por decreto-lei)
Negócios jurídicos
Lícitos
Simples atos jurídicos
Voluntários
Ilícitos
Factos jurídicos

Involuntários
Um facto jurídico é todo o ato humano ou acontecimento natural que produz
efeitos jurídicos (dá origem à constituição, modificação ou extinção de relações
jurídicas). Os factos jurídicos podem ser voluntários (aqueles que resultam da
vontade humana - ex.: pagar o preço de uma coisa que se comprou) ou
involuntários (o facto produz-se independentemente da vontade humana - ex.: o
decurso do tempo – que leva à prescrição de direitos; o nascimento – que conduz à
aquisição de personalidade jurídica; a morte – que leva à sua extinção…). Os factos
jurídicos voluntários podem ser ilícitos (aqueles que são contrários à ordem jurídica
(violam-na)) ou lícitos [atos jurídicos em sentido lato] (aqueles que estão de acordo
com a ordem jurídica. Englobam os negócios jurídicos e os simples atos jurídicos ou
atos jurídicos em sentido restrito). Um negócio jurídico é um facto jurídico
voluntário lícito cujos efeitos se produzem em virtude de serem
pretendidos/desejados pelas partes. Por ex., as partes celebram um contrato de
compra e venda porque querem que se transmita o direito de propriedade sobre
uma coisa de uma delas para a outra. Este efeito jurídico (a transmissão do direito
de propriedade), portanto, depende da vontade das partes, sem a qual não se
produz.
O artigo Os
1.º,simples atoscomo
n. º2 CSC, jurídicos ou atosomite
foi referido, jurídicos em sentido
o conceito restrito são atos
de sociedade.
desejados pelas partes,
Tradicionalmente, tem-se mas cujos efeitos
defendido que asenoção
produzem quer as partes
de sociedade oscolhida
deve ser desejem,
quer
no não 980.ºCC
artigo (ou seja,que
a vontade não é relevante quanto à produção dos efeitos
preceitua:
jurídicos). Ex: quando um credor exige o pagamento da dívida ao devedor, faz com
que este entre em atraso (o que Unilaterais
implica que o devedor depois tenha de pagar juros
pelo atraso no pagamento), mesmo que não saiba disso.

Unilaterais

Negócios Jurídicos Bilaterais

Plurilaterais

Os negócios jurídicos podem ser unilaterais, quando possuem apenas uma


declaração de vontade (por ex.: os testamentos, sociedades unipessoais por
quotas), ou bilaterais, aos quais chamamos contratos, quando possuem
duas declarações de vontade contrapostas, mas harmonizáveis entre si
(ex.: o vendedor declara que quer vender; o comprador declara que quer
comprar). Também há autores que consideram os contratos de sociedade,
em que há mais de dois sócios, como negócios jurídicos plurilaterais, em
virtude de haver mais do que duas declarações de vontade.
“Sociedade é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a
contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa atividade
económica que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros
resultantes dessa atividade”.
(Todavia, considerando que nem todos os elementos caracterizadores da
sociedade previstos no artigo 980.º CC se têm de verificar no âmbito das
sociedades comerciais, alguns autores têm sublinhado, com razão, a
necessidade de a referida norma ser vista como um ponto de partida para uma
noção genérica de sociedade)

1.2. Os elementos essenciais do conceito de sociedade


Os elementos essenciais da noção de sociedade resultantes do artigo 980.º
CC são:
 a intervenção de duas ou mais pessoas como partes do negócio;
 a obrigação de contribuir com bens ou serviços;
 o propósito de exercício em comum de uma certa atividade que não seja de
mera fruição e
 o de obtenção, por esta forma, de lucro com vista à sua distribuição pelos
sócios, ficando estes, todavia também sujeitos a perdas.
Estes elementos se referidos às sociedades comerciais obrigam à
consideração de várias especificidades que analisaremos em seguida:

Elemento pessoal:

1) “Intervenção de duas ou mais pessoas” - Elemento pessoal

no que respeita à exigência de um agrupamento de pessoas de base


voluntária (artigo 980.º CC e artigo 7.º, n. º2 CSC) há que atender a
admissibilidade, em determinados casos, de sociedades unipessoais (i)
(i) O artigo 7.º, n. º2 CSC estabelece que “o número mínimo de
partes de um contrato de sociedade é de dois, exceto quando
a lei exija número superior ou permita que a sociedade seja
constituída por uma só pessoa”

Exceção para menos: Exceção para mais:


Artigo 270.º-A do CSC Artigo 273.º, nº1 do CSC
Sociedades unipessoais por quotas Sociedades anónimas com
pelo menos 5 pessoas
(sócio único, pessoa singular
ou coletiva, que é o titular da (a sociedade não pode ser
totalidade do capital social) constituída por um nº de
sócios inferior a cinco, salvo
quando a lei o dispense)

Elemento patrimonial:
2) “obrigação de contribuir com bens ou serviços” – Elemento patrimonial
Entradas
Artigo 20º, a) do CSC Todo o sócio é obrigado a entrar para a sociedade
com algo (bens suscetíveis de penhora, bens em espécie (tudo o que não é
monetário, como computadores, …) ou, nos tipos de sociedade em que tal seja
permitido, indústria).
Artigo 26º, nº3 do CSC Quando o sócio entra apenas com dinheiro.
Artigos 202º, nº1 e 277º, nº1 Não são permitidas contribuições de
indústria. (não são permitidas contribuições de indústria nas sociedades por
quotas e nas sociedades anónimas).

Nas sociedades por quotas tem que haver uma


entrada de pelo menos 1€ p/sócio

Objeto:
3) “o propósito de exercício em comum de certa atividade económica que
não seja de mera fruição” – Elemento finalístico ou Objeto (atividade que
a sociedade explora)
*A sociedade não pode ser criada para atos isolados
*Excluem-se de objeto atividades recreativas, políticas, religiosas,…(não são
sociedades)
A atividade económica não pode ser de mera fruição:
Exemplo – Rendas (mera fruição do prédio/casa)
Aproveitamento do espaço para manter um negócio (já é atividade económica)

As sociedades comerciais têm por objeto a prática de atos de comércio


Atividade económica produtiva – atividade que implica a troca de bens e
serviços.
A atividade económica tem de ser certa e determinada (Artigo 11º, nº2 do
CSC) se atividade económica não estiver concretamente determinada no ato
constituinte da sociedade, esse ato é nulo (Artigo 41º do CSC)

Vejamos os exemplos enunciados:


1.º - “Suponha-se que dois indivíduos, legatários de uma quinta ou herdade,
resolvem arrendá-la, ou então, legatários de um estabelecimento mercantil,
acordam em locá-lo”.
2.º - Suponha-se agora “que os mesmos indivíduos combinam antes explorar
diretamente, eles próprios, os bens em referência”.
No primeiro exemplo referido a atividade que os indivíduos se propõem é
atividade de mera fruição, i.e., de simples desfrute da coisa, de simples
perceção dos seus frutos (no caso civis).
No segundo exemplo a atividade já não é de mera fruição já não se limita à
perceção dos frutos dos bens. É uma atividade própria de uma sociedade:
agrícola (no primeiro caso) e comercial (no segundo).
A exigência, estabelecida no artigo 980.º CC, de que a atividade económica
correspondente ao objeto social não seja de mera fruição, é justificada pela
vontade de se excluir do conceito de sociedade casos de comunhão de
direitos ou interesses que devem ficar sujeitas a um regime diferente
Com efeito, divergindo do que acontece no regime de compropriedade previsto
no Código Civil, por exemplo, os sócios não têm o direito de exigir a divisão de
coisa comum e não têm, em regra, o direito de usar a coisa comum e as
sociedades têm autonomia patrimonial.
*compropriedade – Existe propriedade em comum, compropriedade, comunhão
ou contitularidade, quando duas ou mais pessoas são simultaneamente titulares
do direito de propriedade sobre a mesma coisa (tem uma fração de direito sobre
a coisa).
Na sociedade (particularmente nas por quotas e anónimas) tem que haver um
património autónomo (património dos sócios separado do património da
empresa).

O património das pessoas pode ser constituído por várias massas


patrimoniais distintas entre si e com funções diferentes, constituindo
separados. Há duas modalidades de patrimónios separados: o
património autónomo (quando duas ou mais massas patrimoniais
pertencem ao mesmo titular) e o património coletivo (massa
patrimonial que pertence globalmente a vários titulares e que se
distingue do património que cada um possui individualmente). Os bens
que integram o património patrimónios autónomo apenas respondem
Fim Lucrativo:
4) “Repartir os lucros pelos sócios” – Fim Lucrativo ou elemento teleológico
(sociedades existem para dar lucro)
Os sócios das sociedades comerciais têm direito ao lucro (artigo 21.º, n. º1,
a) do CSC)
Nenhum dos sócios pode ser excluído dos lucros, e se pelo contrário,
houverem perdas todos ficam sujeitos às mesmas. Ou seja, ou todos
perdem ou todos ganham. (artigo 22º, nº3 do CSC)
Associações/fundações – não há distribuição direta de lucros aos sócios,
pois não são sociedades comerciais, não praticam atos de comércio.

Atendendo às especificidades expostas, alguns autores têm


avançado com definições genéricas de sociedade que se
afastam da que consta do artigo 980.º do CC. Por
entendermos que agrega as especificidades referidas,
indicamos a definição genérica de sociedade avançada por
Coutinho DE ABREU, que se refere à “entidade que, composta
por um ou mais sujeitos (sócio(s)), tem um património
Artigo 294.ºautónomo
do códigopara o exercício
civil de atividade
- Negócios celebradoseconómica,
contra a aleifim de código
(este
(emsempre
será utilizado regra) que
obter lucroslei
alguma e atribuí-los ao(s)
destes artigos sócio(s)
seja – )ficando
violada
este(s), todavia, sujeito(s) a perdas”
Os negócios jurídicos celebrados contra disposição legal de carácter
imperativo são nulos, salvo nos casos em que outra solução resulte da lei.
negócios jurídicos são os atos jurídicos que regulam autonomamente uma «relação
jurídica» entre certos sujeitos, pelo menos um dos quais é parte nesse negócio.

Consórcio
Consórcio é o “contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou coletivas,
que exercem uma atividade económica se obrigam entre si a, de forma
concertada, realizar certa atividade ou efetuar certa contribuição com o fim de
prosseguir qualquer dos objetos referidos no artigo seguinte” (artigo 1 do
decreto lei 231º/81º) um dos casos mais frequentes de utilização desta figura
em Portugal, a execução de determinado empreendimento no âmbito da
construção civil e obras públicas.
Os consórcios diferenciam-se das sociedades, desde logo, porque não criam
qualquer pessoa jurídica. Além disso, os membros do consórcio não exercem
uma atividade em comum (cada um continua a exercer uma atividade, embora
concertada com as dos restantes membros) e não existe fundo patrimonial
comum.

Consórcio interno vs consórcio externo:

Contrato de consórcio interno – quando:

a) as atividades ou os bens são fornecidos pelos vários membros do


consórcio a apenas um deles e só este (designado, por vezes, chefe de
consórcio evidente) estabelece relações com terceiros, sem, contudo,
jamais invocar essa qualidade (de membro de um consórcio); ou

b) as atividades ou os bens são fornecidos diretamente a terceiros por


todos e cada um dos membros do consórcio, sem expressa invocação
perante aqueles dessa qualidade (de membro de um consórcio).

Contrato de consórcio externo – quando


a) as atividades ou os bens são fornecidos diretamente a terceiros por
cada um dos membros do consórcio, com expressa invocação dessa
qualidade (artigo 5.º).

1.3. Os requisitos de comercialidade das sociedades. As


sociedades civis, as sociedades civis sob forma
comercial e as sociedades comerciais
Como referimos, o artigo 1.º, n. º2 do CSC estabelece os requisitos de
comercialidade das sociedades. São sociedades comerciais aquelas que
preencherem um requisito substancial – tiverem por objeto a prática de atos
de comércio – e um requisito formal - aquelas que adotarem um dos tipos aí
previstos (SA; SQ; SNC e SC).
Alguns autores sustentam que se deve entender que apenas o requisito
substancial (ter como objetivo a prática de atos de comércio) é essencial para a
qualificação de uma sociedade como mercantil. Assim, se uma sociedade (que
tenha por objeto a prática de atos de comércio) não adotar um dos tipos legais
previstos, não poderá ser qualificada como sociedade civil.
Dos quatro tipos de sociedades comerciais: sociedades em nome coletivo,
sociedades em comandita simples, sociedades por quotas e sociedades
anónimas existe uma forte tendência à escolha das últimas duas sociedades
referidas, mas porquê?
Sociedades em comandita simples
Respondem por dívidas da sociedade
Sociedades em nome coletivo

(Artigo 197º, nº3)


vvvvvvvvvvvvvvvvvSociedades por quotas Não respondem por dívidas da sociedade
(Artigo 198º, nº1)
(estes artigos determinam o sucesso
destas sociedades)
(Artigo 271º) Sociedades anónimas

1.3.1. Objeto e forma das sociedades comerciais


Para poderem ser qualificadas como sociedades comerciais as sociedades
têm de ter por objeto a prática de atos de comércio. Se for este o caso, a
sociedade deve adotar um dos tipos previstos no artigo 1.º, n. º2 e assim
satisfazer o artigo 1.º, n. º3 do CSC (as sociedades que tenham por objeto a
prática de atos de comércio devem adotar um dos tipos previstos no artigo
anterior). Se não o fizer, “(…) não poderá dizer-se que tem forma civil ou que
é sociedade civil”

1.3.2. Objeto e forma das sociedades civis


Se uma sociedade tiver por objeto, exclusivamente, a prática de atos não
comerciais será uma sociedade civil (Artigo 1º, n. º4 do CSC).

Permite que as sociedades civis


tenham forma comercial

Sociedades comerciais (prática de atos comercias)


Sociedades civis (prática de atos não comerciais)
Sociedades civis sobre forma comercial (sociedades não comerciais
que adotam um dos tipos comerciais)

Objeto Forma
Soc. Comerciais ✔ ✔
❌ ❌
Soc. Civis
Soc. Civis sobre forma ✔
comercial

❌ comercial

✔ não comercial
Para poderem ser qualificadas como sociedades comerciais as sociedades
têm de ter por objeto a prática de atos de comércio. Se for este o caso, a
sociedade deve adotar um dos tipos previstos no artigo 1.º, n. º2 e assim
satisfazer o artigo 1.º, n. º3 do CSC (as sociedades que tenham por objeto a
prática de atos de comércio devem adotar um dos tipos previstos no artigo
anterior). Se não o fizer, “(…) não poderá dizer-se que tem forma civil ou que
é sociedade civil”

1.3.3. Caracterização dos tipos de sociedades comerciais


O CSC prevê taxativamente quatro tipos de sociedades comerciais:
(1) sociedades em nome coletivo;
(2) sociedades por quotas;
(3) sociedades anónimas;
(4) sociedades em comandita (simples e por ações)

Para a identificação e diferenciação de cada um dos tipos societários assume


particular importância:
(1) a responsabilidade assumida pelos sócios;
(2) o regime da transmissão das participações sociais e
(3) a estrutura organizativa da sociedade.

Atendendo ao facto de os tipos societários mais utilizados em


Portugal serem as sociedades por quotas e as sociedades
anónimas o nosso estudo deter-se-á sobre esses de forma mais
detalhada.

(1) Responsabilidade assumida pelos sócios

a) Sociedade em nome coletivo (SNC)

Os sócios das SNC:

(i) responsabilidade pela obrigação de entrada


Como resulta da própria noção de sociedade, os sócios obrigam-se a entrar para a
sociedade com bens ou serviços. No CSC essa obrigação de entrada está prevista no
artigo 20.º, a).
O tipo de entradas admitido (dinheiro, espécie ou serviços [indústria]) varia consoante
o tipo societário. No que respeita às sociedades em nome coletivo são admitidos todos
os tipos de entradas, incluindo a contribuição com indústria (sócios de indústria) –
artigo 178.º.
Por outro lado, no caso de as entradas consistirem em espécie, o CSC estabelece como
regra que as mesmas devem ser objeto de um relatório de um Revisor Oficial de Contas
(ROC) que as verifique e avalie (artigo 28.º), ou seja, tem que haver uma forma de
determinação do valor do bem (revisor de contas).

(i) responsabilidade perante os credores sociais


Uma vez registada, a sociedade em nome coletivo adquire personalidade jurídica
(artigo 5.º). Assim, pelas dívidas sociais será responsável essa sociedade. Todavia, se os
bens que integram o património social não forem suficientes para satisfazer os
credores sociais, estes poderão exigir o seu pagamento a qualquer um dos sócios
(responsabilidade subsidiária em relação à sociedade e solidária entre os sócios -
artigo 175.º, n.º1) e até os sócios de indústria (como referimos, os sócios que não
entram com dinheiro, nem bens em espécie, mas antes com serviços) - que, em regra,
não respondem internamente -, são responsáveis perante os credores (arts.175.º, n.º1
e 178.º, n.º2).
*Se um sócio entrar para esta sociedade e ela tiver dívidas contraídas para trás, o sócio
responde por elas. No entanto, se a sociedade contrair dívidas após a saída do sócio,
ele não tem responsabilidade alguma sobre a mesma. (Um, o sócio não responde pelas
obrigações da sociedade contraídas posteriormente à data em que dela sair, mas responde
pelas obrigações contraídas anteriormente à data do seu ingresso (art.175.º, n.º2))

Exemplo 1:

A, B, C e D constituem a SNC X, entrando cada um deles com € 100.


A SNC X deve € 300 a Z.
Z (credor da sociedade) deve exigir o pagamento à sociedade. Supondo que esta dispõe de
bens/dinheiro em montante igual ou superior a € 400, a SNC X paga a totalidade da divida a
Z.

Exemplo 2:

Pense-se na mesma situação referida no exemplo 1 com a diferença de a dívida a Z


ascender a €600.
Neste caso, Z:  deve exigir o pagamento à sociedade. Supondo que a SNC X dispõe de
bens/dinheiro em montante equivalente a € 400 e entrega esse montante a Z:
 pode exigir o pagamento do restante (€200) a qualquer um dos sócios.
 O sócio que, nesses termos, satisfizer as obrigações da sociedade goza de direito de
regresso contra os outros sócios, na medida em que o pagamento efetuado exceda a
importância que lhe caberia suportar segundo as regras aplicáveis à sua participação nas
perdas sociais (art.175.º, n. º3).
- Partindo do princípio que o contrato de sociedade nada estabeleça a este respeito, os
sócios participam proporcionalmente nas perdas (art.22.º, n.º1). - Assim, se, por hipótese,
A pagar os € 200 a Z, A goza de direito de regresso de € 150 (€ 50 + € 50 +€ 50) contra B, C e
D.
b) Sociedades por quotas (SQ)

Os sócios das SQ são, nos termos do artigo 197.º, nº 1-3:

(i) responsáveis solidariamente por todas as entradas


convencionadas no contrato de sociedade. Só são obrigados a
outras prestações quando a lei ou o contrato, autorizado por lei,
assim o estabeleçam.
(ii) não assumem – em regra - responsabilidade perante os credores
da sociedade.
A regra é de que só o património social responde para com os credores
pelas dívidas da sociedade (artigo 197.º, n. º3), salvo se se verificar a
hipótese prevista no artigo 198.º (responsabilidade direta de sócio(s) para
com credores sociais).

A responsabilidade direta e limitada tanto pode ser solidária como


subsidiária em relação à sociedade e a efetivar apenas na fase de
liquidação. Um outro aspeto relevante é o que respeita ao direito de
regresso: salvo disposição contratual em contrário, o sócio que pagar
dívidas sociais, nos termos do disposto do artigo 198.º, tem direito de
regresso contra a sociedade (e não contra os outros sócios) pela
totalidade do que tiver pago (artigo 198.º, n.º3).

c) Sociedades anónimas (SA)

Neste tipo societário, os acionistas têm a sua responsabilidade limitada


(artigo 271.º):

(i) respondem apenas pela sua obrigação de entrada;


(ii) não respondem perante os credores da sociedade.
d) Sociedades em comandita (SC)

As sociedades em comandita podem revestir a forma de comandita


simples (o capital social não é representado em ações) ou de comandita
por ações (as participações dos sócios comanditários estão representadas
por ações) – artigo 465.º, n. º3.
O contrato de sociedade deve especificar se a sociedade é constituída
como comandita simples ou por ações (artigo 466.º, n. º2).
Nas sociedades em comandita existem dois tipos de sócios: os sócios
comanditados e os sócios comanditários.
Os sócios comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos
mesmos termos que os sócios das sociedades em nome coletivo (artigo
465.º, n. º1).
Os sócios comanditários respondem apenas pela sua entrada (artigo
465.º, n. º1).

(2) Transmissão das participações sociais


A regulamentação da transmissão das participações sociais em cada um dos diferentes tipos
societários tenta equilibrar os interesses dos sócios que pretendam transmitir as suas
participações sociais e o interesse da sociedade e dos restantes sócios.

a) Sociedades em nome coletivo


As participações sociais denominam-se partes sociais (art.176.º). A parte de um sócio só pode
ser transmitida, por ato entre vivos, com o expresso consentimento dos restantes sócios
(art.182.º, n. º1).
Ocorrendo o falecimento de um sócio e se o contrato de sociedade nada preceituar em
contrário, os restantes sócios ou a sociedade devem satisfazer ao sucessor a quem couberem
os direitos do falecido o respetivo valor, a não ser que optem pela dissolução da sociedade (e o
comuniquem ao sucessor, dentro de 90 dias a contar da data em que tomarem conhecimento
daquele facto) ou optem por continuar a sociedade com o sucessor do falecido, se este o
quiser (artigo 184.º, n.º 1 e 2).

b) Sociedades por quotas


A participação social neste tipo de sociedades denomina-se quota (artigos 197.º, n. º1). A
transmissão voluntária entre vivos (cessão de quotas) depende, em princípio, do
consentimento da sociedade, a não ser que se trate de cessão entre cônjuges (pessoas
casadas), ascendentes e descendentes ou entre sócios (art.228.º, n. º2).

c) Sociedade anónima
d) Sociedades em comandita
Firmas
Firma – (não significa empresa) é o nome da sociedade.

As firmas podem ser:


Nominativas – aludem ao nome dos sócios como nome da empresa (ex.:
António e Bruno...)
Denominativas:
1) alude a um elemento criativo que não significa nada (ex.: pingo doce,
continente, …)
2) elemento denominativo que alude ao objeto (o que a sociedade faz) e
havendo alusão tem que ser verdadeira, como disposto no artigo 10º, nº1
do CSC.

Objeto tem que ser:


Verdadeiro –
Mistas – são nominativas e denominativas.

LDA Artigo 200º, nº2 (aditamento da sociedade por quotas, lda) + 10º, nº 1

SA Artigo 275º, nº2 (aditamento da sociedade por quotas, SA) + 10º, nº 1

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