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1. Noções fundamentais
O Código das Sociedades Comerciais [CSC] aplica-se às sociedades
comerciais (artigo 1.º, n. º1). De acordo com o disposto no artigo 1.º, n. º2
do CSC, são sociedades comerciais “aquelas que tenham por objeto a prática
de atos de comércio e adotem o tipo de sociedade em nome coletivo, de
sociedade por quotas, de sociedade anónima, de sociedade em comandita
simples ou de sociedade em comandita por ações”.
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1.2. Os elementos essenciais do conceito de sociedade
Os elementos essenciais da noção de sociedade resultantes do artigo 980.º
CC são:
a intervenção de duas ou mais pessoas como partes do negócio;
a obrigação de contribuir com bens ou serviços;
o propósito de exercício em comum de uma certa atividade que não seja de
mera fruição;
o de obtenção de lucro com vista à sua distribuição pelos sócios, ficando
estes, todavia também sujeitos a perdas.
Estes elementos se referidos às sociedades comerciais obrigam à
consideração de várias especificidades que analisaremos em seguida:
Elemento pessoal:
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Exceção para menos: Exceção para mais:
Elemento patrimonial:
2) “obrigação de contribuir com bens ou serviços” – Elemento patrimonial
(conjunto de bens que é parte de uma sociedade)
Entradas
Artigo 20º, a) do CSC Todo o sócio é obrigado a entrar para a sociedade
com algo (bens suscetíveis de penhora, bens em espécie (tudo o que não é
monetário, como computadores, …) ou, nos tipos de sociedade em que tal seja
permitido, indústria).
Artigo 26º, nº3 do CSC Quando o sócio entra apenas com dinheiro.
Artigos 202º, nº1 e 277º, nº1 Não são permitidas contribuições de
indústria. (não são permitidas contribuições de indústria nas sociedades por
quotas e nas sociedades anónimas).
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A atividade económica não pode ser de mera fruição (aproveitar algo para nós):
Exemplos – Rendas (mera fruição do prédio/casa)
Aproveitamento do espaço para manter um negócio (já é atividade económica)
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Fim Lucrativo ou elemento teleológico:
4) “Repartir os lucros pelos sócios” – Fim Lucrativo ou elemento teleológico
(sociedades existem para dar lucro)
Os sócios das sociedades comerciais têm direito ao lucro (artigo 21.º, n. º1,
a) do CSC)
Nenhum dos sócios pode ser excluído dos lucros, e se pelo contrário,
houverem perdas todos ficam sujeitos às mesmas. Ou seja, ou todos
perdem ou todos ganham. (artigo 22º, nº3 do CSC)
Fim lucrativo
Associações ≠ sociedades
Associações/fundações – podem ter lucros, mas ficam na própria
associação. Não há distribuição direta de lucros aos sócios, pois não são
sociedades comerciais, não praticam atos de comércio.
Sociedades – o lucro acresce o património da sociedade e é distribuído
pelos sócios da mesma.
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980º do código civil
Sociedades
Civis Comerciais
Civis sob forma comercial (código das sociedades
(código civil)
(código das sociedades comerciais)
comerciais )
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1.2.2. Objeto e forma das sociedades civis
Se uma sociedade tiver por objeto, exclusivamente, a prática de atos não
comerciais será uma sociedade civil (Artigo 1º, n. º4 do CSC).
Objeto Forma
Soc. Comerciais ✔ ✔
❌ ❌
Soc. Civis
Soc. Civis sobre forma ✔
comercial
❌
❌ comercial
✔ não comercial
Sociedade civil pode adotar forma comercial se adotar um dos tipos previstos
no artigo 1.º, n. º2.
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1.3. Os requisitos de comercialidade das sociedades. As
sociedades civis, as sociedades civis sob forma comercial
e as sociedades comerciais
Como referimos, o artigo 1.º, n. º2 do CSC estabelece os requisitos de
comercialidade das sociedades. São sociedades comerciais aquelas que
preencherem um requisito substancial – tiverem por objeto a prática de atos
de comércio – e um requisito formal - aquelas que adotarem um dos tipos aí
previstos (SA; SQ; SNC e SC).
Então, para caracterizar a sociedade quanto ao objeto e quanto à forma:
REQUISITOS DE
COMERCIALIDADE
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*As sociedades que tenham por objeto a prática de atos de comércio
devem adotar um dos tipos previstos no Código das Sociedades
Comerciais (artigo 1º, n. º3). A esta obrigatoriedade de adoção de um dos
tipos previstos na lei, chamamos princípio da tipicidade das
sociedades comerciais.
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1.3.1. Caracterização dos tipos de sociedades comerciais
O CSC prevê taxativamente quatro tipos de sociedades comerciais:
(1) sociedades em nome coletivo;
(2) sociedades por quotas;
(3) sociedades anónimas;
(4) sociedades em comandita (simples e por ações)
Para a identificação e diferenciação de cada um dos tipos societários assume
particular importância:
(1) a responsabilidade assumida pelos sócios;
(2) o regime da transmissão das participações sociais;
(3) a estrutura organizativa da sociedade.
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(ii) não assumem – em regra - responsabilidade perante os credores
da sociedade.
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Em princípio, os sócios apenas se obrigam pelas entradas convencionadas no
contrato. Todavia, a lei e o ato constitutivo da sociedade por quotas (se tal for
permitido pela lei) podem estabelecer a obrigatoriedade de outras prestações.
É o caso das obrigações de prestações acessórias e das prestações
suplementares (artigos 209.º e 210.º, respetivamente).
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Obrigação de prestação suplementar (artigo 210º do CSC):
O contrato de sociedade pode ainda estabelecer as chamadas prestações
suplementares que têm sempre dinheiro por objeto e não vencem juros (artigo
210.º, n. º1, n. º2 e n. º5). Nesse caso, o contrato deve indicar o montante global
das prestações suplementares, sob pena de a cláusula ser nula (artigo 210.º, n.
º3, a) e n. º4) e ainda os sócios que ficam obrigados a efetuar tais prestações,
bem como o critério de repartição das prestações suplementares entre os sócios
a elas obrigados (artigo 210.º, nº3, b) e c)). A exigibilidade das prestações
suplementares depende da aprovação de uma deliberação dos sócios – que, no
caso de ter sido diferido o cumprimento da obrigação de entrada, apenas pode
ser tomada depois de todos os sócios terem sido interpelados para procederem
à integral liberação das suas quotas (artigo 211.º, n. º2) - que tem de fixar o
montante tornado exigível, bem como o prazo para essa prestação e que não
pode ser inferior a 30 dias a contar da comunicação aos sócios (artigo 211.º, n.
º1). O incumprimento desta obrigação pode levar à exclusão do sócio. Não
obstante, e possível a restituição das prestações suplementares em determinado
condicionalismo: tal tem de ser deliberado pelos sócios; nunca podendo ocorrer
depois da declaração da sociedade em situação de insolvência e desde que a
situação líquida da sociedade não fique inferior à soma do capital e da reserva
legal e o respetivo sócio já tenha liberado a sua quota. Essa restituição deve
respeitar a igualdade entre os sócios que a tenham efetuado, sem prejuízo do
disposto no n.°1 do artigo 213º.
*pagamento de dívida, entrega de alguma coisa a quem ela por direito pertencia
O contrato de sociedade que configure uma prestação suplementar tem que ter
3 elementos essenciais:
1) Referir o montante global das prestações;
2) Quais os sócios obrigados a efetuar estas prestações;
3) Critério de repartição das prestações entre os sócios a elas obrigados.
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Obrigações acessórias Obrigações suplementares
•Dinheiro • Só dinheiro;
• Bens diferentes de dinheiro; •Limita quais os sócios;
• Serviços •Depende de deliberação
Firmas
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Firma – (não significa empresa) é o nome da sociedade. (geral: artigos 9º/10º e
11º)
Sociedade por quotas – artigo 200º do CSC
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Mistas – são nominativas e denominativas.
LDA Artigo 200º, nº2 (aditamento da sociedade por quotas, lda) + 10º, nº 1
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