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Acórdãos (TJUE) relevantes

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大象城堡
Acórdão Micheletti:
10 A definição das condições de aquisição e de perda da nacionalidade é, nos termos
do direito internacional, da competência de cada Estado-membro, que deve exercê-la no
respeito pelo direito comunitário. Em contrapartida, não cabe à legislação de um Estado-
membro restringir os efeitos da atribuição da nacionalidade de outro Estado-membro, exigindo
um requisito suplementar para o reconhecimento dessa nacionalidade com vista ao exercício
das liberdades fundamentais previstas pelo Tratado.

11 Consequentemente, não pode aceitar-se uma interpretação do artigo 52.° do Tratado nos
termos da qual, quando um cidadão de um Estado-membro possua simultaneamente a
nacionalidade de um Estado terceiro, os outros Estados-membros podem sujeitar o
reconhecimento da qualidade de cidadão comunitário a uma condição como a residência
habitual do interessado no território do primeiro Estado.

14 Assim, quando os interessados apresentem um dos documentos referidos na Directiva


73/148 que comprove a sua qualidade de nacionais de um Estado-membro, os outros Estados-
membros não podem contestar essa qualidade pelo facto de os interessados possuírem
igualmente a nacionalidade de um Estado terceiro que, nos termos da legislação do Estado de
acolhimento, prevalece sobre a do Estado-membro.

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Acórdão Chen e Zhu:
Para Chen

37 Todavia, a definição das condições de aquisição e de perda da nacionalidade é, nos termos


do direito internacional, da competência de cada Estado-Membro, que deve exercê-la no
respeito do direito comunitário (v., nomeadamente, acórdãos de 7 de Julho de 1992, Micheletti
e o., C-369/90, Colect., p. I-4239, n.° 10, e de 20 de Fevereiro de 2001, Kaur, C-192/99, Colect, p
I-1237, n.° 19).

39 Além disso, não cabe a um Estado-Membro restringir os efeitos da atribuição da


nacionalidade de outro Estado-Membro, exigindo um requisito suplementar para o
reconhecimento dessa nacionalidade com vista ao exercício das liberdades fundamentais
previstas pelo Tratado (v., nomeadamente, acórdãos, já referidos, Micheletti e o., n.° 10, e
Garcia Avello, n.° 28).

41 Nestes termos, deve responder-se que o artigo 18.° CE e a Directiva 90/364 conferem, em
circunstâncias como as do processo principal, ao nacional de um Estado-Membro, menor, de
tenra idade, abrangido por um seguro de doença adequado e a cargo de um dos progenitores,
por sua vez nacional de um Estado terceiro, cujos recursos são suficientes para que o primeiro
não se torne uma sobrecarga para as finanças públicas do Estado-Membro de acolhimento, o
direito a residir por tempo indeterminado no território deste último Estado.

Para Zhu

45 Em contrapartida, a recusa de permitir ao progenitor, nacional de um Estado--Membro ou


de um Estado terceiro, que tem efectivamente à sua guarda uma criança à qual o artigo 18.° CE
e a Directiva 90/364 reconhecem o direito de residência, residir com essa criança no Estado-
Membro de acolhimento, privaria de qualquer efeito útil o direito de residência deste último.
Com efeito, é manifesto que o gozo do direito de residência por um criança de tenra idade
implica necessariamente que essa criança tem o direito de ser acompanhada pela pessoa que
efectivamente a tem à sua guarda e, portanto, que essa pessoa esteja em condições de residir
com ela no Estado-Membro de acolhimento durante essa residência (v., mutatis mutandis,
quanto ao artigo 12.° do Regulamento n.° 1612/68, acórdão Baumbast e R, já referido, n.°s 71 a
75).

46 Por este único motivo, deve responder-se que, quando o artigo 18.° CE a Directiva 90/364
conferem um direito de residência de duração indeterminada no Estado--Membro de
acolhimento a um nacional de outro Estado-Membro, menor, de tenra idade, como sucede no
caso em apreço, essas mesmas disposições permitem ao progenitor que efectivamente tem esse
nacional à sua guarda residir com este último no Estado-Membro de acolhimento.

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Acórdão D’Hoop
16 Com a sua questão, o órgão jurisdicional de reenvio pergunta essencialmente se
o direito comunitário se opõe a que um Estado-Membro recuse a um dos seus nacionais,
estudante à procura do primeiro emprego, a concessão dos subsídios de inserção, pela única
razão de este estudante ter concluído os seus estudos secundários noutro Estado-Membro.

27 O artigo 8.° do Tratado confere a qualquer pessoa que tenha a nacionalidade de um Estado-
Membro o estatuto de cidadão da União. M.-N. D'Hoop, na medida em que tem a nacionalidade
de um Estado-Membro, beneficia deste estatuto.

28 O estatuto de cidadão da União tende a ser o estatuto fundamental dos nacionais dos
Estados-Membros, que permite aos que se encontrem na mesma situação obter, no domínio de
aplicação ratione matertae do Tratado, independentemente da sua nacionalidade e sem
prejuízo das excepções expressamente previstas a este respeito, o mesmo tratamento jurídico
(acórdão de 20 de Setembro de 2001, Grzelczyk, C-184/99, Colect., p. I-6193, n.° 31).

29 Entre as situações que se inserem no domínio de aplicação do direito comunitário, figuram


as relativas ao exercício das liberdades fundamentais garantidas pelo Tratado, nomeadamente
as que se enquadram no exercício da liberdade de circular e de residir no território dos Estados-
Membros, como conferida pelo artigo 8.°-A do Tratado CE (que passou, após alteração, a artigo
18.° CE) (acórdãos de 24 de Novembro de 1998, Bickel e Franz, C-274/96, Colect., p. I-7637, n.os
15 e 16, bem como Grzelczyk, já referido, n.° 33).

30 Na medida em que se deve conferir a um cidadão da União, em todos os Estados-Membros,


o mesmo tratamento jurídico que é concedido aos nacionais desses Estados-Membros que se
encontrem na mesma situação, seria incompatível com o direito à livre circulação que lhe fosse
aplicado no Estado-Membro de que é nacional um tratamento menos favorável do que aquele
de que beneficiaria se não tivesse feito uso dos direitos conferidos pelo Tratado em matéria de
livre circulação.

34 Ao subordinar a concessão dos subsídios de inserção à condição de se ter obtido o diploma


exigido na Bélgica, a regulamentação nacional coloca, assim, certos nacionais numa situação de
desvantagem pelo simples facto de terem exercido o seu direito de livre circulação a fim de
seguirem estudos noutro Estado-Membro.

40 Portanto, há que responder à questão submetida que o direito comunitário se opõe a que
um Estado-Membro recuse a um dos seus nacionais, estudante à procura do primeiro emprego,
a concessão dos subsídios de inserção, pela única razão de este estudante ter concluído os seus
estudos secundários noutro Estado-Membro.

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Acórdão Garcia Avello
13 C. Garcia Avello, de nacionalidade espanhola, e I. Weber, de nacionalidade belga,
residem na Bélgica, onde contraíram matrimônio em 1986. Esmeralda e Diego, as duas crianças
nascidas desse matrimônio, respectivamente em 1988 e 1992, possuem a dupla nacionalidade
belga e espanhola

16 Resulta dos autos que os interessados foram registados sob o duplo apelido «Garcia Weber»,
na secção consular da Embaixada de Espanha, na Bélgica.

17 Por ofício de 30 de Julho de 1997, as autoridades belgas propuseram ao recorrente no


processo principal que o apelido patronímico dos seus filhos fosse alterado para «Garcia», em
vez da alteração pretendida, proposta esta que, por carta de 18 de Agosto de 1997, o recorrente
no processo principal e sua mulher recusaram.

21 O artigo 17.° CE confere a qualquer pessoa que tenha a nacionalidade de um Estado-Membro


o estatuto de cidadão da União (v., nomeadamente, acórdão de 11 de Julho de 2002, D'Hoop,
C-224/98, Colect., p. I-6191, n.° 27). Uma vez que possuem a nacionalidade de dois Estados-
Membros, os filhos de C. Garcia Avello beneficiam deste estatuto

24 Entre as situações que se inserem no domínio de aplicação ratione materiae do direito


comunitário figuram as relativas ao exercício das liberdades fundamentais garantidas pelo
Tratado, nomeadamente as que se enquadram no exercício da liberdade de circular e de residir
no território dos Estados-Membros, como conferida pelo artigo 18.° CE (acórdão de 24 de
Novembro de 1998, Bickel e Franz, C-274/96, Colect., p. I-7637, n.°s 15 e 16, bem como acordãos
Grzelczyk, n.° 33, e D'Hoop, n.° 29, já referidos.

25 Embora, no estado actual do direito comunitário, as normas que regulam o apelido de uma
pessoa sejam da competência dos Estados-Membros, estes últimos devem, não obstante, no
exercício dessa competência, respeitar o direito comunitário (v., por analogia, acórdão de 2 de
Dezembro de 1997, Dafeki, C-336/94, Colect., p. I-6761, n.°s 16 a 20) e, em especial, as
disposições do Tratado relativas à liberdade reconhecida a qualquer cidadão da União de circular
e permanecer no território dos Estados-Membros (v., nomeadamente, acórdão de 23 de
Novembro de 2000, Elsen, C-135/99, Colect., p. I-10409, n.° 33

27 Todavia, essa conexão com o direito comunitário existe no que respeita a pessoas em
situação idêntica à dos filhos de C. Garcia Avello, os quais são nacionais de um Estado-Membro
a residir legalmente no território de outro Estado-Membro

29 Nestas condições, os filhos do recorrente no processo principal podem invocar o direito,


previsto no artigo 12.° CE, de não sofrerem qualquer discriminação em razão da nacionalidade,
à luz das normas que regulam o seu apelido

31 A este respeito, é jurisprudência constante que o princípio da não discriminação impõe que
situações idênticas não sejam tratadas de modo diferente e que situações diferentes não sejam
tratadas de igual maneira, salvo se esse tratamento se justificar por razões objectivas (v.,
nomeadamente, acórdão de 17 de Julho de 1997, National Farmers' Union e o., C-354/95,
Colect., p. I-4559, n.° 61). Tal tratamento só poderia ter justificação se se baseasse em
considerações objectivas, independentes da nacionalidade das pessoas envolvidas e
proporcionadas ao objectivo legitimamente prosseguido pelo direito nacional (v.,
nomeadamente, acórdão D'Hoop, já referido, n.° 36).

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34 Importa, por conseguinte, verificar se estas duas categorias de pessoas se
encontram numa situação idêntica ou se, pelo contrário, estão numa situação
diferente, caso este em que o princípio da não discriminação implica que os nacionais
belgas que, como os filhos de C. Garcia Avello, possuem igualmente a nacionalidade de outro
Estado-Membro possam reinvindicar um tratamento diferente do que está reservado às pessoas
que possuem apenas nacionalidade belga, a menos que o tratamento em causa seja justificado
por razões objectivas.

45 À luz das considerações precedentes, há que responder à questão prejudicial que os artigos
12.° CE e 17.° CE devem ser interpretados no sentido de que se opõem a que, em circunstâncias
como as do processo principal, a autoridade administrativa de um Estado-Membro recuse dar
seguimento favorável a um pedido de alteração de apelido de crianças residentes nesse Estado-
Membro e que disponham da dupla nacionalidade desse mesmo Estado e de outro Estado--
Membro, quando o referido pedido tenha por objectivo que as crianças possam usar o apelido
de que seriam titulares ao abrigo do direito e da tradição do segundo Estado-Membro.

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Acórdão Martinez Sala
13 M. Martínez Sala, nascida em 8 de Fevereiro de 1956, é uma cidadã espanhola
que, desde Maio de 1968, reside na Alemanha. Aí exerceu diferentes actividades assalariadas
durante o período decorrido, incluindo as interrupções, de 1976 a 1986 e, seguidamente, de 12
de Setembro de 1989 a 24 de Outubro de 1989. Desde então, beneficiou de uma ajuda social
paga pela cidade de Nürnberg e pelo Landratsamt Nürnberger Land ao abrigo da
Bundessozialhilfegesetz (lei federal sobre a ajuda social).

14 Até 19 de Maio de 1984, M. Martínez Sala obteve das autoridades competentes diferentes
títulos de residência que se sucederam praticamente sem interrupção. Posteriormente, apenas
obteve documentos comprovativos de que a prorrogação do seu título de residência fora
solicitada. No seu despacho de reenvio, o BayerischesLandessozialgericht sublinha, no entanto,
que a Convenção Europeia de Assistência Social e Médica, de 11 de Dezembro de 1953, proíbe
a expulsão da interessada. Em 19 de Abril de 1994, foi emitido a favor dela um título de
residência com termo em 18 de Abril de 1995, o qual foi prorrogado por mais um ano em 20 de
Abril seguinte.

15 Em janeiro de 1993, isto é, durante o período em que não dispunha de um título de residência,
M. Martínez Sala solicitou ao FreistaatBayern um subsídio para criação dos filhos relativo à sua
filha nascida nesse mesmo mês.

16 Por decisão de 21 de Janeiro de 1993, o FreistaatBayern indeferiu este pedido pelo motivo
de a interessada não possuir a nacionalidade alemã nem uma autorização de residência ou um
título de residência.

29 Pela sua primeira questão, o órgão jurisdicional de reenvio pergunta, em substância, se um


nacional de um Estado-Membro que reside noutro Estado-Membro onde exerceu actividades
assalariadas e, em consequência, beneficiou de uma ajuda social reveste a qualidade de
trabalhador na acepção do Regulamento n.°1612/68 ou do Regulamento n.°1408/71.

30 A título liminar, há que recordar que, segundo a BErzGG, a concessão do subsídio para criação
dos filhos está subordinada, nomeadamente, à condição de o interessado não exercer uma
actividade remunerada ou não a exercer a tempo inteiro. Esta condição é susceptível de
restringir o números das pessoas que podem, simultaneamente, beneficiar do referido subsídio
e ser qualificadas como trabalhadores na acepção do direito comunitário.

34 No caso vertente, o órgão jurisdicional de reenvio não forneceu elementos suficientes para
permitir ao Tribunal de Justiça verificar se, face às considerações que precedem, uma pessoa
que se encontra na situação da recorrente no processo principal é um trabalhador na acepção
do artigo48.° do Tratado e do Regulamento n.°1612/68, por exemplo em razão da circunstância
de estar à procura de emprego. Compete, portanto, ao órgão jurisdicional de reenvio proceder
a esta verificação.

36 Assim, uma pessoa tem a qualidade de trabalhador na acepção do Regulamento n.°1408/71


quando está segurada, mesmo que contra um só risco, a título de um seguro obrigatório ou
facultativo no âmbito de um regime geral ou especial de segurança social mencionado no
artigo1.°, alínea a), do Regulamento n.°1408/71, e isto independentemente da existência de
uma relação de trabalho (v., neste sentido, os acórdãos de 31 de Maio de 1979, PierikII, 182/78,
Recueil, p.1977, n.º 4 e 7, e de 9 de Julho de 1987, Laborero e Sabato, 82/86 e 103/86, Colect.,
p.3401, n.°17).

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37 A Comissão considera, em consequência, que a recorrente deve ser considerada
um trabalhador, na acepção do Regulamento n.°1408/71, pelo simples facto de ter
beneficiado do seguro de reforma obrigatório na Alemanha ou de o organismo de
assistência social a ter inscrito, com as suas filhas, no seguro de doença e ter efectuado por ela
as contribuições correspondentes.

44 Dado que a situação de uma pessoa como a recorrente no processo principal não é visada
por qualquer das disposições do título III, capítulo VII, a restrição prevista no anexo I, ponto I,
letra C, não pode ser-lhe aplicada, de modo que a sua qualidade de trabalhador na acepção do
Regulamento n.°1408/71 deve ser determinada unicamente face ao artigo1.°,alínea a), ii), desse
mesmo regulamento. Essa pessoa poderá, portanto, beneficiar dos direitos ligados a essa
qualidade desde que se comprove que está segurada, mesmo que contra um único risco, a título
de um seguro obrigatório ou facultativo no âmbito de um regime geral ou especial de segurança
social mencionado no artigo1.°, alínea a), do Regulamento n.°1408/71.

46 Pela sua quarta questão, o órgão jurisdicional de reenvio pretende saber se o direito
comunitário se opõe a que um Estado-Membro exija dos nacionais dos outros Estados-Membros
que, para beneficiarem de um subsídio para criação dos filhos, exibam um cartão de residência
em boa e devida forma.

52 Embora o direito comunitário não se oponha a que um Estado-Membro imponha aos


nacionais dos outros Estados-Membros que residem legalmente no seu território que estejam
permanentemente na posse de um documento que ateste o seu direito de residência, na medida
em que obrigação idêntica seja imposta aos cidadãos nacionais no que respeita ao seu bilhete
de identidade (v., neste sentido, os acórdãos de 27 de Abril de 1989, Comissão/Bélgica, 321/87,
Colect., p.997, n.°12, e de 30 de Abril de 1998, Comissão/Alemanha, C-24/97, Colect., p.1-2133,
n.°13), o mesmo senão passa necessariamente no caso de um Estado-Membro exigir dos
nacionais dos outros Estados-Membros que, para beneficiarem de um subsídio para criação dos
filhos, estejam obrigatoriamente na posse de um título de residência cuja emissão incumbe à
administração.

54 Daqui resulta que o facto de um Estado-Membro exigir de um nacional de outro Estado-


Membro, que pretende beneficiar de uma prestação como o subsídio em litígio, que apresente
um documento que tem um valor constitutivo e é emitido pela sua própria administração,
quando nenhum documento deste tipo é exigido ao cidadão nacional, leva a uma desigualdade
de tratamento.

59 Na hipótese de não ser esse o caso, a Comissão sustenta que, de qualquer modo, desde 1 de
Novembro de 1993, data da entrada em vigor do Tratado sobre a União Europeia, a recorrente
no processo principal beneficia do direito de residência ao abrigo do artigo8.°-A do Tratado CE,
nos termos do qual «Qualquer cidadão da União goza do direito de circular e permanecer
livremente no território dos Estados-Membros, sempre juízo das limitações e condições
previstas no presente Tratado e nas disposições adoptadas em sua aplicação.» Segundo o
artigo8.°, n.°1, do Tratado CE, é cidadão da União Europeia qualquer pessoa que tenha a
nacionalidade de um Estado-Membro.

60 Há, no entanto, que sublinhar que, num caso como o do processo principal, não é necessário
examinar se a interessada está em condições de invocar o artigo8.°-A do Tratado para obter o
reconhecimento de um novo direito de residência no território do Estado-Membro em causa,
dado que é pacífico que ela já foi autorizada a nele residir, se bem que a emissão de um cartão
de residência lhe tenha sido recusada.

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61 Enquanto nacional de um Estado-Membro, que reside legalmente no território de
outro Estado-Membro, a recorrente no processo principal inclui-se no domínio de
aplicação ratione personae das disposições do Tratado consagradas à cidadania
europeia.

63 Daqui resulta que um cidadão da União Europeia que, como a recorrente no processo
principal, reside legalmente no território do Estado-Membro de acolhimento o pode invocar o
artigo 6.° do Tratado em todas as situações que se incluam no domínio de aplicação ratione
materiae do direito comunitário, incluindo a situação em que esse Estado-Membro lhe atrasa
ou recusa a concessão de uma prestação que é concedida a qualquer pessoa que resida
legalmente no território desse Estado como fundamento de que não dispõe de um documento
que não é exigido aos nacionais desse mesmo Estado e cuja emissão pode ser atrasada ou
recusada pela sua administração.

65 Há, pois, que responder à quarta questão que o direito comunitário opõe-se a que um Estado-
Membro exija dos nacionais dos outros Estados-Membros autorizados a residir no seu território
que apresentem um cartão de residência em boa e devida forma, emitido pela administração
nacional, para beneficiarem de um subsídio para criação dos filhos, enquanto os seus nacionais
estão unicamente obrigados a ter o seu domicílio ou o seu local de residência normal nesse
Estado-Membro.

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Acórdão Trojani
31 Há que recordar que o direito de residir no território dos Estados-Membros é
directamente reconhecido a qualquer cidadão da União pelo artigo 18, n.° 1, CE (v. acórdão de
17 de Setembro de 2002, Baumbast e R, C-413/99, Colect, p. I-7091, n.° 84). M. Trojani tem,
portanto, o direito de invocar esta disposição do Tratado, apenas na sua qualidade de cidadão
da União.

32 Todavia, este direito não é incondicional. Só é reconhecido sob reserva das limitações e
condições previstas no Tratado e nas disposições adoptadas em sua aplicação.

33 Entre essas limitações e condições, resulta do artigo 1.° da Directiva 90/364 que os Estados-
Membros podem exigir que os nacionais de um Estado-Membro que pretendam beneficiar do
direito de residência no seu território disponham, para si próprios e para os membros da sua
família, de um seguro de doença que cubra todos os riscos no Estado-Membro de acolhimento
e de recursos suficientes para evitar que se tornem, durante a sua permanência, uma sobrecarga
para a assistência social desse Estado.

34 Como já anteriormente o Tribunal declarou, a aplicação das referidas limitações e condições


deve ser feita respeitando os limites impostos pelo direito comunitário e em conformidade com
os princípios gerais deste direito, designadamente o princípio da proporcionalidade (acórdão
Baumbast e R, já referido, n.° 91).

35 Da decisão de reenvio infere-se que foi precisamente devido à insuficiência de recursos que
M. Trojani pediu para beneficiar de uma prestação como o minimex.

36 Nestas condições, para um cidadão da União que se encontre numa situação idêntica à do
recorrente no processo principal, não decorre do artigo 18.° CE o direito de residir no território
de um Estado-Membro de que não é nacional, por não dispor de recursos suficientes na acepção
da Directiva 90/364. Com efeito, contrariamente ao que se verificou no processo que esteve na
origem do acórdão Baumbast e R., já referido (n.° 92), nada indica que, numa situação como a
em causa no processo principal, o não reconhecimento desse direito excede o necessário para
alcançar o objectivo prosseguido por essa directiva.

37 Todavia, importa sublinhar que, face aos elementos que foram levados ao conhecimento
deste Tribunal, M. Trojani reside legalmente na Bélgica, o que é comprovado pelo cartão de
residência que, entretanto, a administração autárquica de Bruxelas emitiu em seu favor.

39 No quadro do presente processo, há que examinar com especial atenção se, apesar da
conclusão a que se chegou no n.° 36 do presente acórdão, um cidadão da União que se encontre
numa situação como a do recorrente no processo principal pode invocar o artigo 12.° CE,
segundo o qual, no âmbito de aplicação do Tratado, e sem prejuízo das suas disposições
especiais, é proibida toda e qualquer discriminação em razão da nacionalidade.

40 Cabe aqui sublinhar que, embora os Estados-Membros possam condicionar à posse de


recursos suficientes a residência de um cidadão da União economicamente não activo, isto não
implica, todavia, que essa pessoa não possa beneficiar, durante a sua estada legal no Estado-
Membro de acolhimento, do princípio fundamental relativo à igualdade de tratamento, como
consagrado no artigo 12.° CE.

41 Neste contexto, importa fazer as três observações seguintes

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42 Em primeiro lugar, como o Tribunal já declarou, uma prestação de assistência
social, como o minimex, está abrangida pelo âmbito de aplicação do Tratado (v.
acórdão de 20 de Setembro de 2001, Grzelczyk, C-184/99, Colect., p. I-6193,
designadamente n.° 46).

43 Em segundo lugar, relativamente a essas prestações, um cidadão da União economicamente


não activo pode invocar o artigo 12.° CE desde que tenha residido legalmente no Estado-
Membro de acolhimento durante um certo período ou quando disponha de um cartão de
residência.

44 Em terceiro lugar, uma regulamentação nacional como a que está em causa no processo
principal, na medida em que não atribui a prestação de assistência social aos cidadãos da União
não nacionais do Estado-Membro, que nele residem legalmente, mesmo quando satisfaçam as
condições exigidas aos nacionais desse Estado, constitui uma discriminação em razão da
nacionalidade, proibida pelo artigo 12.° CE.

45 Deve acrescentar-se que o Estado-Membro de acolhimento pode concluir que um nacional


de outro Estado-Membro que recorreu à assistência social deixou de preencher os requisitos de
que depende o seu direito de residência. Nesse caso, o Estado-Membro de acolhimento pode
adoptar, com observância dos limites impostos pelo direito comunitário, uma medida de
afastamento. Contudo, essa medida não pode ser a consequência automática do recurso à
assistência social por um cidadão da União (v., neste sentido, acórdão Grzelczyk, já referido, n.°s
42 e 43).

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Acórdão ERT
41 No que respeita ao artigo 10.° da Convenção Europeia dos Direitos do Homem,
mencionada nas nona e décima questões, deve recordar-se, liminarmente, que segundo
jurisprudência constante os direitos fundamentais fazem parte integrante dos princípios gerais
de direito cujo respeito é assegurado pelo Tribunal de Justiça. Para este efeito, o Tribunal de
Justiça inspira-se nas tradições constitucionais comuns aos Estados-membros bem como nas
indicações fornecidas pelos instrumentos internacionais para a protecção dos direitos do
homem com os quais os Estados-membros cooperam ou a que aderem (ver, nomeadamente, o
acórdão de 14 de Maio de 1974, Nold, n.° 13, 4/73, Recueil, p. 491). A Convenção Europeia dos
Direitos do Homem reveste-se, a este respeito, de um significado particular (ver,
nomeadamente, o acórdão de 15 de Maio de 1986, Johnston, n.° 18, 222/84, Colect., p. 1651).
Daqui decorre que, como foi afirmado pelo Tribunal de Justiça no acórdão de 13 de Julho de
1989, Wachauf, n.° 19 (5/88, Colect., p. 2609), não podem ser admitidas na Comunidade
medidas incompatíveis com o respeito dos direitos do homem reconhecidos e garantidos por
esta forma

42 De acordo com a sua jurisprudência (ver os acórdãos de 11 de Julho de 1985, Cinéthèque, n.°
26, 60/84 e 61/84, Recueil, p. 2605, e de 30 de Setembro de 1987, Demirel, n.° 28, 12/86, Colect.,
p. 3719), o Tribunal de Justiça não pode apreciar uma regulamentação nacional que não se situe
no quadro do direito comunitário face à Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Em
contrapartida, a partir do momento em que uma regulamentação deste tipo entre no campo de
aplicação do direito comunitário, o Tribunal de Justiça, tendo-lhe sido dirigido um pedido de
decisão a título prejudicial, deve fornecer todos os elementos de interpretação necessários para
a apreciação, pelo tribunal nacional, da conformidade de tal regulamentação com os direitos
fundamentais cujo respeito é assegurado pelo Tribunal de Justiça, tal como resultam, em
particular, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

43 Particularmente, no caso de algum Estado-membro invocar a disposição do artigo 55.°


conjugada com a do artigo 66.° para justificar uma regulamentação susceptível de entravar o
exercício da livre prestação de serviços, esta justificação, prevista pelo direito comunitário, deve
ser interpretada à luz dos princípios gerais de direito e, nomeadamente, dos direitos
fundamentais. Assim, a regulamentação nacional em causa só poderá beneficiar das excepções
previstas nas disposições conjugadas dos artigos '56.° e 66.° se se conformar com os direitos
fundamentais cujo respeito é assegurado pelo Tribunal de Justiça.

44 Daqui decorre que num caso deste tipo compete ao juiz nacional e, sendo caso disso, ao
Tribunal de Justiça apreciar a aplicação destas disposições, tendo em atenção todas as regras de
direito comunitário, incluindo a liberdade de expressão, consagrada pelo artigo 10.° da
Convenção Europeia dos Direitos do Homem, enquanto princípio geral de direito cujo respeito
é assegurado pelo Tribunal de Justiça.

45 Deve assim responder-se ao órgão jurisdicional nacional que os limites impostos ao poder
dos Estados-membros de aplicarem as disposições referidas nos artigos 66.° e 56.° do Tratado
por razões de ordem pública, segurança pública e saúde pública, devem ser apreciados na
perspectiva do principio, geral da liberdade de expressão, consagrado pelo artigo 10.° da
Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

§
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Acórdão Fransson

17 A este respeito, há que recordar que o âmbito de aplicação da Carta, no que


respeita à ação dos Estados-Membros, está definido no artigo 51.°, n.° 1, da mesma, nos termos
do qual as disposições da Carta têm por destinatários os Estados-Membros apenas quando
apliquem o direito da União.

19 Com efeito, resulta, no essencial, da jurisprudência constante do Tribunal de Justiça que os


direitos fundamentais garantidos pela ordem jurídica da União são aplicáveis em todas as
situações reguladas pelo direito da União, mas não fora dessas situações. É nesta medida que o
Tribunal de Justiça já recordou que não pode apreciar, à luz da Carta, uma regulamentação
nacional que não se enquadra no âmbito do direito da União. Em contrapartida, quando uma
regulamentação nacional se enquadra no âmbito de aplicação desse direito, o Tribunal de Justiça,
chamado a pronunciar-se sobre uma questão prejudicial, deve fornecer todos os elementos de
interpretação necessários à apreciação, pelo órgão jurisdicional nacional, da conformidade
desta regulamentação com os direitos fundamentais cujo respeito assegura (v., designadamente,
neste sentido, acórdãos de 18 de junho de 1991, ERT, C-260/89, Colet., p. I-2925, n.° 42; de 29
de maio de 1997, Kremzow, C-299/95, Colet., p. I-2629, n.° 15; de 18 de dezembro de 1997,
Annibaldi, C-309/96, Colet., p. I-7493, n.° 13; de 22 de outubro de 2002, Roquette Frères,
C-94/00, Colet., p. I-9011, n.° 25; de 18 de dezembro de 2008, Sopropé, C-349/07, Colet.,
p. I-10369, n.° 34; de 15 de novembro de 2011, Dereci e o., C-256/11, Colet., p. I-11315, n.° 72;
e de 7 de junho de 2012, Vinkov, C-27/11, n.° 58).

21 Uma vez que os direitos fundamentais garantidos pela Carta devem, por conseguinte, ser
respeitados quando uma regulamentação nacional se enquadra no âmbito de aplicação do
direito da União, não podem existir situações que estejam abrangidas pelo direito da União em
que os referidos direitos fundamentais não sejam aplicados. A aplicabilidade do direito da União
implica a aplicabilidade dos direitos fundamentais garantidos pela Carta.

23 Estas considerações correspondem às que estão subjacentes ao artigo 6.°, n.° 1, TUE, nos
termos do qual de forma alguma o disposto na Carta pode alargar as competências das União,
tal como definidas nos Tratados. Da mesma forma, por força do artigo 51.°, n.° 2, da Carta, esta
não torna o âmbito de aplicação do direito da União extensivo a competências que não sejam
as da União, não cria quaisquer novas atribuições ou competências para a União, nem modifica
as atribuições e competências definidas pelos Tratados (v. acórdão Dereci e o., já referido,
n.° 71).

§
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