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Resumos Frequência de Direito Fiscal

2018/2019

II – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares


(IRS)

Notas Introdutórias
O IRS foi aprovado em 1988, através de DL que entrou em vigor no dia 01/01/1999, e
antes desta data existiam vários impostos sobre o rendimento. Hoje em dia, o IRS é um
imposto único, global, pessoal e tendencialmente progressivo (há 3 categorias de
tributação onde as taxas são proporcionais, nomeadamente as dos art 71º, 72º e 73º).
Este imposto é também um imposto de avaliação direta, principal, heteroliquidavel e
semidual.

Quando olhamos para a CRP, concluímos que se aplicam aos impostos, o principio da
igualdade, legalidade e proporcionalidade. Todavia, a CRP não contem só os princípios
gerais constitucionais, também consagra princípios constitucionais especiais para cada
imposto. Estes princípios são os consagrados no art. 104º nº1 para o IRS. Assim,
olhando para o nº 1 do art 104º temos as diretrizes.

Neste sentido, e de acordo com o referido artigo, o IRS é um imposto sobre o


rendimento pessoal que tem em vista a diminuição das desigualdades (regra de extra
fiscalidade), sendo único e progressivo. Apesar de único, o tratamento em sede de IRS
não é único mas antes diferente, atendendo a diferentes categorias e fazendo-se
deduções especificas e à coleta.

O IRS tem que ser progressivo, mas isto só é uma realidade no âmbito do sistema geral
(com taxas progressivas estatuídas no art. 68º CIRS) uma vez que as taxas do sistema
especial são proporcionais (art. 71º, 72º e 73º). Assim, coloca-se a questão de se
compatibilizar o artigo 104 nº1, nomeadamente na parte em que estatui “imposto
sobre rendimento pessoal”. Deste modo, teremos que saber quando é que o IRS
assume efetivamente natureza pessoal. Ora, assume natureza pessoal quando atende
as caratristicas pessoais e familiares do contribuinte, podendo pois incluir as despesas
de saúde, habitação, etc. Assim, quando estamos a trabalhar no âmbito do sistema
geral o IRS, o imposto é de natureza pessoal, aplicando-se consequentemente as taxas
progressivas. Ao invés, se estamos a trabalhar no âmbito dos sistemas especiais, só
iremos olhar unicamente para o rendimento, não chegando a haver, pois, deduções à
coleta, o que significa que o imposto não tem natureza pessoal mas sim real,
aplicando-se em consequência disto, taxas proporcionais.

Retroatividade, caducidade e prescrição

Tanto o IRS como o IRC são impostos periódicos, ou seja, têm uma obrigação fiscal que
se inicia no dia 1 janeiro e termina no dia 31 dezembro, sendo tributado de forma
sucessiva. Não obstante, quando olhamos “microscopicamente” para o IRS
constatamos que apesar de, em geral, ser um imposto periódico, existem aspetos do
imposto que são de obrigação única, tipicamente os que estão no sistema especial dos
não residentes (+ex. mais valias, que são de rendimento ocasional).

Qual é o problema que se cria aqui? Ora, quando dizemos que o IRS é em geral um
imposto periódico (1 ano de obrigação fiscal) mas que todavia existem determinados
rendimentos do IRS que se constata serem de obrigação única, coloca-se pois o
problema de retroativiade, caducidade e prescrição. No momento em que ocorre o
facto começam a contar os prazos para a caducidade e prescrição, e é esse momento
que é importante para saber se o imposto é ou não é retroativo, se houver uma
alteração na lei.

A propósito dos impostos periódicos, mesmo que existam alterações da lei a meio do
ano, essa lei não será retroativa porque o facto é de formação sucessiva. Assim, se
entrar em vigor nova lei que altere os pressupostos da tributação, atendendo à
formação sucessiva do facto, tal lei nãos será retroativa, dado que o facto só se irá
consolidar dia 31 de dezembro. Ao invés, se o facto for de formação única, tal significa
que se verificou em determinado dia, e por isso, a esse facto nunca se pode aplicar a
nova lei, já que isto seria considerado aplicação retroativa da lei.

Assim, o que é que se entende por retroatividade? A retroatividade, em traços gerais,


consiste na aplicação de uma nova leu a factos que ocorreram no passado e cujos
efeitos se esgotaram no mesmo.

Quando se diz que o IRS é uma obrigação periódica, isto significa que é uma obriga que
se renova periodicamente ( de 1 de janeiro a 31 de dezembro). Assim, como o facto
tributário é de formação sucessiva, este só surge para o mundo do direito no ultimo
dia do ano. Assim, se houver uma lei nova depois de janeiro e antes de 31 de
dezembro, tal lei não é retroativa, visto que o facto so nasce para o direito a dia 31 de
dezembro.

Nos impostos periódicos, há lei retroativa quando essa determinada lei entra em vigor
já ao abrigo de uma nova obrigação.

Nos impostos de obrigação única, o facto naturalístico e jurídico dão-se no mesmo


momento.

A importância da distinção prende-se com o facto de, que, se tivermos um facto que
acontece a dia 1 janeiro e sair uma lei nova a dia 2 de janeiro, essa nova lei não se
poderá aplicar a impostos com obrigações únicas pois isso seria aplicar lei retroativa. A
única questão que se poderia colocar é se a retroatividade é favorável. Isto é, se no
exemplo referido, a lei de dia 2 de janeiro determinava redução da carga fiscal em
relação ao dia 1.

A retroatividade está prevista no art 103º nº 3 CRP, sendo que neste artigo o legislador
apenas estatui a proibição da mesma. No entanto, a doutrina e o Tribunal
constitucional tem entendido que a retroatividade favorável é possível. Este
entendimento não deve ser adotado (opinião da professora Ana Sofia, eu concordo
também) uma vez que em termos de direito financeiro, quando reduzimos taxas, estas
têm um impacto na redução da receita do orçamento, e o orçamento é um documento
“cristalizado”, não se pode alterar a menos que o Governo proponha mudanças. Ora,
com a aplicação de uma lei mais favorável, a consequência seria redução de receita, e
as leis não podem mudar receitas, e mais, se a aplicação da retroatividade favorável da
lei tiver esta consequência, tal significa que que irá haver impacto da despesa pública,
e esta é de todos nós. Neste sentido, ao aplicar a lei mais favorável, estaríamos só a
olhar para aquele contribuinte em especifico, e temos que olhar para todos nós,
porque a aplicação da lei pode ser mais favorável aquele determinado contribuinte
mas isso irá repercutir-se na redução das receitas, e esta redução de receitas irá ter
como consequência a redução da satisfação das necessidades coletivas. Em sentido
contrário ao acabado de defender, o Tribunal Constitucional tem-se pronunciado pela
constitucionalidade da retroatividade, porque olha para a retrotividade como uma
função garantistica, isto é, o contribuinte não é mais penalizado fiscalmente do que a
lei que persistia à data em que o contribuinte se comportou. Não obstante do Tribunal
Constitucional aceitar a aplicação retroativa da lei, no meu entendimento, a aplicação
daquela é inconstitucional e não vejo fundamento para a função garantistica invocada.

Regime geral de residentes e regimes especiais

Para fazermos o IRS a primeira coisa a fazer é determinar se o sujeito passivo é


residente ou não, pois a partir daqui haverão diversos efeitos jurídicos. O artigo 13º
CIRS estatui quem é sujeito passivo do imposto, distinguindo residentes dos não
residentes. Conclui-se pois, que a nacionalidade não importa.

O IRS consagra pois, vário tipos de residentes. Assim, aos residentes em Portugal
aplica-se o principio da universalidade (art. 15º nº 1), sendo que, o contribuinte irá ser
tributado por todos os rendimentos que obteve dentro e fora de Portugal ( “world
wide taxation”). O professor Manuel Pires prefere usar o designado principio da
territorialidade pessoal, que em termos gerais corresponde ao principio da
universalidade, associando um elemento de conexão pessoal, isto é, ligado à própria
pessoa. Ao invés, tratando-se de não residentes, o IRS tributa apenas os rendimentos
obtidos em território português, aplicando-se assim o designado principio da
territorialidade real, já que apenas atende aos rendimentos, até porque a conexão
com a ordem jurídica portuguesa não é a própria pessoa mas sim a sua fonte de
rendimento.

Assim, a importância de saber se determinada pessoa é ou não residente é em traços


gerais a seguinte:
 Para os residentes, a extensão do imposto é universal, aplicando-se o imposto a
todos os rendimentos independentemente do local, sendo tributados pelo
sistema geral, atendendo-se ao agregado familiar e atendendo-se também às
despesas à coleta.
 Para os não residentes, a extensão do imposto é diminuída visto que só se
aplica aos rendimentos obtidos em território português, sendo tributados pelo
sistema especial, sem se atender ao agregado familiar e despesas à coleta.
Segue-se a analise do regime de cada tipo de residente:

a) Residentes (regime regra):


Aos residentes aplica-se o principio da universalidade (arts. 13ºnº1, 15º e 16º)
sendo tributados pela globalidade dos rendimentos obtidos em Portugal e no
estrangeiro, atendendo-se ao agregado familiar e despesas à coleta. Assim,
estabelece-se o principio segundo o qual quem está em território português
por mais de 183 dias seguidos ou interpelados ou, estando há menos tempo
tenha casa e faça supor que esta é a sua residência habitual, ou ainda quem
esteja a trabalhar em avião ou navio ou estando no estrangeiro a exercer
funções para o Estado português, é para efeitos de apuramento do IRS
considerado residente.

b) Residentes nas Regiões Autónomas:


Segundo o que estatui o art. 17º o IRS é adaptado a residentes das RA’s. A CRP
consagra relativamente às RA’s poderes tributários próprios, podendo adaptar
especificidades próprias da região.

c) Residentes em paraísos fiscais:


O artigo 16º nº 6 estatui que são considerados residentes para efeitos de
apuramento de IRS pessoas nacionais português que residiam em Portugal e
mudaram a sua residência para um desses países. Assim, apesar da pessoa não
se encontrar fisicamente em Portugal, é considerada como residente para
efeitos fiscais. Qual é a importância pratica? A importância prática prende-se
com finalidades extra fiscais, nomeadamente o combate a evasão fiscal. Assim,
entende-se por paraíso fiscal o território, região ou país com regime fiscal
claramente mais favorável (p.e., o Luxemburgo). Deste modo, no ano em que
ocorra a mudança e nos 4 anos seguintes, ou seja, durante 5 anos, as pessoas
que se mudaram para um paraíso fiscal são consideradas residentes em
Portugal para efeitos fiscais. Não obstante, o contribuinte interessado pode
provar que a mudança se deve a razões atendíveis, nomeadamente exercício
de atividade temporária naquele território. Assim, existe a inversão do ónus da
prova.

d) Residentes não habituais


O regime dos residentes não habituais foi criado na altura da troika e está
consagrado no art. 16º nº 8, tendo finalidades extra fiscais, nomeadamente de
atração de rendimentos. Para os seguintes efeitos, consideram-se residentes
não habituais aqueles que não tenham sido residentes habituais em qualquer
dos 5 anos anteriores. Os residentes não habituais são tributados pelos
rendimentos líquidos de trabalho dependente e independente a uma taxa fixa
de 20%. Quanto aos rendimentos obtidos em fonte estrangeira não serão
tributados.
e) Ex Residentes
O regime para ex residentes está previsto no art 12 e tem finalidades extra
fiscais, nomeadamente fins de justiça social. Habitualmente, os ex residentes
são na prática os emigrantes, ou seja, eram residentes em território português,
emigraram e agora regressam. Então como é que se justifica o fim de justiça
social? Politicamente, na altura da troika, as pessoas imigraram em massa
porque não tinham como sobreviver, então, criou-se o regime dos ex
residentes como forma de compensar e garantir o seu regresso através de um
beneficio fiscal (exclusão de tributação em 50%). Em relação às entidades que
procedem à retenção na fonte dos referidos rendimentos, devem aplicar a taxa
de retenção na fonte apenas a metade dos rendimentos pagos ou colocados à
disposição. Quais são então os requisitos? Este regime aplica-se aos
contribuintes que se tornarem fiscalmente residentes em Portugal no ano 2019
ou 2020 desde que não tenham sido considerados residentes fiscais em
território português em qualquer dos três anos anteriores, tenham sido
residentes em Portugal antes de 2015, tenham a sua situação tributaria
regularizada e não tenham solicitado a inscrição para o regime de residentes
não habituais.
Nota: esta norma é geral e abstrata, por isso, preenchidos os requisitos o
contribuinte poderá beneficiar deste regime independentemente dos motivos
que o levaram a sair de Portugal ou a regressar. Note-se que, a finalidade aqui
prosseguida é claramente conflituante com o principio da igualdade, mas, não
obstante, considera-se a finalidade mais importante que o principio.

Sistema especial:

Os sistemas especiais estão previstos no art 71º, 72º e 73º. O sistema especial aplica-
se aos rendimentos dos não residentes, assim, os rendimentos não são tributados pelo
sistema geral mas antes pelo sistema especial. Qual o fundamento?
Relativamente aos não residentes, “nós” não fazemos ideia, nem temos que fazer, de
quais são as suas despesas “especificas”, nomeadamente de saúde, educação, etc.
Portanto, para um não residente o IRS não é personalizante, apenas se atende à
natureza real. Como se trata de um regime diferente, as formas de calculo também
vão ser diferentes, e por isso, não há desde logo deduções à coleta visto que estas têm
caratr personalizante, mas também não haverá aplicação de taxas progressivas mas
antes proporcionais.

Assim, as formulas serão as seguintes:


 Art 71º: RENDIMENTO BRUTO x TAXA = IRS
 Art 72º: RENDIMENTO LIQUIDO x TAXA = IRS

Em suma, teremos que aplicar ao caso concreto o regime que se parecer mais
adequado, e depois iremos então saber se são os únicos relativamente aos quais
iremos tributar ou se iremos atender ao agregado familiar, consoante for a hipótese.
Se não se tratarem de residentes, aplicamos as formulas do sistema especial; se se
tratarem de residentes aplicamos em principio o sistema geral e atendemos ao
agregado familiar, se assim existir.
Agregado Familiar

Atualmente existe um principio segundo o qual as pessoas casadas


(independentemente do regime de bens) ou unidas de facto fazem o IRS
separadamente salvo se, por opção, decidirem que o querem fazer conjuntamente. Se
decidirem fazer IRS conjuntamente irão integrar o agregado familiar (art. 13). Note-se
que, o agregado familiar em si, nunca é sujeito passivo mas antes um conjunto de
rendimentos de pessoas que irão ser tributados em conjunto, porque aquelas pessoas
estão naquela família.

A direção do agregado familiar incumbe, por lei, a ambos os cônjuges, refletindo assim,
o principio da igualdade (regra CC).

Quem pode constituir o agregado familiar são ambos os cônjuges não separados
judicialmente de pessoas e bens, os unidos de facto e os respetivos dependentes.
Neste sentido, o art. 13º demonstra que o conceito de agregado familiar é bastante
restrito, já que, apenas poderão ser considerados dependentes filhos ou equiparados a
filhos, ou seja, 1º grau de descendentes; os ascendentes nunca entram para efeitos de
agregado familiar em sede de IRS. Deste modo, o art 13 expõe um conceito nuclear de
família.

Quem são então, em concreto, os dependentes? (art. 13 nº 5). O art 13 é, como já


mencionado, muito restritivo, e por isso a expressão dependentes corresponde à
familiar nuclear: filhos ou situações que beneficiam de igual tratamento como p.e.
adotados, enteados ou menores sob tutela. Assim, por exclusão, nunca fazem parte do
agregado familiar netos, sobrinhos, avós, sogros, pais do sujeito passivo, etc.

Dependentes:
 São sempre dependentes menores até 15 anos
 Menores de 16 a 17 anos: se tiver rendimentos das duas uma – opta por fazer
parte do agregado familiar e por isso ser dependente, ou pode optar por ser
sujeito passivo autónomo. As duas coisas ao mesmo tempo é que não pode ser.
Isto no pressuposto que administra totalmente, porque se for so parcialmente
é sempre dependente
 Dos 18 aos 25 anos: podem fazer parte do agregado familiar se não tiverem
uma remuneração superior à remuneração mínima mensal garantida ( x 14).

Os dependentes podem ainda fazer parte de 1 ou mais IRS quando os pais são
separados e cada um faz a respetiva declaração, no entanto, isto só acontece com
dependentes menores de idade pois, quanto aos maiores dependentes até 25 anos,
aparecem no agregado de um ou no agregado do outro.
Apesar dos maiores de 25 estarem fora do agregado familiar, pode dar-se o caso de
dependerem economicamente do sujeito passivo, e nestes casos podem deduzir-se
essas despesas no IRS do sujeito passivo, não obstante de não fazer parte do agregado
familiar. Assim, o IRS relativamente às deduções à coleta não tem um conceito tão
restrito de familiar como o conceito apresentado no art. 13º. O domicilio fiscal da
pessoa economicamente dependente tem que ser o mesmo do sujeito passivo, ou em
alternativa, por exemplo, se essa pessoa estiver num lar terá que ser demonstrado,
p.e., que é o sujeito passivo que o paga.

Categorias

O IRS é um imposto sobre os rendimentos, no entanto, não nos dá um conceito de


rendimento, faz antes outra coisa: cataloga o que é rendimento. Todavia, quando
olhamos para o IRS verificamos que o legislador teve uma ideia sobre o rendimento, e
que até está explicado pelo preambulo do código.

Assim, a teoria sobre o rendimento fonte, é aquela segundo a qual só se tributam


rendimentos periódicos (típicos da categoria A). Mas nós utilizamos outra teoria, que
tributa também rendimentos não periódicos (como p.e. categoria G). Deste modo,
apesar do CIRS não nos dar o conceito de rendimento, verificamos pelos rendimentos
tributados, que a doutrina e o legislador adotou uma linha da teoria do acréscimo.

De acordo com o art nº 1 CIRS (desenvolvido até ao art 12º), há um “catalogo” de


rendimentos segundo os quais as pessoas singulares irão ser tributadas.

Assim:

 Categoria A: rendimentos do trabalho dependente.

 Categoria B: rendimentos auferidos por profissionais liberais, comerciantes,


industriais e agricultores.

 Categoria E: rendimentos de juros.

 Categoria F: rendas.

 Categoria G: mais valias.

 Categoria H: pensões.

1. Categoria A

A categoria A tributa os rendimentos do trabalho dependente, sendo que se


consideram rendimentos todas as remunerações pagas ou postas à disposição. Assim,
temos que olhar para os proprietários dos rendimentos subordinados, isto porque só
irá haver tributação se existir disponibilidade do rendimento, o que significa que p.e.
os salários em atraso não serão tributados enquanto estiverem em atraso. Deste
modo, atende-se ao principio do rendimento real, que pressupõe que o sujeito passivo
tenha à sua disposição determinado rendimento.

O nº2 vem estatuir as relações jurídicas que dão origem a rendimentos tributados em
sede de IRS:
 Contrato de trabalho (que engloba o contrato de serviço domestico).

 Trabalho prestado ao abrigo de contrato de aquisição de serviços desde que


exista autoridade e direção da pessoa ou entidade que ocupa a posição de
sujeito ativo na reação jurídica. ( não é a mesma coisa que contrato de
prestação de serviços, pois o contrato de prestação de serviços é tributado na
categoria B).

 Exercício de função ou cargo publico.

 Situações de pré-reforma, pré-aposentação ou reserva.

 Gratificações

 Participações

 Subsídios

 Senhas de presença

 Emolumento

 Participações em multas: são coimas

 Comissões. Há que ter em atenção as comissões porque se esta comissão for


recebida fora do âmbito do contrato de trabalho é tributada pela cat. B.

Deste modo, conclui-se que o conceito de remuneração presente no art. 2º nº 2


estende-o a mais aspetos que o direito laboral porque o que se procura é atender à
capacidade contributiva daquela pessoa.

O Estado atribui abonos de família ou outras prestações a pessoas que têm baixos
rendimentos. A entidade patronal também o pode fazer (principio da liberdade). Se a
entidade conceder um abono de família ou prestação social, esse abono não é
tributado desde que não excedam os limites previstos na lei para o Estado atribuir
àquelas pessoas. Assim, teoricamente, as mesmas possas podem receber o dobro do
abono: via Estado e via entidade patronal se não exceder o limite previsto, se exceder
o limite previsto é tributado pelo excedente.
Os funcionários públicos recebem subsidio de alimentação, sendo que o que está
previsto na lei é 4,77€/dia(2nº3al.b). Assim, ate este valor não se tributa, mais do que
este valor, tributa-se a diferença. Se for dado vale de refeição terá que se fazer
4,77x1,6 que dará o valor não tributado tendo em vista a subsistência da atividade das
empresas cujo objeto se dedica a vales de refeição.

Quanto aos subsídios de residência ou equivalentes, estes não serão tributados.

Quando ao nº 5 do art 2, acontece sobretudo no caso dos bancários. Assim a norma


estabelece a sua tributação até determinado montante ou a partir de determinado
spread.

As entidades patronais muitas vezes permitem a utilização de automóvel da própria


entidade patronal. O legislador estabelece que a utilização pessoal pelo trabalhador ou
membro do órgão social de viatura do automóvel que gere encargos para a entidade
patronal, quando haja acordo escrito sobre a imputação àquela referida viatura, é
tributada a utilização. Tributa-se nesse caso uma percentagem por ano do referido
automóvel. Por isso, se não houver acordo escrito, também não irá existir tributação.
(art 2º nº 9).
As ajudas de custos, resulta muitas vezes do facto do trabalhador utilizar automóvel
próprio ao serviço da empresa. Nestes casos, o que normalmente acontece, é o
trabalhador debitar à entidade patronal as ajudas de custo. Se a entidade patronal der
mais do que aquele valor por km, o excedente irá ser tributado (art. 2 nº 11 al.d).

Há ainda que ter em atenção que o art. 2º nº 3 alarga o conteúdo de rendimentos


submetidos a tributação na categoria A. Em direito do trabalho, quanto à extinção do
contrato de trabalho, está previsto que em determinados casos implica
necessariamente o pagamento de uma indemnização e essa indemnização pode ter
efeitos fiscais. Então, o que é que está sujeito a tributação quando há cessação do
contrato? Temos que ir à solução presente no nº4:
 Os gestores públicos recebem a indemnização que vem do Estado, por isso,
toda a indemnização vai ser tributada.
 Quando há uma indemnização, a mesma não é tributada desde que não exceda
a retribuição média (RM= remuneração dos últimos 12 meses X nº de anos de
antiguidade – este valor não vai ser tributado)

As indemnizações devidas (p.e. subsidio de férias ou natal) também estão sujeitas a


tributação porque sempre o seriam, e por isso, continua-se a tributar os valores que
continuam a ser pagos apesar do contrato de trabalho estar extinto, salvo se, nos 24
meses seguintes a pessoa voltar a trabalhar para a mesma empresa, caso em que a
indemnização irá ser tributada pela totalidade.

Quanto às deduções especificas, estas estão previstas para a cat. A no art 25º.
Neste sentido, como é que se deduz? O artigo 25º tem duas regras:
1. .
2. .
Categoria B

Os rendimentos da categoria B estão previstos no art. 3º, sendo que estes são
chamados de rendimentos empresariais e profissionais.

Na alínea a), tratamos dos rendimentos de atividades económicas de forma


independente

Na alínea b), tratamos dos profissionais liberais que não têm entidade patronal.

Na alínea c) tratamos dos rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou


industrial, ou prestação de informações respeitantes a uma experiencia adquirida no
setor industrial, comercial ou cientifico quando auferidos pelo titular originário.
Quando não se trata do titular originário o sujeito passivo é tributado pela categoria E,
quando aliena os direitos de autor é tributado pela categoria G.

O nº2 do referido artigo, tenta conciliar as atividades que são acessórias e que têm um
objetivo principal. Por outro lado, o nº2 funciona como uma espécie de “íman”,
porque chama a si os rendimentos que isoladamente são de outras categorias, mas
como estão no âmbito destas atividades económicas são chamados à categoria B.
Desta forma, a categoria B tem potencial de absorver factos tributários ou
rendimentos que se não fossem chamados no âmbito de uma atividade económica não
seriam tributados nesta categoria, mas sim nas categorias F,G e E.

No fim do CIRS temos uma lista de profissões, e temos que associar estas profissões à
categoria B. Assim, quando exercemos uma profissão que não esta no leque expresso
no código, temos que recorrer a alínea que estatui “outras prestações de serviço”. Isto
vai ter importância para efeitos de apuramento liquido. A forma de apurar o
rendimento liquido de uma profissão liberal é diferente consoante a profissão esteja
dentro ou fora do catalogo.

Assim, há duas formas para apurar o rendimento liquido da categoria B:


1. Regime simplificado – art.31º (alínea a.): quem não teve rendimento bruto na
cat. B superior a 200mil€ fica no regime simplificado salvo se optar pelo regime
de contabilidade organizada (nº3, traduzindo o principio da legalidade). Este
regime é um regime de presunções, pois presume-se a receita liquida através
de uma percentagem. Isto quer dizer que no regime simplificado vamos ter um
rendimento bruto e vamos multiplicar pela taxa ou percentagem e
encontramos assim o rendimento liquido. Assim, este é um regime em que se
presume que quem ganha um determinado valor, tem determinadas deduções
especificas e encontra um determinado rendimento liquido.

2. Regime de contabilidade organizada (art 32º): aplica-se ao sujeito passivo que


teve rendimento bruto superior a 200mil€, sendo que, não existem presunções
já que é tudo provado documentalmente. Assim, se o sujeito passivo estiver
sob o regime de contabilidade organizada, tal significa que o rendimento
liquido vai ser apurado tendo em conta as regras da contabilidade. E que regras
são essas? Temos que ir ao IRC (art 17º) e traze-las para sede de IRS. Assim, o
legislador estabeleceu que se tivermos um rendimento superior a 200mil€,
para saber como é que se vai apurar o rendimento liquido da categoria B,
temos que usar a disciplina do IRC. Logo, o art 32º do CIRS remete para o IRC.
No IRC fazemos a disciplina do art 17º e depois voltamos para p IRS (porque o
sujeito passivo é individual).

Relativamente a quem inicia uma atividade e é profissional liberal, tem que fazer uma
declaração de inicio de atividade (corresponde a uma obrigação acessória do
contribuinte) junto das finanças. Assim, se for da categoria B, é evidente que não irá
conseguir indicar o rendimento bruto que teve no ano anterior porque no ano anterior
não teve rendimento bruto nenhum. Pontanto, este sujeito deve indicar o valor
estimado que vai receber nesse ano.

Relativamente ao art. 33º temos que fazer adaptações.

Categoria E

A categoria E é relativa aos juros (art. 5º nº 2 al. b). Os juros são tributados mediante a
aplicação do sistema especial (art. 71º) ou poderá o sujeito passivo optar por englobar
os rendimentos para efeitos de tributação.

Assim, nesta categoria vamos aplicar taxas proporcionais e não as taxas progressivas
características do sistema geral. Assim, se eu tiver p.e. rendimento bruto de 500€ vou
multiplicar pela taxa de 28% = 140€. Assim, no exemplo, RB = 500 x 28% = 140. Estes
140€ em principio já estão pagos já que a instituição financeira deve proceder à
liquidação do imposto e entrega-lo aos cofres do Estado. Assim, nestes casos, o sujeito
passivo não precisa de proceder a qualquer diligencia ou apresentar qualquer
declaração (art.58º nº 1 al. a) e este rendimento não é englobado (22 nº 3 al. b), logo,
se tiver dentro de um agregado familiar não se soma o rendimento de X pessoa à
pessoa Y.

Em suma, temos que em 1º lugar ver se o exemplo a hipótese cabe no nº1 do artº 71º
e só 72º. Assim, se o rendimento couber no art 71º, aplica-se a respetiva taxa e o
problema está resolvido, ou seja, corta-se logo o rendimento liquido E da soma. Não
obstante do exposto, posso sempre optar por escolher se quero ser tributado sem se
aplicar este artigo.

Categoria F

Na categoria F vamos tributar as rendas. Às rendas aplica-se, em geral, o artigo 72º,


mas como referido anteriormente, temos sempre opção de escolha. Assim, segundo o
art. 72º, pegamos no rendimento bruto, fazemos as deduções especificas e
encontramos o rendimento liquido. Depois, aplicamos a taxa que está prevista no
mesmo artigo e temos o IRS. Assim, por exemplo, se eu tiver 100 de renda, vou ver se
tenho despesas, como por exemplo o condomínio, IMI, etc., se as tiver posso deduzi-
las e depois aplico sobre esse valor a taxa estabelecida e tenho o IRS feito. Assim, a
formula será: RB – DE = RL. RL x TAXA = IRS.

Categoria G

Os rendimentos da categoria G dizem respeito a mais valias ou outros incrementos


patrimoniais sujeitos a imposto. Assim, esta categoria pode abranger, p.e., compra de
ações, venda de um imóvel ou investimento. A primeira coisa a fazer é distinguir se
estamos perante uma venda de imóvel ou uma venda de ações.

Para imóveis:

Se estamos perante um caso de venda de imóvel, temos que apurar as mais valias , ou
“menos valias”. Assim, teremos que calcular:

Valor de venda – ( valor de compra X coeficiente de desvalorização da moeda) –


encargos com a compra – encargos com a valorização do imóvel nos últimos 5 anos.

Calculado este valor, o lucro que fica sujeito a tributação é apenas 50% do seu valor.

Por outras palavras, o calculo a fazer-se é o seguinte:

MAIS VALIAS= VALOR DE VENDA – ( VALOR DE AQUISIÇÃO x CORREÇÃO MONETARIA +


ENCARGOS DE VALORIZAÇÃO + DESPESAS DE ALIENAÇÃO) : 2.

Base legal: arts. 10º, 43º, 44º, 46º, 50º, 51º a)

Há casos em que se pode excluir a tributação ( art. 10º nº 5 e 6), desde que se cumpra
os respetivos requisitos, nomeadamente:
 Venda da habitação própria permanente.
 Valor de venda (deduzido de amortização do empréstimo contraído) – é
reinvestido.
 Valor de reinvestimento em nova casa, com recursos próprios, ou seja, sem o
empréstimo eventualmente feito é igual ou maior que o valor da venda da casa
anterior.

Exemplo1:
Valor de venda = 100mil
Amortização = 20mil

Assim: 100mil – 20mil = 80 mil (que é excluído se reinvestir, não atende a eventual
empréstimo).

Exemplo2:
Nova casa, Valor de aquisição= 200mil
Empréstimo = 120 mil

Assim: 200mil – 120 mil = 80mil na nova casa que fica excluído de tributação.

Para ações/quotas/partes sociais:

O calculo deverá ser efetuado da seguinte forma:

MAIS VALIAS = VALOR DE VENDA – (VALOR DE AQUISIÇÃO x CORREÇÃO MONETARIA +


DESPESAS “AQU” + DESPESAS DE ALIENAÇÃO)

Base legal: art 10º nº 4 al.a), 43º nº 2, 44º nº 1 al.d), 48º, 50º, 51ºb)

Só tem deduções especificas de 50% quando for micro ou pequenas empresas (43/3 e
4)

*Atenção 55º
*Atenção SET – art. 72º/1/c – taxa 28%, que tem opção de englobamento

Categoria H

No âmbito da categoria H, iremos tratar das pensões, sendo que o método de


apuramento de IRS é parecido com o da categoria A.

Assim, segundo o art 11º:


a) Primeiro temos que ver qual é o tipo de pensão, ou seja, se é pensão de
aposentação, reforma ou pensão de alimentos.
b) Norma pensada sobretudo para os bancários
c) Norma residual
d) As rendas mencionadas nesta alínea não são as mesmas rendas tributadas na
categoria F. As rendas desta alínea são rendas temporárias ou vitalícias
decorrentes de pagamento de capital muitas vezes quando temos uma conta
poupança reforma, quando chega a altura de acionar essa conta recebemos
uma parte de renda. Assim, esta renda é sucedânea das pensões.

Ao rendimento bruto da categoria H fazem-se as deduções especificas previstas no art


53º. Deste modo, iremos fazer o calculo como se faria para a categoria A (25º) mas
aplicado às pensões. Assim, p.e., quem tem um rendimento bruto de 3mil deduzimos
todos os 3mil e o rendimento liquido é 0. Por isso, até 4014 deduz-se os 4014 e o
resultado é 0. Se tivermos uma pensão superior ao valor de 4014, a dedução especifica
também é 4014. Por exemplo, se tiver 10mil de rendimento bruto significa que irei ter
de rendimento liquido 5986 porque deduzi os 4014.
Para alem destas deduções, o art 53º permite deduzir as quotas sindicais (pagas aos
sindicatos) e permite também deduzir contribuições obrigatórias para regimes de
proteção social.

Para as pensões de alimentos o regime muda: iremos agora entrar no âmbito do


sistema especial. Assim, ao rendimento bruto (11º) fazem-se as deduções especificas
do art. 53. Como este sujeito passivo tem, p.e., 6mil de rendimento bruto, então a
titulo de dedução especifica temos que tirar 4014 o que significa que iria dar 1896€ de
rendimento liquido. Esta pensão de alimentos do rendimento liquido de 1896€ esta
submetida ao sistema especial do art 72º nº 9, ou seja, pegamos no rendimento
liquido e multiplicamos pela taxa prevista no nº5 (taxa de 20%) e encontramos o IRS
(372,9€). Isto aplica-se a quem recebe a pensão! A pessoa que recebe a pensão de
alimentos é tributada pela respetiva pensão, quem paga a pensão vai poder deduzir à
coleta parte do valor da pensão ( que são 20% do valor da pensão).

Assim, chega-se a conclusão que para quem recebe pensão de alimentos fica sujeito a
sistema especial e quem paga a pensão fica sujeito ao sistema geral.

Passos e Formula para calculo de IRS sistema geral

 Ver se é residente ou não


 Ver se tem agregado familiar ou não
 Apurar os rendimentos brutos de cada categoria
 Fazer deduções especificas
 Soma dos rendimentos líquidos
 Está apurado o rendimento liquido global = Rendimento coletável
 Aplicação das taxas do 68º(progressivas) ???
 Apuramento da coleta
 À coleta subtrai-se as taxas do 68º
 Temos imposto a pagar

II – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC)

O IRC é um imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas que entrou em vigor a
dia 1 de janeiro de 1989, sendo que é um imposto estadual, ou seja, o sujeito passivo é
o Estado e é anual.

A par do IRC existe outro imposto acessório que se chama derrama municipal, ou seja,
quem for sujeito passivo e IRC e for um determinado sujeito (porque não se aplica a
todos) automaticamente é sujeito passivo de um imposto municipal, a denominada
derrama. Este imposto municipal aplica-se uma percentagem dos lucros e o município
pode ou não prescindir dele.
Tal como o IRS entre residentes e não residentes aplicando-se exatamente os mesmos
princípios., aos residentes aplica-se o principio da universalidade e aos não residentes
aplica-se o principio da territorialidade (art. 4º). Não obstante, para efeitos de IRC o
conceito de residente é diferente, i.e., ou tem sede em Portugal (p.e. Fundação
Minerva) ou critério alternativo, isto é, não tendo cá sede o sujeito passivo pode ter ca
direção efetiva. A direção efetiva é determinada pelo sitio onde as decisões
fundamentais da pessoa coletiva são tomadas designadamente onde se reúne o
conselho de administração (órgão deliberativo as sociedades – art.2), sendo que este
critério alternativo se aplica para evitar a alteração da residência para efeitos de
imposto.

Incidência Pessoal

No âmbito da incidência pessoal do IRC vamos apurar quem pode ser sujeito passivo
mediante o art.2.

A sigla “IRC” significa imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas, no entanto,
esta sigla pode dar aso a interpretação errónea já que o IRC não tributa só as pessoas
coletivas mas também entidades desprovidas de personalidade jurídica (ex. herança
jacente, sociedades antes do registo definitivo, condomínios, sociedades irregulares)

Há pessoas coletivas que não são tributadas, sendo que estas estão previstas no art 6º

Sobre o regime dos residentes (art. 3º nº1):

 Residentes:

a) Dedicam-se ao lucro como objetivo principal, ou seja, a titulo principal,


exercendo uma atividade económica (sociedades comerciais).
A base do imposto é o lucro tributável.
Ou seja: LT = RLE + VPP – VPN +/- CF (art. 17º)

b) Não se dedicam ao lucro, podendo ate ter, mas esse não é o seu objeto
(ex. fundação, associação, herança jacente, condomínio)
A base do imposto é o rendimento global
Ou seja: RG( RB-DE), art. 53º
*aqui vamos ao IRS e vemos os rendimentos brutos das categorias, as
respetivas deduções especificas e encontramos o rendimento liquido,
depois passamos a ter o rendimento liquido global.

 Não residentes:

a) Se têm estabelecimento estável em Portugal (art.5º) a base do imposto


é o lucro tributável imputável as lojas.
LT= RLE + VPP – VNP +/- CF
b) Se não têm estabelecimento estável em Portugal (ou podem ter mas o
rendimento não lhe é imputável, p.e., empresa espanhola que tem um
deposito a prazo num banco português) a base do imposto é o
rendimento.
RB= RL IRS (NÃO HÁ DE).
* é semelhante à outra alínea b) porque remete para o IRS mas tem
uma particularidade, o rendimento tributável é sempre o rendimento
bruto (53º).

Sempre que falamos em estabelecimento estável em Portugal estamos a falar de não


residentes, sendo que, a mera armazenagem não gera estabelecimento estável. Daí
que o conceito de estabelecimento estável seja o sitio onde um não residente exerce
com carater de permanência a sua atividade económica.

Por exemplo, se eu tiver uma sociedade com sede em Madrid e abrir uma loja em
Lisboa, o IRC tributa apenas e de acordo com o principio da territorialidade, os
rendimentos da loja em Lisboa.

Outro exemplo, se a sociedade mãe vender ocasionalmente peúgas no Porto, fora do


estabelecimento estável, a regra de direito internacional, e aquela segundo a qual
Portugal não pode tributar, uma vez que só se pode tributar os lucros imputáveis ao
estabelecimento estável, quando temos convenções celebradas. Se não houverem
convenções celebradas, a regra é tributar não só os lucros imputáveis ao
estabelecimento estável como também todos os lucros que a sociedade de Madrid
tem em lisboa ainda que não estejam afetos àquele estabelecimento e que decorram
de uma atividade económica igual ou similar àquela que o estabelecimento estável
exerce; a esta ultima regra corresponde o principio a força atrativa dos
estabelecimentos estáveis.

Apuramento da matéria coletável

O artigo 15º tem uma particularidade, a conjugação direta com o artigo 3º

 Art. 15º nº 1 al. a) – art. 3º nº1 al. a)

MATERIA COLETAVEL = LUCRO TRIBUTAVEL – PREJUIZOS FISCAIS* (52º) –


BENEFICIOS FISCAIS

Taxa de 21%

 Art. 15 nº1 al. b) – art. 3º nº 1 al. b)

MATERIA COLETAVEL = RENDIMENTO GLOBAL* (54) – GASTOS COMUNS –


BENEFICIOS FISCAIS

Taxa de 21%
 Art 15 nº1 al. c) – art 3º nº 1 al. c)

MATERIA COLETAVEL = LUCRO TRIBUTAVEL – PREJUIZOS FISCAIS – BENEFICIOS


FISCAIS

Taxa de 21% (art. 87 nº5)

 Art. 15 nº 1 al. d) – art. 3º nº 1 al. d)

MATERIA COLETAVEL = RLG IRS

Taxas de 25% / 35%.

Regime de Transparência ( art.6º conjugado com o art. 12º)

Apesar do artigo 6º estatuir que há pessoas coletivas com lucro que não são tributadas
em IRC, nesses casos, quem vai ser tributado são os respetivos sócios. Assim, ao serem
tributados os sócios, é, figurativamente, como se a sociedade fosse transparente, ou
seja, como se não existisse. A sociedade não é tributada mas os sócios são.

O objeto do regime de transparência é eliminar a dupla tributação económica, isto é, o


mesmo facto ser tributado em duas pessoas diferentes.

Uma sociedade tem lucros, então o IRC deveria incidir sobre aqueles. Mas, quando a
sociedade distribui os lucros pelos sócios sobre forma de dividendos, também irão ser
tributados sobre esses mesmos lucros. Assim, o que acontece sem o regime de
transparência, é que o mesmo montante é tributado na sociedade e nos sócios
(tributação económica). Assim, a finalidade do regime de transparência é eliminar a
dupla tributação económica, ou seja, o mesmo facto ser tributado em duas pessoas
diferentes. Assim, com o regime de transparência, só são tributados os sócios e a dupla
tributação está eliminada.

O regime da transparência estabelece que os sócios dessas sociedades são tributados


mesmo que não se tenha verificado efetivamente a distribuição dos lucros, ou seja, os
sócios são tributados como se os lucros já existissem.

Assim, iremos ter que apurar o lucro da sociedade, apurar a matéria coletável e
tributamos os sócios. Se os sócios forem pessoas singulares são tributados em sede de
IRS (categoria B nº 3) atento o rendimento liquido direto e sem deduções especificas.

As pessoas sujeitas a este regime são:


 Sociedades civis
 Sociedades profissionais
 Sociedades de simples administração de bens
Assim, através do artigo 6º percebemos quais são os requisitos deste regime,
percebemos que a matéria coletável é imputável aos sócios, mas, não por estar
expresso no art.º6, porque esta ultima parte só esta expressa no art. 12º.

AULA DO PROFESSOR; VER MELHOR O CONTEXTO DEPOIS:


No IRC temos 4 categorias de sujeitos passivos, sendo que o grande núcleo são as
sociedades comerciais.

A base da tributação em sede de IRC é a seguinte:

LUCRO TRIBUTAVEL =
RESULTADO LIQUIDO DO EXERCICIO + VARIAÇÕES PATRIMONIAIS POSITIVAS
– VARIAÇÕES PATRIMONIAIS NEGATIVAS
+/- CORREÇÕES FISCAIS

A matéria coletável apura-se da seguinte:


MATERIA COLETAVEL = LUCRO TRIBUTAVEL – PREJUIZOS FISCAIS – BENEFICIOS FISCAIS

À matéria coletável aplica-se a taxa 87º

Para efeitos de IRC não se consideram:


1. Variações patrimoniais positivas e negativas se já estiveram vistas na
contabilidade
2. Mesmo em casos que não estejam incluídas as variações fiscais, há casos em
que não são considerados para efeitos fiscais, mas isto tratam-se de exceções
(21º ou 24º).

Resumindo, os passos são:


a) Calculo do lucro tributável
b) Problema dos 70% e os prejuízos
c) Aplica-se a taxa

Quanto ao imposto para as empresas que tem lucro tributável muito elevado aplica-se
o art 87ºA.

Nota: o IRC não incide sobre o lucro tributável se houver prejuízo.

III – Imposto sobre o Valor Acrescentado

O IVA decorre da transposição de diretivas comunitárias, ou seja, não decorre do


legislador a opção de haver IVA ou não, é obrigado a consagra-lo dentro de alguns
limites. O IVA é um imposto plurifástico, isto é, por cada venda que há liquida-se IVA.
Todos os sujeitos passivos liquidam IVA, isto significa que aplicam a taxa do IVA à
matéria coletável e sendo que a matéria coletável em sede de IVA é o preço.
Assim, todos os sujeitos passivos liquidam iva em todas as fases do circuito económico
( produtor, grossista, retalhista). Apesar do IVA ser plurifástico não é cumulativo, o IVA,
como tal, i.e, como imposto sobre o valor acrescentado, só tributa a parte que cada
sujeito acrescente de riqueza à economia em relação ao que já existia antes. Assim, o
método utilizado é o método do credito do imposto, que garante que o imposto não
acumula.

Em sede de IVA temos diferentes métodos, nomeadamente o método geral de iva,


método de isenção simples e método de isenção completa
Incidência Pessoal

O art 2º estatui quem é sujeito passivo de IVA. A regra é aquela segundo a qual as
pessoas singulares e pessoas coletivas são sempre sujeitos passivos de IVA, que
exercem uma atividade económica com carater de independência e habitualidade.
Assim, o IVA aplica-se tipicamente a pessoas da categoria B e sociedades.

Incidência Real

O IVA incide sobre venda de bens, prestação de serviços e imputações. As taxas do IVA
estão estatuídas no art 18º:
1. 6%
2. 13%
3. 23%

Como e que sabemos quando é que se aplica uma taxa ou outra taxa? Tenho que ver
qual é o produto, serviço ou imputação que está em causa. Se o produto não está lista
aplico 23, se tiver na lista 1 aplico a taxa de 6% e na lista 2 aplico a taxa de 13%. A lista
1 corresponde aos bens essenciais (ex. pão, leite, medicamentos, etc.). A lista 2
corresponde a restauração e hotelaria.

Há produtos que são tal e qual como nós os “conhecemos”, p.e. o pão, no entanto
existem outros que são transformados, que é o exemplo do bollycao, feito de pao e
chocolate. Assim, tem que se tributar o pão a 6% e o chocolate a 23% segundo o art.
18º nº4 al. b).

Qual é a natureza jurídica destas taxas? Tratam-se de taxas proporcionais já que não
variam com a variação da matéria coletável. Economicamente estas taxas podem ter
efeitos regressivos, que é precisamente o que costuma acontecer com os impostos
indiretos. Os impostos diretos relacionam-se mais com a capacidade contributiva ao
passo que, quando passamos para os impostos indiretos estes não atendem tanto à
mesma, e por isso há regressividade relativamente à nossa capacidade contributiva.
1. Método geral de IVA

O método geral de IVA é também denominado como método do credito do imposto


ou método da subtração indireta. Este método é o método regra. Assim, segundo este
método, o IVA que se entrega ao Estado é o IVA que se liquida nas vendas ou
prestações dos serviços. Basicamente faz-se o IVA LIQUIDADO – IVA SUPORTADO.

Por exemplo, o produtor vende 100 ao grossista, logo, vai vender 100x23%, ou seja,
vai vender por 123. O IVA que vai entregar ao Estado é = ao IVA LIQUIDADO (23) – IVA
SUPORTADO (0) = 23.

Outro exemplo, o grossista vende ao retalhista 200 amendoins, logo, vai incluir o IVA
no preço do produto. Assim, 200 x 23% = 246. Sendo 200 o preço e 46 de IVA. Assim,
tem que entregar ao Estado o IVA liquidado (46) – IVA suportado (23) = 23. Assim, vai-
se pegar nos 23 e entregar-se ao Estado.

Agora, segundo o exemplo, o retalhista vai vender-nos o pacote de amendoins por


300. Mas não pode ser só os 300, tem que ser os 300 + IVA. Assim, 300 x 23% = 369.
Logo, 300 é o preço e 69 é o IVA. Neste sentido, tem que entregar ao Estado: IVA
liquidado (69) – IVA suportado (46) = 23. Como sou eu, consumidor final, que não sou
sujeito passivo de iva, não tenho a quem passar o IVA, e por isso vou ser eu a suporta-
lo.

Em suma, liquida-se o IVA quando se venda e suporta-se o IVA quando se compra.

O Estado recebeu deste circuito 23 + 23 + 23 = 69. O consumidor final suportou 69 de


IVA que corresponde àquilo que o Estado recebeu de IVA.

Assim, quem o IVA tributa na prática é o consumidor final, já que este será o único a
suportar o IVA.

Neste sentido, são todos sujeitos passivos de IVA menos o consumidor final, isto
porque funciona a figura de repercussão do imposto. A repercussão do imposto é a
figura segundo a qual transfere-se o valor do imposto para alguém que está a frente
do circuito económico. Deste modo, cada vez que alguém vende um produto é
obrigado a transferir o IVA para a pessoa seguinte do circuito económico. O
consumidor final irá ser o ultimo e por isso é este que irá suportar o IVA, tanto que o
IVA é isso mesmo, um imposto sobre o consumo. Assim, e segundo o art. 18 LGT
estatui quem é sujeito passivo e diz-nos o nº 3 ou 4 quem não é sujeito passivo.

O IVA não é cumulável porque se faz sempre subtração!!


Pode dar-se o caso de o resultado ser negativo, p.e, se eu comprar imensos sacos de
amendoins e não os conseguir vender.

2. Método da Isenção Simples

O método de isenção simples está estatuído no art. 9º e consiste em não se liquidar


nem se deduzir IVA. Por exemplo, quando vamos a uma consulta no medico não
pagamos IVA da consulta, mas o médico teve que comprar produtos para aquelas
consultas. Quando os comprou suportou IVA só que esse IVA não se pode deduzir em
lado nenhum nem pedir reembolso. Portanto, em termos de IVA não se faz nada
dentro deste circuito económico.

3. Método da Isenção Completa

O método da isenção completa está previsto no ar. 14º para as exportações, sendo
que, exportar para efeitos de IVA é exportar para fora da União Europeia. Por exemplo,
se eu vender licor beirão para o Canadá, vendo o produto sem IVA, i.e., não liquido
IVA; a isto chama-se taxa 0. Todavia, ao contrário da isenção simples , tenho direito a
ser indemnizada pelo IVA suportado. Assim, não liquido mas reembolso. Ou seja,
quando comprei o licor para exportar para o Canadá suportei o IVA, e quando o
exporto não o posso liquidar, assim, peço ao Estado o reembolso do IVA.

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