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Ferreira
Departamento de Matemática
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra
2009-2010
As notas que a seguir apresentamos constituem a base teórica do curso de um
semestre de Métodos Matemáticos da Fı́sica que desde o ano lectivo 2005-2006
até 2009-2010 tenho leccionado no Departamento de Matemática da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
O curso mencionada é leccionado do Mestrado em Matemática.
Ao longo dos anos lectivos referidos estas notas foram corrigidas tendo os alunos
- aos quais agradeço - um papel fundamental nesta tarefa.
Conteúdo
Capı́tulo 1 - Introdução 2
1.1 Alguns conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Alguns modelos envolvendo EDPs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Condições inicial e de fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Problema bem posto. Alguns conceitos da teoria de estabilidade . . 13
1.5 Classificação das EDPs de segunda ordem . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.6 EDPs homogéneas e EDPs não homogéneas- Princı́pio de Duhamel . 23
1.7 Alguns problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Bibliografia 29
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 2
Capı́tulo 1 - Introdução
1.1 Alguns conceitos básicos
Definição 1.1 À igualdade
∂𝑢 ∂𝑢 ∂ 2 𝑢
𝐹 (𝑥1 , . . . , 𝑥𝑛 , 𝑢, ,..., , , . . . ) = 0, (1.1)
∂𝑥1 ∂𝑥𝑛 ∂𝑥21
Δ𝑢 = 𝑑𝑖𝑣 𝑔𝑟𝑎𝑑(𝑢).
∂2𝑢
= 𝑐2 Δ𝑢 em Ω,
∂𝑡2
em que Ω ⊆ IR𝑛 , representa, por exemplo, o deslocamento de uma membrana em IR𝑛
ou, para 𝑛 = 1, o deslocamento de uma corda vibrante.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 4
∂2𝑢
= 0.
∂𝑥2
Integrando em relação a 𝑥, obtemos
∂𝑢
= 𝑔1 (𝑦),
∂𝑥
em que 𝑔 depende apenas de 𝑦. Integrando novamente vem
Exemplo 1.5 A determinação da solução de uma EDPs pode também ser feita
atendendo à interpretação geométrica. Consideremos a equação
∂𝑢 ∂𝑢
𝑎 +𝑏 = 0.
∂𝑥 ∂𝑦
A derivada direccional de 𝑢 em relação ao vector ⃗𝑣 = (𝑎, 𝑏) é nula e tem-se
𝐷⃗𝑣 𝑢 = 0,
Tomemos para valor de 𝑢(𝑥, 𝑦) na recta referida o valor 𝑓 (𝑐) para alguma função 𝑓.
Então temos
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡. = 𝑓 (𝑐) = 𝑓 (𝑏𝑥 − 𝑎𝑦).
Logo uma solução da EDPs é
Temos
∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑥′ ∂𝑢 ∂𝑦 ′ ∂𝑢 ∂𝑢
= ′
+ ′
= 𝑎 ′ + 𝑏 ′.
∂𝑥 ∂𝑥 ∂𝑥 ∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑥 ∂𝑦
De igual modo
∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
=𝑏 ′ −𝑎 ′
∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑦
Assim,
∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
𝑎 +𝑏 = (𝑎2 + 𝑏2 ) ′ .
∂𝑥 ∂𝑦 ∂𝑥
Deste modo, com
𝑎𝑥′ + 𝑏𝑦 ′ 𝑎𝑥′ − 𝑏𝑦 ′
𝑣(𝑥′ , 𝑦 ′ ) = 𝑢( , )
𝑎2 + 𝑏2 𝑎2 + 𝑏2
a EDPs
∂𝑣
= 0,
∂𝑥′
é equivalente à EDPs inicial. Observamos que uma solução desta última equação é
𝑣(𝑥′ , 𝑦 ′ ) = 𝑓 (𝑦 ′ ),
isto é,
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑓 (𝑏𝑥 − 𝑎𝑦).
𝑑 𝑥2
∫ 𝑥2
∂
∫
𝜌(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥 = 𝜌(𝑥1 , 𝑡)𝑣(𝑥1 , 𝑡)−𝜌(𝑥2 , 𝑡)𝑣(𝑥2 , 𝑡) = − (𝜌(𝑥, 𝑡)𝑣(𝑥, 𝑡))𝑑𝑥.
𝑑𝑡 𝑥1 𝑥1 ∂𝑥
e portanto vem
𝑡2 𝑥2 𝑡2 𝑥2
∂𝜌 ∂
∫ ∫ ∫ ∫
𝑑𝑥𝑑𝑡 = − (𝜌𝑣)𝑑𝑥𝑑𝑡.
𝑡1 𝑥1 ∂𝑡 𝑡1 𝑥1 ∂𝑥
∂𝜌 ∂
+ (𝜌𝑣) = 0. (1.2)
∂𝑡 ∂𝑥
A equação (1.2) é chamada equação de conservação de massa. Em geral a
equação anterior deve ser resolvida em conjunto com as equações da con-
servação do momento e da energia :
∂ ∂
(𝜌𝑣) + (𝜌𝑣 2 + 𝑝) = 0, (1.3)
∂𝑡 ∂𝑥
∂𝐸 ∂
+ (𝑣(𝐸 + 𝑝)) = 0 (1.4)
∂𝑡 ∂𝑥
em que 𝑝 denota a pressão e 𝐸 a energia do gás.
Se considerarmos a variável dependente
⎡ ⎤
𝜌
𝑢(𝑥, 𝑡) = ⎣ 𝜌𝑣 ⎦ ,
𝐸
∂𝑢 ∂
+ 𝑓 (𝑢) = 0 (1.5)
∂𝑡 ∂𝑥
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 7
em que
⎤ ⎡ ⎤
𝑢2
⎡
𝜌𝑣
𝑢22
𝑓 (𝑢) = ⎣ 𝜌𝑣 2 + 𝑝 ⎦ = ⎣ 𝑢1 + 𝑝 ⎦.
⎢ ⎥
𝑣(𝐸 + 𝑝) 𝑢2 (𝑢3 + 𝑝)/𝑢1
No caso particular de 𝑓 (𝑢) = 𝑐𝑢, a equação estabelecida é chamada equação
de transporte.
∂𝑢
𝑗(𝑥, 𝑡) = −𝑘 ,
∂𝑥
em que 𝑘 representa uma constante positiva chamada coeficiente de difusão.
Seja 𝑀 (𝑡) a concentração de substância no sector de tubo definido por 𝑥1 e
𝑥2 . Então ∫ 𝑥2
𝑀 (𝑡) = 𝑢(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥,
𝑥1
Concluı́mos então
𝑥2 𝑥2
∂𝑢 ∂2𝑢
∫ ∫
𝑑𝑥 = 𝑘 𝑑𝑥,
𝑥1 ∂𝑡 𝑥1 ∂𝑥2
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 8
e portanto
𝑡2 𝑥2
∂2𝑢
( )
∂𝑢
∫ ∫
−𝑘 2 𝑑𝑥 𝑑𝑡 = 0.
𝑡1 𝑥1 ∂𝑡 ∂𝑥
Atendendo à arbitrariedade de [𝑥1 , 𝑥2 ] × [𝑡1 , 𝑡2 ], obtemos
∂𝑢 ∂2𝑢
= 𝑘 2 em (0, ℓ) × (0, +∞).
∂𝑡 ∂𝑥
A equação anterior é designada equação de difusão. Notemos que, atendendo
ao significado fı́sico, é necessário considerar no modelo matemático condições
adicionais que surgem naturalmente no modelo fı́sico. Assim, admitindo que
o tubo tem comprimento ℓ e supondo que as paredes do tudo são isoladas e a
concentração nestas é, em cada instante, conhecida temos
∂𝑢 ∂2𝑢
= 𝑘 2, 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0,
∂𝑡 ∂𝑥
∂𝑢 ∂𝑢
(0, 𝑡) = (ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0.
∂𝑥 ∂𝑥
Observamos que poderı́amos ter o lado esquerdo isolado e, na extremidade
direita, o fluxo ser proporcional à concentração. Neste caso obterı́amos
∂𝑢 ∂𝑢
(0, 𝑡) = 0, 𝑘 (ℓ, 𝑡) + 𝛽𝑢(ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0.
∂𝑥 ∂𝑥
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 9
Suponhamos que 𝜌 é contı́nua. Pelo torema do valor médio para integrais vem
𝑀 = 𝜌(𝜉(𝑥))Δ𝑠
em que 𝜉(𝑥) ∈ (𝑥, 𝑥 + Δ𝑥). Tomemos
Δ𝑠 ≃ Δ𝑥,
∂2𝑢
e admitamos que é contı́nua em (0, ℓ). Desta última hipótese concluı́mos
∂𝑡2
∂2𝑢
que a aceleração do arco pode ser dada por 2 (𝜂(𝑥), 𝑡) em que 𝜂(𝑥) ∈ (𝑥, 𝑥 +
∂𝑡
Δ𝑥).
Notemos que a força resultante é igual ao produto da massa pela aceleração
(Segunda Lei de Newton), isto é,
∂2𝑢
𝑠𝑒𝑛(𝛽)∥𝑇 (𝑄)∥ − 𝑠𝑒𝑛(𝛼)∥𝑇 (𝑃 )∥ = 𝜌(𝜉(𝑥))Δ𝑥 (𝜂(𝑥), 𝑡). (1.10)
∂𝑡2
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𝜌(𝜉(𝑥))Δ𝑥 ∂ 2 𝑢
𝑡𝑔(𝛽) − 𝑡𝑔(𝛼) = (𝜂(𝑥), 𝑡), (1.11)
𝑇 ∂𝑡2
ou ainda
𝜌(𝜉(𝑥)) ∂ 2 𝑢
( )
1 ∂𝑢 ∂𝑢
(𝑥 + Δ𝑥, 𝑡) − (𝑥, 𝑡) = (𝜂(𝑥), 𝑡). (1.12)
Δ𝑥 ∂𝑥 ∂𝑥 𝑇 ∂𝑡2
∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 = (𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0. (1.13)
∂𝑥2 ∂𝑡2
𝑇
em que 𝑐2 = .
𝜌(𝑥)
A equação (1.13) é chamada equação da corda vibrante ou da onda (das ondas).
Notemos que atendendo a que as extremidades estão fixas ao eixo das abcissas,
então
𝑢(0, 𝑡) = 𝑢(ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 ≥ 0.
Mais ainda, atendendo a que podemos determinar a posição da corda no ins-
tante inicial, podemos especificar 𝑢(𝑥, 0), isto é,
O problema diferencial
∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 = (𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0,
∂𝑥2 ∂𝑡2
𝑢(0, 𝑡) = 𝑢(ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 ≥ 0,
(1.14)
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ [0, ℓ],
∂𝑢
(𝑥, 0) = 𝑣(𝑥), 𝑥 ∈ [0, ℓ],
∂𝑡
é chamado problema de condições inicial e de fronteira para corda vibrante.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 12
É de realçar que se admitirmos que sobre a corda actua uma outra qualquer
força apenas com componente vertical, então a EDPs de (1.14) é substituı́da
por
∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 2 + 𝐹 (𝑥, 𝑡) = 2 (𝑥, 𝑡)
∂𝑥 ∂𝑡
2
em que 𝐹 (𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝐺(𝑥, 𝑡) e 𝐺 representa a componente vertical da referida
força.
∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 (𝑥, 𝑡) = (𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ IR, 𝑡 > 0,
∂𝑥2 ∂𝑡2
∂𝑢
(𝑥, 0) = 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ IR.
∂𝑡
Se o domı́nio espacial é subsituı́do por um intervalo (𝑎, 𝑏), então a equação com deri-
vadas parciais é complementada, como vimos anteriormente, com condições, para 𝑢, na
fronteira e passamos a ter um problema com condiçõs iniciais e de fronteira.
Exemplo 1.8 Problema com condição de fronteira
Δ𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑓 (𝑥, 𝑦), (𝑥, 𝑦) ∈ (𝑎, 𝑏) × (𝑐, 𝑑),
2. é estável.
Exemplo 1.10
⎧ 2
∂ 𝑢
2
= 0, (𝑥, 𝑦) ∈ (0, 1) × (0, 1)
⎨ ∂𝑥
𝑢(𝑥, 0) = 𝑢(𝑥, 1) = 2, 𝑥 ∈ (0, 1)
𝑢(0, 𝑦) = 𝑢(1, 𝑦) = 𝑦 𝑦 ∈ [0, 1].
⎩
facto, para estudar a estabilidade da equação diferencial linear com condições não
homogéneas iremos considerar o correspondente problema homogéneo.
Consideremos a EDPs de segunda ordem de coeficientes constantes
∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
𝐴 2
+ 2𝐵 + 𝐶 2
+𝐷 +𝐸 + 𝐹 𝑢 = 0, 𝑥 ∈ IR, 𝑦 ∈ (0, +∞), (1.19)
∂𝑥 ∂𝑥∂𝑦 ∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑦
as condições iniciais homogéneas
∂𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ IR, (𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ IR. (1.20)
∂𝑦
Determinemos condições para 𝜆(𝑘) tais que a função
Definamos
1
𝑎(𝑘) = , 𝑘 ∈ ZZ.
𝜆(𝑘)2
Então
1 ∂𝑢𝑘 1
∣𝑢𝑘 (𝑥, 0)∣ = 2
,∣ (𝑥, 0)∣ = . (1.24)
∣𝜆(𝑘)∣ ∂𝑦 ∣𝜆(𝑘)∣
Atendendo a (1.23), podemos escolher 𝑘 tal que
∂𝑢𝑘
∣𝑢𝑘 (𝑥, 0)∣ ≃ 0 e ∣ (𝑥, 0)∣ ≃ 0. (1.25)
∂𝑦
Por outro lado, atendendo ainda a (1.23) e à escolha de 𝑎(𝑘), temos
1
lim ∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = lim 𝑒ℛ𝑒(𝜆(𝑘))𝑦 = +∞, 𝑦 > 0.
𝑘→+∞(−∞) 𝑘→+∞ ∣𝜆(𝑘)∣2
Consideremos novamente 𝜆(𝑘) definido por (1.22) e 𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦), 𝑘 ∈ ZZ, defindas por
(1.21). Observamos que se 𝑎(𝑘), 𝑘 ∈ ZZ, é limitada, e
2. Se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) < 0 para todo 𝑘 ∈ ZZ, então a EDPs (1.19) diz-se estritamente
estável.
3. Se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) > 0 para algum 𝑘 ∈ ZZ, então a EDPs (1.19) diz-se estritamente
instável (ou apenas instável).
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 17
𝜖
∣𝑎(𝑘)∣ = ∣ ∣ ≃ 0,
𝜆(𝑘)
∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂𝑢
−𝛾 2 + + 2𝜎 = 0, 𝜎 ≥ 0,
∂𝑥2 ∂𝑦2 ∂𝑦
é neutralmente estável e é dissipativa para 𝜎 > 0. Se 𝜎 = 0, então a equação anterior é
neutralmente estável e conservativa.
∂𝑢 𝛿(𝑘)
𝑢(𝑥, 0) = 𝑎(𝑘) + 𝜖(𝑘), (𝑥, 0) = 𝜆(𝑘)𝑎(𝑘) + 𝛿(𝑘) = 𝜆(𝑘)(𝑎(𝑘) + )
∂𝑦 𝜆(𝑘)
Se 𝜔 ≤ 𝑐 então
∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦) − 𝑢
˜𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ ≤ 𝐶∣𝜖(𝑘)∣
quando 𝑦 ∈ [0, 𝑌 ]. Assim se perturbação dos dados é pequena e 𝑐 < 0, então con-
cluı́mos que a correspondente perturbação das soluções é inferior à perturbação dos
dados. Por outro lado, se 𝑐 > 0 então a perturbação das soluções é limitada.
Pode-se demonstrar que:
2. parábola se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = 0,
2. parabólica se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = 0,
∂2𝑢 ∂2𝑢
−𝑐2 + 2 =0
∂𝑥2 ∂𝑦
∂2𝑢 ∂2𝑢
+ 2 =0
∂𝑥2 ∂𝑦
∂ 2 𝑢 ∂𝑢
−𝑐2 + =0
∂𝑥2 ∂𝑦
∂𝑥 := ⎣ ∂𝑥
∂ ⎦.
⎢ ⎥
∂𝑦
Então a EDPs (1.26) é equivalente a
[ ]
𝑡 𝐴 𝐵/2
∂𝑥 ∂𝑥 𝑢 + [𝐷 𝐸]∂𝑥 𝑢 + 𝐹 𝑢 = 𝑔 (1.28)
𝐵/2 𝐶
Temos
1( √ )
𝜆= (𝐴 + 𝐶)+ (𝐴 + 𝐶)2 + (𝐵 2 − 4𝐴𝐶) .
2
Logo
2. se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 < 0, então a matriz tem dois valores próprios reais com o mesmo
sinal,
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 20
3. se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 > 0, então a matriz tem dois valores prórios reais com sinal
contrário.
A classificação que foi dada anteriormente pode ser facilmente estendida a EDPs
de segunda ordem envolvendo 𝑛 variáveis independentes atendendo ao comporta-
mento dos valores próprios de uma matriz cujas entradas são os coeficientes das
derivadas de segunda ordem.
Consideremos a equação diferencial
𝑛 ∑
𝑛 𝑛
∑ ∂2𝑢 ∑ ∂𝑢
𝑎𝑖𝑗 + 𝑎𝑗 + 𝑎0 𝑢 = 𝑔 (1.29)
∂𝑥𝑖 ∂𝑥𝑗 ∂𝑥𝑗
𝑖=1 𝑗=1 𝑗=1
∂
⎡ ⎤
⎢ ∂𝑥1 ⎥
⎢
⎢ ∂ ⎥
⎥
∂𝑥 = ⎢ ∂𝑥2 ⎥, 𝐴 = [𝑎𝑖𝑗 ], 𝐵 = [𝑎𝑖 ].
⎢ ⎥
⎢
⎢ ... ⎥
⎥
⎣ ∂ ⎦
∂𝑥𝑛
A matriz 𝐴 é real simétrica e portanto é diagonalizável, isto é, existe uma matriz
ortogonal 𝑆 (𝑆 −1 = 𝑆 𝑡 ) tal que
𝑆 −1 𝐴𝑆 = 𝐷
ou ainda,
∂𝑥𝑡 𝑆(𝑆 𝑡 𝐴𝑆)𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢 + 𝐵 𝑡 𝑆𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢 + 𝑎0 𝑢 = 𝑔.
Atendendo a que 𝑆 𝑡 𝐴𝑆 = 𝐷, a equação anterior é equivalente a
(𝑆 𝑡 ∂𝑥 )𝑡 𝐷(𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢) + 𝐵 𝑡 𝑆(𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢) + 𝑎0 𝑢 = 𝑔.
1
A matriz 𝑆 é construı́da a partir dos vectores próprios de 𝐴 considerando a normalização dos
vectores obtidos com o Processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt: Se os vectores 𝑣𝑗 , 𝑗 =
1, . . . , 𝑟, são linearmente independentes em IR𝑛 , então os vectores
∑
𝑖−1
𝑣𝑖𝑡 𝑢𝑘
𝑢1 = 𝑣1 , 𝑢𝑖 = 𝑣𝑖 − 𝑢𝑘 , 𝑖 = 2, . . . , 𝑟,
∥𝑢𝑘 ∥2
𝑘=1
sendo a classificação dada em subconjuntos de IR𝑛 . Podemos ter uma EDPs que
é de um tipo, num determinado subconjunto de IR𝑛 , e de outro tipo num outro
subconjunto.
e portanto temos
∂𝑥𝑡 𝐴∂𝑥 𝑢 + 𝐵∂𝑥 𝑢 = 0
em que
∂
⎡ ⎤
∂𝑥1
⎡ ⎤
1 0 0
⎢ ⎥
⎢ ∂ ⎥
∂𝑥 = ⎢ ⎥, 𝐴=⎣ 0 0 (1 + 𝑐𝑥2 ) ⎦ , 𝐵 = [0 0 − 𝑐].
⎢ ⎥
∂𝑥2
0 (1 + 𝑐𝑥2 ) 0
⎢ ⎥
⎣ ∂ ⎦
∂𝑥3
Os valores e vectores próprios de 𝐴 são
𝜆1 = 1, 𝑣1 = (1, 0, 0)
1 1
𝜆2 = 1 + 𝑐𝑥2 , 𝑣2 = (0, √ , √ )
2 2
1 1
𝜆3 = −(1 + 𝑐𝑥2 ), 𝑣3 = (0, √ , − √ )
2 2
Logo a equação diferencial é
1. parabólica se 𝑥2 = − 1𝑐 , (𝑐 ∕= 0),
3. hiperbólica se 𝑐 = 0.
Façamos a redução da EDPs dada à sua forma canónica. Seja 𝑆 a matriz ortogonal
dos vectores próprios. Definamos
𝑧 = 𝑆 𝑡 𝑥.
Consideremos a mudança de variável 𝑧 = 𝑆 𝑡 𝑥. Logo ∂𝑧 = 𝑆 𝑡 ∂𝑥 e 𝑆𝑧 = 𝑥. A EDPs é
equivalente à EDPs
∂𝑧𝑡 𝐷∂𝑧 𝑣(𝑧) + 𝐵𝑆∂𝑧 𝑣(𝑧) = 0
em que 𝑣(𝑧) = 𝑢(𝑆𝑧) e
⎡ ⎤
⎡ 1 ⎤ 0 0
1 0 0 𝑐
0 (1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 )) 0
⎢ ⎥
𝐷 = ⎣ 0 (1 + 𝑐𝑥2 ) 0 ⎦=⎢ ⎥.
⎥
⎢ 2
0 0 −(1 + 𝑐𝑥2 )
⎣ 𝑐 ⎦
0 0 −(1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 ))
2
Deste modo a última EDPs é equivalente a
√
∂2𝑣 𝑐 ∂2𝑣 𝑐 ∂2𝑣 2 ∂𝑣 ∂𝑣
2 + (1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 )) 2 − (1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 )) 3 + ( − ) = 0.
∂𝑧1 2 ∂𝑧2 2 ∂𝑧3 2 ∂𝑧2 ∂𝑧3
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 23
∂2𝑢
+ 𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0, (1.31)
∂𝑡2
ou
∂𝑢
+ 𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0, (1.32)
∂𝑡
com condições inicial e/ou de fronteira homogéneas e em que 𝐿 é um operador
diferencial linear envolvendo apenas derivadas parciais relativamente às componentes
de 𝑥.
Consideremos agora a versão homogénea da EDPs (1.31), isto é, 𝑔(𝑥, 𝑡) = 0.
Fixemos 𝜏 ≥ 0 e seja 𝑣(𝑥, 𝑡) a solução de
∂2𝑣
+ 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 𝜏, (1.33)
∂𝑡2
em que as condições de fronteira, a existirem, são as mesmas que as consideradas
para 𝑢, e as condições iniciais são:
1.
∂𝑣
𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 0, (𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 )
∂𝑡
se a EDPs é hiperbólica,
2.
𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 )
se a EDPs é parabólica.
e portanto
∂𝑢 ∂𝐺 𝑑𝑦 ∂𝐺
(𝑥, 𝑡) = (𝑡, 𝑥, 𝑡) + (𝑡, 𝑥, 𝑡)
∂𝑡 ∂𝑦 𝑑𝑡 ∂𝑡
∫ 𝑡
∂𝑣
= 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝑡) + (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏 .
0 ∂𝑡
Por outro lado ∫ 𝑡
𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏
0
e
𝑣(𝑥, 𝑡) = 𝑔(𝑥, 𝑡).
Logo
∫ 𝑡 ∫ 𝑡
∂𝑢 ∂𝑣
+ 𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝑡) + (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏 + 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏
∂𝑡 0 ∂𝑡 0
∫ 𝑡
∂𝑣
= 𝑔(𝑥, 𝑡) + ( (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) + 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 )) 𝑑𝜏
0 ∂𝑡
= 𝑔(𝑥, 𝑡).
𝑢(𝑥, 0) = 0.
𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 ), 𝑥 ∈ Ω,
verifica
∂𝑢
+ 𝐿𝑢 = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡
𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ Ω.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 25
= 𝑔(𝑥, 𝑡).
Mais ainda,
∂𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 0, (𝑥, 0) = 𝑣(𝑥, 0; 0) = 0.
∂𝑡
Provámos o seguinte resultado:
∂2𝑣
+ 𝐿𝑣 = 0, 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 𝜏,
∂𝑡2
𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 0, 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑣
(𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 ), 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑡
suficientemente regular, então
∫ 𝑡
𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏, 𝑡 ≥ 0, 𝑥 ∈ Ω
0
verifica
∂2𝑢
+ 𝐿𝑢 = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡2
𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑢
(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ Ω.
∂𝑡
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 26
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω,
𝑤(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑥 ∈ ∂Ω, 𝑡 ≥ 0.
Então
𝑢=𝑤+𝑣
é solução do problema inicial.
Suponhamos agora que problema diferencial apresenta derivada de segunda or-
dem em relação a 𝑡 e tem as condições iniciais
∂𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), (𝑥, 0) = 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ Ω
∂𝑡
e a condição de fronteira
𝑢(𝑥, 𝑡) = ℎ(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ ∂Ω.
Se 𝑣(𝑥, 𝑡) (suficientemente regular) definida em Ω̄×[0, +∞) é tal que 𝑣(𝑥, 𝑡) = ℎ(𝑥, 𝑡)
para 𝑥 ∈ ∂Ω e 𝑤(𝑥, 𝑡) é solução do problema diferencial
∂2𝑤 ∂2𝑣
+ 𝐿𝑤 = −( + 𝐿𝑣), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡2 ∂𝑡2
∂𝑤 ∂𝑣
𝑤(𝑥, 0) = −𝑣(𝑥, 0) + 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω, (𝑥, 0) = − (𝑥, 0) + 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑡 ∂𝑡
𝑤(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑥 ∈ ∂Ω, 𝑡 ≥ 0.
então 𝑣 + 𝑤 é solução do problema inicial.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 27
∂𝑢 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
Δ𝑢 = 0, 𝑥 ∈ IR, 𝑦 > 0, 𝑢(𝑥, 0) = 0, (𝑥, 0) = , 𝑥 ∈ IR.
∂𝑦 𝑛
𝑠ℎ(𝑛𝑦)𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
Mostre que 𝑢(𝑥, 𝑦) = para 𝑥 ∈ IR e 𝑦 ≥ 0 é solução do problema
𝑛2
dado. Mostre que o problema de Cauchy considerado não é bem posto.
4. Considere a EDPs
∂3𝑢 3
2 ∂ 𝑢 ∂2𝑢 2
2∂ 𝑢
− 𝛾 + − 𝑐 =0
∂𝑡3 ∂𝑥2 ∂𝑡 ∂𝑡2 ∂𝑥2
e as funções 𝑢𝑘 (𝑥, , 𝑡) anteriormente utilizadas. Determine a relação para 𝜆(𝑘)
e estude a estabilidade. (Note que se 𝑎3 > 0, 𝑎1 > 0 e 𝑎1 𝑎2 > 𝑎3 então
𝑃 (𝜆) = 𝜆3 + 𝑎1 𝜆2 + 𝑎2 𝜆 + 𝑎3 tem zeros com parte real negativa.)
∂2𝑢 √ ∂2𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
2
+2 2 +3 − + 2𝑢 = 0
∂𝑥 ∂𝑥∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑦
é hiperbólica e determine a sua forma canónica. Considere a trans-
formação
𝑣(𝑧1 , 𝑧2 ) = 𝑒𝑥𝑝(𝛼𝑧1 + 𝛽𝑧2 )𝑤(𝑧1 , 𝑧2 )
e determine 𝛼 e 𝛽 de modo a eliminar as derivadas de primeira ordem.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 28
𝑢𝑥𝑥 + 𝑥𝑢𝑦𝑦 = 0
à EDPs
𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑦𝑦 + 𝑐𝑣 = 0
considerando a mudança de variável
𝑢 = 𝑣𝑒𝑥𝑝(𝛼𝑥 + 𝛽𝑦).