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José Augusto M.

Ferreira

Métodos Matemáticos da Fı́sica


Textos de Apoio

Departamento de Matemática
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra
2009-2010
As notas que a seguir apresentamos constituem a base teórica do curso de um
semestre de Métodos Matemáticos da Fı́sica que desde o ano lectivo 2005-2006
até 2009-2010 tenho leccionado no Departamento de Matemática da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
O curso mencionada é leccionado do Mestrado em Matemática.
Ao longo dos anos lectivos referidos estas notas foram corrigidas tendo os alunos
- aos quais agradeço - um papel fundamental nesta tarefa.
Conteúdo
Capı́tulo 1 - Introdução 2
1.1 Alguns conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Alguns modelos envolvendo EDPs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Condições inicial e de fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Problema bem posto. Alguns conceitos da teoria de estabilidade . . 13
1.5 Classificação das EDPs de segunda ordem . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.6 EDPs homogéneas e EDPs não homogéneas- Princı́pio de Duhamel . 23
1.7 Alguns problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Bibliografia 29
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Capı́tulo 1 - Introdução
1.1 Alguns conceitos básicos
Definição 1.1 À igualdade

∂𝑢 ∂𝑢 ∂ 2 𝑢
𝐹 (𝑥1 , . . . , 𝑥𝑛 , 𝑢, ,..., , , . . . ) = 0, (1.1)
∂𝑥1 ∂𝑥𝑛 ∂𝑥21

em que 𝐹 é uma função dada que depende das variáveis independentes 𝑥𝑖 , 𝑖 =


1, . . . , 𝑛, de 𝑢 e das suas derivadas parciais, chamamos equação diferencial com
derivadas parciais para a função 𝑢(𝑥1 , . . . , 𝑥𝑛 ).
A função 𝑢 diz-se solução da equação (1.1) num domı́nio Ω de IR𝑛 se verifica a
igualdade anterior no domı́nio referido.
À mais elevada ordem das derivadas parciais que ocorre em (1.1) chamamos
ordem da equação diferencial (1.1).
A equação diferencial (1.1) diz-se linear se (1.1) é linear em 𝑢 e nas suas de-
rivadas parciais, (1.1) diz-se quase linear se é apenas linear relativamente às deri-
vadas parcias de maior ordem podendo, neste caso, os coeficientes dependerem das
variáveis independentes, de 𝑢 e das derivadas parciais de menor ordem.

Um grande número de fenómenos mecânicos, fı́sicos, biológicos ou económicos,


são modelizados matematicamente utilizando Equações com Derivadas Parciais -
EDPs - estando a compreensão de tais fenómenos intrinsecamente ligada ao estudo
das propriedades das soluções destas equações. O desenvolvimento tecnológico surge,
assim, dependente dos avanços neste domı́nio da Análise sobretudo no tocante a um
certo tipo de indústrias - aeronáutica, petrolı́fera, nuclear - em que os fenómenos são
modelizados utilizando equações com derivadas parciais, e a simulação exprimental é
dispendiosa, pouco flexivel ou, em determinados casos limite, de realização complexa.
Consideramos seguidamente alguns exemplos de EDPs:
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Exemplo 1.1 A equação de Laplace


𝑛
∑ ∂2𝑢
Δ𝑢 := = 0 em Ω,
𝑖=1
∂𝑥2𝑖

em que Ω ⊆ IR𝑛 , é certamente a equação com a maior gama de aplicabilidade. A Δ


chamamos operador de Laplace e a solução da equação de Laplace é chamada função
harmónica ou função potencial.
Recordemos que se 𝑢 é uma função definida em Ω ⊆ IR𝑛 , com valores em IR, então
o gradiente de 𝑢, 𝑔𝑟𝑎𝑑(𝑢), é definido por
𝑛
∑ ∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
𝑔𝑟𝑎𝑑(𝑢) = 𝑒𝑗 = ( ,..., )
∂𝑥𝑗 ∂𝑥1 ∂𝑥𝑛
𝑗=1

e também é denotado por ∇𝑢.


Se 𝑢 é uma função vectorial definida de Ω ⊆ IR𝑛 em IR𝑛 , a divergência de 𝑢, 𝑑𝑖𝑣(𝑢),
é definida por
𝑛
∑ ∂𝑢𝑗
𝑑𝑖𝑣(𝑢) = ∇.𝑢 = .
∂𝑥𝑗
𝑗=1

Atendendo às definições anteriores temos

Δ𝑢 = 𝑑𝑖𝑣 𝑔𝑟𝑎𝑑(𝑢).

Exemplo 1.2 A solução da equação de difusão, também designada equação do


calor,
∂𝑢
= 𝑐2 Δ𝑢 em (𝑡0 , 𝑇 ) × Ω,
∂𝑡
em que Ω ⊆ IR𝑛 , representa por exemplo, para 𝑛 = 1, a concentração de uma substância
a evoluir num tubo, e, para 𝑛 = 2, representa, por exemplo, a temperatura de uma placa
que foi sujeita a um aquecimento inicial.

Exemplo 1.3 A solução da equação da onda

∂2𝑢
= 𝑐2 Δ𝑢 em Ω,
∂𝑡2
em que Ω ⊆ IR𝑛 , representa, por exemplo, o deslocamento de uma membrana em IR𝑛
ou, para 𝑛 = 1, o deslocamento de uma corda vibrante.
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Em alguns exemplos simples, a construção da solução da EDPs pode ser feita


facilmente. Ilustramos seguidamente algumas dessas situações.

Exemplo 1.4 Determinemos a solução 𝑢(𝑥, 𝑦) da EDPs

∂2𝑢
= 0.
∂𝑥2
Integrando em relação a 𝑥, obtemos
∂𝑢
= 𝑔1 (𝑦),
∂𝑥
em que 𝑔 depende apenas de 𝑦. Integrando novamente vem

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑔1 (𝑦) + 𝑔2 (𝑦).

As funções 𝑔1 e 𝑔2 deverão ser determinadas de acordo com condições auxiliares que


complementam a EDPs.

Exemplo 1.5 A determinação da solução de uma EDPs pode também ser feita
atendendo à interpretação geométrica. Consideremos a equação
∂𝑢 ∂𝑢
𝑎 +𝑏 = 0.
∂𝑥 ∂𝑦
A derivada direccional de 𝑢 em relação ao vector ⃗𝑣 = (𝑎, 𝑏) é nula e tem-se

𝐷⃗𝑣 𝑢 = 0,

isto é, a variação de 𝑢 na direcção de ⃗𝑣 é constante, ou ainda,

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡, (𝑥, 𝑦) : 𝑏𝑥 − 𝑎𝑦 = 𝑐.

Tomemos para valor de 𝑢(𝑥, 𝑦) na recta referida o valor 𝑓 (𝑐) para alguma função 𝑓.
Então temos
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡. = 𝑓 (𝑐) = 𝑓 (𝑏𝑥 − 𝑎𝑦).
Logo uma solução da EDPs é

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑓 (𝑏𝑥 − 𝑎𝑦).

Exemplo 1.6 Um outro processo de determinar a solução da EDPs do exemplo


anteriordada é considerar a seguinte mudança de variáveis
{ ′
𝑥 = 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦
𝑦 ′ = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑦.
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Temos
∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑥′ ∂𝑢 ∂𝑦 ′ ∂𝑢 ∂𝑢
= ′
+ ′
= 𝑎 ′ + 𝑏 ′.
∂𝑥 ∂𝑥 ∂𝑥 ∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑥 ∂𝑦
De igual modo
∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
=𝑏 ′ −𝑎 ′
∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑦
Assim,
∂𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
𝑎 +𝑏 = (𝑎2 + 𝑏2 ) ′ .
∂𝑥 ∂𝑦 ∂𝑥
Deste modo, com
𝑎𝑥′ + 𝑏𝑦 ′ 𝑎𝑥′ − 𝑏𝑦 ′
𝑣(𝑥′ , 𝑦 ′ ) = 𝑢( , )
𝑎2 + 𝑏2 𝑎2 + 𝑏2
a EDPs
∂𝑣
= 0,
∂𝑥′
é equivalente à EDPs inicial. Observamos que uma solução desta última equação é

𝑣(𝑥′ , 𝑦 ′ ) = 𝑓 (𝑦 ′ ),

isto é,
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑓 (𝑏𝑥 − 𝑎𝑦).

1.2 Alguns modelos envolvendo EDPs


1. Equação de transporte Consideremos um gás que percorre um tubo em que
cada secção transversal tem área igual à unidade. Pretendemos determinar a
velocidade e a densidade do gás em cada ponto do tubo em cada instante,
𝑣(𝑃, 𝑡), 𝜌(𝑃, 𝑡). Admitamos que, em cada secção transversal, as propriedades
do gás como a densidade e a velocidade são constantes. Assim, as propriedades
em estudo, são iguais nos pontos (𝑥, 0, 0) e (𝑥, 𝑦, 𝑧). Atendendo a este facto,
determinemos 𝑣(𝑥, 𝑡) e 𝜌(𝑥, 𝑡). Então a massa de gás entre os pontos 𝑥1 e 𝑥2
no instante 𝑡 é dada por ∫ 𝑥2
𝜌(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥.
𝑥1

Admitamos ainda que as paredes são impermeáveis e que a evolução do gás no


tubo ocorre apenas devido ao transporte. Deste modo, a variação de massa
que ocorre em cada instante é apenas originada pelo fluxo. Atendendo a que
𝑣(𝑥, 𝑡) representa a velocidade do fluido em 𝑥 no instante 𝑡, então o fluxo de
massa em 𝑥 no instante 𝑡 é dada por

𝜌(𝑥, 𝑡)𝑣(𝑥, 𝑡).


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Consideremos a variação da massa que ocorre no sector definido por 𝑥1 e


𝑥2 .Temos
𝑑 𝑥2

𝜌(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥.
𝑑𝑡 𝑥1
Por outro lado, comparando o fluxo nos pontos (𝑥1 , 𝑡) e (𝑥2 , 𝑡), vem

𝑑 𝑥2
∫ 𝑥2


𝜌(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥 = 𝜌(𝑥1 , 𝑡)𝑣(𝑥1 , 𝑡)−𝜌(𝑥2 , 𝑡)𝑣(𝑥2 , 𝑡) = − (𝜌(𝑥, 𝑡)𝑣(𝑥, 𝑡))𝑑𝑥.
𝑑𝑡 𝑥1 𝑥1 ∂𝑥

Consideremos o intervalo de tempo [𝑡1 , 𝑡2 ]. Obtemos


𝑡2 𝑥2 𝑡2 𝑥2
𝑑 ∂𝜌
∫ ∫ ∫ ∫
𝜌(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥𝑑𝑡 = 𝑑𝑥𝑑𝑡,
𝑡1 𝑑𝑡 𝑥1 𝑡1 𝑥1 ∂𝑡

e portanto vem
𝑡2 𝑥2 𝑡2 𝑥2
∂𝜌 ∂
∫ ∫ ∫ ∫
𝑑𝑥𝑑𝑡 = − (𝜌𝑣)𝑑𝑥𝑑𝑡.
𝑡1 𝑥1 ∂𝑡 𝑡1 𝑥1 ∂𝑥

Atendendo à arbitrariedade de [𝑡1 , 𝑡2 ] × [𝑥1 , 𝑥2 ], concluı́mos

∂𝜌 ∂
+ (𝜌𝑣) = 0. (1.2)
∂𝑡 ∂𝑥
A equação (1.2) é chamada equação de conservação de massa. Em geral a
equação anterior deve ser resolvida em conjunto com as equações da con-
servação do momento e da energia :
∂ ∂
(𝜌𝑣) + (𝜌𝑣 2 + 𝑝) = 0, (1.3)
∂𝑡 ∂𝑥

∂𝐸 ∂
+ (𝑣(𝐸 + 𝑝)) = 0 (1.4)
∂𝑡 ∂𝑥
em que 𝑝 denota a pressão e 𝐸 a energia do gás.
Se considerarmos a variável dependente
⎡ ⎤
𝜌
𝑢(𝑥, 𝑡) = ⎣ 𝜌𝑣 ⎦ ,
𝐸

então o sistema (1.2), (1.3) , (1.4) é equivalente à equação

∂𝑢 ∂
+ 𝑓 (𝑢) = 0 (1.5)
∂𝑡 ∂𝑥
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em que
⎤ ⎡ ⎤
𝑢2

𝜌𝑣
𝑢22
𝑓 (𝑢) = ⎣ 𝜌𝑣 2 + 𝑝 ⎦ = ⎣ 𝑢1 + 𝑝 ⎦.
⎢ ⎥
𝑣(𝐸 + 𝑝) 𝑢2 (𝑢3 + 𝑝)/𝑢1
No caso particular de 𝑓 (𝑢) = 𝑐𝑢, a equação estabelecida é chamada equação
de transporte.

2. Equação de difusão Consideremos uma solução constituı́da por um solvente


e um soluto em difusão num tubo impermeável. Admitamos que não ocorre
reacção entre os constituı́ntes da solução e que cada secção transversal tem
área constante e igual à unidade. Mais ainda, suponhamos que em cada secção
transversal do tubo a concentração é constante e o o soluto evolui da região
de maior concentração para a região de menor concentração sendo a difusão
regida pela lei de Fick. Esta lei estabelece que o fluxo de soluto é proporcional
ao gradiente da concentração.
Consideremos um sistema de eixos tal que as extremidades do tubo têm ab-
cissas 0 e ℓ. Denotemos por 𝑢(𝑥, 𝑡) a concentração de soluto em 𝑥 no intante
𝑡. Se 𝑗(𝑥, 𝑡) denota o fluxo em (𝑥, 𝑡), então

∂𝑢
𝑗(𝑥, 𝑡) = −𝑘 ,
∂𝑥
em que 𝑘 representa uma constante positiva chamada coeficiente de difusão.
Seja 𝑀 (𝑡) a concentração de substância no sector de tubo definido por 𝑥1 e
𝑥2 . Então ∫ 𝑥2
𝑀 (𝑡) = 𝑢(𝑥, 𝑡)𝑑𝑥,
𝑥1

e a varição no instante 𝑡 da quantidade de substância no referido sector é igual


a ∫ 𝑥2
𝑑𝑀 ∂𝑢
= 𝑑𝑥.
𝑑𝑡 𝑥1 ∂𝑡

Por outro lado, a mesma variação é também dada por


∂𝑢 ∂𝑢
𝑗(𝑥1 , 𝑡) − 𝑗(𝑥2 , 𝑡) = 𝑘(− (𝑥1 , 𝑡) + (𝑥2 , 𝑡))
∂𝑥 ∂𝑥
∫ 𝑥2 2
∂ 𝑢
= 𝑘 2
𝑑𝑥.
𝑥1 ∂𝑥

Concluı́mos então
𝑥2 𝑥2
∂𝑢 ∂2𝑢
∫ ∫
𝑑𝑥 = 𝑘 𝑑𝑥,
𝑥1 ∂𝑡 𝑥1 ∂𝑥2
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e portanto
𝑡2 𝑥2
∂2𝑢
( )
∂𝑢
∫ ∫
−𝑘 2 𝑑𝑥 𝑑𝑡 = 0.
𝑡1 𝑥1 ∂𝑡 ∂𝑥
Atendendo à arbitrariedade de [𝑥1 , 𝑥2 ] × [𝑡1 , 𝑡2 ], obtemos

∂𝑢 ∂2𝑢
= 𝑘 2 em (0, ℓ) × (0, +∞).
∂𝑡 ∂𝑥
A equação anterior é designada equação de difusão. Notemos que, atendendo
ao significado fı́sico, é necessário considerar no modelo matemático condições
adicionais que surgem naturalmente no modelo fı́sico. Assim, admitindo que
o tubo tem comprimento ℓ e supondo que as paredes do tudo são isoladas e a
concentração nestas é, em cada instante, conhecida temos

𝑢(0, 𝑡) = 𝑔1 (𝑡), 𝑢(ℓ, 𝑡) = 𝑔2 (𝑡), 𝑡 > 0. (1.6)

Estas condições são usualmente chamadas condições de fronteira. Mais ainda,


admitindo que no instante inicial é conhecida a distribuição da concentração
de soluto, podemos especificar

𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ (0, ℓ).

Esta condição é chamada condição inicial.


O problema diferencial

∂𝑢 ∂2𝑢
= 𝑘 2, 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0,
∂𝑡 ∂𝑥

𝑢(0, 𝑡) = 𝑔1 (𝑡), 𝑢(ℓ, 𝑡) = 𝑔2 (𝑡), 𝑡 ≥ 0, (1.7)

𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ [0, ℓ].

é chamado problema diferencial com condições inicial e de fronteira.


Se admitirmos que as extremidades do tubo estão isoladas, então o fluxo é nulo
em 𝑥 = 0 e em 𝑥 = ℓ. Logo atendendo a que o fluxo é dado pela Lei de Fick,
as condições (1.6) são substituı́das por

∂𝑢 ∂𝑢
(0, 𝑡) = (ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0.
∂𝑥 ∂𝑥
Observamos que poderı́amos ter o lado esquerdo isolado e, na extremidade
direita, o fluxo ser proporcional à concentração. Neste caso obterı́amos
∂𝑢 ∂𝑢
(0, 𝑡) = 0, 𝑘 (ℓ, 𝑡) + 𝛽𝑢(ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0.
∂𝑥 ∂𝑥
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Como vemos, as condições para as extremidades surgem naturalmente no con-


texto fı́sico e, como veremos posteriormente, determinam o comportamento da
substância em difusão. O problema diferencial (1.7) é modificado de conside-
rando as condições para as extremidades.
O problema diferencial (1.7) foi estabelecido supondo que o coeficiente de
difusão 𝑘 é independente da variável espacial. É de salientar que a propriedade
de difusão das particulas do soluto podem depender do ponto onde a difusão
ocorre. Neste caso, a constante 𝑘 dependerá certamente de 𝑥 tendo-se 𝑘(𝑥) e
a equação de difusão é substituı́da por
∂𝑢 ∂ ( ∂𝑢 )
= 𝑘 , 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0.
∂𝑡 ∂𝑥 ∂𝑥
A equação de difusão foi estabelecida assumindo que a solução não apresenta
movimento. Suponhamos agora que há movimento da solução, da esquerda
para a direita, com velocidade 𝑣. Neste caso, a concentração em cada ponto e
em cada instante, depende da difusão e do movimento. Assim, no fluxo temos
que considerar duas contribuições:
𝑗(𝑥, 𝑡) = 𝑗𝐹 (𝑥, 𝑡) + 𝑗𝑣 (𝑥, 𝑡)
em que
∂𝑢
𝑗𝐹 (𝑥, 𝑡) = −𝑘(𝑥, 𝑡), 𝑗𝑣 (𝑥, 𝑡) = 𝑣𝑢(𝑥, 𝑡).
∂𝑥
Deste modo somos conduzidos à equação diferencial
∂𝑢 ∂2𝑢 ∂𝑢
=𝑘 2 −𝑣 ,
∂𝑡 ∂𝑥 ∂𝑥
usualmente designada equação de convecção-difusão.
É frequente em fenómenos de difusão a ocorrência de reacção com a conse-
quente produção ou consumo da substância em difusão. Neste caso a reacção
é determinante na variação instantanea da massa tendo-se
∫ 𝑥2 2 ∫ 𝑥2
′ ∂ 𝑢
𝑀 (𝑡) = 2
(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑥 + 𝑟(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑥,
𝑥1 ∂𝑥 𝑥1
∫ 𝑥2
em que 𝑟(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑥 representa a massa produzida ou consumida no sector
𝑥1
circular definido por 𝑥1 e 𝑥2 no instante 𝑡. Assim a equação de difusão apresenta
mais um termo
∂𝑢 ∂2𝑢
(𝑥, 𝑡) = 𝑘 2 (𝑥, 𝑡) + 𝑟(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0.
∂𝑡 ∂𝑥
Numa grande variedade de fenómenos de reacção, o termo reactivo 𝑟 depende
não linearmente da concentração 𝑢 obtendo-se uma equação quase linear.
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3. Equação da corda vibrante Consideremos uma corda de densidade inde-


pendente do tempo, com as extremidades fixas e que apresenta movimento.
Suponhamos que este movimento decorre apenas no plano vertical (plano 𝑥𝑜𝑦)
e que sobre cada ponto da corda é apenas exercida uma força de tensão. Mais
ainda, admitamos que a força anterior apresenta a direcção da tangente à corda
e a força gravitacional é negligenciável.
Consideremos o sistema de eixos de tal modo que o eixo das abcissas contém
a corda quando esta está em repouso e a origem coincidindo com uma das
extremidades. Pretendemos determinar a posição de cada ponto da corda em
cada instante 𝑡, isto é, para 𝑥 ∈ (0, ℓ) pretendemos determinar (𝑥, 𝑢(𝑥, 𝑡)).
Seja 𝜌(𝑥) a densidade da corda no ponto da corda de abcissa 𝑥. Consideremos
dois pontos 𝑃 e 𝑄 sobre a corda de abcissas 𝑥 e 𝑥 + Δ𝑥 respectivamente,
e sejam 𝛼 e 𝛽 as amplitudes dos ângulos que os vectores das tensões 𝑇 (𝑃 ) e
𝑇 (𝑄) fazem com −𝑒1 e 𝑒1 respectivamente ({𝑒1 , 𝑒2 } representa a base canónica
de IR2 ). Atendendo a que os pontos da corda não apresentam deslocamento
na horizontal, então as componentes horizontais das tensões em 𝑃 e 𝑄 devem
cancelar, isto é,
𝑐𝑜𝑠(𝛽)∥𝑇 (𝑄)∥ = 𝑐𝑜𝑠(𝛼)∥𝑇 (𝑃 )∥ = ∥𝑇 ∥, (1.8)
e na direcção vertical temos duas forças de componentes verticais
𝑠𝑒𝑛(𝛽)∥𝑇 (𝑄)∥ e − 𝑠𝑒𝑛(𝛼)∥𝑇 (𝑃 )∥. (1.9)

Seja 𝑀 a massa do arco de corda 𝑃 𝑄. Então



𝑀= 𝜌(𝑠) 𝑑𝑠.
𝑃𝑄

Suponhamos que 𝜌 é contı́nua. Pelo torema do valor médio para integrais vem
𝑀 = 𝜌(𝜉(𝑥))Δ𝑠
em que 𝜉(𝑥) ∈ (𝑥, 𝑥 + Δ𝑥). Tomemos
Δ𝑠 ≃ Δ𝑥,
∂2𝑢
e admitamos que é contı́nua em (0, ℓ). Desta última hipótese concluı́mos
∂𝑡2
∂2𝑢
que a aceleração do arco pode ser dada por 2 (𝜂(𝑥), 𝑡) em que 𝜂(𝑥) ∈ (𝑥, 𝑥 +
∂𝑡
Δ𝑥).
Notemos que a força resultante é igual ao produto da massa pela aceleração
(Segunda Lei de Newton), isto é,
∂2𝑢
𝑠𝑒𝑛(𝛽)∥𝑇 (𝑄)∥ − 𝑠𝑒𝑛(𝛼)∥𝑇 (𝑃 )∥ = 𝜌(𝜉(𝑥))Δ𝑥 (𝜂(𝑥), 𝑡). (1.10)
∂𝑡2
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Conjugando (1.8) com (1.10), obtemos

𝜌(𝜉(𝑥))Δ𝑥 ∂ 2 𝑢
𝑡𝑔(𝛽) − 𝑡𝑔(𝛼) = (𝜂(𝑥), 𝑡), (1.11)
𝑇 ∂𝑡2
ou ainda
𝜌(𝜉(𝑥)) ∂ 2 𝑢
( )
1 ∂𝑢 ∂𝑢
(𝑥 + Δ𝑥, 𝑡) − (𝑥, 𝑡) = (𝜂(𝑥), 𝑡). (1.12)
Δ𝑥 ∂𝑥 ∂𝑥 𝑇 ∂𝑡2

Desta última igualdade, tomando limite quando Δ𝑥 → 0, vem finalmente

∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 = (𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0. (1.13)
∂𝑥2 ∂𝑡2
𝑇
em que 𝑐2 = .
𝜌(𝑥)
A equação (1.13) é chamada equação da corda vibrante ou da onda (das ondas).
Notemos que atendendo a que as extremidades estão fixas ao eixo das abcissas,
então
𝑢(0, 𝑡) = 𝑢(ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 ≥ 0.
Mais ainda, atendendo a que podemos determinar a posição da corda no ins-
tante inicial, podemos especificar 𝑢(𝑥, 0), isto é,

𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ [0, ℓ].

Notamos que no instante inicial podemos especificar a velocidade da corda,


∂𝑢
sendo portanto conhecida (𝑥, 0),
∂𝑡
∂𝑢
(𝑥, 0) = 𝑣(𝑥), 𝑥 ∈ [0, ℓ].
∂𝑡

O problema diferencial

∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 = (𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ (0, ℓ), 𝑡 > 0,
∂𝑥2 ∂𝑡2

𝑢(0, 𝑡) = 𝑢(ℓ, 𝑡) = 0, 𝑡 ≥ 0,
(1.14)
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ [0, ℓ],
∂𝑢
(𝑥, 0) = 𝑣(𝑥), 𝑥 ∈ [0, ℓ],
∂𝑡
é chamado problema de condições inicial e de fronteira para corda vibrante.
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É de realçar que se admitirmos que sobre a corda actua uma outra qualquer
força apenas com componente vertical, então a EDPs de (1.14) é substituı́da
por
∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 2 + 𝐹 (𝑥, 𝑡) = 2 (𝑥, 𝑡)
∂𝑥 ∂𝑡
2
em que 𝐹 (𝑥, 𝑡) = 𝑐 𝐺(𝑥, 𝑡) e 𝐺 representa a componente vertical da referida
força.

1.3 Condições inicial e de fronteira


Observamos que em alguns dos modelos matemáticos estabelecidos surgiram
diferentes tipos de condições: inicial e de fronteira. A condição inicial surge, em
geral, quando a EDPs envolve a variável tempo e diz respeito à solução no instante
em que se inicia a contagem deste. Pode ser dada indicando a solução no instante
inicial, como no caso da equação de difusão, e a sua derivada relativamente ao tempo,
como no caso da equação da onda. Um problema diferencial envolvendo apenas
condições iniciais é chamado problema de condições (condição) iniciais (inicial) ou
também problema de Cauchy.
A indicação da solução na fronteira do domı́nio, como nos modelos matemáticos
já considerados, definem condições fundamentais para o modelo. Estas condições são
chamadas condições de fronteira. O problema envolvendo EDPs e apenas condição
de fronteira diz-se problema de condição de fronteira. Se além das condição de fron-
teira, o problema apresenta condição (condições) inicial (iniciais), então o problema
diferencial é chamado problemas de condições iniciais (inicial) de fronteira.
Exemplo 1.7 Problema com condições iniciais

∂2𝑢 ∂2𝑢
𝑐2 (𝑥, 𝑡) = (𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ IR, 𝑡 > 0,
∂𝑥2 ∂𝑡2

𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ IR, (1.15)

∂𝑢
(𝑥, 0) = 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ IR.
∂𝑡
Se o domı́nio espacial é subsituı́do por um intervalo (𝑎, 𝑏), então a equação com deri-
vadas parciais é complementada, como vimos anteriormente, com condições, para 𝑢, na
fronteira e passamos a ter um problema com condiçõs iniciais e de fronteira.
Exemplo 1.8 Problema com condição de fronteira
Δ𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑓 (𝑥, 𝑦), (𝑥, 𝑦) ∈ (𝑎, 𝑏) × (𝑐, 𝑑),

𝑢(𝑎, 𝑦) = 𝑔1 (𝑦), 𝑢(𝑏, 𝑦) = 𝑔2 (𝑦) 𝑦 ∈ [𝑐, 𝑑], (1.16)

𝑢(𝑥, 𝑐) = 𝑓1 (𝑥), 𝑢(𝑥, 𝑑) = 𝑓2 (𝑥), 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏].


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Exemplo 1.9 Seja Ω um domı́nio (aberto) de IR𝑛 de fronteira ∂Ω s̈uave ¨ -


admite plano tangente em cada ponto da fronteira. Os problemas seguintes apresentam
apenas condições para a fronteira.
1.
Δ𝑢(𝑥) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑢 (1.17)
(𝑥) = 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ ∂Ω,
∂𝜂
2.
Δ𝑢(𝑥) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑢 (1.18)
𝛼(𝑥) (𝑥) + 𝛽(𝑥)𝑢(𝑥) = 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ ∂Ω,
∂𝜂
em que 𝛼 e 𝛽 são funções definidas em ∂Ω.

Os exemplos anteriores ilustram os diversos tipos de condições de fronteira. Estas


condições podem ser classificadas do modo seguinte:
1. Primeiro tipo ou de Dirichlet - homogénea ou não homogénea - a solução
é especificada na fronteira,

2. Segundo tipo ou de Neumann - a derivada relativamente à normal unitária


exterior ao domı́nio é especificada na fronteira,

3. Terceiro tipo ou de Robin - é especificada uma combinação linear da


solução e da derivada relativamente à normal na fronteira.
Observamos que num problema podem surgir vários tipos de condições. Por exem-
plo, se ∂Ω = Γ1 ∪ Γ2 , poderemos ter
∂𝑢
𝑢(𝑥) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Γ1 , (𝑥) = 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ Γ2 .
∂𝜂

1.4 Problema bem posto. Alguns conceitos da teoria de estabili-


dade
Dado um modelo matemático envolvendo EDPs, condição inicial e ou condição
de fronteira, é desejável que tal problema tenha uma solução única. Mais ainda,
atendendo a que em geral dos dados do problema - obtidos por medição - são cons-
truı́das as expressões que definem as condições, pretende-se que o problema seja tal
que pequenos erros nas expressões consideradas não influenciem determinantemente
a solução. Mais especificamente, seja 𝑆 o espaço das soluções de um determinado pro-
blema de condição (ões) inicial (ais) e 𝑆𝑖 o espaço das condições iniciais. Pretende-se
que
∀𝜖 > 0∃𝛿 > 0 : ∀𝑔 ∈ 𝐵𝛿 (𝑓 ) =⇒ 𝑢𝑔 ∈ 𝐵𝜖 (𝑢𝑓 ).
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 14

Por 𝑢𝑓 e 𝑢𝑔 denotamos as soluções do problema em estudo para a condições iniciais


𝑓 e 𝑔 respectivamente. As bolas 𝐵𝛿 (𝑓 ) e 𝐵𝜖 (𝑢𝑓 ) são definidas relativamente às
normas em 𝑆𝑖 e 𝑆 respectivamente. Se um problema diferencial apresenta última
propriedade, então diz-se um problema estável.
Estas considerações levam-nos ao conceito de problema bem posto.

Definição 1.2 Um problema diferencial com condição inicial e ou de fronteira


diz-se bem posto se

1. tem uma solução única,

2. é estável.

A definição das condições auxiliares - condição de fronteira, condição inicial -


num problema diferencial pode levar facilmente a um problema mal posto.

Exemplo 1.10
⎧ 2
∂ 𝑢


2
= 0, (𝑥, 𝑦) ∈ (0, 1) × (0, 1)
⎨ ∂𝑥



 𝑢(𝑥, 0) = 𝑢(𝑥, 1) = 2, 𝑥 ∈ (0, 1)



𝑢(0, 𝑦) = 𝑢(1, 𝑦) = 𝑦 𝑦 ∈ [0, 1].

Da equação diferencial vem

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑔(𝑦) + 𝑓 (𝑦).

Considerando agora as condições 𝑢(0, 𝑦) = 𝑢(1, 𝑦) = 𝑦 𝑦 ∈ [0, 1], obtemos 𝑢(𝑥, 𝑦) =


𝑓 (𝑦) = 𝑦. Mas, atendendo a 𝑢(𝑥, 0) = 𝑢(𝑥, 1) = 2, 𝑥 ∈ (0, 1), obtemos uma impos-
sibilidade. Logo o problema não é bem posto.

Vejamos seguidamente como podemos concluir que certos problemas diferenciais


não são estáveis. Seja 𝐿 um operador diferencial linear e consideremos o problema
não homogéneo
𝐿𝑢 = 𝑓 em Ω,
com condições não homogéneas inicial (iniciais) e (ou) de fronteira. Seja 𝑢1 a solução
deste problema. Admitamos que perturbamos as condições não homogéneas (inici-
ais e (ou) de fronteira). Seja 𝑢2 a solução perturbada. Então 𝑣 = 𝑢1 − 𝑢2 veri-
fica a equação homogénea e condições inicial(iniciais) e (ou) de fronteira que são
perturbações das correspondentes condições homogéneas. Assim, se a desvios ”pe-
quenos”das condições auxiliares corresponde uma perturbação ”pequena”da solução
homogénea, concluı́mos que o problema diferencial é estável. Atendendo a este
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 15

facto, para estudar a estabilidade da equação diferencial linear com condições não
homogéneas iremos considerar o correspondente problema homogéneo.
Consideremos a EDPs de segunda ordem de coeficientes constantes
∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
𝐴 2
+ 2𝐵 + 𝐶 2
+𝐷 +𝐸 + 𝐹 𝑢 = 0, 𝑥 ∈ IR, 𝑦 ∈ (0, +∞), (1.19)
∂𝑥 ∂𝑥∂𝑦 ∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑦
as condições iniciais homogéneas
∂𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ IR, (𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ IR. (1.20)
∂𝑦
Determinemos condições para 𝜆(𝑘) tais que a função

𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦) = 𝑎(𝑘)𝑒𝑥𝑝(𝑖𝑘𝑥 + 𝜆(𝑘)𝑦), (1.21)

para 𝑘 ∈ ZZ, seja solução de (1.19).


A função (1.21) é solução de (1.19) se e só se

𝐶𝜆(𝑘)2 + (2𝐵𝑘𝑖 + 𝐸)𝜆(𝑘) + (−𝑘2 𝐴 + 𝐷𝑖𝑘 + 𝐹 ) = 0 . (1.22)

Assim, a condição (1.22) é necessária e suficiente para que 𝑢𝑘 seja solução da


EDPs (1.19).
Suponhamos que 𝑎(𝑘), 𝑘 ∈ ZZ, é uma sucessão limitada e

lim ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) = +∞. (1.23)


𝑘→+∞(−∞)

Definamos
1
𝑎(𝑘) = , 𝑘 ∈ ZZ.
𝜆(𝑘)2
Então
1 ∂𝑢𝑘 1
∣𝑢𝑘 (𝑥, 0)∣ = 2
,∣ (𝑥, 0)∣ = . (1.24)
∣𝜆(𝑘)∣ ∂𝑦 ∣𝜆(𝑘)∣
Atendendo a (1.23), podemos escolher 𝑘 tal que
∂𝑢𝑘
∣𝑢𝑘 (𝑥, 0)∣ ≃ 0 e ∣ (𝑥, 0)∣ ≃ 0. (1.25)
∂𝑦
Por outro lado, atendendo ainda a (1.23) e à escolha de 𝑎(𝑘), temos
1
lim ∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = lim 𝑒ℛ𝑒(𝜆(𝑘))𝑦 = +∞, 𝑦 > 0.
𝑘→+∞(−∞) 𝑘→+∞ ∣𝜆(𝑘)∣2

Deste modo, determinámos uma solução 𝑢𝑘 do problema perturbado com condições


iniciais que são quase nulas mas tal que ∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ é arbitrariamente grande para
𝑦 > 0.
Provámos o seguinte resultado:
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 16

Teorema 1.1 Seja 𝜆(𝑘), 𝑘 ∈ ZZ, tal que

𝜆(𝑘)2 𝐶 + (2𝐵𝑘𝑖 + 𝐸)𝜆(𝑘) + (−𝐴𝑘2 + 𝐷𝑘𝑖 + 𝐹 ) = 0.

Se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) → +∞ quando 𝑘 → +∞(−∞), então o problema de Cauchy associado


à equação diferencial (1.19), é mal posto.

Consideremos novamente 𝜆(𝑘) definido por (1.22) e 𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦), 𝑘 ∈ ZZ, defindas por
(1.21). Observamos que se 𝑎(𝑘), 𝑘 ∈ ZZ, é limitada, e

1. se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) < 0, para todo 𝑘 ∈ ZZ, então

lim ∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = lim ∣𝑎(𝑘)∣𝑒ℛ𝑒(𝜆(𝑘))𝑦 = 0,


𝑦→+∞ 𝑦→+∞

2. se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) > 0, para algum 𝑘, então

lim ∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = lim ∣𝑎(𝑘)∣𝑒ℛ𝑒(𝜆(𝑘))𝑦 = +∞,


𝑦→+∞ 𝑦→+∞

3. se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) ≤ 0, então para 𝑘 tal que ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) = 0 temos

∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = ∣𝑎(𝑘)∣,

e, para 𝑘 tal que ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) < 0, temos

lim ∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = 0,


𝑦→+∞

4. se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) = 0, para todo 𝑘 ∈ ZZ, então

∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = ∣𝑎(𝑘)∣,

As considerações anteriores levam-nos à seguinte definição:

Definição 1.3 Seja 𝜆(𝑘), 𝑘 ∈ ZZ, tal que

𝜆(𝑘)2 𝐶 + (2𝐵𝑘𝑖 + 𝐸)𝜆(𝑘) + (−𝐴𝑘2 + 𝐷𝑘𝑖 + 𝐹 ) = 0.

1. Ao supremo de ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) quando 𝑘 ∈ ZZ, chamamos ı́ndice de estabilidade e é


denotado por 𝜔.

2. Se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) < 0 para todo 𝑘 ∈ ZZ, então a EDPs (1.19) diz-se estritamente
estável.

3. Se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) > 0 para algum 𝑘 ∈ ZZ, então a EDPs (1.19) diz-se estritamente
instável (ou apenas instável).
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 17

4. Se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) = 0 para todo 𝑘 ∈ ZZ, então a EDPs (1.19) diz-se neutralmente


estável e conservativa.

5. Se ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) < 0 e apenas para um número finito de 𝑘 ∈ ZZ se tem ℛ𝑒(𝜆(𝑘)) =


0, então a EDPs (1.19) ) diz-se dissipativa.

Vejamos seguidamente que se a EDPs é instável, então o problema de Cau-


chy que lhe está associado é mal posto. Seja 𝑘 tal que 𝑅𝑒(𝜆(𝑘)) > 0. Então
lim ∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = +∞. No entando, considerando
𝑦→+∞

𝜖
∣𝑎(𝑘)∣ = ∣ ∣ ≃ 0,
𝜆(𝑘)

obtemos para 𝑢𝑘 condições iniciais quase nulas e, no entanto, 𝑢𝑘 é um grande ”des-


vio”da solução nula. Logo o problema de Cauchy associado à EDPs não é bem
posto.
Considerando o conceito de ı́ndice de estabilidade temos o seguinte resultado:

Teorema 1.2 1. Se 𝜔 < 0 então a EDPs (1.19) é estritamente estável,

2. Se 𝜔 > 0 então a EDPs (1.19) é instável.

Exemplo 1.11 A equação

∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂𝑢
−𝛾 2 + + 2𝜎 = 0, 𝜎 ≥ 0,
∂𝑥2 ∂𝑦2 ∂𝑦
é neutralmente estável e é dissipativa para 𝜎 > 0. Se 𝜎 = 0, então a equação anterior é
neutralmente estável e conservativa.

Seguidamente estudamos o comportamento de 𝑢𝑘 , 𝑘 ∈ ZZ, quando considera-


mos perturbações nas condições iniciais. Seja 𝜆(𝑘), 𝑘 ∈ ZZ, como anteriormente, e
substituam-se as condições
∂𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 𝑎(𝑘), (𝑥, 0) = 𝜆(𝑘)𝑎(𝑘)
∂𝑦
por

∂𝑢 𝛿(𝑘)
𝑢(𝑥, 0) = 𝑎(𝑘) + 𝜖(𝑘), (𝑥, 0) = 𝜆(𝑘)𝑎(𝑘) + 𝛿(𝑘) = 𝜆(𝑘)(𝑎(𝑘) + )
∂𝑦 𝜆(𝑘)

em que 𝛿(𝑘) = 𝜖(𝑘)𝜆(𝑘). Seja 𝑢


˜𝑘 a correspondente solução. Temos

˜𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ = ∣𝜖(𝑘)∣𝑒𝑅𝑒(𝜆(𝑘))𝑦 .


∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦) − 𝑢
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 18

Se 𝜔 ≤ 𝑐 então
∣𝑢𝑘 (𝑥, 𝑦) − 𝑢
˜𝑘 (𝑥, 𝑦)∣ ≤ 𝐶∣𝜖(𝑘)∣
quando 𝑦 ∈ [0, 𝑌 ]. Assim se perturbação dos dados é pequena e 𝑐 < 0, então con-
cluı́mos que a correspondente perturbação das soluções é inferior à perturbação dos
dados. Por outro lado, se 𝑐 > 0 então a perturbação das soluções é limitada.
Pode-se demonstrar que:

Teorema 1.3 Se o ı́ndice de estabilidade é inferior a um constante 𝐶 então o


problema de Cauchy para a EDPS (1.19) é bem posto.

1.5 Classificação das EDPs de segunda ordem


Consideremos a equação diferencial de segunda ordem em apenas duas variáveis
independentes 𝑥 e 𝑦

∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢


𝐴 2
+ 𝐵 + 𝐶 2
+𝐷 +𝐸 + 𝐹𝑢 = 𝐺. (1.26)
∂𝑥 ∂𝑥∂𝑦 ∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑦
Associemos à EDPs anterior a seguinte equação algébrica

𝐴𝑥2 + 𝐵𝑥𝑦 + 𝐶𝑦 2 + 𝐷𝑥 + 𝐸𝑦 + 𝐹 = 0, (1.27)

que representa uma cónica que tem a seguinte classificação:

1. elipse se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 < 0,

2. parábola se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = 0,

3. hipérbole se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 > 0.

As designaçõs anteriores induzem, de modo natural, as mesmas designações para


a EDPs (1.26). Diremos que a equação anterior é

1. elı́ptica se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 < 0,

2. parabólica se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = 0,

3. hiperbólica se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 > 0.

Exemplo 1.12 A equação da onda

∂2𝑢 ∂2𝑢
−𝑐2 + 2 =0
∂𝑥2 ∂𝑦

é uma equação hiperbólica pois 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = −4(−𝑐2 ) > 0.


Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 19

Exemplo 1.13 A equação de Laplace

∂2𝑢 ∂2𝑢
+ 2 =0
∂𝑥2 ∂𝑦

é uma equação elı́ptica pois 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = −4 < 0.

Exemplo 1.14 A equação do calor

∂ 2 𝑢 ∂𝑢
−𝑐2 + =0
∂𝑥2 ∂𝑦

é uma equação parabólica pois 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = 0.

Notemos que na caracterização dada têm apenas papel de relevo as derivadas


de maior ordem. A parte de uma EDPs envolvendo as derivadas de maior ordem é
designada parte principal da EDPs (ou do operador diferencial associado à EDPs).
A parte restante é chamada parte não principal.
Seguidamente consideramos as designações anteriores em função dos valores
próprios de uma matriz simétrica associada à equação diferencial. Definamos o
operador diferencial

⎡ ⎤

∂𝑥 := ⎣ ∂𝑥
∂ ⎦.
⎢ ⎥

∂𝑦
Então a EDPs (1.26) é equivalente a
[ ]
𝑡 𝐴 𝐵/2
∂𝑥 ∂𝑥 𝑢 + [𝐷 𝐸]∂𝑥 𝑢 + 𝐹 𝑢 = 𝑔 (1.28)
𝐵/2 𝐶

A equação anterior é chamada forma matricial da EDPs (1.26). Vejamos seguida-


mente os valores próprios 𝜆 da matriz
[ ]
𝐴 𝐵/2
.
𝐵/2 𝐶

Temos
1( √ )
𝜆= (𝐴 + 𝐶)+ (𝐴 + 𝐶)2 + (𝐵 2 − 4𝐴𝐶) .
2
Logo

1. se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 = 0, então a matriz tem o valor próprio nulo e o outro valor


próprio real,

2. se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 < 0, então a matriz tem dois valores próprios reais com o mesmo
sinal,
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 20

3. se 𝐵 2 − 4𝐴𝐶 > 0, então a matriz tem dois valores prórios reais com sinal
contrário.

A classificação que foi dada anteriormente pode ser facilmente estendida a EDPs
de segunda ordem envolvendo 𝑛 variáveis independentes atendendo ao comporta-
mento dos valores próprios de uma matriz cujas entradas são os coeficientes das
derivadas de segunda ordem.
Consideremos a equação diferencial
𝑛 ∑
𝑛 𝑛
∑ ∂2𝑢 ∑ ∂𝑢
𝑎𝑖𝑗 + 𝑎𝑗 + 𝑎0 𝑢 = 𝑔 (1.29)
∂𝑥𝑖 ∂𝑥𝑗 ∂𝑥𝑗
𝑖=1 𝑗=1 𝑗=1

em que 𝑎𝑖𝑗 = 𝑎𝑗𝑖 . Sejam


⎡ ⎤
⎢ ∂𝑥1 ⎥

⎢ ∂ ⎥

∂𝑥 = ⎢ ∂𝑥2 ⎥, 𝐴 = [𝑎𝑖𝑗 ], 𝐵 = [𝑎𝑖 ].
⎢ ⎥

⎢ ... ⎥

⎣ ∂ ⎦
∂𝑥𝑛
A matriz 𝐴 é real simétrica e portanto é diagonalizável, isto é, existe uma matriz
ortogonal 𝑆 (𝑆 −1 = 𝑆 𝑡 ) tal que

𝑆 −1 𝐴𝑆 = 𝐷

em que 𝐷 é a matriz diagonal dos valores próprios de 𝐴.1


Matricialmente, a EDPs (1.29) é reecrita na forma

∂𝑥𝑡 𝐴∂𝑥 𝑢 + 𝐵 𝑡 ∂𝑥 𝑢 + 𝑎0 𝑢 = 𝑔, (1.30)

ou ainda,
∂𝑥𝑡 𝑆(𝑆 𝑡 𝐴𝑆)𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢 + 𝐵 𝑡 𝑆𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢 + 𝑎0 𝑢 = 𝑔.
Atendendo a que 𝑆 𝑡 𝐴𝑆 = 𝐷, a equação anterior é equivalente a

(𝑆 𝑡 ∂𝑥 )𝑡 𝐷(𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢) + 𝐵 𝑡 𝑆(𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢) + 𝑎0 𝑢 = 𝑔.
1
A matriz 𝑆 é construı́da a partir dos vectores próprios de 𝐴 considerando a normalização dos
vectores obtidos com o Processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt: Se os vectores 𝑣𝑗 , 𝑗 =
1, . . . , 𝑟, são linearmente independentes em IR𝑛 , então os vectores


𝑖−1
𝑣𝑖𝑡 𝑢𝑘
𝑢1 = 𝑣1 , 𝑢𝑖 = 𝑣𝑖 − 𝑢𝑘 , 𝑖 = 2, . . . , 𝑟,
∥𝑢𝑘 ∥2
𝑘=1

são linearmente independentes e ortogonais dois a dois.


Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 21

Consideremos, na equação anterior, a mudança de variável 𝑦 = 𝑆 𝑡 𝑥.Atendendo a


∂𝑦 𝑣(𝑦) = 𝑆 𝑡 ∂𝑥 𝑢(𝑆𝑦), obtemos
∂𝑦𝑡 𝐷∂𝑦 𝑢(𝑆𝑦) + 𝐵 𝑡 𝑆∂𝑦 𝑢(𝑆𝑦) + 𝑎0 𝑢(𝑆𝑦) = 𝑔(𝑆𝑦).
Observamos que na última equação obtida não figuram derivadas mistas. Diz-se que
a EDPs (1.29) está na forma canónica.

Definição 1.4 1. Se os valores próprios de 𝐴 têm todos o mesmo sinal, então


a EDPs (1.29) diz-se elı́ptica.
2. Se os valores próprios de 𝐴 são todos não nulos e um deles tem sinal diferente
dos restantes, então a EDPs (1.29) diz-se hiperbólica,.
3. Se um ou mais valores próprios de 𝐴 é nulo, então a EDPs (1.29) diz-se
parabólica.
4. Se dois ou mais valores próprios têm o mesmo sinal e os dois ou mais restantes
têm sinal contrário, então a EDPs (1.29) diz-se ultra-hiperbólica.

Se a dimensão da matriz 𝐴 é inferior ou igual a três, então as três primeiras


designações esgotam todas as possibilidades para os valores próprios. Se a dimensão
da matriz 𝐴 é maior ou igual a quatro, então as três primeiras designações não
esgotam todas as possibilidades. Atendendo a este facto, surge naturalmente a
quarta designação. As equações ultra-hiperbólica são as menos comuns nas diversas
aplicações.
Consideremos agora a EDPs (1.29) em que os coeficientes são função da variável
independente. Suponhamos que existe 𝑆 ortogonal tal que 𝑆 𝑡 𝐴(𝑥)𝑆 = 𝐷(𝑥) em
que 𝐷(𝑥) é um matriz dos valores próprios. Procedendo como anteriormente, somos
conduzidos a uma equação do tipo
𝑛 𝑛
∑ ∂ 2 𝑣 ∑ ∂𝜆𝑗 ˆ ∂𝑣
𝜆𝑗 (𝑧) 2 + ( + 𝑏(𝑧)) + 𝑐0 (𝑧)𝑣(𝑧) = 𝑔
∂𝑧𝑗 ∂𝑧𝑗 ∂𝑧𝑗
𝑗=1 𝑗=1

sendo a classificação dada em subconjuntos de IR𝑛 . Podemos ter uma EDPs que
é de um tipo, num determinado subconjunto de IR𝑛 , e de outro tipo num outro
subconjunto.

Exemplo 1.15 Classifiquemos a EDPs


∂2𝑢 ∂2𝑢
+ 2(1 + 𝑐𝑥 2 ) = 0.
∂𝑥21 ∂𝑥2 ∂𝑥3
Comecemos por reescrever a EDPs na forma matricial. Notemos que a EDPs é equiva-
lente a
∂2𝑢 ∂ ∂𝑢 ∂ ∂𝑢 ∂𝑢
2 + (1 + 𝑐𝑥2 ) + (1 + 𝑐𝑥2 ) −𝑐 =0
∂𝑥1 ∂𝑥2 ∂𝑥3 ∂𝑥3 ∂𝑥2 ∂𝑥3
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 22

e portanto temos
∂𝑥𝑡 𝐴∂𝑥 𝑢 + 𝐵∂𝑥 𝑢 = 0
em que

⎡ ⎤

∂𝑥1
⎡ ⎤
1 0 0
⎢ ⎥
⎢ ∂ ⎥
∂𝑥 = ⎢ ⎥, 𝐴=⎣ 0 0 (1 + 𝑐𝑥2 ) ⎦ , 𝐵 = [0 0 − 𝑐].
⎢ ⎥
∂𝑥2
0 (1 + 𝑐𝑥2 ) 0
⎢ ⎥
⎣ ∂ ⎦
∂𝑥3
Os valores e vectores próprios de 𝐴 são

𝜆1 = 1, 𝑣1 = (1, 0, 0)
1 1
𝜆2 = 1 + 𝑐𝑥2 , 𝑣2 = (0, √ , √ )
2 2
1 1
𝜆3 = −(1 + 𝑐𝑥2 ), 𝑣3 = (0, √ , − √ )
2 2
Logo a equação diferencial é
1. parabólica se 𝑥2 = − 1𝑐 , (𝑐 ∕= 0),

2. hiperbólica se 𝑥2 > − 1𝑐 e se 𝑥2 < − 1𝑐 , (𝑐 ∕= 0)

3. hiperbólica se 𝑐 = 0.
Façamos a redução da EDPs dada à sua forma canónica. Seja 𝑆 a matriz ortogonal
dos vectores próprios. Definamos
𝑧 = 𝑆 𝑡 𝑥.
Consideremos a mudança de variável 𝑧 = 𝑆 𝑡 𝑥. Logo ∂𝑧 = 𝑆 𝑡 ∂𝑥 e 𝑆𝑧 = 𝑥. A EDPs é
equivalente à EDPs
∂𝑧𝑡 𝐷∂𝑧 𝑣(𝑧) + 𝐵𝑆∂𝑧 𝑣(𝑧) = 0
em que 𝑣(𝑧) = 𝑢(𝑆𝑧) e
⎡ ⎤
⎡ 1 ⎤ 0 0
1 0 0 𝑐
0 (1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 )) 0
⎢ ⎥
𝐷 = ⎣ 0 (1 + 𝑐𝑥2 ) 0 ⎦=⎢ ⎥.

⎢ 2
0 0 −(1 + 𝑐𝑥2 )
⎣ 𝑐 ⎦
0 0 −(1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 ))
2
Deste modo a última EDPs é equivalente a

∂2𝑣 𝑐 ∂2𝑣 𝑐 ∂2𝑣 2 ∂𝑣 ∂𝑣
2 + (1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 )) 2 − (1 + √ (𝑧2 + 𝑧3 )) 3 + ( − ) = 0.
∂𝑧1 2 ∂𝑧2 2 ∂𝑧3 2 ∂𝑧2 ∂𝑧3
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 23

1.6 EDPs homogéneas e EDPs não homogéneas- Princı́pio de Duha-


mel
O estudo da estabilidade foi feito para EDPs homogéneas. No entanto existe
uma relação muito estreita entre a solução de uma EDPs homogénea e a sua versão
não homogénea.
Consideremos a equação diferencial não homogénea

∂2𝑢
+ 𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0, (1.31)
∂𝑡2
ou
∂𝑢
+ 𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0, (1.32)
∂𝑡
com condições inicial e/ou de fronteira homogéneas e em que 𝐿 é um operador
diferencial linear envolvendo apenas derivadas parciais relativamente às componentes
de 𝑥.
Consideremos agora a versão homogénea da EDPs (1.31), isto é, 𝑔(𝑥, 𝑡) = 0.
Fixemos 𝜏 ≥ 0 e seja 𝑣(𝑥, 𝑡) a solução de

∂2𝑣
+ 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 𝜏, (1.33)
∂𝑡2
em que as condições de fronteira, a existirem, são as mesmas que as consideradas
para 𝑢, e as condições iniciais são:

1.
∂𝑣
𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 0, (𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 )
∂𝑡
se a EDPs é hiperbólica,

2.
𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 )
se a EDPs é parabólica.

Atendendo a que a solução do problema com 𝑔 = 0 depende do instante inicial 𝜏,


representamos esta solução por 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) e supomos que é suficientemente regular.
Definamos ∫ 𝑡
𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏.
0
Seja ∫ 𝑦
𝐺(𝑦, 𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏.
0
Então
𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝐺(𝑡, 𝑥, 𝑡),
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 24

e portanto
∂𝑢 ∂𝐺 𝑑𝑦 ∂𝐺
(𝑥, 𝑡) = (𝑡, 𝑥, 𝑡) + (𝑡, 𝑥, 𝑡)
∂𝑡 ∂𝑦 𝑑𝑡 ∂𝑡
∫ 𝑡
∂𝑣
= 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝑡) + (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏 .
0 ∂𝑡
Por outro lado ∫ 𝑡
𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏
0
e
𝑣(𝑥, 𝑡) = 𝑔(𝑥, 𝑡).
Logo
∫ 𝑡 ∫ 𝑡
∂𝑢 ∂𝑣
+ 𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝑡) + (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏 + 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏
∂𝑡 0 ∂𝑡 0
∫ 𝑡
∂𝑣
= 𝑔(𝑥, 𝑡) + ( (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) + 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 )) 𝑑𝜏
0 ∂𝑡

= 𝑔(𝑥, 𝑡).

Relativamente à condição inicial temos

𝑢(𝑥, 0) = 0.

Provámos o seguinte resultado:

Teorema 1.4 Seja 𝐿 um operador diferencial linear envolvendo apenas deriva-


das espaciais, 𝜏 ≥ 0 e 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) a solução de
∂𝑣
+ 𝐿𝑣 = 0, 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 𝜏 ,
∂𝑡

𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 ), 𝑥 ∈ Ω,

suficientemente regular, então


∫ 𝑡
𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏, 𝑡 ≥ 0, 𝑥 ∈ Ω
0

verifica
∂𝑢
+ 𝐿𝑢 = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡

𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ Ω.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 25

No que diz respeito à EDPs hiperbólica temos


∂𝑣
𝑣(𝑥, 𝑡; 𝑡) = 0, (𝑥, 𝑡; 𝑡) = 𝑔(𝑥, 𝑡),
∂𝑡
e ainda
𝑡 𝑡
∂2𝑢
( )
∂ ∂𝑣
∫ ∫
+ 𝐿𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝑡) + (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏 + 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏
∂𝑡2 ∂𝑡 0 ∂𝑡 0
𝑡
∂ ∂2𝑣

= 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝑡) + ( (𝑥, 𝑡; 𝜏 ) + 𝐿𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 )) 𝑑𝜏
∂𝑡 0 ∂𝑡2

= 𝑔(𝑥, 𝑡).

Mais ainda,
∂𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 0, (𝑥, 0) = 𝑣(𝑥, 0; 0) = 0.
∂𝑡
Provámos o seguinte resultado:

Teorema 1.5 Seja 𝐿 um operador diferencial linear envolvendo apenas deriva-


das espaciais, 𝜏 ≥ 0 e 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) a solução de

∂2𝑣
+ 𝐿𝑣 = 0, 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 𝜏,
∂𝑡2

𝑣(𝑥, 𝜏 ) = 0, 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑣
(𝑥, 𝜏 ) = 𝑔(𝑥, 𝜏 ), 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑡
suficientemente regular, então
∫ 𝑡
𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡; 𝜏 ) 𝑑𝜏, 𝑡 ≥ 0, 𝑥 ∈ Ω
0

verifica
∂2𝑢
+ 𝐿𝑢 = 𝑔(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡2

𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑢
(𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ Ω.
∂𝑡
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 26

Nos resultados anteriores considerámos EDPs não homogénas. No entanto, re-


lativamente às condições de fronteira considerámos apenas condições homogéneas.
Vejamos seguidamente como podemos relacionar as solução de um problema com
condição de fronteira não homogéneas com a solução do correspondente problema
com condição de fronteira homogénea.
Seja 𝑢 a solução do problema diferencial
∂𝑢
+ 𝐿𝑢 = 0, 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡

𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω,

𝑢(𝑥, 𝑡) = ℎ(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ ∂Ω.𝑡 ≥ 0

Seja 𝑣(𝑥, 𝑡) suficientemente regular tal que 𝑣(𝑥, 𝑡) = ℎ(𝑥, 𝑡) para 𝑥 ∈ ∂Ω e 𝑡 ≥ 0.


Consideremos a solução do seguinte problema
∂𝑤 ∂𝑣
+ 𝐿𝑤 = −( + 𝐿𝑣), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡 ∂𝑡

𝑤(𝑥, 0) = −𝑣(𝑥, 0) + 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω

𝑤(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑥 ∈ ∂Ω, 𝑡 ≥ 0.
Então
𝑢=𝑤+𝑣
é solução do problema inicial.
Suponhamos agora que problema diferencial apresenta derivada de segunda or-
dem em relação a 𝑡 e tem as condições iniciais
∂𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥), (𝑥, 0) = 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ Ω
∂𝑡
e a condição de fronteira
𝑢(𝑥, 𝑡) = ℎ(𝑥, 𝑡), 𝑥 ∈ ∂Ω.
Se 𝑣(𝑥, 𝑡) (suficientemente regular) definida em Ω̄×[0, +∞) é tal que 𝑣(𝑥, 𝑡) = ℎ(𝑥, 𝑡)
para 𝑥 ∈ ∂Ω e 𝑤(𝑥, 𝑡) é solução do problema diferencial
∂2𝑤 ∂2𝑣
+ 𝐿𝑤 = −( + 𝐿𝑣), 𝑥 ∈ Ω, 𝑡 > 0,
∂𝑡2 ∂𝑡2
∂𝑤 ∂𝑣
𝑤(𝑥, 0) = −𝑣(𝑥, 0) + 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω, (𝑥, 0) = − (𝑥, 0) + 𝑔(𝑥), 𝑥 ∈ Ω,
∂𝑡 ∂𝑡

𝑤(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑥 ∈ ∂Ω, 𝑡 ≥ 0.
então 𝑣 + 𝑤 é solução do problema inicial.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 27

1.7 Alguns problemas


1. Considere o problema de Cauchy

∂𝑢 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
Δ𝑢 = 0, 𝑥 ∈ IR, 𝑦 > 0, 𝑢(𝑥, 0) = 0, (𝑥, 0) = , 𝑥 ∈ IR.
∂𝑦 𝑛

𝑠ℎ(𝑛𝑦)𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
Mostre que 𝑢(𝑥, 𝑦) = para 𝑥 ∈ IR e 𝑦 ≥ 0 é solução do problema
𝑛2
dado. Mostre que o problema de Cauchy considerado não é bem posto.

2. Determine a solução do problema

3𝑢𝑦 + 𝑢𝑥𝑦 = 0, 𝑥 ∈ IR, 𝑦 > 0,𝑢(𝑥, 0) = 𝑒−3𝑥 , 𝑢𝑦 (𝑥, 0) = 0, 𝑥 ∈ IR.

O problema de Cauchy anterior é bem posto?

3. Estude a estabilidade das seguintes EDPs em função dos parâmetros envolvidos

(a) 𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑡𝑡 + 𝜌𝑢 = 0,


(b) 𝑐𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑡 = 0,
(c) 𝑢𝑡𝑡 − 𝑢𝑥𝑥 + 𝛾𝑢 = 0
(d) 𝑢𝑡𝑡 − 𝛾 2 𝑢𝑥𝑥 + 2𝛽𝑢𝑡 = 0, 𝛽 > 0.

O problema de Cauchy associado é bem posto?

4. Considere a EDPs
∂3𝑢 3
2 ∂ 𝑢 ∂2𝑢 2
2∂ 𝑢
− 𝛾 + − 𝑐 =0
∂𝑡3 ∂𝑥2 ∂𝑡 ∂𝑡2 ∂𝑥2
e as funções 𝑢𝑘 (𝑥, , 𝑡) anteriormente utilizadas. Determine a relação para 𝜆(𝑘)
e estude a estabilidade. (Note que se 𝑎3 > 0, 𝑎1 > 0 e 𝑎1 𝑎2 > 𝑎3 então
𝑃 (𝜆) = 𝜆3 + 𝑎1 𝜆2 + 𝑎2 𝜆 + 𝑎3 tem zeros com parte real negativa.)

5. (a) Mostre que a EDPs

∂2𝑢 √ ∂2𝑢 ∂𝑢 ∂𝑢
2
+2 2 +3 − + 2𝑢 = 0
∂𝑥 ∂𝑥∂𝑦 ∂𝑥 ∂𝑦
é hiperbólica e determine a sua forma canónica. Considere a trans-
formação
𝑣(𝑧1 , 𝑧2 ) = 𝑒𝑥𝑝(𝛼𝑧1 + 𝛽𝑧2 )𝑤(𝑧1 , 𝑧2 )
e determine 𝛼 e 𝛽 de modo a eliminar as derivadas de primeira ordem.
Métodos Matemáticos da Fı́sica : Textos de Apoio J.A.Ferreira 28

(b) Determine as regiões onde a EDPs de Tricomi

𝑢𝑥𝑥 + 𝑥𝑢𝑦𝑦 = 0

é elı́ptica, parabólica ou hiperbólica. Reduza a EDPs anterior à sua forma


canónica.
(c) Mostre que a EDPs

3𝑢𝑥1 𝑥1 − 2𝑢𝑥1 𝑥2 + 2𝑢𝑥2 𝑥2 − 2𝑢𝑥2 𝑥3 + 3𝑢𝑥3 𝑥3 + 5𝑢𝑥2 − 𝑢𝑥3 + 10𝑢 = 0

é elı́ptica mostrando que os valores próprios da matriz 𝐴 são 𝜆1 = 1, 𝜆2 =


3 e 𝜆3 = 4. Determine a sua forma canónica.
(d) Classifique a EDPs

∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂2𝑢 ∂2𝑢


+ 2 + + 2 − (1 + 𝑥𝑦)𝑢 = 0.
∂𝑥2 ∂𝑥∂𝑦 ∂𝑦 2 ∂𝑧 2

(e) Reduza a EDPs

𝑢𝑥𝑥 + 3𝑢𝑦𝑦 − 2𝑢𝑥 + 24𝑢𝑦 + 5𝑢 = 0

à EDPs
𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑦𝑦 + 𝑐𝑣 = 0
considerando a mudança de variável

𝑢 = 𝑣𝑒𝑥𝑝(𝛼𝑥 + 𝛽𝑦).

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