2021 DAS PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS No Brasil as práticas comerciais abusivas estão dispostas no art. 39 do Código de Defesa do Consumidor– CDC (Lei 8.078/1990).
Inciso IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor,
tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços.
Aproveitar da fraqueza ou ignorância do consumidor, explorando a baixa
capacidade do consumidor naquele momento. É beneficiar-se dos pontos fracos e vulneráveis da pessoa. Tal inciso tem base na legislação constitucional, que trata do princípio da dignidade humana que norteia as relações jurídicas, e complementa o art. 4°, inciso I, que atesta taxativamente a vulnerabilidade do consumidor em suas relações no mercado de consumo. Exemplo: empréstimo ao aposentado, ao empregado rural, empréstimo aquelas pessoas que em razão de suas condições, em razão do momento em que elas estão vivendo são assediadas por pessoas que acabam incentivando a contratação de determinados serviços ou produtos que não são interessantes, acabam prometendo muitas melhorias e na verdade entregam uma situação de desespero.
Artigo 39, IV, do CDC. Trata-se de proteção conferida aos
hipervulneráveis/hipossuficientes - àqueles que apresentam maior fragilidade em função da idade, saúde, condição social ou conhecimento.
No inciso IV do Artigo 39 a pessoa que se prevalece da fraqueza ou ignorância
do consumidor coloca seu interesse econômico acima de qualquer valor, inclusive valores humanos em razão do desejo pelo lucro, o ocnsumidor é assediado por pessoas que acabam incentivando a contratação de determinados produtos ou serviços. Nesse passo, é de todo oportuno trazer à baila o entendimento do preclaro mestre que obtempera: “Em regra, no exame das práticas abusivas em sentido amplo, não cabe discutir se o fornecedor agiu com dolo (intenção) ou culpa na realização das condutas descritas. Deve-se verificar objetivamente se a conduta do fornecedor ou resultado de sua ação se encaixa na descrição normativa. Todavia, há exceções, a depender da redação normativa da conduta do fornecedor cujo verbo pode indicar a necessidade de demonstração da presença de elemento subjetivo (v. comentários ao art. 39, IV).” BITTAR, Carlos Alberto. Direitos do consumidor: código de defesa do consumidor. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.
Diversas decisões versam sobre as praticas abusivas do Código de defesa do
consumidor, na qual consta o Inciso IV do Artigo 39 que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providencias. Neste sentido, a jurisprudência abaixo trata-se de Apelação interposta por NUTOP PRODUTOS FUNCIONAIS LTDA, contra a sentença que julgou procedentes os pedidos formulados na Ação de Desconstituição de Débito ajuizada por NELLY VIEIRA BIELEMANN, que recorre adesivamente. Em suas razões de apelação a ré alegou que não infringiu os preceitos da lealdade e transparência na venda de seus produtos, frisando que a apelada comprou os produtos por mera liberdade, menciona que suas atividade é exclusivamente através do telefone e Internet. De outro lado, a autora ingressou com recurso adesivo, em suas razões sustentou que o pedido de antecipação de tutela não foi analisado de forma célere. Foram apresentadas contra razões de ambas as partes. Dos votos, é relatado que a autora conta com 87 anos de idade, e segundo ela, possui dificuldades advindas da própria idade, que de primeira vez a ré ofereceu produtos denominados Ómega 3 e após passou a receber contatos periódicos no intuito de que adquirisse remessas extras doa mesmo produto, o que, de fato, ocorreu inúmeras vezes. Nesse contexto foi mantido a sentença que reconheceu o direito da autora à desconstituição do débito, pois foi observado que a autora possui idade avançada e a oferta do produto foi por meio telefónico, oportunidade em que o funcionário da ré ofereceu, por meio de uma fala rápida e sem pausas a remessa dos frascos. Entendendo que o caso concreto trata de prática abusiva, prevista no inciso IV do artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Ante exposto, o voto foi pelo parcial provimento do recurso de apelação da ré, para reduzir os honorários advocaticios, e para prover o recurso adesivo da autora.
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO.
AÇÃO DE DESCONSTITUIÇÃO DE DÉBITO, COM PEDIDO ALTERNATIVO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. VENDA DE PRODUTOS POR MEIO TELEFÔNICO. CONSUMIDORA COM IDADE AVANÇADA. INDUÇÃO À COMPRA PELA DEMANDADA. CONTEXTO PROBATÓRIO QUE DEMONSTRA A PRÁTICA ABUSIVA DA RÉ. INCIDÊNCIA DO ART. 39, INC. IV, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DIREITO À DESCONSTITUIÇÃO DO DÉBITO. DEVOLUÇÃO, EM DOBRO, DA PARCELA PAGA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS REDUZIDOS COM BASE NO § 8º DO ART. 85 DO CDC. RECURSO DE APELAÇÃO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO E RECURSO ADESIVO DA AUTORA PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70079915369, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Vivian Cristina Angonese Spengler, Julgado em 30/05/2019).
(TJ-RS - AC: 70079915369 RS, Relator: Vivian
Cristina Angonese Spengler, Data de Julgamento: 30/05/2019, Décima Sexta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/06/2019)