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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 50ª VARA DO

TRABALHO DE JOÃO PESSOA – PB

(10 linhas)

Processo nº.: 98.765

FLORICULTURA FLORES BELAS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ sob o nº ..., com sede na Rua ... nº ..., bairro ..., na cidade de ..., CEP ...,
endereço eletrônico ..., nos autos da Reclamação Trabalhista em epígrafe, que lhe move
ESTELA, por seu advogado infrafirmado (procuração anexa), com endereço
profissional completo/CEP, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
base no artigo 847 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), combinado com os
arts. 336 e seguintes do Código de Processo Civil, aplicados subsidiariamente ao
Processo do Trabalho, por força do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC, apresentar
CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO, consoante os fundamentos fáticos e jurídicos
a seguir expendidos:

1. DOS FATOS

ESTELA, trabalhou na FLORICULTURA FLORES BELAS LTDA no período


de 25.10.2012 a 29.12.2017, exercendo a função de floricultora, em que perfazia a
jornada de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com 2h de intervalo, e aos sábados,
das 16h às 20h e recebi o salário mensal no valor correspondente a dois
salários-mínimos, quando foi dispensada sem justa causa.

No entanto, a RECLAMANTE ajuizou a presente demanda objetivando a


condenação da RECLAMADA, requerendo os seguintes pedidos:

- a aplicação da penalidade criminal cominada no Art. 49 da CLT contra os


sócios da ré́ , uma vez que eles haviam cometido a infração prevista na referido diploma
legal;
- o pagamento de adicional de penosidade, na razão de 30% sobre o salário-base,
porque, no exercício da sua atividade, era constantemente furada pelos espinhos das
flores que manipulava; - o pagamento de horas extras com adição de 50%, explicando
que cumpria a extensa jornada de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com intervalo
de duas horas para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo;
- o pagamento da multa do Art. 477, § 8o, da CLT, porque o valor das verbas
resilitórias somente foi creditado na sua conta 20 dias após a comunicação do aviso
prévio, concedido na forma indenizada, extrapolando o prazo legal.

Deu à causa o valor líquido de R$...

2. DA DEFESA PRELIMINAR DE CONTESTAÇÃO

2.1. DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A reclamante requer a aplicação da penalidade cominada no Art. 49 da CLT


contra os sócios da ré. Aduz que foi obrigada a assinar um documento autorizando a
subtração mensal, contra a sua vontade, para aderir ao desconto para plano de saúde.

Ocorre que, nos termos do Art. 114, IX, da CF/88, compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar controvérsias decorrentes da relação de trabalho, não
abrangendo penalidade criminal, sendo esta incompetente para tal. Ademais, segundo o
Art. 337, II, do CPC/15, cabe ao réu, antes de discutir o mérito alegar a incompetência
absoluta e relativa.

Posto isto, o pedido de aplicação de penalidade criminal contra os sócios da ré


não pode ser pleiteado, em razão da incompetência absoluta da Justiça do Trabalho.

3. DA DEFESA PREJUDICIAL (INDIRETA) DE MÉRITO

3.1. DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

A reclamante laborou de 25.10.2012 à 29.12.2017 na reclamada e ajuizou a


reclamação trabalhista em 27.02.2018.
Preceitua o Art. 7º, XXIX, da CF/88 e Art. 11, da CLT que a pretensão quanto a
créditos trabalhistas prescreve em cinco anos após a extinção do contrato de trabalho e a
Súmula 308, I, do TST dispõe que respeitado o biênio subsequente à cessação
contratual, a prescrição quinquenal conta-se da data do ajuizamento da reclamação
trabalhista.

Sendo assim, suscita-se a prescrição em relação às pretensões anteriores a


27.02.2013, tendo em vista que o ajuizamento da ação deu-se em 27.02.2018.

4. DA DEFESA DIRETA DE MÉRITO

4.1. DO PLANO DE SAÚDE

A Reclamante afirma que foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de


saúde, tendo assinado na admissão, contra a sua vontade, um documento autorizando a
subtração mensal.

Ocorre que, no ato da admissão, a Reclamante assinou o documento autorizando


o desconto de plano de saúde (doc. Anexo).

Sustenta a OJ 160 da SBDI-1 que é inválida a presunção de vício de


consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com
descontos salariais na oportunidade da admissão. Vale ressaltar que é de se exigir
demonstração concreta do vício de vontade.

Nesse diapasão, a Súmula 342 do TST dispõe que são válidos os descontos
salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do
empregado, para ser integrado em planos de assistência médico-hospitalar, o que não
afronta o disposto no Art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de
coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico, não sendo este o caso.

Ademais, o Art. 818, I da CLT e o Art. 373, I, do CPC/15 estabelecem que o


ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito.

Sendo assim, o desconto a título de plano de saúde ocorreu dentro da legalidade,


sem qualquer vício de vontade em relação à assinatura, já que é válida a autorização de
desconto feita no momento da admissão, cabendo a Reclamante o ônus de provar
qualquer ilegalidade nesse sentido, não devendo prosperar a sua alegação.

4.2. DO ADICIONAL DE PENOSIDADE

A Reclamante pleiteia o recebimento de adicional de penosidade, na razão de


30% sobre o salário-base, porque, no exercício da sua atividade, era constantemente
furada pelos espinhos das flores que manuseava.

Embora previsto no Art. 7º, XXIII, da CF/88 o adicional de remuneração para as


atividades penosas, o mesmo não foi regulamentado.

Sendo assim, o pedido de pagamento de adicional de penosidade na proporção


de 30% sobre o salário-base não deve prosperar, uma vez que não consta previsão na
CLT e não foi regulamentado em lei especial.

4.3. DAS HORAS EXTRAS

A Reclamante alega que faz jus ao recebimento de horas extras com adição de
50%, em razão da jornada de trabalho, laborava de segunda a sexta-feira, das 10h às
20h, com intervalo de 2 horas para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h, sem
intervalo, totalizando 44h semanais.

O Art. 58 da CLT dispõe que a duração normal do trabalho, para os empregados


em qualquer atividade privada, não excederá de 8h diárias e o Art. 7º, XIII da CF/88
assenta que a duração do trabalho normal não será superior às 8h diárias e 44h
semanais. Vale destacar que o Art. 71, § 2º da CLT alinha que os intervalos não serão
computados na duração do trabalho.

Sendo assim, a Reclamante não faz jus ao recebimento das horas extras
pleiteadas, pois o módulo constitucional de 8h diárias e 44h semanais não foi
ultrapassado.
4.4. DA MULTA DO ART. 477, § 8º da CLT

A Reclamante verbera que o pagamento das verbas resilitórias extrapolou o


prazo legal, que somente foi creditada na sua conta 20 dias após a comunicação do aviso
prévio.

Conforme estabelece o Art. 477, § 6º da CLT, o pagamento dos valores


constantes do instrumento de rescisão ou recebido de quitação deverá ser efetuado até
dez dias contados a partir do término do contrato de trabalho.

Sendo assim, é infundado o pedido de pagamento da multa prevista no Art. 477,


§ 8, da CLT, vez que o pagamento das verbas devidas foi dentro do prazo legal.

5. DA RECONVENÇÃO

Conforme disposição expressa do Art. 343 do CPC/15, na contestação, é lícito


ao Réu propor reconvenção, para manifestar pretensão própria, conexa com a ação
principal ou com o fundamento da defesa, o que faz pelas razões de fato e de direito a
seguir.

A Reclamante ao ser cientificada do aviso prévio teve uma reação violenta,


gritando e dizendo-se injustiçada, sendo necessário que a segurança a contivesse e
acompanhasse até a porta de saída. Quando deixava o prédio, a Reclamante correu e
pegou uma pedra que arremessou violentamente contra o prédio da Reclamada, vindo a
quebrar uma das vidraças. A empresa gastou R$ 300,00 na recolocação do vidro
danificado, conforme nota fiscal (doc. Anexo).

Conforme disposto no Art. 186 do CC/02, aquele que por ação, violar o direito e
causar dano a outrem, comete ato ilícito, já o Art. 927 do mesmo diploma legal,
assegura que, aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Sendo assim, requer o valor de R$ 300,00, relativo ao vidro quebrado pela


Reclamante.
6. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Conforme disciplinado no Art. 791-A, da CLT, ao advogado serão devidos


honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Outrossim, a teor do § 5º,
do Art. 791-A da CLT, são devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

Desse modo, requer honorários de sucumbência na ação principal e na


reconvenção, nos termos supra.

7. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, a RECLAMADA, requer a presente CONTESTAÇÃO


seja recebida para os devidos fins e efeitos legais e que seja acolhida preliminar de
contestação, nos termos do art. 485 do CPC; e na hipótese de não acolhimento que seja
acolhida então a prejudicial de mérito e na derradeira hipótese de afastamento desta; que
os todos os pedidos apresentados na petição inicial sejam julgados improcedentes em
integralidade.

Requer ainda que os autos da RECONVENÇÃO sejam distribuídos por


dependência à RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, processo no 98.765, desta Vara do
Trabalho; bem com a procedência do pedido formulado e nela apresentado, condenando
a reclamante reconvinda no pagamento do valor de R$300,00, com acréscimo de juros e
correção monetária. Pede ainda que a RECONVINDA seja intimada para, querendo,
apresente sua defesa, sob pena de revelia e confissão fática.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos no


ordenamento jurídico brasileiro, mormente as provas testemunhal, documental, pericial
e outros que se fizerem necessárias e que desde já ficam requeridas.

Requer ainda que a RECLAMANTE seja condenada ao pagamento dos


honorários advocatícios e honorários sucumbenciais nos termos dos arts. 789 e 791-A,
ambos da CLT.
Dá-se à causa o valor de R$ ...

Nestes termos,

Pede deferimento,

Local, data,

Advogado e OAB nº ...

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