Você está na página 1de 15

§

TEORIA GERAL DO CRIME I


ASTRIGILDO CULOLO
CONTEÚDO DO CAPÍTULO IV - TEORIA GERAL DA INFRACÇÃO
➤OBJECTO MÉTODO E FUNÇÃO
➤EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE
CRIME
➤A INFRAÇÃO PENAL E SEUS ELEMENTOS
➤ASCAUSAS DA EXCLUSÃO DA ILICITUDE E
DA CULPABILIDADE
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
➤ ESCOLA CLÁSSICA
➤ Ernest Ludwig von Belling (1866-1932) jurista alemão
➤ Franz Eduard Ritter von Liszt (1851-1919) jurista, criminologista alemão
➤ crime: acção típica, ilícita e culposa
➤ ESCOLA NEOCLÁSSICA
➤ introduz algumas “adendas” aos postulados da escola clássica
➤ foca-se mais no autor dos factos
➤ valoriza o factor subjectivo
➤ ex. não é crime matar por legítima defesa ou o médico ferir no âmbito da intervenção cirúrgica
l

➤ ESCOLA FINALISTA
➤ a acção é um acontecer final e não causal tendo em conta a previsão do homem
OBJECTO, MÉTODO E FUNÇÃO DA TEORIA GERAL DA INFRACÇÃO
➤ TEORIA GERAL DA INFRAÇÃO
➤ Define os elementos ou categorias essências e comuns de todos os crimes e define a relação entre
eles
➤ OBJECTO
➤ Determinação, definição das características essenciais e comuns a todos os crimes
➤ MÉTODO
➤ Ponto de partida o direito penal positivo (Normas penais), tendo em atenção os princípios da política
criminal
➤ FUNÇÃO
➤ Certeza e segurança jurídica, evitando o improviso, a intuição o improviso e a arbitrariedade
➤ Igualdade de tratamento para os cidadãos
➤ Visão de conjunto das normas penais
CRIME CONTRAVENÇÃO E ILÍCITO CIVIL
➤ Crime: facto descrito e declarado passível de pena por lei anterior à sua prática (artigo
1.º do CP) praticado com culpa (artigo 11º do CP)
➤ Contravenção: factos apenas puníveis com multa - consiste na violação, ou na falta de
observação das disposições previstas na Lei e regulamentos ,
➤ Para a punibilidade da transição basta que o agente pretende praticar o ato
determinado, sem qualquer consideração dos motivos que levam a tal prática
➤ Ilícito civil - incumprimento de um contrato
➤ O objecto do contrato apenas diz respeito as partes a a sua punição é regulada pelo
direito civil,
➤ O Direito Penal pune as condutas que lesam bens essenciais a existência da vida e da
sociedade como por exemplo o direito à vida ou a integridade física
A ACÇÃO
➤ Acção (facto criminoso) acção humana que exterioriza uma vontade e provoca
mudanças (negativas) no mundo exterior.
➤ Acção (facere) o agente faz algo que não se deve, acto proibido, entrando em
contradição com as normas e valores da sociedade.
➤ Na acção o acto praticado é o principal elemento constitutivo do crime
➤ Actos irrelevantes ou actos da natureza (não são considerados acção)
➤ meras decisões interiores
➤ actos reflexos
➤ actos praticados sob absoluta inconsciência
➤ actos praticados sob força irresistível
➤ actos causados por animais ou forças naturais
ACÇÃO - O QUE NÃO CONSTITUI ACÇÃO
➤ Meras decisões interiores - pensamentos e cogitações que nunca chegam
à realidade “cogitationis poenam nemo pacitur”
➤ Actos reflexos - os actos praticados por movimentos incontrolados do
corpo não são puníveis (causar danos em função de uma ataque
epiléptico)
➤ Actos praticados sob absoluta inconsciência (sonambulismo)
➤ Actos praticados sob força irresistível (agiu sob ameaças de morte)
➤ Actos praticados por animais
➤ Actos praticados pelas forças da natureza.
O QUE PODE SER CONSIDERADO COMO ACÇÃO
➤ Contrariedade com as normas e regras de convivência
➤ mudanças negativas no mundo exterior, contrárias as regras
de convivência social e as normas estabelecidas
➤ Inadequação social do acto praticado acção
➤ Perigo para a convivência social
➤A inadequação social e o perigo para a sociedade são as
condições sine qua non
CRIMES COMISSIVOS E CRIMES OMISSOS
➤ Crimes COMISSIVOS (matar, retirar, ofender) verbos que pressupõem acção
➤ crimes comissivos com resultado - crimes materiais (homicídio)
➤ crimes comissivos sem resultado - crimes formais (envenenamento)
➤ Crimes OMISSIVOS (deixar de) verbos que pressupõem inação, quando há
um dever de agir
➤ A obrigação de agir pode ser (art. 8.º n.º2 do CP)
➤ legal
➤ contratual
➤ ou quando tiver o agente criado perigo por força de acção ou omissão sua
A OMISSÃO
➤ Omissão - nada fazer, quando se tem obrigação de agir
➤ Consequênciado não fazer - mudança negativa no
mundo exterior
➤ Omissão própria - o tipo legal prevê especialmente a
conduta que deve ser prestada
➤ Abandono de assistência (art. 247.º do CP)
OMISSÃO PRÓPRIA

ARTIGO 247.º
(Abandono de assistência)
1. Aquele que, sem justa causa, deixar de prover à subsistência do
cônjuge ou de pessoa com quem viva em união de facto reconhecida, de
filho menor de 18 anos ou incapaz para o trabalho ou de ascendente
incapacitado, não lhes proporcionando os recursos necessários ou
faltando ao pagamento da pensão alimenIcia a que esteja judicialmente
obrigado ou, sem justa causa, deixar de socorrer descendente ou
ascendente gravemente doentes, é punido com pena de prisão até 2
anos ou com a de multa até 240 dias.
OMISSÃO IMPRÓPRIA
➤Omissão imprópria - o tipo legal de crime apenas
prevê uma conduta abstrata
➤O segurança, a babá o salvador de praia
➤Ex. omissão de auxílio
OMISSÃO IMPRÓPRIA

ARTIGO 208.º
(Omissão de auxílio)
1. Quem, podendo fazê-lo sem grave risco para a vida, a
integridade Psica ou a liberdade, suas ou de terceiro, deixar de
prestar auxílio à pessoa víDma de acidente, calamidade pública
ou qualquer outra situação suscepIvel de pôr em perigo a vida, a
integridade Psica ou a liberdade de qualquer pessoa, ou deixar de
pedir à autoridade pública o socorro necessário para afastar o
perigo, é punido com a pena de prisão até 1 ano ou com a de
multa até 120 dias.
O NEXO DE CAUSALIDADE
➤ Ligação entre o resultado e o movimento corpóreo que provoca a mudança no mundo exterior
(relação de causa efeito)
➤ TEORIA DA “conditio sine qua non”
➤ Também conhecida como a teoria das condições equivalentes
➤ Maxmilian von Buri - a causa é o conjunto das condições de que resulta o efeito
➤ O resultado deve ser visto em função das condições que o tornaram possível
➤ Condição: TODO O ANTECEDENTE SEM O QUAL O RESULTADO NÃO SERIA POSSÍVEL
➤ Basta que o agente tenha posto qualquer uma das condições
➤ Ex: A empurra B e este cai e fractura um membro. Internado para receber tratamento médico,
B falece por ter contraído uma infecção microbiana grave no hospital, por falta de assepsia no
estabelecimento. Esta morte é imputada a A.

NEXO DE CAUSALIDADE
➤ TEORIA DA “Causalidade adequada”
➤ A ação dever ser idónea para produzir o resultado, o resultado deve ser uma consequência típica
daquela acção
➤ Isto deve ser observado em função das regras gerais da experiência comum aplicadas ao caso concreto
➤ procura-se determinar se o agente, segundo as suas condições e capacidades pessoais deveria/poderia
prever o resultado
➤ CAUSALIDADE NAS ACÇÕES NEGLIGENTES
➤ nos crimes negligentes a ilicitude não se exprime apenas pelo nexo causal entre a acção e resultado -
há a VIOLAÇÃO DE UM DEVER DE CUIDADO
➤ EX. acidente de viação onde morre o culpado
➤ A negligencia não reside no facto de se ter causado o resultado, mas no facto de se ter uma conduta
incorrecta.
➤ Ex.a mãe manda o filho à escola sabendo que deve atravessar a estrada onde podem ocorrer acidentes

Você também pode gostar