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Universidade Federal de Pernambuco

Departamento de Genética

Transcrição e Tradução

Prof. Dr. Rafael Guimarães


rafael.lguimaraes@ufpe.br
rafaelguimaraesufpe.wix.com/genetica
Dogma Central
Estrutura do RNA
Estrutura do RNA
Grupo Fosfato Açúcar
(Ribose)
Bases Nitrogenadas
RNA menos estável

Estrutura secundária –
várias formas – RNA várias
funções diferentes na
célula.
DIFERENÇAS DNA - RNA
Característica DNA RNA
Composto por nucleotídeos sim sim
Tipo de açucar Desoxirribose Ribose
Grupo OH 2´C não sim
Bases ATC G AUCG
Nucleotídeos unidos por ligações fosfodiéster sim sim
Geralmente
Filamento Bifilamentar Unifilamentar

Estrutura Secundária Dupla hélice Vários tipos


Estabilidade Estável Menos estável
Classes de RNA

üRNA Ribossômico (rRNA): junto com as subunidades proteicas


ribossomais à Ribossomo: local de montagem da proteína.

üRNA Mensageiro (mRNA): leva as instruções codificantes do


DNA para formar a proteína. Após ligar-se ao ribossomo, o mRNA
especifica a sequência de aminoácidos de uma cadeia polipeptídica
e fornece o molde para a união dos aminoácidos.

üRNA Transportador (tRNA): ligação entre a


sequência codificante de nucleotídeos do
mRNA e a sequência de aminoácidos da cadeia
polipeptídica.
Classes de RNA – auxiliares

üpré-mRNA: precursor do mRNA – são modificados para se


tornarem mRNAs maduros.

üsnRNA (pequeno RNA nuclear): processamento dos pré-


mRNAs (spliceossomo) – remoção dos íntrons do pré-mRNA.

üsnoRNA (pequeno RNA nucleolar): processamento do


rRNA.

üscRNA (pequeno RNA citoplasmático): funções


variadas no citoplasma e desconhecidas de modo geral.

ümiRNA ou miR (microRNA): bloqueiam a expressão dos


mRNAs à degradam o mRNA ou reprimem sua tradução.
ü Outros...
Classes de RNA
EUCARIONTES

Origem
transcricional
de ≠s tipos de
RNAs
Transcrição
Síntese da molécula de RNA – Processo Eficiente
1. Diferente da Replicação: apenas parte do DNA é transcrita –
um/alguns genes são transcritos em RNA.

2. Grande parte do DNA não codifica produto funcional.

3. Processo altamente seletivo: os genes são transcritos apenas quando


seus produtos são necessários.
Requisitos para a transcrição

1. Molde de DNA;

2. Matéria-prima: trifosfatos de ribonucleosídeos


(rNTPs) à nova molécula de RNA;

3. Aparato de transcrição: proteínas à catalisar a


síntese do RNA.
Molde de DNA

1. A síntese de RNA é complementar e com polaridade inversa à fita de DNA;


2. Novos nucleotídeos são aderidos ao grupo 3’OH;
3. Sentido 5’ à 3’;
4. Fita não-molde não é transcrita.
UNIDADE DE TRANSCRIÇÃO

Trecho do DNA que codifica uma molécula de RNA e as sequências


necessárias para a sua transcrição – ponto de início da transcrição.
Aparato de transcrição basal:
RNA polimerase + fatores de transcrição + complexo de proteínas (mediadores)
RNA POLIMERASE
Enzima que catalisa a síntese de RNA
durante a transcrição.
RNA-Polimerases das Células
Eucarióticas
• RNA-polimerase I – grandes rRNA

• RNA-polimerase II - pré-mRNA, snoRNA, snRNA e


miRNA

• RNA-polimerase III - tRNAs, pequenos rRNA,


snRNAs e miRNA
A transcrição inicia quando a RNA polimerase se liga à região
PROMOTORA no início do gene.
Bolha de 12 - 14 ntds

Catalisa a adição de
ribonucleotídeos Deselicoidiza e
à cadeia crescente de re-helicoidiza
RNA o DNA

Mantém separadas
as fitas do DNA
e o produto de RNA
Etapas da Transcrição

1. Iniciação

2. Alongamento

3. Terminação

Transcrito primário ou pré-mRNA


é o produto imediato da transcrição
1. Iniciação da Transcrição
EUCARIOTOS

Região Promotora

Inr

GENE

CERNE DO PROMOTOR: antecede o gene que será transcrito.

PROMOTOR REGULADOR: proteínas ativadoras se ligam àafetam taxas de transcrição.

Reconhecimento do promotor é feito por proteínas acessórias que se ligam a ele


e requisitam uma RNA-polimerase específica (I,II ou III) para o promotor.
Promotor é ASSIMÉTRICO

O que define o sentido da


transcrição: Promotor indica:
§ Onde começa a transcrição,
Região -35 → TATA box
§ Em qual sentido a RNA-
polimerase irà se mover,
§ Qual será a fita molde.
1. Iniciação da Transcrição
PROCARIONTES

O aparato de transcrição é
montado no promotor e começa
a síntese de RNA...
Iniciação eucarionte

FATORES GERAIS DE TRANSCRIÇÃO


§ Proteínas específicas exigidas pela RNA
polimerase para o início da transcrição.

§ Ajudam a posicionar corretamente a RNA


polimerase no promotor.

§ Auxiliam na separação da dupla-fita do DNA


para o início da transcrição.

§ Liberam a RNA polimerase do promotor após


o início da transcrição para permitir a extensão.
Acentuadores

Acentuadores Promotor

TATA box
Acentuadores podem estar distantes do sítio
de iniciação

Formação de alças no DNA


RNA-Polimerase II

Taxa Máxima de transcrição

Promotores Acentuadores

Elementos próximos
Promotores Taxa transcrição

Proteínas ativadoras da
transcrição
Como a dupla fita de DNA é aberta para o início da transcrição ???

Ø Proteína de Ligação ao TATA box


(TBP): liga-se ao sulco menor do DNA
abrindo a dupla fita do DNA,
deselicoidizando parcialmente.
Etapas na formação do aparelho de transcrição

1. TFIID liga-se a região TATA no promotor;

2. A ligação de TFIIA e TFIIB;

3. TFIIF e RNA polimerase II;

4. TFIIE, TFIIH se juntam ao complexo.


TFIIH usa ATP para fosforilar a RNA-
polimerase II, mudando a sua conformação.
Com isso, a RNA-polimerase é liberada do
complexo e é capaz de iniciar a transcrição .
1) TFIID liga-se ao TATA box no
promotor cerne

2) Os TFs e a RNA-pol II ligam-se ao promotor cerne

3) Proteínas ativadoras de transcrição


ligam-se a seqs nos acentuadores

4) DNA faz alça que permite a interação das


proteínas ligadas ao acentuador com o
aparelho basal de transcrição

5) Proteínas ativadoras transcricionais ligam-se a


seqs no promotor regulador e interagem com o
aparato de transcrição basal através do mediador.
Diferenças básicas entre RNA-polimerases
procarióticas e eucarióticas...

1) Reconhecimento do promotor feito por proteínas acessórias,


os FATORES GERAIS DE TRANSCRIÇÃO:
• Se ligam ao promotor;
• Requisitam uma RNA-polimerase específica (I, II ou III);
• Início da transcrição.

2) PROTEÍNAS ATIVADORAS DE TRANSCRIÇÃO (regulam):


• Induzem altos níveis de transcrição;
• Ligam-se a seqs + distantes = ACENTUADORES.

3) RNA-polim. à lidar com os nucleossomos e outras formas de


estruturação da cromatina.
A enzima se mantém no promotor enquanto sintetiza e libera curtos
transcritos (de 2 a 6 nts) enquanto permanece ligada ao promotor.

Retardo nessa fase devido a eventos abortivos.

A iniciação termina quando a enzima tem sucesso na extensão da cadeia


(≈9 a 12 nts) e escapa do promotor (mudança conformacional).
2. Alongamento
EUCARIONTES

Após sintetizar ≈30 pb de RNA à RNA-polimerase II deixa o promotor

Inicia o estágio de alongamento da transcrição.

Taxa de erro aproximada = 1 a cada 104 nts


3. Término
EUCARIONTES

A RNA polimerase atinge sequências específicas no DNA molde que


sinalizam o término da transcrição (TERMINADOR).

A molécula completa de RNA (TRANSCRITO PRIMÁRIO) é liberada da RNA


polimerase e esta se dissocia do DNA-molde, ficando livre para a
transcrição do mesmo gene ou de outros genes.
3. TÉRMINO
RNA-polimerase I RNA-polimerase II RNA-polimerase III

Fator de Término Através de uma Sequência


sequência consenso que finalizadora Us na
marca um ponto de corte molécula de RNA
na ponta 3´do pré mRNA
Se liga a uma produzindo o mRNA final
sequência de DNA
posterior ao sítio de
término da transcrição
Enzima chamada Rat 1
Processamento do pré-mRNA

ADIÇÃO DO CAP
Diferencia o mRNA dos outros
tipos de RNA na célula;
sinaliza a extremidade 5’ do
mRNA;
importante para a exportação
do mRNA para o citoplasma.
Splicing do RNA

Realizado pelo spliceossomo =


complexo de RNA e proteínas.

Excisão de íntrons e união de éxons


à mRNA maduro à citoplasma e
participar do processo de tradução.

Mais de 50 tipos de
proteínas são necessárias para
cada evento de splicing!!!
Splicing alternativo
Exportação do RNA maduro para o
citoplasma
Exportação seletiva:

O complexo do poro nuclear reconhece e exporta apenas mRNAs


completos.

O mRNA pronto para exportação deve estar ligado a um grupo apropriado


de proteínas, tais como o complexo de ligação ao CAP, e deve estar livre de
outras proteínas, como as que participam do seu processamento.
VÍDEO
A parte de imagem com identificação de
relação rId4 não foi encontrada no arquivo.
TRADUÇÃO

Síntese de Proteínas
Replicação
Transcrição
Splicing

Tradução
Estrutura da Proteína

- Aminoácidos – Cadeia Polipeptídica


O CÓDIGO GENÉTICO
Decifrando o Código Genético

Códon - se apresenta na forma de triplets


(3 nucleotídeos) - AGG

• Quantos códons considerando a existência de 20 aa


– 4 Bases (A, G, C ou U)
– 3 nucleotídeos por códon

4 x 4 x 4 = 64 códons

20 aminoácidos
Aminoácidos básicos Aminoácidos ácidos Aminoácidos polares neutros

Serina Treonina
(Ser – S) (Thr – T)
Ácido Aspártico Ácido Glutâmico
(Asp – D) (Glu – E)
Histidina
Lisina
Arginina (His – H) Aminoácidos “especiais”
(Lys – K)
(Arg – R)

Os 20 Asparagina Glutamina
(Asn – N) (Gln – Q)
aminoácidos Cisteína
(Cys – C)
Glicina
(Gly – G)
Prolina
(Pro – P)

Aminoácidos hidrofóbicos - apolares

Alanina Valina Isoleucina Leucina Metionina Fenilalanina Tirosina Triptofano


(Ala – A) (Val – V) (Ile – I) (Leu – L) (Met – M) (Phe – F) (Tyr – Y) (Trp – W)
Código Genético

- 61 códons codificam aminoácidos


- 3 códons finalizadores (UAA, UAG e UGA)
O CÓDIGO GENÉTICO

• CARACTERÍSTICAS
1. Universalidade
2. Organização em trincas
3. Redundante
4. Não se sobrepõe
5. Ponto Fixo (Início e Término)
6. Não apresenta sinais de separação
1. Universalidade do Códon

• Todos os organismos compartilham o mesmo códon para


especificar um determinado aminoácido

– Existem algumas exceções:

Genes mitocondriais

Genes nucleares de protozoários e bactérias


2. Está organizado em trincas
3. O Código é Redundante

Aminoácido pode ser


especificado por mais de
um códon
Cada códon designa
apenas um aminoácido
4. O Codigo é Não Sobreposto

Código não
sobreposto
1 2 3 4 5
DNA ATG CCA TTG AGA TGA CG .....
1
2 Quadro Aberto de Leitura (ORF)
3

Código sobreposto
5. Sinais de Início e Fim

AUG UAA
UAG
UGA

Primeiro códon do mRNA a


especificar um aminoácido (MET)
Final da proteína

Outros códons são lidos em grupos


sucessivos de 3 em 3 nucleotídeos
6. Não Apresenta Sinais de Separação

AUG (MET) UAA


ME
T
UA
A
TRADUÇÃO
4 ESTÁGIOS:
1.LIGAÇÃO aa - tRNA
2.INICIAÇÃO
3.ALONGAMENTO
4.TÉRMINO
RNAs:
TRÊS PAPÉIS NA TRADUÇÃO

• mRNA: transporta a informação genética transcrita do


DNA sob a forma de uma série de sequências
trinucleotídicas (CÓDONS), cada uma especificando um
certo aa.

• tRNA: chave para decifrar os códons do mRNA; cada aa possui


seu próprio conjunto de tRNAs, cada um com um ANTICÓDON
complementar ao códon do mRNA.

• rRNA: se associa a um conjunto de proteínas formando os


ribossomos, que catalisam a união dos aa sob a forma de cadeias
polipeptídicas.
Ribossomos

Extremidade
aminoterminal Extremidade
(NH2) carboxiterminal
(COO-)
tRNA
Sítio de ligação ao aa

Pareia com o códon complementar no mRNA


1. LIGAÇÃO DO aa AO tRNA
Cada tRNA é específico
para um determinado tipo Aminoacil-tRNA
de aminoácido sintetase:
catalisa a união de
um aa específico
com seu tRNA.

IDENTIFICAÇÃO

O grupo carboxila do aminoácido liga-se ao grupo hidroxila 2’ ou 3’ no


nucleotídeo da ponta 3’ do tRNA onde a base é sempre uma adenina.
1. LIGAÇÃO DOS aa AO tRNA

ANTICÓDON tRNA
CÓDON mRNA

• União de um aa específico com seu tRNA +


• Pareamento anticódon do tRNA com o códon do mRNA

Fundamentais para a incorporação do aa correto na proteína!


2. INICIAÇÃO

Formação do Complexo de Iniciação da tradução:

ümRNA
ü Subunidades menor e maior do ribossomo
ü Proteínas = Fatores de Iniciação: eIFs
ü tRNA iniciador = tRNAMet
ü GTP
a) O ribossomo tem 2 subunidades que
constantemente se unem e se separam.

b) IF3 liga-se à subunidade menor do ribossomo


impedindo que a subunidade maior se ligue,
permitindo a ligação da subunidade menor ao
mRNA.

c) tRNA carregado com metionina forma um


complexo com IF2, GTP e IF1 e liga-se ao códon
de iniciação (AUG) no mRNA por pareamento de
bases entre o códon e o anticódon.

d) IF1, IF2 e IF3 se dissociam do complexo, GTP é


hidrolisada em GDP e a subunidade maior do
ribossomo liga-se ao complexo de iniciação.
3. ALONGAMENTO

ü Complexo Iniciação
ü tRNAs (aa)
ü Proteínas = Fatores de Alongamento: EF-Ts, EF-Tu e EF-G
ü GTP
a) 3 Sítios no ribossomo podem ser ocupados por tRNAs:
P = peptidil, A= aminoacil e E = (exit) saída.
tRNAMet ocupa o sítio P, outros tRNA ocupam primeiro o sítio A.

b) EF-Ts, EF-Tu, GTP e tRNA = formam um complexo e entram no sítio A do


ribossomo, após o pareamento de códon e anticódon.

c) GTP é clivado em GDP + Pi e os EFs são liberadas para se unirem a outro tRNA.
d) É formada uma ligação peptídica entre os aa nos sítios A e P, liberando o sítio P

e) O ribossomo move-se até o códon seguinte com o auxílio de EF-G e GTP, e o


tRNA que estava no sítio P vai para o sítio E e sai para o citoplasma. O tRNA que
estava no sítio A vai para o sítio P e libera o sítio A para recebe outro tRNA

Com exceção do tRNA iniciador (met), todos os outros tRNA ocupam o sítio A
depois o sítio P e por fim o sítio E, saindo do ribossomo.
4. TÉRMINO
Ocorre quando um códon de parada é alcançado.
Auxílio de fatores de liberação (proteínas).

a) Quando o ribossomo encontra o códon de


parada, não há tRNA com anticódon que
possa parear com o códon no sítio A.

b) Fatores de Liberação RF-1 ou RF2 ligam-se ao


sítio A promovendo a clivagem do tRNA no sítio
P que libera o polipeptídeo, e RF-3 e GTP ligam-
se ao ribossomo.

c) GTP associado a RF-3 é hidrolisado e tRNA,


mRNA e fatores de liberação são liberados do
ribossomo.
Polissomos
• Cada molécula de mRNA pode ser traduzida simultaneamente por vários
ribossomos;
• O conjunto ribossomos + mRNA = polissomo ou polirribossomo.

Ribossomos:
• Movem-se ao longo do mRNA sempre de 5'à3'
• Cada ribossomo funciona independentemente dos demais.
MUDANÇAS PÓS-TRADUCIONAIS DA PROTEÍNA
• Para que a proteína seja útil à célula, a nova cadeia polipeptídica pode passar
por modificações:

– Ligar-se a algum cofator;


– Remoção de aminoácidos,
– Se dobrar sob conformação tridimensional ativa, com o auxílio de
proteínas chamadas CHAPERONAS MOLECULARES;
– Ser modificada por enzimas, com adição de fosfatos ou açúcares a certos
aminoácidos;
– Associação de diferentes polipeptídeos para formar a estrutura
quaternária de uma proteína
subunidades b

Ex.: HEMOGLOBINA Grupo Heme


(prostético)
2 tipos de cadeias polipeptídicas:
subunidades a e b
subunidades a
RESUMO
VÍDEO
rafaelguimaraesufpe.wix.com/genetica

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