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DERMATITE ATÓPICA
EPIDEMIOLOGIA
● Houve um aumento da prevalência nas últimas quatro décadas;
● 60% dos casos apresenta sintomas no 1o ano de vida, e quanto mais precoce =
mais a DA duradoura durante a vida
● 85% dos casos surgem até 5 anos de vida
● Forma leve está presente em 80% das crianças com DA
● 70% dos casos com DA leve melhora gradual até o final da infância, lá para os 10
anos de idade.
● Casos graves tendem a persistir durante a vida adulta.
DEFINIÇÃO
É uma doença inflamatória da pele, muitas vezes relacionada com autoimunidade.
É de caráter crônico e recidivante. Assim, apresentar eczema uma vez não confere o
diagnóstico. Para o diagnóstico, é necessário haver períodos de melhora intercalados com
períodos de piora. Além disso, a criança tem de base uma pele seca, chamada na medicina
de xerose cutânea. É aquela pele que você olha e observa uma coloração acinzentada, e
também é possível observar descamação mesmo sem eczema.
Um sintoma cardinal da DA também é o prurido intenso, visto que esses pacientes
têm, em geral, um baixo limiar para tolerância de prurido. Esse prurido pode ser
desencadeado por calor, roupas apertadas, tecidos sintéticos. Esse sintoma é tão incômodo
que é possível observar as lesões ocasionadas pelo prurido já em bebês. Há ainda uma
associação muito forte com atopia, que pode ser pessoal (lactente sibilante) ou ter
familiar de asma (70%), rinite alérgica e conjuntivite e/ou DA.
FISIOPATOLOGIA
● FATORES AMBIENTAIS
A DA é altamente influenciada pelo ambiente. Pacientes expostos a ambientes com
muitos irritantes, como perfumes, cheiros fortes, sabonete inadequados, ambientes de muito
estresse, contato com bactérias patogênicas (que não fazem parte do microbiota normal da
pele), favorecem uma dermatite mais grave ou recidivante, ou seja, mais demorada para
resolver.
● RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS
Em geral, os pacientes possuem respostas imunológicas exacerbadas. Assim,
podem reagir exageradamente a antígenos simples, como ácaros e pêlos de animais,
fazendo com que o paciente apresente uma inflamação na pele bem alterada, mesmo que o
contato com o alérgeno seja aéreo.
● INFECÇÕES
São um problema muito sério para a permanência da inflamação, visto que as
bactérias e os fungos agem como superantígenos. Infecções virais, como molusco
contagioso e varicela, causam quadros mais importantes nas crianças com DA. Isso porque
a resposta à infecção viral não é muito satisfatória, já que o organismo está mais
preocupado com inflamar do que responder às infecções. Até mesmo infecções
respiratórias podem causar descontrole e piora da DA, por causa da resposta a essa
infecção viral.
● DISFUNÇÃO DA BARREIRA CUTÂNEA
É o carro chefe para o desenvolvimento da doença. Visto que a disfunção da
barreira cutânea impacta no processo de proteção que a pele deveria ter. Ocorrem
alterações inclusive na imunidade inata da pele do paciente, levando a uma defesa
ineficiente a infecções.
Na parte de cima do esquema
está representada uma pele normal,
em que as bolinhas azuis
representam o filme endolipídico
(ceramidas), responsável pela
barreira de proteção contra a perda
de água pela pele. Logo abaixo, há o
estrato córneo representado pelos
corneócitos. Esses corneócitos, que
podem ser considerados tijolos, junto
com a barreira lipídica, considerada o
cimento por ajudar na coesão dos
corneócitos, constituem a barreira
física da pele. São responsáveis por
impedir a perda de água e a entrada
de antígenos. Na parte debaixo da
imagem (representa a pele com DA), há uma disfução na barreira, em que se pode observar
uma menor produção do filme endolipídico, deformidade dos corneócitos e redução da
barreira lipídica e da filagrina (está diminuída em até 50% dos casos de DA).
Consequentemente, há uma maior perda transepitelial de água e maior entrada de
antígenos, levando a inflamação.
A inflamação causa o prurido, que também é
consequência da xerose. Isso porque na xerose há
uma estimulação dos nervos periféricos, e estímulo
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é conduzido a medula, sendo uma causa central de prurido. Nesse caso, não é um
mecanismo histaminérgico. Por causa disso, anti-histamínicos não resolvem os quadros de
DA, diferentemente do que acontece com a urticária que responde bem a essa classe de
medicamentos.
Como consequência do prurido o indivíduo vai coçar, levando as lesões de coçadura que
irão recrutar células inflamatórias, e assim piorar a inflamação. Isso é um ciclo vicioso.
Assim, se o eczema não for tratado, esse paciente não irá melhorar.
- Infecções
No paciente com DA, há uma diminuição de peptídeos antimicrobianos, o que leva
ao aumento da expressão de citocinas perfil linfócitos Th2 (IL-4 e IL-13), que são
inflamatórias. Isso torna o paciente mais suscetível a superinfecções.
- Alterações imunológicas
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é essencialmente clínico, e os exames laboratoriais servem de suporte. Em
1980, Hanifin & Hajka criaram critérios diagnósticos para DA. É preciso ter um critério maior
e dois menores para fechar o diagnóstico. Atualmente, utilizamos outros critérios mais
modernos, mas todos os achados desse critério podem ser vistos nos pacientes com DA.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
É importante ter em mente os diagnósticos diferenciais da DA. São muitos, porque
muitas doenças de pele e doenças sistêmicas causam lesões na pele que simulam DA. É
muito raro observar DA em neonatos, visto que ela geralmente se manifesta ao 2º mês de
vida. Assim, na presença de lesões características nessas crianças devemos suspeitar de
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EXAMES LABORATORIAIS
● Hemograma - avaliar eosinofilia
● IgE Total
● IgE específica – in vivo ou in vitro
● Teste de provocação oral - suspeita de alergia alimentar. É realizado em ambiente
hospitalar.
TRATAMENTO
Banho: Tem que ser rápido e morno, visto que os extremos de temperatura podem piorar a
barreira da pele. Recomendações:
● ASBAI e SBP 2006:
○ Evitar uso de sabonetes com fragrâncias e corantes
● ASBAI e SBP 2017:
○ Banhos rápidos de 5 a 10 minutos
○ Água morna 27-30C
○ Usar sabonete líquido, com ph adequado, no final e enxaguar
○ Secar a criança com toalha macia, sem fricção
Sabonete: pH deve ser ácido ou neutro. Nenhum sabonete em barra infantil tem pH ácido,
todos são alcalinos. Assim, usar sabonete líquido na faixa de pH adequada.
Irritantes e exacerbantes: é importante que o paciente conheça e evite-os. É muito comum
ter reação a roupas sintéticas e apertadas, calor excessivo (suor é um irritante).
Saúde mental: Fornecer apoio psicológico inclusive para os pacientes com DA leve.
Educação do paciente e família: Explicar sobre a doença.
Tratamento Medicamentoso:
● Pele com eczema:
○ Corticóide tópico baixa-moderada potência: Depende do nível da lesão, em
lesões mais importantes utilizar os CE de maior potência.
○ E/ou inibidor da calcineurina tópico (necrolimus ou tacrolimus): O inibidor de
calcineurina é melhor para áreas de pele mais fina, como genital e face, mas
tem um custo maior.
● Pele liquenificada:
○ Corticóide tópico moderada a alta potência e/ou inibidor da calcineurina
tópico: utilizar em pomada, mas sempre avaliar os efeitos colaterais locais e
sistêmicos do corticoide. Evitar uso prolongado.
○ Antibióticos se necessário: se houver lesões infectadas.
○ Esquema pró ativo: Usar corticoide 2x/semana, por 8 semanas, para evitar
o surgimento de lesões. Banho com hipoclorito diluído para diminuir a
colonização da pele por staphylococcus e reduzir o pH. É recomendado
para pacientes que têm infecção de repetição.
● Pacientes refratários e com necessidade de internação: sempre avaliar com
cuidado devido o risco das medicações. São pacientes acompanhados com
especialista.
○ Terapia sistêmica: imunossupressores (metotrexato e ciclosporina)
○ Imunobiológico (Dupilumab)
Outras Recomendações:
● Manter a amamentação pelo maior tempo possível previne o surgimento da DA.
● Evitar aeroalérgenos domiciliares
● Vacinação deve estar em dia, visto que doenças como a varicela podem se
manifestar de maneira grave em pacientes com DA
● Cuidados em relação a infecção por staphylococcus
PROGNÓSTICO
Possuem pior prognóstico:
– História familiar de atopia
– Sexo feminino
– Gravidade das lesões
– Associação com outras manifestações atópicas (asma).
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DERMATITE DE CONTATO
Eczema causado por agente exógeno conhecido muito frequente em adultos, por se
exporem mais a diversas substâncias químicas. Corresponde a 10% das consultas
dermatológicas. É uma doença universal, com acometimento crescente na infância (slime,
maquiagem, produtos escolares) e pouco acometimento da raça negra. Existem mais de
3700 produtos conhecidos, que podem causar dermatite de contato.
MECANISMOS
I - Irritação primária (DC irritativa): Dano tecidual direto (ácidos ou álcalis). Leva a
lesão direta da pele.
II - Sensibilização (DC alérgica) – reação de hipersensibilidade tipo IV (reação
tardia). É preciso que haja sensibilização e ativação celular. A proliferação de celular e a
reação de sensibilização ocorre pelo menos 48 horas após o contato com o antígeno.
III - Relacionada com exposição solar
– DC fotoalérgica: é necessário ativação do antígeno pela luz e ação do
sistema imunológico para ocorrer.
– DC fototóxica: é necessário do contato com o antígeno e da ação para
ocorrer, sem necessidade de ação do sistema imune.