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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Artes

Anderson Ladislau da Rocha

RELATÓRIO ESTÁGIO I CAP-UERJ

Rio de Janeiro
2018
Anderson Ladislau da Rocha

RELATÓRIO ESTÁGIO I CAP-UERJ

Trabalho apresentado à disciplina


de Estágio Supervisionado,
ministrada pela Prof.ª Daniela
Seixas, do curso de Licenciatura em
Artes Visuais, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro
2022
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RELATÓRIO DA DISCIPLINA ESTÁGIO I CAP-UERJ

O presente trabalho é um relatório da disciplina Estágio I, do CAP-UERJ, em


Artes Visuais. Trata-se de uma atividade prática que consiste na observação em
salas de aula do Ensino Fundamental I, realizado do período de 1º de agosto e
finalizado em 14 de setembro de 2022, com uma carga horária de 30h. No final,
apresentamos um trabalho em conjunto com os alunos e alunas, sob supervisão da
professora Marcela Gaio, que nos acompanhou atentamente na prova-aula.
Durante as aulas observadas no CAP, notamos as variações
comportamentais de cada estudante. Alguns mais atenciosos, outros mais agitados
e outros com certo desinteresse nas aulas. Contudo os professores e professoras
sempre demonstraram certa habilidade em atrair a atenção das estudantes fazendo
com que participassem das atividades. Um comportamento em comum, era a
agitação logo após as atividades de Educação Física. Era necessário, na maioria
dos casos, esperar alguns minutos para que a adrenalina e os batimentos
diminuíssem e voltassem ao estado de calmaria para somente então, a aula ser
iniciada.
Certa ocasião, observei uma conversa paralela na sala entre mais de dois
estudantes. Tratava-se do desconforto de uma aluna quando ouviu de uma das suas
colegas que ela era filha de pai branco. Ela reagiu negativamente ao comentário
rejeitando esta afirmação. Logo, percebi que ela tinha consciência de que seus pais
eram pretos e que ela tinha esta identificação e se orgulhava disto. No texto
SUPERANDO O RACISMO NA ESCOLA, organizado por Kabengele Munanga, é
abordado o preconceito com a cor negra que sempre é associada ao mau (pg. 27,
28). Contudo, no caso desta aluna, ao meu ver, foi completamente superado.
Certamente este episódio é uma demonstração de que os programas de políticas
étnico raciais têm dado respostas positivas. Quando a ideia de mau é transformada
em bem, de algo ruim em algo bom, as crianças internalizam sua imagem e
associam ao bom, ao belo fazendo com que tenham orgulho e segurança em
assumir a sua cor, seu cabelo e sua ancestralidade, sobretudo.
Em dado momento, uma menina agiu com certa violência com um menino
porque ela queria ver seu álbum de figurinhas, mas por ser hora da aula, ele não
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deixou. Imediatamente ela reagiu esbravejando, falando algo, descontroladamente,


chamando a atenção de todas as pessoas na sala, inclusive da professora que foi
obrigada a intervir. Levou-a para fora da sala, ficaram algum tempo fora e depois
retornaram, com a menina mais calma. Logo após o ocorrido, refleti sobre a
realidade desta criança em sua casa e me perguntei sobre que tipo de relação ela
possuía com seus pais. Será que ela sofria violência, os pais eram agressivos? Me
perguntava em como uma criança se descontrolava daquela forma sem qualquer
controle emocional. A discrição e o cuidado no diálogo separado de todo mundo foi,
sem dúvida, um gesto de amor e preocupação da professora com a aluna me
fizeram atentar para uma construção de relacionamento e troca de confiança, tão
necessários no fazer cotidiano educacional.
Ao longo do período, tivemos encontros com a prof.ª Daniela Seixas, onde
participamos das discussões sobre os textos, atividades e dinâmicas em sala de
aula. Sempre sob a orientação da prof.ª Daniela, elaboramos um plano de aula para
compreendermos como se dá o planejamento das aulas em Artes Visuais. Esta
etapa era necessária para a prova-aula e, para tanto, cada tópico foi discutido,
reavaliado e readequado de acordo com o objetivo estabelecido.
O objetivo do plano de aula era fazer com que os alunos e alunas refletissem
sobre as imagens tridimensionais presentes no espaço urbano. Para tanto,
realizamos uma atividade prática em que eles tiveram que desenhar as fachadas
dos prédios e qualquer outro elemento construtivo observado no trajeto das suas
casas até a escola ou outro trajeto qualquer.
Em nossos encontros na UERJ, expus meu receio em ter que lidar com o
inesperado durante a prova-aula. Com a ideia elaborada e os objetivos traçados,
este receio foi se dissipando gradativamente porque a clareza da proposta, graças
as discussões e as ideias compartilhadas, dirimiram qualquer eventualidade na
prova-aula.
Finalmente, o resultado minha expectativa. Todas elas executaram
brilhantemente a atividade e, em conjunto puderam observar a construção de uma
parte da paisagem urbana construída a partir de suas lembranças e de seus olhares
para o ambiente urbano. Para a assimilação desta atividade, foi essencial que lhes
mostrasse um exemplo. A compreensão de transportar um desenho feito em 2D
para o 3D deu-se, em certa medida, neste exemplo dado a partir de um protótipo
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feito para tal demonstração. Muito embora tenha compreendido como um ponto
fundamental para o sucesso da atividade, talvez tenha limitado a atuação dos alunos
e alunas, quando buscaram repetir algumas partes do desenho que havia mostrado
para eles e elas. Para que elas se sentissem à vontade e pudessem usufruir da sua
imaginação, tive o cuidado de acompanhar um por um e observar se o que estavam
fazendo estava condizendo com a proposta. Sugeri o uso direto com a caneta para
não perdermos tempo tendo que sublinhar as linhas feitas a lápis. O
redimensionamento dos papéis, ou seja, inicialmente elaborado para fazer no
tamanho A4, para o tamanho A5, contribuiu significativamente para a administração
do tempo e sua execução no prazo estabelecido.

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