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HMP: Há 1 mês iniciou com edema de membros inferiores e escroto, com piora progressiva. Há 2 semanas
apresentando ortopneia e dispneia paroxística noturna.
Antecedentes:
Infarto agudo do miocárdio em 2012, com ACTP (angioplastia) + implante de stent na ACX (artéria coronária
circunflexa).
HAS de longa data.
Diabetes mellitus há 20 anos.
Ex-tabagista, cessou há 8 anos.
Hfam + para DAC – pai com CRM aos 75 anos.
Obesidade.
Etilismo social.
Medicações em uso:
Losartana 50mg 12/12 horas.
Carvedilol 12,5mg 12/12 horas.
Metformina 850mg 12/12 horas.
Glibenclamida 5mg 2x/dia.
AAS 100mg 1x/dia.
Digoxina 0,25 ½ comprimido 1x/dia.
Anlodipino 5mg 1x/dia.
Exame físico:
REG, corado, taquipneico.
Peso: 92kg | Altura: 168cm | IMC: 32,6
PA: 126/82 mmHg | FC: 116 bpm | SatO2 em ar ambiente e sentado: 95%.
Turgência venosa jugular a 45°.
AR: pulmões com murmúrio vesicular reduzido na base direita com discretos estertores creptantes bibasais.
ACV: ictus não visível/palpável, RCI (irregular), taquicárdico, bulhas hipofonéticas.
Abdômen globoso, indolor, sem sinais de ascite.
Extremidades: MMII com edema 3+/4+ simétrico, boa perfusão periférica, pulsos amplos.
Área cardíaca aumentada / cardiomegalia (diâmetro do coração maior que a metade do diâmetro do tórax).
Aumento do AE e VD
Derrame pleural direito pequena a moderado (seio costofrênico parece estar livre, mas o direito não é
possível enxergar).
Aumento da trama vascular – (diversão cranial do fluxo?) sinais de congestão pulmonar.
QRS alargado (122ms) com bloqueio de ramo atípico.
Fluter atrial.
Condução AV tende a ser regular.
Onda F no QRS – não é ritmo sinusal.
Bioquímica do sangue:
Creatinina: 0,8 mg/dL.
Cl. Est. Creat.: > 90 ml/min/1,73m².
Ureia: 53 mg/dL.
Potássio: 4,6 mmol/L.
Sódio: 139 mmol/L.
PCR: 0,7 mg/dL (baixa).
Troponina I: 0,02 mg/dL (baixa).
BNP: 636 pq/mL (acima de 100 é anormal).
Hematológico:
Hb: 15,4 g/dL.
Leucócitos: 9200/mm³.
Plaquetas: 163000/mm³.
Ecocardiograma:
VE: 64/55 mm (diastólico/sistólico) – aumentado.
AE: 50 mm (índice 45 ml/m²) – moderado a grande aumento.
FEVE-Simpson (fração de ejeção): 26% + disfunção diastólica grau III (pior tipo de relaxamento, coração
bastante restritivo).
Fração de ejeção menor de 40% é reduzida.
Insuficiência mitral leve.
Acinesia septal, póstero-inferior e lateral médio basal, demais com hipocinesia difusa (parte do ventrículo
que não bate, e o restante que bate de maneira mais fraca).
Aumento do VD com sinais de disfunção sistólica (disfunção ventricular direita).
PSAP (pressão sistólica na a. pulmonar) estimada de 58 mmHg – hipertensão pulmonar.
Diagnósticos:
ICFER (com fração de ejeção reduzida), etiologia multifatorial (isquêmica + hipertensiva +
taquicardiomiopatia), FEVE de 26%.
CF IV da NYHA.
Flutter atrial atípico com alta resposta ventricular.
Em uso de duplo bloqueio neuro-hormonal: Carvedilol + Losartana.
DEFINIÇÃO:
Incapacidade do coração de suprir as necessidades dos tecidos ou fazê-lo à custa de altas pressões de enchimento.
CATEGORIAS:
OU
OU
IC com FE reduzida.
IC diastólica: FE normal.
IC com FE preservada.
O Homem tem 70 anos, é ex-tabagista, teve um IAM e ficou com disfunção segmentar e FE de 30%.
Por outro lado, a mulher tem 74 anos, HAS, DM, FA (fibrilação atrial), é obesa. Tem FE de 65%, HVE (hipertrofia
ventricular esquerda) e alteração de relaxamento (disfunção diastólica grau I).
Apesar do homem ter menor FE, não necessariamente ele terá mais sintomas que a mulher!
Pacientes com FEP não tem uma sobrevida muito melhor que pacientes com FER. Inclusive, ao longo dos anos, a
sobrevida da ICFER vem tendo uma melhora maior que a melhora da sobrevida dos pacientes com ICFEP, quando
comparados à década de 80, apesar da ICFEP ainda ter uma sobrevida discretamente maior que a ICFER.
Isso se dá, provavelmente, pela descoberta de novos tratamentos para FER que melhora a sobrevida, enquanto
ainda não há, bem definido, intervenções que reduzem a mortalidade dos pacientes com FEP.
DIAGNÓSTICO:
Paciente com FEVE < 40% com sintomas e sinais compatíveis, em princípio, tem seu diagnóstico definido.
Com FEVE > 40% se tiver critério estrutural adicional, como hipertrofia de VE ou sobrecarga atrial esquerda, to ou
disfunção diastólica no ecocardiograma. Além de um BNP ou NT-proBNP elevado, tanto nos pacientes com fração de
ejeção limítrofe quanto preservada (na prática nem sempre se usa BNP ou NO-proBNP se o paciente tem sinais e
sintomas bem definidos. Ele é mais utilizado num paciente que temos dúvida, como quando o paciente tem alguma
pneumopatia).
Resumo:
Probabilidade de IC:
História clínica + sinais e sintomas + qualquer alteração no ECG.
Pelo menos um achado = BNP (ou NT-proBNP) + ecocardiografia.
o Se eco com FEVE < 40% = ICFER.
o ICFEP ou ICFEL dependem da associação de peptídeos natriuréticos com pelo menos uma alteração
ecocardiográfica estrutural (HVE ou SAE) e/ou disfunção diastólica.
CLASSIFICAÇÃO SINTOMÁTICA/FUNCIONAL:
ETIOLOGIA:
Importante definir a etiologia para: direcionar a terapia, para orientar triagem familiar caso seja uma etiologia
que possa acometer familiares, e para estimar o prognóstico.
Pode ser:
• Cardiopatia isquêmica.
• Dano tóxico (por medicamento, radiação, álcool, cocaína, esteroides anabolizantes, metais pesados).
• Relacionada a infecção (paciente séptico e com disfunção ventricular relacionada à sepse ou a infecção
própria do miocárdio): doença de Chagas, citomegalovirose disseminada com acometimento cardíaco.
• Infiltração por doenças malignas, por depósitos ou por doenças autoimunes.
• Acometimentos autoimunes.
• Alterações hormonais.
• Alterações genéticas.
• HAS mal tratada – inicialmente leva a hipertrofia concêntrica e depois excêntrica, com dilatação e
disfunção ventricular progressiva.
• Doenças valvares – congênitas ou adquiridas.
• Doenças pericárdicas.
• Sepsis.
• Anemia.
• Fístula artério-venosa.
• Sobrecarga.
• Bradi ou taquiarritmias.
EXAMES COMPLEMENTARES:
Hemograma – pode ser sintomas por anemia, e corrigindo a anemia já há resolução dos sintomas.
Eletrólitos, função renal (sódio, potássio, ureia, creatinina, TFG) – insuficiência renal com hipervolemia pode
apresentar sinais e sintomas de IC.
Função hepática.
Glicose e hemoglobina glicada.
Perfil lipídico.
TSH – alterações da tireoide.
Ferritina – pode estar associada a doença não só hepática, como miocárdica, na hemocromatose.
Peptídeo natriurético natural (é opcional).
ECG.
RX de tórax (ecocardiograma vem depois, mas se estiver prontamente disponível, pode ser realizado mais
precocemente).
AFASTAR DAC:
- CATE
- Testes não invasivos (RMN, ecoestresse,
cintilografia, angioTC coronárias).
TEORIAS
A IC era vista, inicialmente, como uma doença relacionada à sobrecarga de volume. Evoluindo com resistência aos
diuréticos, retenção de sal e água, disfunção renal. Durante a progressão, com diminuição do débito cardíaco e do
fluxo sanguíneo renal, evoluindo para piora progressiva da função renal e cardíaca.
PROGRESSÃO
Após um evento agudo, mesmo após manejo, a função cardíaca não retorna à função cardíaca prévia, assim como
segue perdendo a função cardíaca e renal mesmo na ausência de novos insultos. Na vigência de um novo insulto, faz
uma piora adicional.
Insultos = IAM, taquiarritmia, piora do funcionamento valvar.
Não só o fenômeno hemodinâmico é responsável pela insuficiência cardíaca, mas também a ativação do sistema
RAA e a ativação do sistema simpático promovem um dano miocárdico sustentado ao longo do tempo.
A IC sempre foi vista como um distúrbio hemodinâmico, mas esse conceito não explica a progressão da doença.
Existe evidência de efeito danoso da ativação simpática e do sistema RAA sobre o coração.
Intervenções terapêuticas devem ser direcionadas ao bloqueio neuro-hormonal.
TRATAMENTO
Objetivos do tratamento da IC:
Melhora sintomática.
Melhora da capacidade funcional (NYHA).
Melhora da qualidade de vida (escores de qualidade de vida).
Redução de reinternações por IC (piora o pognóstico).
Redução da mortalidade.