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ENTREVISTA: Dicas e pegadinhas

Quem participa de um processo seletivo, geralmente, fica temeroso à espera das tão
famosas perguntas: “fale-me de você”, “quais seus pontos fortes”, “fale de seus pontos
fracos”... Não tem jeito. Mas o que será que o selecionador espera ouvir de resposta?
O que exatamente ele quer saber do candidato? Existe uma resposta padrão para
essas perguntas que mais parecem uma pegadinha?

Segundo Ana Paula Dias, ao fazer essas perguntas, o selecionador deseja conhecer
um pouco da personalidade do candidato e se ele está adequado às exigências do
cargo. “Nestes casos, o ideal é que o profissional mencione apenas aspectos positivos
de seu comportamento, mesmo quando falar de seus pontos fracos. É importante
dizer, por exemplo, que é perfeccionista, autocrítico, pois são características que na
verdade serão interpretadas como positivas. Além disso, ainda falando de pontos
negativos, pode-se mencionar características técnicas, porém nestes casos é
importante destacar que já está se aperfeiçoando”.

Mas será que dá para estabelecer uma resposta padrão? Ana Paula diz que não, pois
depende do histórico profissional do candidato. Mentir, jamais; omitir é perdoável, por
isso, responda apenas àquilo que o selecionador está perguntando. Ana Paula alerta
que é perfeitamente possível perceber se o candidato está mentindo. “Isso vai
depender muito da segurança que o profissional irá passar no momento da entrevista,
porém, mesmo que a mentira não seja percebida no momento da entrevista, muito
provavelmente ela será descoberta no momento de se conferir as referências
profissionais ou até mesmo no dia-a-dia do profissional, caso o mesmo venha a ser
contratado, o que com certeza irá prejudicar a sua imagem dentro da empresa”.

Mas, atenção! Todo cuidado é pouco, pois ao responder a essas perguntas, você pode
dar uma resposta inadequada.

“O candidato deve procurar ser objetivo durante a entrevista e não se estender demais
em assuntos que possam trazer algum ponto negativo referente à sua vida
profissional”, comenta a consultora Paula Coutinho. E Ana Paula aproveita para
enfatizar a importância de treinar antes de ir para uma entrevista de emprego, e a
partir deste treino, avaliar o que pode ou não ser dito. “Existem algumas perguntas que
são muito freqüentes durante um processo seletivo, como por exemplo: ‘Por que
deixou o emprego anterior?’, ‘Fale sobre seu chefe’, ‘O que suas referências dirão ao
seu respeito?’... O profissional deve treinar para estas questões e analisar quais os
pontos negativos que surgem das mesmas e que devem ser disfarçados ou menos
enfatizados”.
Seu corpo fala por você

No momento da entrevista, o candidato deve tentar se manter o mais tranqüilo


possível. O selecionador também está atento a qualquer pequeno gesto. “Evite colocar
pertences na mesa do entrevistador; não fique colocando a mão no cabelo a todo o
momento (esta atitude deixa claro certo nervosismo)”... Além disso, desligue o celular
para não passar uma impressão negativa ao selecionador, explica Ana Paula.

O selecionador está de olho em tudo que se passa durante o processo seletivo, pois
qualquer atitude do candidato pode indicar uma característica de seu perfil, que será
condizente ou não com a vaga em aberto. Por este motivo o profissional deve sempre
estar atento a suas atitudes, inclusive durante um café.

“Gestos de apoio, como olhar nos olhos ou balançar a cabeça para quem está falando,
criam empatia (a menos que a outra pessoa perceba que você está escondendo
sentimentos). Todos podem controlar a linguagem corporal, até certo ponto (mas não
totalmente). Em resumo, siga as seguintes dicas: escolha suas palavras com muito
cuidado e seja o mais sincero possível para não ser traído pelo corpo”, diz Paula, que
ainda dá mais algumas dicas para que você preste atenção aos seus gestos:

Ouço e aprovo - A cabeça pende e o olhar é amistoso, mostrando atenção e


aprovação (mão no queixo é sinal de aprovação).

Estou atento - Os olhos atentos e o corpo inclinado para frente indicam atenção e
interesse (sobrancelhas levantadas demonstram interesse).

Este é o meu ponto de vista - Gestos enfáticos com as mãos são uma forma de
reforçar a mensagem verbal (mãos gesticulam para dar ênfase).

Não estou bem certo disso - Morder a caneta indica a necessidade de cuidado e
atenção. Demonstra, ainda, medo e insegurança (o olhar de viés aumenta a
incerteza).

Preciso de conforto - Uma mão afaga o pescoço e a outra abraça a cintura,


indicando a necessidade de reafirmação (os braços apegam-se ao corpo, como forma
de autoconsolo).

Dúvidas e mais dúvidas - Massagear a região entre os olhos (fechados) revela


conflito interno em relação ao que está sendo dito (olhos fechados e sobrancelhas
franzidas expressam dúvida).
”Procuramos profissionais dinâmicos, pró-ativos, organizados, de fácil
relacionamento interpessoal”

Pois é. Você se depara com uma vaga com esses pré-requisitos e não sabe o que
fazer? Como deixar isso claro para o selecionador? Veja o comentário de Ana Paula:

“Este tipo de característica não deve ser mencionada no currículo, pois são
informações subjetivas e que não podem ser avaliadas por meio de um
documento. No currículo o profissional deve citar apenas situações concretas,
ou seja, os resultados alcançados com seu trabalho, os conhecimentos e
experiências na área de interesse, formação etc. No entanto, características
subjetivas devem ser mencionadas no momento da entrevista, onde terá
oportunidade de relacioná-las ao seu dia-a-dia de trabalho, dando maior
credibilidade a elas.”

Ana comenta, ainda, que esses pontos serão mais demonstrados que propriamente
citados, no entanto, caso o selecionador questione sobre eles, o ideal é mencioná-los
junto a um exemplo do dia-a-dia de trabalho, pois desta maneira dará maior
credibilidade ao diálogo. Além disso, mesmo antes de ser questionado, se o
entrevistado perceber a importância de determinada característica, poderá enfatizá-la,
embutindo a mesma em algumas questões.

Veja algumas perguntas e as respostas mais adequadas, segundo a consultora


Paula Coutinho:

- Como você descreve sua própria personalidade?

Nunca descreva sua personalidade como MARCANTE, DIFÍCIL ou FORTE – para o


selecionador estas características podem denotar uma pessoa “encrenqueira”, difícil
de se conviver no dia-a-dia, ou forte demais a ponto de ser intransigente. Tente passar
uma idéia de personalidade cooperativa, entusiasta, criativa, conciliadora, objetiva e
prática. E fale de sua marca registrada: o que diferencia você das outras pessoas?

- Por que você quer sair da empresa?

Todo profissional entra em uma organização para resolver problemas. Se, passado
muito tempo e sem uma clara visão externa da empresa, ele começa a FAZER PARTE
do problema, está na hora de mudar de emprego (antes que façam isso por ele).
Como dizer isso de forma mais amena para os recrutadores? Aí vão, novamente,
respostas prontas que sempre funcionam: ‘

Procuro novos desafios’, ‘Eu tenho um bom potencial e acredito em mim’.


“Realização profissional e financeira”.
- Quais seus objetivos em longo prazo?
Fale em termos profissionais, sendo bem objetivo: ser diretor de engenharia, gerente-
geral ou algo similar. Mostre que traçou metas, pretende fazer cursos, MBA, Mestrado,
Doutorado, idiomas...

- Quais são seus objetivos em curto prazo?


Seja específico. "Quero ser ANALISTA, por exemplo, ou outro cargo ascendente em
minha carreira", lembrando sempre o cargo em questão.

- O que você procura em um determinado emprego?


Desafio, envolvimento e chance para contribuir para a empresa.

- Você é capaz de trabalhar sob pressão e com prazos definidos?


Sim. Dê exemplos de seus trabalhos anteriores.

- Por que você acha que devemos contratá-lo?


Conte os benefícios que você vai trazer e como pode, com seu desempenho, gerar
lucros para a empresa.

- Liste as cinco maiores realizações em sua carreira ou em seu emprego atual.


Escolha bem essas realizações e mencione aquelas mais recentes e condizentes com
seu objetivo profissional.

- Quanto tempo necessita para trazer uma contribuição para a nossa empresa?
Desde o primeiro dia e cada dia mais à medida que conhecer melhor a organização.

- Quanto tempo pretende ficar conosco?


Enquanto houver oportunidade para crescer, progredir e contribuir para a empresa.

- O que você acha do seu chefe anterior ou atual?


Nunca se deve falar mal. Cite algo positivo relacionado ao perfil profissional do
mesmo, como "acho que é um profissional competente."

- Você poderia descrever alguma situação na qual seu trabalho tenha sido
criticado?
Não deve reconhecer críticas ao seu trabalho, mas dizer que, às vezes ele foi
discutido, mas não criticado.

- Você é um líder? Dê exemplo.


Responda a essa pergunta com realizações do seu passado.

- Você ajudou a reduzir custos? Como?


Exemplifique com resultados e realizações.
- O que os seus subordinados pensam de você?
Resposta sugerida: "competente, sou respeitado e admirado".

- Fale sobre você.


Essa resposta deve ser muito bem-praticada. Procure ser sucinto, direto e focalize os
resultados. Fale somente sobre assuntos profissionais.

- O que suas referências vão falar a seu respeito?


Tente vender. Demonstre que eles vão falar positivamente a seu respeito, com elogios
por sua capacidade de atingir resultados positivos. Aproveite para apresentar sua lista
de referências nessa hora.

- Que tipo de decisões são mais difíceis para você?


Deve demonstrar sua capacidade analítica e dizer que aborda o processo decisório de
forma lógica, identificando as alternativas e as premissas da decisão. Como ser
humano, deverá dizer que as decisões mais difíceis são as aquelas referentes à vida
de seus subordinados.

- O que você sente dificuldade para realizar?


Outra vez não se deve mencionar nada negativo, só positivo. Dizer que enfrenta as
necessidades de seu trabalho e que não escolhe serviço.

- Com que tipo de pessoa você encontra dificuldade para trabalhar?


Novamente não mencione nada de negativo. Diga que você se adapta às
necessidades do trabalho e que se relaciona facilmente, tanto com operários como
com a diretoria da empresa.

- Se pudesse começar tudo de novo, o que faria diferente em sua carreira?


Deve mostrar ser uma pessoa segura. Dizer que basicamente não mudaria nada.
Obviamente, existem pequenas coisas na nossa carreira que poderiam ter sido feitas
melhores e deveriam ser corrigidas. Procure não mencioná-las.

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