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Nuno Almeida Ribeiro

934650198
nunoalmeidaribeiro@gmail.com

Noções Essenciais
de
Processo Civil
Introdução

O Direito Processual Civil é o ramo do Direito Privado, funcionalmente destinado


a integrar o Direito Civil e o Direito Comercial, ou seja, este ramo do Direito
destina-se a regular a forma através da qual os particulares podem exercer os
direitos substantivos que o Direito Civil e o Direito Comercial lhes conferem.
O Processo Civil é um Processo, do latim “procedere”, que significa um caminhar
para a frente, um avançar.
Processo Civil no sentido restrito ou técnico do termo significa a sequência de
atos destinados à justa composição de um litígio, mediante a intervenção de um
órgão imparcial da autoridade – o tribunal.
Podemos também definir Processo Civil como sendo um rito ou coordenação de
atos tendentes a propor e a fazer seguir a marcha da ação em juízo.
Tipos de ações e formas de processo
Processo comum
- Forma única (art. 548º CPC)
(art.546º/1 CPC)
Declarativa
Processo especial
(art. 546º/1 e 2 CPC)
Tipo de ações
(art.10º CPC)

- Pagamento de quantia certa:


Ordinário (art. 550º/n.º1 CPC)

- Pagamento de quantia certa:


Sumário (art. 550º/n.º 2CPC)

Processo comum

- Entrega de coisa certa: forma


Executiva
única (art. 550º/n.º 4 CPC)
Processo Especial (v.g.execução
especial por alimentos-arts. 933º
e ss do CPC)
- Prestação de facto: forma única
(art. 550º/n.º 4 CPC)
Na ação executiva:
Disposições a ter em conta na ação executiva:
Normas próprias da ação executiva;
Normas constantes da parte geral e comum do CPC;
Na falta das normas próprias e comuns aplica-se ao processo de
execução, subsidiariamente, as normas próprias da ação declarativa
(Art. 551º/n.º 1 do CPC).
Disposições próprias da ação executiva:
Art. 53º a 60º : pressupostos da ação executiva
Art. 85º a 90º : competência do tribunal
Art. 550º a 551º: formas de processo
Art. 703º a 877º: tramitação das várias formas do processo comum executivo.
Tipos de providências:

A) Ação declarativa: destina-se a obter a declaração da existência


de um direito.
B) Ação executiva: destina-se a obter a reparação efetiva e coerciva do
direito violado, direito este que já está previamente declarado. “Dizem-
se “ações executivas” aquelas em que o credor requer as providências adequadas à realização
coativa de uma obrigação que lhe é devida.” (Art. 10º n.º 4 CPC);
C) Procedimento cautelar (arts. 362º a 409º do CPC): destina-se a
acautelar certo direito, contra o perigo que o ameaça; é um procedimento e não
uma ação porque não tem autonomia, ou seja, depende de uma ação já
proposta ou que deve ser seguidamente proposta pelo requerente (Exceção: art.
369º a 371º do CPC – inversão do contencioso – dispensa a propositura de ação
principal).
Procedimento Cautelar
São processos de jurisdição provisória em que o juiz profere uma decisão de
caráter normalmente provisório. Esta decisão destina-se a produzir efeitos até ao
momento em que se forme a decisão definitiva.
Pretende-se evitar o chamado “periculum in mora”, isto é, o prejuízo da demora
inevitável do processo.
Processo judicial instaurado como preliminar a uma ação, ou na pendência desta,
destinado a prevenir ou afastar o perigo resultante da demora a que pode estar
sujeito o processo principal.
Através de uma indagação rápida e sumária o juiz assegura-se da existência
provável do direito do requerente e emite uma decisão de caráter provisório,
destinada a produzir efeitos até ao momento em que se forme a decisão
definitiva.
Procedimento Cautelar

Cabe ao juiz verificar o seguinte:


- Se é provável que o direito do requerente exista, não se exigindo a
prova concreta da existência do direito, bastando que haja uma
probabilidade séria desse direito existir (“fumus boni iuri” – sinal de bom
direito;
- Se o direito do requerente corre o risco de, com a demora da acção
propriamente dita, perder o seu efeito útil (“periculum in mora” – perigo
da demora).
Citação – noção

Nos termos do disposto no nº1 do art.º. 719º, cabe ao agente de execução


efetuar todas as diligências do processo de execução, que não estejam
atribuídas à secretaria ou da competência do juiz, incluindo citações, notificações
e publicações.
“A citação é o ato através do qual se vai dar conhecimento ao réu de que foi
proposta contra ele determinada ação e se chama ao processo para se defender;
emprega-se ainda para chamar, pela primeira vez, ao processo alguma pessoa
interessada na causa.” (Cf. Art.º. 219,º n.º 1 CPC)
(Nota: a citação nunca é feita ao autor, nem pode haver duas citações feitas na
mesma pessoa, durante o mesmo processo )
Efeitos da citação - Efeitos materiais
Efeitos materiais - são os efeitos que a citação origina a nível do direito substantivo que está
em discussão na ação judicial.

E são eles os seguintes:


1.Faz cessar a boa-fé do possuidor - Cf. art.564º al. a) do C.P.C.;
Neste caso, a partir da citação, o possuidor toma conhecimento de que está a lesar direito de outrem. Se a ação
vier a ser julgada procedente, a posição de possuidor de má-fé consolida-se, não apenas desde o trânsito em
julgado da decisão, mas desde a data em que a citação foi efetuada.
2.Interrompe a prescrição - Cf. art.323º do C.C.
A prescrição é uma forma de extinção de um direito pelo seu não exercício por um lapso de tempo estabelecido
na lei, e variável de caso para caso (298º/n.º 1 do C.C.)- Cf. Arts. 300º e segts do C.C.
3.Constitui o devedor em mora - Cf. art.º 805º do C.C.
A citação do réu constitui-o em mora nas obrigações não dependentes de prazo certo designadas por
obrigações puras. Mora é sinónimo de incumprimento temporário.
Efeitos da citação - Efeitos processuais
Efeitos processuais - são os efeitos que a citação produz ao nível da tramitação processual da
ação judicial.
E são eles os seguintes:
1. Estabilizam-se os elementos essenciais da causa - Cf. Arts.º 564º al. b) e art.º 260º do
C.P.C.
São elementos essenciais da causa: os sujeitos (autor/exequente e réu/executado), o pedido (pretensão
formulada pelo autor/exequente), e a causa de pedir (facto concreto que serve de fundamento ao pedido).

2. O réu/executado fica inibido de propor contra o autor outra ação destinada à


apreciação da mesma questão jurídica - Cf. art.º 564º al. c) do C.P.C.;
Caso tal suceda, verifica-se a litispendência ou caso julgado (Cf. Arts.º 580º e 581º do C.P.C.)
Nota: Litispendência: é a situação que se verifica quando, no mesmo ou em tribunais diferentes, se
encontram pendentes duas causas entre as mesmas partes e a respeito de um mesmo conflito de
interesses, ou da mesma relação jurídica controvertida. Caso julgado: se a repetição se verifica
depois de a primeira causa ter sido decidida por sentença que já não admite recurso ordinário.
Notificação
“A notificação serve para, em quaisquer outros casos, chamar alguém a juízo ou dar conhecimento de um facto.”
(Cf. Art.º 219º n.º 2 CPC)
A notificação tanto é feita ao autor/exequente como ao réu/executado ou até a qualquer outra pessoa, desde
que para o ato não seja exigida citação.
A notificação pode ser:
- para comparência: quando se pretende chamar alguém a juízo como por exemplo as testemunhas;
- para conhecimento: quando se pretende dar a conhecer a alguém um certo ato ou facto, desde que não se
exija a citação.
Nota: a notificação obedece a requisitos menos rigorosos que a citação.
Modalidades da Citação
Citação Pessoal Citação Edital

A citação pessoal pode ser realizada das seguintes formas: (Cf. Art.º 225º/n.º 2 do C.P.C.)
1. Transmissão eletrónica de dados;
2. Carta registada com aviso de receção;
3. Pelo depósito da carta registada (domicílio convencionado e pessoas coletivas,
quando a carta é enviada para a sede registada no RNPC);
4. Pela certificação da recusa do recebimento (domicílio convencionado);
5. Pelo agente de execução ou funcionário judicial, mediante contato pessoal com
o citando;
6. Pelo mandatário judicial (arts. 237º e 238º do CPC).
Elementos a transmitir ao citando e local da realização do ato de citação

A carta deve conter todos os elementos a que alude o art.º 227º do CPC, ou seja:
- Duplicado da petição inicial e cópia de todos os documentos que a
acompanham;
- Comunicação de que fica citado para a ação em causa, a que o duplicado se
refere;
- Indicação do tribunal, juízo e secção onde corre o processo, caso este já
tenha sido distribuído;
- Indicação do prazo dentro do qual pode o citado oferecer a sua defesa;
- Informação sobre a necessidade de patrocínio judiciário;
- Indicação das consequências da falta de oposição.
Elementos a transmitir ao citando e local da realização do ato de citação

Quanto ao lugar onde pode ocorrer a citação feita por agente de


execução, funcionário judicial ou promovida por mandatário judicial, a
regra é a de que pode efetuar-se em qualquer lugar onde seja encontrado
o destinatário do ato, designadamente, quando se trate de pessoa
singular, na sua residência ou local de trabalho, salvo as seguintes
exceções: ninguém pode ser citado dentro dos templos ou enquanto
estiver ocupado em ato de serviço público que não deva ser interrompido -
Cf. art.º 224º nº2 do CPC.
Elementos a transmitir ao citando e local da realização do ato de citação

NOTA: nos processos executivos, e no caso de citação efetuada após


penhora, há ainda a necessidade de juntar o Auto de Penhora - cf. Arts.
753.º, 856.º e 786.º do CPC
Transmissão eletrónica de dados
A citação da Fazenda Pública e da Segurança Social é obrigatoriamente feita através da
plataforma SISAE, através dos modelos ali constantes – 786º/n.º 2 CPC
A citação da Fazenda Pública e da Segurança Social (assim como a dos demais credores)
só deve ser feita se a reclamação dever ser admitida nos termos do disposto no art. 788.º do
CPC, evitando-se a prática de um ato inútil, que pode acarretar prejuízos para o tribunal (vide art.º
130º do CPC).
Carta registada com aviso de receção
A citação por via postal registada obedece aos formalismos previstos no art.º 228º do
C.P.C;
Esta tem de ser feita por carta registada com aviso de receção (cf. 228º nº1), de modelo
oficialmente aprovado, dirigida ao citando e endereçada para a sua residência ou local de
trabalho ou, tratando-se de pessoa coletiva ou sociedade, para a respetiva sede (cf. 246º
n.º 2);
A carta deve conter todos os elementos a que alude o art.º227º;
A carta deve ainda mencionar a advertência, dirigida ao terceiro que eventualmente a
receba, de que a sua não entrega ao citando, logo que possível, o fará incorrer em
responsabilidade.
Carta registada com aviso de receção

Tratando-se de pessoa singular a carta pode ser entregue, após a assinatura do aviso de
receção, ao citando ou a qualquer pessoa que se encontre na sua residência ou local de
trabalho e que declare encontrar-se em condições de a entregar prontamente ao citando;
Antes da assinatura do aviso de receção, o distribuidor do serviço postal procede à
identificação do citando ou do terceiro a quem a carta seja entregue, anotando os
elementos constantes do bilhete de identidade ou de qualquer outro documento oficial
que permita a identificação. Quando a carta seja entregue a terceiro, cabe ao distribuidor
do serviço postal adverti-lo expressamente do dever de pronta entrega ao citando.
Carta registada com aviso de receção

Se o citando ou qualquer das pessoas que se encontrem na sua residência ou local de


trabalho recusar a assinatura do aviso de receção ou o recebimento da carta, o
distribuidor do serviço postal lavra nota do incidente, antes de a devolver, e considera-se
frustrada a citação por via postal. Neste caso, deverá proceder-se à citação nos termos
do art.º 231º do CPC, ou seja, através de agente de execução ou funcionário judicial.
Caso não seja possível a entrega da carta, será deixado aviso ao destinatário,
identificando-se o tribunal de onde provém e o processo a que respeita, indicando-se os
motivos da impossibilidade da entrega e permanecendo a carta durante 8 dias à sua
disposição em estabelecimento postal devidamente identificado. Se o citando levantar a
carta, o mesmo ficará citado; caso a carta não seja levantada, a citação não se efetuou,
pelo que se deverá proceder à citação nos termos do art.º 231º do CPC., ou seja, através
de agente de execução, ou funcionário judicial.
Carta registada com aviso de receção

Quanto à citação por via postal de pessoa coletiva ou sociedade, na sua sede,
estabelece-se a possibilidade de a citação ser efetuada por depósito, nos termos
previstos no art.º 246º/4 e 229º/5 do CPC.

A citação postal, efetuada ao abrigo do art.º 229º/n.º 5 do CPC, considera-se feita no dia em que o
distribuidor do serviço postal o certificar, indicando o local exato em que depositou o expediente.
Depósito da carta registada

O art.º 229º regulamenta a citação nos casos em que haja domicílio convencionado.
Nos termos do disposto no art.º. 229º, nº4 do CPC, pode acontecer que a carta registada de
citação seja devolvida por o destinatário não ter procedido, no prazo legal, ao seu levantamento no
estabelecimento postal, ou o recebimento da carta sido recusado por pessoa diversa do citando.
Nestes casos é repetida a citação, enviando-se nova carta registada com aviso de receção ao
citando e advertindo-o das consequências previstas no nº2 do art.º 230º do CPC, ou seja, neste
caso será deixada a própria carta, de modelo oficial, contendo cópia de todos os elementos
referidos no art.º 227º do CPC, bem como a advertência de que a citação se considera efetuada na
data certificada pelo distribuidor postal, presumindo-se que o destinatário teve oportuno
conhecimento dos elementos que lhe foram deixados – cf. art.º 230º, nº2 do CPC - devendo o
distribuidor do serviço postal certificar a data e o local exato em que depositou o expediente e
remeter de imediato a certidão ao tribunal.
Depósito da carta registada

Assim, nos termos do art.º 229, nº5 do CPC, a citação considera--se efetuada:

– ou na data certificada pelo distribuidor do serviço postal;


– ou, no caso de ter sido deixado o aviso (por não ter sido possível o seu depósito),
no 8º dia posterior a essa data - Cf. art.º 230º, nº2 do CPC.
Citação por contacto pessoal com o citando

A citação é efectuada mediante contacto pessoal do agente de execução, quando se


tenha frustrado a citação por via postal – cf. Art.º 231.º n.º 1 do CPC.

O Agente de execução elabora obrigatoriamente dois documentos:


- Certidão de citação do ato de entrega da nota de citação ao citando, destinada a
ser assinada por este e pelo agente de execução, a qual será depois entregue na
secretaria do tribunal, e que comprova a citação efetuada;
- Nota de citação onde se especificará os elementos constantes do art.º 227º e
destinada a ser entregue ao citando, juntamente com cópia da petição inicial e
documentos que a acompanham.
Citação por contacto pessoal com o citando

Caso o citando se recuse a assinar a certidão ou a receber o duplicado, o agente de


execução dá-lhe conhecimento de que o mesmo fica à sua disposição na secretaria
judicial, mencionando tais ocorrências na certidão do ato.
A citação considera-se efetuada nesse preciso momento.
Nesta situação, a secretaria notifica ainda o citando, enviando-lhe carta registada com a
indicação de que o duplicado ali se encontra à sua disposição – cf. Art.º 231.º n.º 5 do
CPC.
Citação com hora certa

Se, das diligências efetuadas pelo agente de execução ou funcionário judicial, resultar
que a citação não foi possível de realizar, por não ter sido encontrado o citando, mas
tenha sido confirmado que o citando reside ou trabalha efetivamente no local indicado,
deverá ser deixada nota com indicação de hora certa para a realização da diligência na
pessoa encontrada que estiver em melhores condições de a transmitir ao citando. Se
nenhuma pessoa estiver nestas circunstâncias, deverá ser afixado o respectivo aviso no
local mais indicado – cf. art.º 232º nº1 do CPC;
Citação com hora certa

No dia e hora designados, uma de três situações podem ocorrer:


1. o agente de execução ou funcionário judicial encontra o citando e efetua a citação na sua
pessoa;
2. o citando não é encontrado e, neste caso, a citação é efetuada na pessoa capaz que
esteja em melhores condições de a transmitir ao citando, a qual é incumbida de
comunicar o ato ao destinatário, devendo igualmente assinar a certidão de citação.
3. não se encontrando o citando nem sendo possível obter a colaboração de terceiros, a
citação é efetuada mediante afixação, no local mais indicado e na presença de duas
testemunhas, da nota de citação, com indicação dos elementos referidos no art.º 227º do
CPC, declarando-se que o duplicado e os documentos anexos ficam à disposição do citando
na secretaria judicial - cf. art.º 232º nº 4 do CPC.
A citação considera-se efetuada no momento da afixação da nota de citação.
Citação com hora certa

Segundo o disposto no nº6 do art.º 232º do CPC, considera-se pessoal a citação


efetuada nos termos dos nº2 e 4 do mesmo artigo.

E neste caso, será ainda enviada, pelo agente de execução, no prazo de dois dias úteis,
carta registada ao citando, comunicando-lhe a data e o modo por que o ato se considera
realizado, o prazo para o oferecimento da contestação e as cominações aplicáveis à falta
desta, o destino dado ao duplicado e a identidade da pessoa em quem a citação foi
realizada - cf. art.º 233º do CPC.

Aquele que viva em economia comum com o citando e tenha recebido a citação, deve ser
advertido de que a sua não entrega logo que possível ao citando dos elementos
deixados, constitui a prática de crime de desobediência - cf. art.º 232º n.º 5 do CPC.
Citação promovida pelo mandatário judicial.

A citação pode ainda ser promovida por mandatário judicial; Nestes casos
a mesma deverá obedecer às formalidades previstas nos artigos 237º e
238º do C.P.C.
Com vista a prevenir uma eventual demora na realização da citação, os
mandatários judiciais podem requerer logo na petição inicial o recurso a
esta modalidade de citação ou, reagindo a uma demora na citação,
podem requerer que a citação se faça por seu intermédio.
Citação Edital
A citação edital é aquela que tem lugar nos casos do art.º 225º nº6 do CPC, portanto, quando o
citando se encontre em parte incerta ou quando sejam incertas as pessoas a citar.
Neste caso, a secretaria deve começar por diligenciar no sentido de obter informação sobre o
último paradeiro ou residência conhecida junto de quaisquer entidades ou serviços,
designadamente, mediante prévio despacho do juiz, nas bases de dados dos serviços de
identificação civil, da segurança social, da Direcção-Geral dos Impostos e da Direcção-Geral de
Viação e, quando o juiz o considere absolutamente indispensável para decidir daa realização da
citação edital, junto das autoridades policiais - cf. art.º 236º nº1 do CPC.
A citação edital faz-se pela afixação de edital e publicação de anúncio, nos termos do disposto no
artigo 241º do CPC, considerando-se a citação efetuada no dia em que se publique o último
anúncio, nos termos do disposto no art.º 242º nº1 do CPC, devendo o edital e os anúncios serem
juntos ao processo –cf. art.º 244º do CPC.
• A citação edital por incerteza das pessoas, faz-se nos termos do disposto no art.º 243º do CPC.
Citação Edital Electrónica
Nos termos do n.º 7 do art. 786.º do CPC só a citação do executado e do cônjuge pode
ter lugar editalmente, que consiste, nos termos do disposto no art. 11.º da Portaria n.º
282/2013, de 29 de agosto, pela afixação de um edital na porta da última residência
conhecida do executado no País e na publicação de anúncio em página informática de
acesso público, no endereço electrónico http://www.citius.mj.pt.
Os editais devem especificar o tribunal em que o processo corre, o juízo e a respectiva
secção, o número de processo em que o executado é citado, o nome do exequente, o
valor ou o conteúdo do pedido, a identificação do agente de execução e, de forma
simples e perceptível, o prazo para a defesa e a cominação, explicando que o prazo para
defesa só começa a correr depois de finda a dilação e o respectivo modo de contagem.
Citação Edital Electrónica

Deve ainda constar, destacadamente, a referência aos artigos ou atos legislativos ou


regulamentares que a fundamentam, a data da afixação e a referência à publicação de
anúncio electrónico, num prazo máximo de cinco dias úteis, no endereço electrónico
http://www.citius.mj.pt.
O agente de execução faz publicar –de forma automática – no prazo máximo de cinco
dias úteis após a afixação dos editais, através do SISAAE, no endereço electrónico
http://www. citius.mj.pt, o anúncio electrónico de citação edital.

Nota: nos termos do art. 21.º do CPC, o Ministério Público deverá ser citado findo o prazo
de oposição, caso o executado ausente não comparecer a tempo de a deduzir.
Citação efetuada por empregado forense

O agente de execução pode, sob sua responsabilidade, promover a


citação por um seu empregado, credenciado pela Câmara dos
Solicitadores, nos termos do disposto no nº 6 do art. 231º do CPC (cf.
também art. 720º, nº 6 do CPC).
Se a citação for promovida por empregado forense do agente de
execução, a mesma só será válida se o citando assinar a certidão,
que o agente de execução posteriormente também tem que assinar.
Assim, nestas circunstâncias, não pode a citação considerar-se efetuada
quando o citando recuse assiná-la (231º, nº 7 do CPC).
Citação efetuada por empregado forense
A citação efetuada nos termos do art.º 232.º CPC (citação com data e hora
certa) também pode ser promovida por empregado forense desde que o
citando ou terceira pessoa assine a certidão de citação que o agente de
execução posteriormente também assina (art.º 231.º, n.º 6 e 7 ex vi art.º 232,
n.º 3, CPC). Fora destas situações, a citação, designadamente aquela que
ocorre por afixação de nota de citação, só é válida se promovida pelo agente
de execução.
O cumprimento do disposto no art.º 233.º só é da competência do agente de
execução quando diga respeito a citação promovida no âmbito da ação
executiva. No âmbito da ação declarativa, a comunicação efetuada nos
termos do art.º 233.º do CPC é da competência da secretaria – cfr.
art.220.º/nº 2 do CPC (há, no entanto, entendimentos divergentes).
Prazos / dilações
Regra da continuidade dos prazos - cf. Art.º 138.º do C.P.C.;
Cômputo do termo – cf. Art.º 279.º do C.C.;
Modalidades de prazo - cf. Art.º 139.º do C.P.C.:
- o prazo é dilatório ou perentório – vide Art.º 139º, nº 1 do CPC – “o prazo dilatório difere
para certo momento a possibilidade de realização de um ato ou o início da contagem de
um certo prazo”, “o decurso do prazo perentório extingue o direito de praticar o ato”
(cf. Art.º 139º, nº 2 e nº 3);
- Na citação do executado, efetuada em terceira pessoa, para deduzir oposição, através de
embargos, os 20 dias, concedidos pelo Art.º 728.º, nº 1 do CPC, é o prazo perentório, os 5
dias, concedidos pelo Art.º 245.º, nº 1, al. a) do CPC, é o prazo dilatório. Nos termos do nº
2 do Art.º 139º do CPC, primeiro conta-se o prazo dilatório;
Prazos / dilações

Dilações – quanto às citações - cf. Art.º 245.º do C.P.C.:


- dilação consiste num acréscimo de um prazo ou a atribuição de um prazo suplementar;
- a dilação pode ser de 5, 15 ou 30 dias consoante os casos -Vide Art.º 245.º do C.P.C.;
- nos procedimentos cautelares, seja qual for a situação, a dilação não pode exceder os 10
dias -Vide Art.º 366.º, nº 3 do C.P.C.;
- nas ações para o cumprimento de obrigações pecuniárias (DL n.º 269/98, de 1 de Setembro)
não existe qualquer dilação – Vide Art.º 4.º do Diploma Preambular.
Citação - quando? onde? e quem?
Quando se praticam os atos – cf. Art.º 137.º CPC
Regra geral, não se praticam atos processuais nos dias em que os tribunais se
encontrem encerrados nem durante o período de férias judiciais. Excetuam-se as citações,
as notificações e os atos destinados a evitar dano irreparável - n.º 2 do Art.º 137.º do CPC.
Onde?
as citações e as notificações podem efetuar-se em qualquer lugar onde seja encontrado o
destinatário do ato, designadamente, quando se trate de pessoas singulares, na sua
residência ou local de trabalho - vide n.º 1 do 224.º do CPC.
Ninguém pode ser citado ou notificado dentro dos templos ou enquanto estiver ocupado em
ato de serviço público que não deva ser interrompido. Vide n.º 2
Quem pode ser citado?
Só pode ser citado quem tiver personalidade judiciária, que consiste na suscetibilidade de
ser parte – n.º 1 do art.º 11.º do CPC, e capacidade judiciária, isto é, a suscetibilidade de
estar, por si, em juízo - n.º 1 do art.º 15.º do CPC – quem não tem capacidade judiciária é citado(a)
na pessoa do seu legal representante..
Consequências da falta ou nulidade da citação

A falta de citação verifica-se nos casos indicados no art.º 188.º do CPC


De acordo com o disposto no art.º 187.º do CPC é nulo tudo o que se processe depois da
petição inicial, salvando-se apenas esta:
- Quando o réu não tenha sido citado;
- Quando não tenha sido citado, logo no início do processo, o Ministério Público, nos
casos em que deva intervir como parte principal.
Sem prejuízo do disposto no art.º 188.º do CPC, é nula a citação quando não hajam sido, na
sua realização, observados as formalidades prescritas na lei – vide art.º 191.º do CPC
NOTA: art.º 851.º, nº 3 – anulação de tudo o que na execução se tenha praticado, mesmo
depois de finda.
Notificação judicial avulsa /arts. 256º e ss do CPC

A notificação judicial avulsa é um processo usado para uma pessoa comunicar a


outra certo facto, através do tribunal.
É requerida ao tribunal, sendo feita na própria pessoa do notificando, a quem é
entregue duplicado do requerimento e facultada a leitura dos documentos que
acompanham aquele.
A notificação avulsa não admite oposição, devendo os direitos respetivos ser
exercidos nas ações próprias - cf. art.º 257º nº1 do C.P.C.
O tribunal competente é o da área de residência da pessoa a notificar – cf. Art.º
79º do CPC,
Tipos de ações e formas de processo
Processo comum
- Forma única (art. 548º CPC)
(art.546º/1 CPC)
Declarativa
Processo especial
(art. 546º/1 e 2 CPC)
Tipo de ações
(art.10º CPC)

- Pagamento de quantia certa:


Ordinário (art. 550º/n.º1 CPC)

- Pagamento de quantia certa:


Sumário (art. 550º/n.º 2CPC)

Processo comum

- Entrega de coisa certa: forma


Executiva
única (art. 550º/n.º 4 CPC)
Processo Especial (v.g.execução
especial por alimentos-arts. 933º
e ss do CPC)
- Prestação de facto: forma única
(art. 550º/n.º 4 CPC)
Na ação executiva:
Disposições a ter em conta na ação executiva:
Normas próprias da ação executiva;
Normas constantes da parte geral e comum do CPC;
Na falta das normas próprias e comuns aplica-se ao processo de execução,
subsidiariamente, as normas próprias da ação declarativa (Art. 551º/n.º 1 do
CPC).
Disposições próprias da ação executiva:
Art. 53º a 60º : pressupostos da ação executiva
Art. 85º a 90º : competência do tribunal
Art. 550º a 551º: formas de processo
Art. 703º a 877º: tramitação das várias formas do processo executivo.
Tipos de providências:

A) Ação declarativa: destina-se a obter a declaração da


existência de um direito;

B) Ação executiva: destina-se a obter a reparação efetiva e


coerciva do direito violado, direito este que já está
previamente declarado, através de um título a que a lei
confere força executiva.
Pressupostos processuais gerais da ação declarativa e
executiva:

a) Personalidade judiciária – art. 11º do CPC;


b) Capacidade judiciária – art. 15º do CPC;
c) Legitimidade – art. 30º e 53º do CPC;
d) Patrocínio judiciário – art. 40º e 58º do CPC ;
e) Competência do tribunal – arts. 59º a 84º e 85º a 90º.
Pressupostos processuais específicos da ação executiva

a) Título executivo – art. 10º, n.º 5 do CPC;


b) Certeza (art. 714º do CPC);
c) Exigibilidade (art. 715º do CPC); art. 713º do CPC

d) Liquidez (vide art. 716º do CPC).


Título executivo – art. 10º/n.º 5 do CPC
É o documento ao qual a lei confere força jurídica necessária para que o
titular do direito possa pedir em juízo as providências adequadas à
realização efetiva e coerciva do direito.
O título executivo é condição necessária e suficiente da ação executiva.
- condição necessária porque não há execução sem título, devendo
este ou a sua cópia acompanhar sempre o requerimento inicial (cf. 724º,
n.º 4, al. a) e n.º 5 do CPC).
- condição suficiente porque a existência do título dispensa
qualquer averiguação prévia sobre a existência efetiva do direito ou a
sua subsistência no momento em que a execução é proposta.
Espécies de títulos executivos - art.º 703º CPC
a) As sentenças condenatórias;
b) Os documentos exarados ou autenticados, por notário ou por outras entidades
ou profissionais com competência para tal, que importem constituição ou
reconhecimento de qualquer obrigação;
c) Os títulos de crédito, ainda que meros quirógrafos, desde que, neste caso, os
factos constitutivos da relação subjacente constem do próprio documento ou sejam
alegados nos requerimento executivo;
d) Títulos executivos especiais – v.g. art.º 14º-A da Lei 6/2006, de 27 de fevereiro;
art.º 721º, º 5 do CPC.
Juros: consideram-se abrangidos pelo título executivo os juros de mora, à taxa legal, da
obrigação dele constante – art.º 703º, nº 2 do CPC.
Ação executiva para pagamento de quantia certa
Ação executiva para pagamento de quantia certa pode comportar sete
fases a saber:
1º A fase inicial ou introdutória;
2º A fase da oposição à execução;
3º A fase da penhora;
4º A fase da convocação dos credores;
5º A venda executiva;
6º O pagamento aos credores;
7º A extinção da ação executiva.
Ação executiva para pagamento de quantia certa
Nota:
a) Em bom rigor, a fase da oposição à execução e a fase do concurso de
credores não são fases da ação executiva propriamente dita, por
revestirem uma natureza essencialmente declarativa;
b) no processo executivo não existe uma sucessão de fases estanques e
perfeitamente definidas entre si;
c) a fase da penhora comporta um eventual procedimento de natureza
declarativa que é o incidente de embargos de terceiro (quando o
património de um terceiro, relativamente ao devedor, é afetado).
A fase inicial ou introdutória

O requerimento inicial e os documentos que o acompanhem devem ser


apresentados ao tribunal por via eletrónica, e enviados pelo mesmo meio ao
agente de execução designado (Art.º 2.º da Portaria 282/2013 de 29/08),
quando haja mandatário judicial.
O requerimento executivo só se considera apresentado na data do
pagamento da quantia inicialmente devida ao agente de execução - cfr. Art.º
724.º, nº 6 do CPC.
A fase inicial ou introdutória

Requisitos do requerimento executivo – cfr. Art.º 724.º do CPC;


A análise do requerimento executivo é efetuado pela secretaria, ou pelo agente de
execução, consoante a execução siga a forma ordinária ou sumária, respetivamente,
que poderá aceitar ou recusar o requerimento quando não cumpra os requisitos
obrigatórios previstos no nº1 do art.º. 725º do CPC.
Após esta análise, o processo é concluso ao juiz para despacho liminar – Art. 726º
do CPC, nas execuções ordinárias.
Nas execuções sumárias, o agente de execução inicia as diligências prévias à
penhora, ou suscita a intervenção do juiz, quando duvide da verificação dos
pressupostos de aplicação da forma sumária, ou ocorram algumas das situações
mencionadas no n.º 2 do art. 726º do CPC – art. 855º, n.º 2-b) e n.º 3 do CPC.
A fase inicial ou introdutória

Quando a secretaria ou o agente de execução recusam o recebimento do


requerimento, há a possibilidade de reclamação para o juiz, cuja decisão é
irrecorrível – art. 725º, n,º 2 do CPC.
O exequente tem, no entanto, a possibilidade de apresentar novo requerimento
executivo, com a falta devidamente corrigida, no prazo de 10 dias a contar da recusa
ou da notificação da decisão judicial que a confirma, considerando-se, neste caso,
como data de entrada da execução a data em que o primeiro requerimento tenha
sido apresentado em juízo (Cfr. art. 725º, nº3 do CPC).
A fase inicial ou introdutória

A natureza do título executivo, o valor da execução e a natureza do bem a


penhorar constituem fatores que podem dispensar a aplicação da forma
de processo ordinário, com o envio para despacho liminar e consequente
citação prévia do executado – 726º, n.º 6 do CPC –, dando lugar à
imediata penhora de bens (cfr. art. 550º, n.º 2, 855º e 856º do CPC).
A fase inicial ou introdutória
Quando a execução se funda em sentença ou requerimento de injunção no qual
tenha sido aposta a fórmula executória, título extrajudicial de obrigação
pecuniária vencida, garantida por hipoteca ou penhor, ou título extrajudicial de
obrigação pecuniária vencida, cujo valor não exceda o dobro da alçada do
tribunal de 1ª realiza-se a penhora, sem
instância,
necessidade de prévio despacho judicial, sem prejuízo do
disposto no n.º 3 do art. 550º do Código de Processo Civil.
A fase inicial ou introdutória

Pode, além disso, o juiz dispensar a citação prévia do executado quando


se justifique o receio da perda da garantia patrimonial do crédito, o que,
com economia processual, permite enxertar na execução um juízo de
natureza cautelar – arts. 724º/nº 1-j) e 727º do CPC.
Em todos os casos agora indicados a execução começa pela penhora de
bens.
IDENTIFICAÇÃO DE BENS
PENHORÁVEIS – 749º DO CPC

Consultas prévias ou iniciais – 749º do CPC


- Registo Automóvel;
Instituto de - Registo Civil;
Registos e - Registo Predial;
Notariado - Registo Comercial;
- Registo nacional de
pessoas colectivas;

Finanças

Registo
Segurança Caixa Geral de informático
social Aposentações de
execuções
Consultas prévias ou iniciais

- Insolvência
do executado;
Publicidade da
Insolvência - Créditos do
executado na
Insolvência
Consultas prévias ou iniciais
ARTS. 728º E 856º, N.º 1 DO CPC

A fase da oposição à execução

A oposição do executado constitui uma verdadeira ação declarativa, estruturalmente


autónoma da ação executiva, estando, porém, instrumental e funcionalmente ligada a ela,
que corre por apenso (art. 732º, nº 1 do CPC) ao processo executivo.
Destina-se a extinguir a execução mediante:
- o reconhecimento da inexistência da obrigação exequenda, por existir desconformidade
entre o título e a obrigação que o mesmo consubstancia – art. 732º, nº 4 do CPC;
- ou a alegação da falta de um pressuposto processual específico ou geral da ação
executiva, e que se traduz na alegação de um vício processual.
É uma contra-acção do executado à ação executiva, através da qual aquele pretende
impedir a produção dos efeitos do título ou destruir os seus efeitos, suscitando assim a
intervenção do juiz na apreciação da relação material controvertida.
A fase da oposição à execução - fundamentos

Os fundamentos da oposição variam consoante a espécie de título que está subjacente à


execução.
A lei distingue os casos em que:
- o título executivo é uma sentença ou requerimento de injunção ao qual tenha sido
aposta fórmula executória - cfr. art.º 729º do CPC – sistema restrito de fundamentos;
- o título é uma sentença proferida por um tribunal arbitral - cfr. art.º 730º do CPC -
sistema intermédio de fundamentos;
- os casos em que a execução se baseia em título diverso de decisão judicial - cfr.
art.º 731º - títulos extrajudiciais - sistema amplo de fundamentos.
Prazo para a oposição à execução – art.º 728 do CPC
Nos termos do disposto nos arts.º 728º, nº1 e 856º, n.º 1 do C.P.C., a oposição deve ser deduzida
no prazo de 20 dias a contar da citação, seja esta efetuada antes ou depois da penhora.
Assim, uma de duas situações se podem verificar:
- o executado é citado antes da realização da penhora, e neste caso é citado para, no prazo
de 20 dias, pagar ou opor-se à execução - cfr. art.726º, n.º 6 do CPC;
- ou a penhora é previamente efetuada, e só depois da sua concretização é o executado
citado para, no prazo de 20 dias, opor-se à execução e à penhora - cfr. art.º 856º, nº1.
Por força do nº 3 do art.º 856º do CPC, quando a penhora tenha sido realizada antes da citação do
executado, e quando este pretenda deduzir oposição à execução e à penhora, deve-o fazer na
mesma peça processual, o que se justifica em obediência ao princípio da economia e da celeridade
processual.
Oposição à execução - efeitos
O recebimento dos embargos de executado só tem efeito suspensivo da execução
se:
a) o embargante prestar caução;
b) o embargante tiver impugnado a genuinidade da assinatura, apresentando
documento que constitua princípio de prova, e o juiz entender, ouvido o
embargado, que se justifica a suspensão sem prestação de caução;
c) Tiver sido impugnada a exigibilidade ou a liquidação da obrigação
exequenda e o juiz considerar, ouvido o embargado, que se justifica a
suspensão sem prestação de caução.
Não se verificando nenhum destes requisitos, o recebimento dos embargos
tem efeito meramente devolutivo.
- Cfr. art.º 733º, n.º 1 do CPC
Oposição à execução - efeitos

De acordo com o disposto no art.º 732º, nº4, a procedência da oposição


extingue a execução, no todo ou em parte.
Da sentença que conhecer do mérito da oposição à execução, cabe recurso
de apelação – cfr. art.º 853º, nº1 do CPC.
A fase da penhora

A penhora é o ato executivo através do qual se apreendem os bens a ela


sujeitos, privando-se o executado do pleno exercício dos poderes sobre
esses bens, a fim de os mesmos satisfazerem o direito do exequente, através
da venda desses bens, da adjudicação ou da consignação de rendimentos.
A função da penhora é a de:
– especificar e determinar os bens ou direitos que serão apreendidos,
para que possam mais tarde ser transmitidos para outrem;
– conservar os bens apreendidos, impedindo que possam ser ocultados,
deteriorados, onerados ou alienados, em prejuízo do exequente.
A fase da penhora

Nos termos do disposto no art.º 735º do C.P.C., estão sujeitos à execução todos os bens
do devedor suscetíveis de penhora que, nos termos da lei substantiva, respondem pela
dívida exequenda. Nos casos especialmente previstos na lei, podem ser penhorados
bens de terceiros, desde que a execução tenha sido movida contra eles.
Por outro lado, a penhora deve limitar-se aos bens necessários ao pagamento da dívida
exequenda e das despesas previsíveis da execução - cfr. art.º 735º, nº3 do CPC.
O nosso ordenamento jurídico contempla uma série de exceções à regra da
exequibilidade de todo o património do devedor. Estas exceções destinam-se a proteger
certos bens. A lei entende preservá-los em ordem a proteger determinados valores, que
prevalecem sobre o direito do credor.
A impenhorabilidade de certos bens provém da lei substantiva ou da lei processual.
A fase da penhora - oposição à penhora
O art.º 784º do CPC enuncia como fundamentos de oposição à penhora:
- “inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da extensão
com que ela foi realizada”;
- “imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondam pela dívida
exequenda,
- “incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do direito
substantivo, pela dívida exequenda, não deviam ter sido atingidos pela diligência.
A fase da penhora - oposição à penhora

De acordo com os arts.º 856º, n.º 1 e 785º, n.º 1 do CPC, a


oposição é apresentada:
- no prazo de 20 dias contados da citação - quando esta é
efetuada após a penhora -, ou
- no prazo de 10 dias a contar da notificação da penhora -
quando a citação a anteceda.
A fase da convocação dos credores

Os arts.º 786º e ss. do CPC regulamentam a forma como se processa o chamamento do


cônjuge e dos credores do executado que detenham garantias reais sobre os bens
penhorados.
No esquema da nossa lei processual civil, só podem reclamar créditos na ação executiva
os credores que gozam de garantia real sobre os bens penhorados - cfr. art.º 788º, nº1 do
CPC.
Uma vez que a penhora será, normalmente, seguida da transmissão do direito do
executado, livre de todos os direitos reais de garantia que o limitam - cfr. art.º 824º nº2 do
Código Civil - os credores vêm ao processo, não tanto para fazerem valer os seus direitos
de crédito e obterem o pagamento, mas sim para fazerem valer os seus direitos de
garantia sobre os bens penhorados. Reclamação de créditos – cf. Art.º 788.º do CPC.
A verificação e graduação dos créditos
O concurso de credores é processado por apenso ao processo de execução - cfr. art.º 788º, nº8 do
CPC.
Trata-se de mais um enxerto declarativo, de estrutura autónoma, mas funcionalmente subordinado
ao processo executivo.
A ação de verificação e graduação de créditos comporta as seguintes fases:
1. os articulados;
2. a verificação dos créditos;
3. a graduação dos créditos.
A convocação destes credores é feita nos autos do processo executivo, e só com as reclamações é
que tem início o apenso da ação declarativa.
Cabe ao Juiz verificar e graduar os créditos - cf. Art.º 791.º do CPC.
A venda executiva

Depois de findo o prazo para a reclamação de créditos, a execução


prossegue, sem prejuízo de correr paralelamente ao apenso de
verificação e graduação de créditos - cfr. art.º 796º, nº1 do CPC.
Pode assim acontecer que, a par do apenso de verificação e graduação
de créditos, decorram as fases subsequentes da execução,
nomeadamente, a venda dos bens penhorados.
E será com o produto da venda dos bens penhorados que se efetuará o
pagamento da obrigação exequenda e das obrigações verificadas no
apenso de verificação e graduação de créditos.
A venda executiva
O art. 811º, nº1 do CPC prevê quais as modalidades que a venda pode revestir e que
são:
a) venda mediante proposta em carta fechada;
b) venda em mercados regulamentados;
c) venda direta a pessoas ou entidades que tenham direito a adquirir os bens;
d) venda por negociação particular;
e) venda em estabelecimento de leilões;
f) venda em depósito público ou equiparado;
g) venda em leilão eletrónico.
A venda executiva
A decisão sobre a venda cabe ao agente de execução, ouvidos o exequente, o executado
e os credores com garantia real sobre os bens a vender, devendo a decisão ter como
objeto as seguintes questões - cf. art.º 812º, nºs 1 e 2:
1. A modalidade da venda;
2. O valor base dos bens a vender;
3. A eventual formação de lotes, com vista à venda em conjunto dos bens
penhorados.

O regime regra é o da venda em leilão eletrónico – cfr. art. 837º, n.º 1 do CPC.
A venda executiva
O valor de base dos bens imóveis, nos termos do n.º 3 do art.º 812º, corresponde ao
maior dos seguintes valores:
a) Valor patrimonial tributário, nos termos de avaliação efetuada há menos de seis anos;
b) Valor de mercado.
Em relação aos bens não referidos no número anterior, o agente de execução fixa o
seu valor de base de acordo com o valor de mercado, podendo promover as diligências
necessárias à determinação desse valor, se o achar vantajoso ou algum dos interessados
o pretenda.
A sua decisão deve ser notificada ao exequente, executado e aos credores reclamantes
de créditos, com garantia sobre os bens a vender – cf. art.º 812º, nº 6 do CPC.
Se algum deles discordar da decisão, cabe ao juiz decidir, sem possibilidade de recurso
da decisão que o mesmo venha a tomar - cf. art.º 812º, nº 7 do CPC.
O pagamento aos credores
Nem sempre a venda é necessária para se atingir o fim último
da execução, ou seja, o pagamento ao exequente.
De acordo com o disposto no art.º 795.º do CPC, há outras
formas de se conseguir o mesmo fim através de:
- entrega de dinheiro;
- adjudicação de bens;
- consignação de rendimentos;
- pagamento em prestações.
O pagamento aos credores – a adjudicação – 799º e ss CPC
A adjudicação consiste na possibilidade que o exequente e os credores reclamantes
têm em pedir que os bens penhorados, não compreendidos nos arts.º 830º e 831º,
lhes sejam entregues para pagamento.
A adjudicação funciona para o credor/exequente como uma espécie de dação em
pagamento (art.º 837º do CC), portanto, exige-se a aceitação do interessado a quem
os bens são adjudicados. A adjudicação está sujeita a um regime especial
decorrente do disposto nos art. 799º , 800º, 801º e 802º do CPC.
A adjudicação de bens é, enquanto forma de pagamento do exequente e dos
credores reclamantes, uma venda executiva, uma vez que o requerimento de
adjudicação pode dar origem a um específico tipo de venda, mediante propostas em
carta fechada, de preço superior ao oferecido pelo requerente - vide art.º 800º do
CPC.
O pagamento aos credores – consignação de rendimentos

A consignação de rendimentos só pode ter lugar enquanto os bens penhorados não


tiverem sido vendidos ou adjudicados e quando se trate de imóveis, móveis sujeitos
a registo ou títulos de crédito nominativos - cf. art.º 803º, nº1 e 805º, nº3 do CPC, e
deve ser requerida pelo exequente - e não por credor reclamante - ao agente de
execução, sendo deferida desde que o executado não requeira a venda – cf. art.º
803º nº1 e 2 do CPC.
A consignação de rendimentos de imóveis ou móveis sujeitos a registo visa colocar o
exequente na posição de beneficiário das rendas provenientes daqueles bens.
O pagamento aos credores – pagamento em prestações
É admissível o pagamento em prestações da dívida exequenda, nos
termos do disposto nos artigos 806º a 810º do CPC.
Necessário é que o exequente e o executado, até transmissão do bem
penhorado ou, no caso de venda mediante proposta em carta fechada,
até à aceitação da proposta apresentada, manifestem o seu acordo
mediante um plano de pagamento.
Se o exequente declarar que não prescinde da penhora já feita na
execução, aquela converte-se automaticamente em hipoteca ou penhor -
vide art.º 807º do CPC.
O pagamento aos credores – pagamento em prestações

Perante a falta de pagamento de qualquer das prestações acordadas,


pode, desde logo, o exequente requerer o prosseguimento da execução -
vide art.º 808º do CPC.
A partir da admissão da reclamação de créditos, há que atender também
ao interesse dos credores reclamantes (vide 809º do CPC, que confere ao
credor admitido cujo crédito esteja vencido, o direito de prosseguir com a
execução para satisfação dos seus créditos.
Para obviar a esta renovação, pode ser feito acordo global com todos os
credores, nos termos do disposto no art.º 810º do CPC.
A extinção da execução

Normalmente a execução extingue-se através do pagamento coercivo,


mas também se pode extinguir por causas diferentes. Por exemplo, pode
extinguir-se por qualquer outra causa prevista na lei civil como a dação
em cumprimento, consignação em depósito (cf. arts. 841º e ss do C.C.),
compensação, confusão, etc.
Também pode ocorrer extrajudicialmente, quando, por exemplo, o
executado procede ao pagamento diretamente ao exequente e é junto ao
processo documento que o comprove, procedendo-se, depois, à
liquidação da responsabilidade do executado, nomeadamente quanto a
custas, e à subsequente extinção da execução (cf.art. 846º/nº 5 do CPC).
A extinção da execução
A execução pode ainda extinguir-se:
– Se a sentença que serve de título à execução for revogada, em sede de recurso;
– Se for julgada procedente a oposição à execução;
– Se o exequente desistir da instância ou do pedido – vide art.º 848º do CPC;
– Por transação, etc.
Execução para entrega de coisa certa

A ação executiva para entrega de coisa certa tem lugar sempre que o
objeto da obrigação, tal como o título a configura, é a prestação de uma
coisa.
Sempre que o título configure uma obrigação de prestação de coisa, deve
usar-se o processo de execução para entrega de coisa certa, ainda que
esta não exista ou não venha a ser encontrada.
Assim, a execução é sempre para entrega de coisa certa, mesmo quando
haja lugar há subsequente conversão da execução para entrega de coisa
certa, em execução para pagamento de quantia certa – 867º do CPC.
Execução para entrega de coisa certa

A execução para entrega de coisa certa não se traduz na efetivação de


direitos sobre o património do devedor, pelo que não há lugar à penhora
de bens. Também não há concurso de credores nem venda da coisa
apreendida.
Nesta ação o exequente requer a entrega judicial da coisa devida – vide
art.º 827º do Código Civil.
Execução para prestação de facto

A ação executiva para prestação de facto tem lugar sempre que o objeto da
obrigação, tal como o título a configura, é uma prestação de um facto, seja
este de natureza positiva (obrigação de facere) ou negativa (obrigação de non
facere) cf. art.º 828º e 829º do Código Civil.
Para determinar o tipo de ação executiva há que recorrer ao título executivo,
ainda que o exequente venha a obter, em vez da prestação de facto que lhe é
devida, um seu equivalente pecuniário, ou porque, sendo o facto fungível,
não é possível obter de terceiro a sua prestação, ou porque, sendo infungível,
o exequente vem a optar pela resolução do contrato e a indemnização por
perdas e danos, face ao incumprimento e nos termos da lei civil.
ao dispor,
Nuno Almeida Ribeiro
934650198
nunoalmeidaribeiro@gmail.com

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