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Educação de 0 a 3 anos 1

REFERÊNCIA

GOLDSCHMIED, Elinor; JACKSON, Sonia. Educação de 0 a 3 anos: O atendimento em


creche. 2.ed. Tradução de Marlon Xavier. Porto Alegre: Artmed, 2006. Cap 6 e 8.

INTRODUÇÃO

Apesar dos grandes avanços em nosso conhecimento acerca de como um bebê se


desenvolve desde antes do seu nascimento até a maturidade, ainda estamos longe de dar sério
reconhecimento à importância dos primeiros três anos.
Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, impulsionou os estudos da grande
importância dos primeiros meses de vida das crianças para o futuro desenvolvimento e
aprendizagem. Este foi apenas o primeiro passo.
Atualmente as crianças que utilizam os centros de cuidado da primeira infância, as
crianças podem passar longas horas em creches desde pequenas, quando suas mães voltam a
trabalhar, além das dificuldades financeiras, também sofrem com o estresse de tentar dar
conta do trabalho e das obrigações domésticas e sociais ao mesmo tempo. Portanto é muito
importante os educadores da creche trabalharem em conjunto com os pais e sejam sensíveis às
pressões que eles enfrentam.
Houve um aumento significativo no número de creches particulares, na forma de
negócios, assim como nas creches vinculadas a clubes, shoppings. Na ausência de outras
formas de cuidado infantil, muitas mães usam como um pouco de alívio as responsabilidades
constantes que uma criança representa.
A possibilidade de oferta de cuidado infantil de alta qualidade, implica em empregar
funcionários qualificados, estrutura adequada, diminuindo seu lucro. Mas neste livro
sugerimos que esse atendimento pode ser melhorado mesmo diante de uma estrutura
insatisfatória e com recursos limitados, se colocarmos em prática de forma integral o
conhecimento sobre a primeira infância.
Este conhecimento sobre como as crianças aprendem e se desenvolvem aumentou nos
e estudo do comportamento de bebês desde os primeiros momentos no mundo.
O objetivo deste livro é tornar essa mudança mais acessível, mostrando como ele se
relaciona com a prática cotidiana nos centros de cuidado infantil, tanto em nível
administrativo quanto no contato direto com crianças e pais. Nos capítulos seguintes,
formulamos a ideia de que todos os aspectos do ambiente da creche podem dar uma
Elinor Goldschmied e Sonia Jackson

contribuição significativa ao bem-estar emocional e a educação em seu sentido amplo, das


crianças pequenas.
O livro objetiva ser de uso prático em vários níveis: para pessoas que cuidam de
crianças no dia a dia em creches, ou em suas próprias casas, e a para gerenciadores e
organizadores de serviços de cuidado infantil; ele também será relevante para quem trabalha
com o estabelecimento e a manutenção de modelos e para administradores, trabalhadores e
comunitários e a ampla gama de especialistas envolvidos com as crianças pequenas e suas
famílias.
O cuidado adequado deve ser não somente educacional, mas também sensível e
compreensivo; precisa ser formado por um entendimento imaginativo das experiências e dos
estados emocionais das crianças pequenas, especialmente quando elas estão separadas de seus
pais. Está a razão pela qual enfatizamos, ao longo deste livro, a necessidade de as cuidadoras
e as professoras observarem atenta e sistematicamente as crianças das quais cuidam, para
refletir sobre as suas observações, compartilhando-as e discutindo-as com os pais e entre elas
mesmas.

6 O CESTO DE TESOUROS

Este capítulo aborda uma das importantes maneiras pela qual o brincar e o
aprendizado dos bebês podem ser estimulados, tão logo posso sentar-se confortavelmente e
antes que comecem a engatinhar. Nesse período bebê já fica acordado por períodos mais
longos do dia.
O primeiro brinquedo do bebe é o corpo do adulto que cuida dele, vivenciando o calor
familiar, o cheiro, a tensão superficial da pele, as vibrações da voz e do riso, mas o bebê
precisa de oportunidades para brincar e aprender quando não está recebendo atenção de um
adulto próximo.

Variedade e qualidade no brincar do bebê

A medida que aumenta o tempo em que o bebê permanece desperto, e começa a


sentar-se em posição ereta, primeiro com apoio e depois sozinho, traz um pouco de
autonomia para o bebê, e nesta fase que o cesto dos tesouros (GOLDSHMIED)
O cesto de tesouros reúne e oferece um foco para uma rica variedade de objetos
cotidianos escolhidos para oferecer estímulos a esses diferentes sentidos, consiste em uma
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maneira de assegurar a riqueza das experiências do bebe em um momento em que o cérebro


está pronto para receber e fazer conexões.
Estamos considerando o que pode ser colocado à disposição da criança que consegue
sentar-se mas que ainda permanece presa a um lugar o que pode ser um período de frustração
e é aqui que o cesto oferece experiências que são interessantes e absorventes capacitando o
bebe a buscar uma aprendizagem vital para a qual ele está pronto e ansioso. Ao observar
proximamente um bebe com os objetos contidos no cesto podemos perceber quantas coisas
diferentes ele faz com eles. Ele utiliza ainda um objeto como uma maneira de se comunicar e
todo o corpo é utilizado nesta atividade;

Descobertas e concentração

A concentração e a atenção do bebe no cesto dos tesouros ocorre por 2 fatores, a


curiosidade da criança e sua vontade de praticar sua crescente habilidade de tomar posse por
sua própria vontade daquilo que é novo, atraente e próximo.

Primeiros passos na tomada de decisões

A habilidade de escolher de modo inteligente em relação a coisas simples como


alimentos, roupas e tanto quanto complexas como amizades e empregos, é algo que as
crianças precisam de oportunidades adequadas para praticar desde cedo - adequadas na
maneira com que as escolhas se relacionam com o estágio em que ela se encontram e com a
quantidade de informações que elas possuem nesse momento. Assim, o cesto de tesouros
oferece oportunidades infinitas para o processo de tomada de decisão da criança.

O papel do adulto

A presença interessada do adulto dá a confiança que o bebê precisa para encarar os


desafios que os objetos que podem ser manipulados pela primeira vez apresentam.

O brincar interativo entre bebês

Os bebês, apesar de se concentrar em manipular os objetos que escolhem, também


estão cientes da presença do outro bebê, como também estão envolvidos em trocas interativas
Elinor Goldschmied e Sonia Jackson

na maior parte do tempo. Nesse momento, o que atrai energia do bebê são outros bebês e os
objetos que têm interesse para os dois.

Movendo-se para o próximo estágio

Aos oito ou nove meses alguns já estarão fazendo as suas tentativas de engatinhar e
começando a se mover pelo ambiente. A mobilidade abre o caminho para todo tipo de
atividade exploratória, e é nesse estágio que a atividade de transferir coisas de dentro para
fora (vice-versa) de recipientes torna uma ocupação que absorve sua atenção por um longo
período de tempo.

Diretrizes para o uso do cesto de tesouros


● O tamanho do cesto;
● Cheio ate a borda;
● Bebês sentados
● adulto próximo, sem intervir;
● os objetos precisam de cuidado, manutenção e higiene;
● espaço seguro, livre de perturbações criadas por crianças que já se movem.

Itens sugeridos para o cesto de tesouros

Nenhum dos objetos do cesto precisam ser comprados, e muitos podem ser
encontrados no ambiente do lar, objetos comum do cotidiano para os adultos. o objetivo dessa
coleção é oferecer o máximo de interesse por meio de:
● Tato: textura, formato e peso
● Olfato: variedade de cheiros
● Paladar: tem

Resumo

Os bebês que já conseguem sentar independentemente, mas ainda não se movimentam,


precisam de uma grande variedade de objetos diferentes, que prendem seu interesse,
estimulam seus sentidos e sua compreensão em desenvolvimento. O cesto de tesouros é uma
maneira prática de reunir coleções de tais objetos e torná-las disponíveis aos bebês que ficam
sentados. Dois pontos fundamentais são salientados: (1) Os objetos devem ser feitos de
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materiais naturais, e não de plástico; (2) O papel do adulto consiste em garantir a segurança
por meio da sua presença, a tentar, mas não ativa. Uma vez que o bebê esteja sentado junto ao
sexto, não há necessidade de um adulto intervir de nenhuma forma, a menos que a criança
mostra que precisa ser confortada ou que necessita de cuidado físico.

8 O BRINCAR HEURÍSTICO COM OBJETOS

Neste capítulo, descrevemos uma nova abordagem para aprendizagem de crianças que
estão em seu segundo ano de vida, que foi desenvolvido e colocado em prática por Elinor
Goldschmied, em colaboração com educadoras, na Inglaterra, na Escócia, na Itália e na
Espanha. Essa abordagem não é somente parte de um ambiente de riqueza geral, que
gostaríamos de oferecer para as crianças desse grupo etário, mas também um componente
especial das atividades diárias que precisam ser organizadas de forma específica para que se
obtenha máxima eficácia. O “brincar heurístico” envolve em oferecer a um grupo de crianças,
por um determinado período e em um ambiente controlado, uma grande quantidade de tipos
diferentes de objetos e receptáculos, com os quais elas brincam livremente sem a intervenção
de adultos. Discorremos primeiramente sobre os princípios que norteiam essa abordagem, em
seguida sobre os arranjos práticos, no final do capítulo, oferecemos uma lista de sugestões de
objetos e materiais.

Aprendendo por meio da exploração e da descoberta

O aprendizado heurístico de acordo com o dicionário “como um sistema de educação


sobre qual o pupilo é treinado para descobrir as coisas por si mesmo”. é uma atividade
exploratória e espontânea, tem como objetivo aumentar a mobilidade, habilidade recém
adquirida de se mover é praticada sem parar ao longo do dia.
No segundo ano de vida, as crianças sentem um grande impulso de explorar e
descobrir por si mesmo a maneira como os objetos se comportam no espaço quando são
manipulados por ela. Elas precisam de uma ampla gama de objetos para fazer esse tipo de
experiência, objetos que sejam constantemente novos e interessantes, os quais certamente não
podem ser encontrados em um catálogo de brinquedos.

O brincar heurístico em ação


Elinor Goldschmied e Sonia Jackson

O brincar heurístico é uma atividade por meio das quais as crianças ilustram como elas
movem itens para dentro e para fora de espaços, enche esvaziam receptáculos. A partir da
massa de objetos disponíveis, elas selecionam, discriminam e comparam, arrumam em séries,
colocam por meio de fendas e empilham, rolam os objetos e testam seu equilíbrio, com
concentração, habilidade de manipulação.

Introduzindo o brincar heurístico em um centro de grupo

Oferecer o brincar heurístico em centros de grupo requer a resolução cuidadosa de


pequenos detalhes: materiais para o brincar, espaço, tempo, organização do ambiente, pois os
outros brinquedos deverão estar guardados, assim como devem ser organizados de tempos em
tempos para que o material seja sempre convidativo, e no final de cada sessão é necessário
envolver as crianças na reorganização do espaço, arrumar deve ser uma tarefa prazerosa.

O papel do adulto no brincar heurístico com objetos

No começo de cada sessão, ele seleciona e oferece os objetos e os receptores. Durante


a sessão, eles reorganizam de uma maneira que seja imperceptível e, finalmente, iniciam o
momento da coleta dos objetos pelas crianças, guardando-os em suas sacolas e pendurando
cada sacola em seu respectivo gancho.
O papel do adulto é de facilitador. Sentado em sua cadeira, em silêncio, atento e
observando e anotando o que as crianças fazem com o material.

Resumo

Ao adquirir mobilidade as crianças sentem uma necessidade crescente de explorar e


fazer experimentos que é muitas vezes frustrada, e pode levar a uma visão negativa desse
grupo etário. O brincar heurístico com objetos é uma forma peculiar de oferecer uma
experiência de aprendizagem planejada para as crianças que estão em seu segundo ano de
vida. Oferecer o brincar heurístico em centros de grupo requer a resolução cuidadosa de
pequenos detalhes: tempo, materiais e gerenciamento. O papel do adulto é o de organizador e
facilitador, e não o de iniciador. As crianças no segundo ano de vida brincarão com
concentração e sem conflitos por longos períodos desde que lhes sejam oferecidas
quantidades generosas de objetos cuidadosamente escolhidos.
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