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ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

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Sumário

NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2

ORIENTADOR EDUCACIONAL ...................................................................... 3

Introdução ........................................................................................................ 3

A orientação educacional no brasil .................................................................. 5

A postura do Orientador Educacional na atualidade........................................ 7

Inclusão ......................................................................................................... 10

As pessoas com necessidades especiais e o processo de inclusão ............. 11

O papel do orientador na educação inclusiva ................................................ 12

O Orientador Educacional como mediador inclusivo no contexto escolar .. 12


Professores e Orientadores educacionais frente ao desenvolvimento do
processo inclusivo escolar .................................................................................... 14
A inclusão na prática escolar para professores e orientadores ..................... 17

Problematização da inclusão no cotidiano escolar: Professores e


Orientadores frente a este processo..................................................................... 17
A Formação de professores e orientadores X processo inclusivo escolar . 21
Orientação educacional e os desafios da atualidade ..................................... 23

Conclusão...................................................................................................... 26

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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ORIENTADOR EDUCACIONAL

Introdução

A educação é concebida como fator imprescindível à formação e


ao desenvolvimento dos seres humanos. A escola é o espaço sócio cultural em que
as diferentes identidades se encontram, se constituem, se formam e se produzem,
portanto, é um dos lugares mais importante para se educar com vistas ao respeito
à diferença. Educar para diversidade não significa apenas reconhecer as
diferenças, mais refletir sobre as relações e os direitos de todos. Daí a importância
das ações que promovam a inclusão. Esta palavra, que outrora era utilizada
especificamente para estudantes com necessidades especiais tem sido divulgada no
sentido de mostrar um indivíduo que apresenta dificuldade de inserção em um
determinado grupo, devido a uma característica emocional ou física.

Historicamente, as pessoas com deficiência, ficaram excluídas dos


diferentes contextos e da participação social. Sabe-se que hoje uma nova consciência
de valorização, aceitação e respeito às diferenças mobilizam pessoas, famílias
e segmentos sociais e políticos, no sentido de criar condições para acesso à
inclusão e participação. Neste contexto é imprescindível que o Orientador
Educacional atue como mediador entre a escola e a família, no sentido de que esta
tenha seus direitos assegurados e que o aluno permaneça o tempo que for necessário
na escola para que de fato concretize sua aprendizagem.

As atividades do Orientador Educacional, nesse sentido, não podem


estar aquém do contexto social, político e econômico atual e deverão estar em

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conexão com as atividades dos professores, do grupo gestor e dos demais
segmentos da instituição educacional, somadas ainda à orientação devida aos
familiares dos discentes.

Partindo dessas premissas é que esta pesquisadora recém-chegada na


SEDF e atuando em uma escola de séries iniciais como Orientadora Educacional
optou por esse tema.

O espaço no qual foi realizado este trabalho conta com novecentos e vinte seis
estudantes, dos quais dezenove necessitam de atendimento especializado. Entende-
se assim que a inclusão é a garantia que todos possuem de um acesso continuo ao
espaço social, formando uma sociedade mais justa, igualitária e respeitosa,
recebendo de braços aberto a diversidade humana, guiando-se em ações coletiva
que almejam a igualdade de oportunidades.

Ressaltando que essa profissional trabalhando de forma subjetiva e impessoal


agirá conduzindo e informando sobre as possibilidades de aproveitamento das
experiências significativas que favoreçam o processo de inclusão. Dessa
forma optou-se em fazer um estudo de caso com o intuito de analisar o papel
do Orientador Educacional no processo de inclusão dos estudantes com
necessidades especiais e sua atuação junto à família e ao professor. Acredita-se que
para o desenvolvimento do estudante é necessário que esse profissional
propicie favorecimento da troca de experiências tanto entre profissionais da educação
quanto entre pais. Para uma melhor compreensão, os dados desta pesquisa
foram organizados em três partes. A primeira faz um breve histórico da
Orientação Educacional no Brasil, a segunda é especificada o objeto de pesquisa e
as estratégias utilizadas para que ocorra. Já na terceira unidade refere-se ao
método da pesquisa visando elucidar os fatos sobre coleta de dados e análise de
dados, participantes e instrumentos, necessário ao estudo.

Atuar como Orientador Educacional exige desempenho, e


conhecimento abrangente a respeito da dinâmica escolar. É fundamental para sua
função conhecer o meio no qual age, podendo assim analisar e avaliar as decisões
da escola, munindo-se de informações e conhecimento do processo de ensino
aprendizagem e das metodologias utilizadas no mesmo. Trabalhar para estabelecer
um clima harmônico nas relações é uma das principais funções desse profissional.

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A orientação educacional no brasil

Ao analisarmos a trajetória do Orientador Educacional no Brasil, percebemos


que esta passou por inúmeras modificações no decorrer da sua história. A
necessidade de uma formação para este profissional foi evidenciada a partir da
década de 20, conforme Grinspun:

Até a década de 1920, a Orientação Educacional no Brasil constituía-se de


atividades esparsas e isoladas, em que fazia presente o cunho de
aconselhamento, ligado a uma moral religiosa. A partir da década de 1920,
houve a necessidade de formação para essa nova realidade de trabalho.
(GRINSPUN, 2009, p.1).

Porém, foi a partir da criação das Leis Orgânicas dos anos de 1942 a 1946 que
a Orientação Educacional vai criando significado relevante. Essas leis instituíram
legalmente a Orientação Vocacional como obrigatória no ensino secundário. Em
1958, a Portaria nº105 regulamentava a função e o registro do Orientador
Educacional, e em 1961 a LDB 4024 classificava o orientador como “Educativo” (OE)
E “Vocacional”, apto a oferecer orientação psicológica e social aos indivíduos Essas
leis instituíram legalmente a Orientação Vocacional como obrigatória no ensino
secundário. No ano de 1964 foram criadas e reformadas algumas disciplinas
pedagógicas e as habilitações, possibilitando ao então Pedagogo se especializar em
Supervisão e Administração. A partir deste acontecimento começaram a ser criadas
associações de supervisores e de orientadores.

Em 1971, a Lei 5692 versa sobre a orientação educacional, incluindo entre as


suas atribuições a cooperação com os professores, a família e a comunidade.
(BRASIL,1971). Porém, não era isso o que se via nas instituições escolares, segundo
Grinspun: “A Orientação estava dentro da escola e não se deu conta do seu papel. ”
(GRINSPUN, 2006, p.20).

Nas décadas de 80 e de 90 o foco era a formação. A orientação educacional


começava a suscitar questionamentos quanto às metodologias e os processos de
avaliação utilizados. Essa preocupação gerou uma polêmica em torno do curso de
Pedagogia, gerando lutas sindicais, congressos e estudos sobre o assunto, o que

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culminou na extinção dos grupos então formados desde a década de 60 e em
conquistas significativas para os então orientadores educacionais.

Hoje, a LDB 9394/96 estabelece como requisito para a execução da função de


Orientador Educacional a formação em Pedagogia ou em pós-graduação:

A formação de profissionais de educação para administração, planejamento,


inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será
feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação,
a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum
nacional. (BRASIL,1996).

Observando toda esta trajetória histórica, podemos dizer que o orientador


educacional é essencialmente um facilitador no processo educativo, além de ser um
auxiliar na construção social dos educandos, ou seja, uma das funções do orientador
educacional é promover o ajustamento social dos educandos, considerando fatores
socioeconômicos, étnicos e culturais. Cabe a ele fazer com que o aluno encontre a
sua autoestima e que lute de forma crítica e consciente por seus direitos e deveres.
Além disso, deve trabalhar de acordo com um currículo que priorize as diferenças, a
fim de garantir uma educação inclusiva de qualidade. Sobre isso, Grinspun enfatiza:

O Orientador é aquele que discute as questões da cultura escolar


promovendo meios/estratégias para que sua realidade não se transforme em
verdades intransponíveis, mas se articule com prováveis verdades vividas no
dia-a-dia da organização escolar (GRINSPUN,2006, p.112)

Além disso, o orientador educacional deve sempre ser o elo entre a família, a
escola e a comunidade, propondo ações coletivas a fim de que haja a troca de
experiências e o conhecimento do meio, o que influencia positivamente o aluno no
processo de ensino e aprendizagem. Sobre a atuação do orientador educacional
neste contexto, Luck salienta:

A complexidade do processo de ensino depende, para o seu


desenvolvimento e aperfeiçoamento, de ações coletivas de espírito de
equipe, devendo ser esse o grande desafio da gestão educacional. E é neste
sentido que se caracteriza esta gestão: na mobilização do trabalho humano,
coletivamente organizado para a promoção de experiências significativas de
aprendizagem. (LUCK, 2003, p.82)

Espera-se, então, que o Orientador Educacional trabalhe com o objetivo


principal de conscientizar o seu alunado de que, independente da classe social no

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qual estão inseridos, todo o cidadão tem os mesmos direitos e deveres garantidos
pela Constituição. Isso é um trabalho que deve ser realizado ao longo de sua
escolaridade, e quando esta conscientização é deixada de lado, pode gerar a
desmotivação dos alunos, produzindo o fracasso escolar. De acordo com este fator],
discorre Grispun:

Cabe aos orientadores criar, descobrir e propor novas formas viáveis e


efetivas, de eliminação do fracasso escolar, tanto no nível de variáveis intra-
escolares, que às vezes o mantém, como no de variáveis extraclasses, que
não encontram meios de suprimi-lo. (GRINSPUN, 2006, p.86)

Para tanto, a proposta pedagógica da instituição deve ser elaborada de forma


a possibilitar o exercício democrático dos diversos setores da mesma, a fim de
promover a aprendizagem e o desenvolvimento, contribuindo para a formação de uma
sociedade justa e igualitária. Assim, de acordo com as considerações acima,
podemos entender que ao Orientador Educacional cabe trabalhar visando
essencialmente atender as diversidades do alunado, com vistas a garantir uma
educação inclusiva de qualidade.

A postura do Orientador Educacional na atualidade

O aluno sempre foi o objetivo principal desde o surgimento da Orientação nos


Estados Unidos até sua chegada ao Brasil, prolongando-se aos dias atuais. Por mais
que se discuta diversas formas das práticas do processo de Orientação Educacional,
seu objetivo sempre estará voltado primordialmente ao aluno. É o que diz (Grispun-
2012):

“O Orientador estava relacionado, em grande parte, às atividades que


deveriam ser desenvolvidas pelo aluno para o seu auto heteroconhecimento.
A prática dos orientadores incluía, então, a aplicação e análise dos
resultados dos testes de aptidão e interesses; levantamento de dados e
perfis da turma, de sociocratas e etc. O enfoque era voltado para o aluno,
suas potencialidades e possibilidades”. (GRISPUN, 2012:177)

Atualmente além do contato principal com o aluno, o Orientador Educacional,


neste momento, deixa de ter uma dimensão terapêutica de atendimento relacionando
situações envoltas a realidade do educando, para inseri-lo de forma contextualizada

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no processo educativo, deixando de ser apenas um aluno composto de
aconselhamentos antes psicologizados pelo Orientador Educacional para ser
participante, enquanto cidadão, no processo escolar. Sendo assim, o Orientador
Educacional, sendo um dos profissionais participantes da equipe técnica da unidade
escolar, interage com o professor e a família do educando a fim de auxiliar o aluno
em seu desenvolvimento no processo educativo, trazendo à escola suas vivências
familiares, realizando a mediação necessária para que todos estes atores
educacionais possam contribuir, de maneira positiva, no desenvolvimento do
processo de aprendizagem escolar do aluno. É o que dizem Giacaglia (2002):

"participando do planejamento e da caracterização da escola e da


comunidade, o orientador educacional poderá contribuir, significativamente,
para decisões que se referem ao processo educativo como um todo".
(GIACAGLIA, 2002:15)

Com isso todos os alunos permanecem centralizados no que diz respeito ao


trabalho de realização do processo pedagógico educativo, não se restringindo apenas
aos os alunos com problemas ou dificuldades na aprendizagem, mas sim, a todos os
alunos inserido no contexto escolar, voltando o seu trabalho para os aspectos
saudáveis do aluno e para que todos possam ter o acesso a Orientação Educacional.

Como mediador entre o corpo docente, familiares do educando, o Orientador


propõe, em seu trabalho, um dinamismo discutindo problemas atuais que fazem parte
do contexto sociopolítico e cultural no qual está inserido, mediando também a todos
os que estão interligados a vivência do aluno, como coadjuvantes deste processo
educativo. Vale ressaltar que o Orientador Educacional necessita reconhecer a
comunidade pertencente a cada escola, mostrando que cada escola possui sua
singularidade uma vez interligada a clientela que a cerca. Cabe ao Orientador
Educacional ser um dos mediadores em atrair a comunidade a escola, elaborando
estratégias que possam atraí-los à escola, de forma que pais e responsáveis possam
participar, juntos com seus filhos, das atividades pedagógicas que cada escola
oferece. E este envolvimento dos trabalhos pedagógicos oferecidos pela gestão
escolar da escola e com a com a mediação do Orientador Educacional, deve ser
praticado como diz Vasconcellos (2002):

“Alguns diretores tratam os equipamentos da escola como se fossem objetos


pessoais, propriedades privadas; outros, ao contrário, estabelecem relações
de parceria com a comunidade e, com isto, não só passam a contar com ela

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como elemento de apoio para as mudanças, como ainda obtêm diminuição
do vandalismo, da violência; os alunos se sentem acolhidos, experimentam
a escola como território aliado. Queremos deixar claro que estamos nos
referindo à abertura tanto no que diz respeito às instalações e equipamentos,
quanto, num sentido mais sutil, de se deixar sensibilizar pelas exigências
colocadas pela sociedade”. (VASCONCELLOS, 2002:63)

Esta dinâmica interna no que diz respeito ao trabalho de orientação


Educacional com os pais, responsáveis, alunos e professores, pode ser dirigida pelos
suportes oferecidos pela escola, tais como: DVD, TV, Datashow, Espaço apropriado
para tal evento como uma palestra por exemplo, para que assim, o Orientador possa
utilizar de artefatos que o auxiliem em seu trabalho de interação com a comunidade.
Conforme (GRISPUN- 2012):

“No momento externo é possível trabalhar com filmes, DVD’S, artigos de


revistas, jornais, resultados de pesquisa, letras de música, contos de
literatura, projetos realizados junto com os professores sobre determinado
assunto, como o meio ambiente da região onde se situa a escola e etc., e
contextualizarmos junto com os alunos, procurando refletir sobre os mesmos
e levando-os a discutir a problemática apresentada”. (GRISPUN,2012:)

Sendo assim, fica claro que a preocupação do Orientador na atualidade está


direcionada às questões sociais e políticas levando o aluno ao senso crítico, onde
realiza trabalhos mediáticos entre o corpo docente, discente, pais, responsáveis e
toda a comunidade escolar, trabalhando assim o processo de desenvolvimento
cognitivo e intelectual do aluno, contextualizando à comunidade e com os demais
educadores ativos na participação de interação do processo educativo do educando.

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Inclusão

A inclusão conceitua-se como o processo pelo qual a sociedade se adapta para


poder incluir, em seus sistemas sociais, pessoas consideradas diferentes
da comunidade a que pertença. Ela ocorre num processo bilateral no qual as pessoas,
ainda excluídas, e da sociedade, buscam equacionar problemas, discutir soluções
e equiparar oportunidades para todos.

A educação tem passado por vários caminhos na busca deste objetivo, e


um deles é a inclusão de crianças com necessidades especiais na escolar regular, o
que tem causado muitas discussões e, como toda mudança, algumas confusões
em interpretar o que é incluir, ou melhor, como realizar a inclusão, em escolas que
às vezes encontram dificuldades para entender e resolver os pequenos desafios
que enfrentam nas diferenças com os alunos ditos normais.

Acreditando que o ato de educar deve proporcionar o desenvolvimento a todos


e este deve se referir a todas as áreas para atingir o ser como um todo, que precisa
aprender e ter a oportunidade de desenvolver todas as suas potencialidades.

O termo inclusão parece significar coisas distintas para pessoas distintas


em distintos contextos, mas sugere que se resultem três pontos de consenso e

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de compromisso: Criação de uma sociedade mais justa; Desenvolvimento de
um sistema educativo mais equitativo; Promoção de resposta da escola regular
à diversidade e a heterogeneidade, como meio para tornar realidade tais desígnios.

Reconhecer a diversidade é promover a igualdade de chances para que


todos possam desenvolver seus potenciais. No caso dos alunos com
necessidades especiais, deve-se começar garantindo-lhes o direito de acesso aos
bens da sociedade – educação, saúde, trabalho, remuneração digna etc. Ou seja,
propiciar, por meio da educação, o desenvolvimento das atividades de vida autônoma
diária.

As pessoas com necessidades especiais e o processo


de inclusão

Desde o início da Humanidade as pessoas que apresentavam alguma


deficiência eram de alguma forma, excluídas do convívio com os ditos “normais”. Na
Grécia Antiga as crianças que nasciam prematuras ou com alguma deficiência física
eram abandonadas à morte, pois segundo a cultura grega o corpo era a maior dádiva
de um homem. Os romanos, por sua vez, eram autorizados por lei a matarem seus
filhos que nascessem com alguma deficiência, ou, como eles chamavam “traços de
monstruosidade”. Com o Cristianismo, essas práticas foram abolidas, porém as
crianças nascidas com deficiências ainda eram por eles consideradas frutos do
pecado. O primeiro hospital para pessoas com deficiência física foi criado em
Constantinopla, porém com caráter de abrigo assistencialista, sendo seus pacientes
atendidos de modo precário.

Na Idade Média as pessoas com necessidades especiais eram encaradas


como “endemoniados”, acusados como “praticantes de bruxaria” pela inquisição e
acabavam acorrentados e queimados vivos.

Surge o Renascimento, e com ele um novo olhar sobre as pessoas com


deficiência. Havia uma preocupação com a integração destes indivíduos. No século
XIX, foi iniciado o atendimento aos doentes mentais, de acordo com MAZOTTA (2005,

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p.21) Ainda de acordo com Mazotta, a primeira classe especial foi criada nos Estados
Unidos, em 1896, e em 1900 foi criada a primeira classe para cegos e aleijados (2005,
p.24). Durante um século foram criadas iniciativas referentes ao atendimento aos
portadores de deficiências. Porém, quando falamos em Brasil, só houve um
verdadeiro compromisso com a inclusão na década de 90, na Conferência Mundial
de Educação para Todos. E por fim, a Declaração de Salamanca foi um verdadeiro
marco na luta pela Educação Inclusiva.

O papel do orientador na educação inclusiva

A inclusão Escolar é conceituada como uma forma de incluir o indivíduo a todo


o sistema de ensino regular, propiciando um ambiente diversificado em um espaço
para todos, com o objetivo de desenvolver intelectualmente e socialmente os alunos
com necessidades especiais. A inclusão não pode ser vista como um problema e sim
como uma diversidade. Neste momento, o Orientador educacional entra como um dos
principais atores neste processo pedagógico inclusivo, a fim de propiciar aos docentes
e aos demais educadores participantes de toda a parte técnica ferramentas de auxílio
para o desenvolvimento com excelência inclusivo escolar. Mas antes de
compreendermos todo esse processo, observamos no momento, a trajetória histórica
da inclusão brasileira.

O Orientador Educacional como mediador inclusivo no


contexto escolar

Como já vimos, educadores encontram-se em discussões contínuas sobre o tema


de inclusão escola e junto a esta discussão, pensa-se em um ambiente educacional
propício e diversificado, com recursos e estímulos variados a fim de atender aos alunos
deficientes físicos e mentais. É claro que se fossemos analisar a diversidade existentes
entre os discentes de uma unidade escolar, podemos dizer que existem muitas
diferenças, de aluno para aluno, onde até mesmo nós podemos nos enquadrar, como a
timidez, pobreza extrema, maus tratos, autoestima muito baixa enfim, uma infinidade de

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diversidades que expressam nossas individualidades, nos fazendo únicos e cidadãos.
Porém neste presente capítulo, a diferença aqui estudada, é exclusivamente as dos
alunos portadores de algum tipo de deficiência, quer seja ela física ou mental.

Em algumas escolas, gestores, orientadores, professores e todos os demais


educadores da unidade escolar são surpreendidos quando um aluno, por lei, é
matriculado na escola de ensino regular, onde muitas vezes, deparam-se com o
despreparo de docentes, gestores, orientadores e os demais educadores na prática da
inclusão de alunos com necessidades especiais sem contar com a falta de recursos
específicos para atender a demanda desses alunos. Para que realmente o processo de
inclusão ocorra nas escolas regulares Sampaio (2009) afirma que: “No entanto, apesar
de conhecerem as justificativas pedagógicas para a implementação da educação
inclusiva, algumas professoras deixaram claro o caráter obrigatório, legal, para
aceitarem os alunos com deficiência”. (SAMPAIO, 2009:82).

A autora realizou entrevistas com algumas professoras que descrevem seus


anseios, dificuldades apesar de adquirir algum conhecimento sobre a educação inclusiva
nas escolas regulares. Em uma fala de uma professora Sampaio (2009) nos mostra que
se “Essa proposta de inclusão também veio com a LDB e caiu de “paraquedas” para nós.
Porque antes, quando você recebia um aluno especial ele era encaminhado para uma
escola específica para isso. Com a nova lei, você fica assim, ‘proibido’ de recusar esse
aluno”. (SAMPAIO, 2009:82). Nota-se que ainda possui uma resistência, ainda que
pequena, de receber o aluno especial na escola regular. Essa resistência pode estar
assegurada pelo fato de preparo do docente em desenvolver um trabalho eficaz com o
educando e inseri-lo no contexto de educação regular.
Sendo assim, observamos que os alunos especiais podem desenvolver suas
potencialidades em uma escola regular, mas o questionamento feito por muitos
educadores é a falta de preparo por parte de muitos docentes, que desconhecem
métodos de ensino específico para determinada deficiência e o escasso ou nenhum
material para se trabalhar com os alunos com necessidades especiais. O art, 277,
caput. Da Constituição Federal de 1988 prevê como responsabilidades por assegurar
o direito de educação à família, a sociedade e ao Estado. Neste caso, compete aos
educadores a tarefa de aprimorar e desenvolver uma prática pedagógica diferenciada,

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que neste caso, possa favorecer e incluir o aluno deficiente ao seu desenvolvimento
educativo nas escolas regulares.

Para começarmos o estudo das intervenções dos orientadores no processo de


aprendizagem do aluno portador de alguma deficiência, vejamos muitas inquietações,
paradigmas e dificuldades que professores enfrentam com a falta de preparo e de
recursos específicos para que realmente o processo de inclusão aconteça.

Professores e Orientadores educacionais frente ao


desenvolvimento do processo inclusivo escolar

Muitos professores reconhecem que a educação ainda deixa muito a desejar


quanto a atenção devida ao processo inclusivo nas escolas regulares. Quer seja por
falta de preparo, especialização ou até mesmo conhecimento sobre a importância do
processo de inclusão escolar no ensino regular, muitos professores se encontram
inseguros ao se deparar com o aluno deficiente em sala, deixando-os até mesmo
frustrados no decorrer do desenvolvimento de seu trabalho, tentando mesmo com
muitas dificuldades, desenvolver um trabalho de inclusão nas escolas regulares.

Sampaio (2009) conversa com algumas professoras que lecionam no ensino


regular. Estas professoras reconhecem muitas dificuldades no cotidiano escolar para
colocar em prática o processo de inclusão, mas algo nos chama atenção no decorrer
deste processo: os alunos que realizam suas atividades por muito tempo com uma
professora, apresenta um desempenho diferente de como este aluno se encontrava

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inicialmente, mostrando um processo evolutivo no que diz respeito a aprendizagem
do educando inclusivo. Sendo assim, em sua entrevista, Sampaio (2009) afirma que:

Apesar de serem unânimes acerca da dificuldade em dar uma atenção maior


aos alunos com “ritmo lento”, devido ao grande número de alunos e da
diversidade de situações com que lidam na sala, aquelas que
acompanharam estes alunos por um período mais prolongado constataram
que sua mediação mais constante é um diferencial significativo: o
desempenho da criança se modifica se elas estão próximas. (SAMPAIO,
2009:82).

O aluno, já acostumado com a figura da professora, se sente mais seguro o


mesmo ocorre com a professora que conhece o aluno, suas limitações e suas
dificuldades no cotidiano escolar. Ambos, professora e aluno, se unem para dar
continuidade ao desenvolvimento de inclusão, mostrando o aluno participativo e
construtor em seu processo evolutivo de aprendizagem. Neste momento, observamos
que as professoras possuem algum conhecimento sociointeracionista que evidencia
a importância de mediação por parte do professor a partir do conhecimento prévio do
aluno. É o que ocorre com o conceito de desenvolvimento de zona proximal
conceituado por Vygotsky. A professora tem de estar atenta aos sutis indícios
mostrados pelo aluno a fim de que ela perceba, e assim, desenvolva ferramentas
pedagógicas diversificadas que auxiliem o aluno em seu cotidiano escolar.

Vale ressaltar que não é fácil desenvolver um trabalho de inclusão envoltos a


tantos questionamentos feitos por educadores em uma unidade escolar sobre o
processo de inclusão em escolas de ensino regular. Este assunto, se perdura por
entre séculos, e de alguns anos para cá se tornou algo muito discutido devido as
inquietações de professores e orientadores sobre como, quando e onde realizar o
desenvolvimento de um trabalho tão minucioso que é de fato, a inclusão escolar.

Mediante a algumas dificuldades encontradas no cotidiano escolar, muitos


Orientadores encontram-se diante de um grande desafio, que é de apresentar como
mediador entre professores, alunos, pais ou responsáveis, gestão e todos os outros
profissionais que fazem parte da equipe técnica pedagógica da escola.

O professor precisa sentir-se seguro na unidade escolar, compreendendo o


apoio recebido ou que irá receber de seu Orientador por toda essa trajetória de
desenvolvimento intelectual do aluno, a fim de que haja a inclusão na Instituição de
Ensino. Se por um lado o Orientador desempenha seu papel enquanto mediador no

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processo inclusivo, por outro, muitos se sentem inseguros quanto o conhecimento
teórico e prático de articular procedimentos pedagógicos para propiciar suportes
adequados que atendam cada deficiência em específico para que assim, a inclusão
escolar possa realmente acontecer nas escolas de ensino regular.

Notamos que há uma interação entre professores, alunos, gestores, pais, e


demais educadores da unidade escolar, o que nos mostra a participação ativa e
coletiva da proposta pedagógica da instituição e neste processo de interação entre
os atores neste processo educativo, o orientador pedagógico tem como função
propiciar o exercício democrático de todos os segmentos, compreendendo a realidade
da unidade escolar, conhecendo anseios, inquietações e dificuldades dos educadores
quanto ao desenvolvimento do processo inclusivo escolar. Para tanto Brandão (2005)
afirma que:

Deve cumprir eu papel de ajudar na elaboração de projetos e na


concretização de ações que tornem as escolas espaços abertos para todos,
onde as diferenças são valorizadas, através de processos inclusivos de
educação. Espaços educativos de formação de personalidades humanas
independentes, dotadas de consciência crítica. Locais onde os alunos
aprendam a ser pessoas responsáveis e comprometidas no mundo no qual
vivem. Ambientes educativos onde se aprende a valorizar as diferenças, pela
convivência entre as pessoas, pelo exemplo dos educadores, pelo ensino
que acontece nas salas de aula, pelas relações sócias afetivas que ali se
estabelecem. São contextos educacionais em que todos os educandos têm
a oportunidade de aprender a se desenvolver na interação com os outros
educandos. (Brandão, 2005:3).

Segundo Brandão (2005) é e de suma importância a interação do Orientador


neste processo evolutivo de mediação inclusiva nas escolas regulares, a fim de
propiciar a todos um ambiente diversificado, levando-os a conscientização do respeito
e da valorização das diferenças, realizando um ambiente escolar democrático em sua
construção pedagógica entre os discentes e os demais atores que contribuam para o
desenvolvimento do processo educativo de inclusão.

Como ela mesmo cita, o desenvolvimento de interação entre os educando,


propicia a estes a oportunidade de conviver com as diferenças respeitando-as de
maneira consciente e cidadã, favorecendo a construção de uma sociedade mais justa,
realizando o comprometimento do desenvolvimento cognitivo dos educandos em um
ambiente diversificado, tanto no que diz respeito a recursos, materiais pedagógicos

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quanto na interação e interesse entre docentes e discentes bem como orientadores,
pais e gestores a evolução do processo educativo na unidade escolar.

A inclusão na prática escolar para professores e


orientadores
Problematização da inclusão no cotidiano escolar: Professores
e Orientadores frente a este processo

O sistema educacional de ensino nos mostra em seu cotidiano inúmeros


problemas que colaboram para diminuir o índice de qualidade de ensino nas escolas
brasileiras de ensino regular. Um dos grandes fatores para o desenvolvimento desta
grande problematização está interligado ao número de alunos em sala de aula, falta
de recursos e de materiais pedagógicos, despreparo de docentes e da falta de
formação acadêmica e de conhecimentos sobre questões atuais discutidas em nossa
sociedade, além da revitalização de métodos tradicionais ministrados nas aulas por
parte de alguns professores.

Na década de 80, questionamentos sobre os direitos humanos foram


apresentados, no qual diversos profissionais tiveram a oportunidade de se reunir para
falar sobre questionamentos de diversos fatores relacionados a qualidade do ensino
em nosso País. A partir destas discussões, em 1990 houve a preocupação da
aplicabilidade da educação inclusiva nas escolas convencionais, dando o direito a
todos os alunos a participação e a integração a educação nas escolas convencionais.
Diante a esta problemática, Montoan (2006) afirma que:

“É inegável que a inclusão coloca ainda mais lenha na fogueira e que o


problema escolar brasileiro é dos mais difíceis, diante do número de alunos
que temos de atender, das diferenças regionais, do conservadorismo das
escolas, entre outros fatores”. (MONTOAN 2006:23)

A partir deste pontapé inicial ocorrido na década de 80, na década seguinte


surge a Declaração de Salamanca, uma conferência internacional que define que

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todos, inclusive os que possuem necessidades educacionais especiais, devem estar
inclusos no sistema regular de ensino. A Declaração de Salamanca proclama que:

 Todas as crianças, de ambos os sexos, têm na educação um direito


fundamental, e a todas elas devem ser dadas a oportunidade de obter
e manter um nível aceitável de conhecimentos;
 Cada criança tem características, capacidades, necessidades e
interesses de aprendizagem, que lhe são próprios; Inclusão: História,
Conceitos e Problematização.
 Os sistemas educacionais devem ser projetados e os programas
aplicados de modo que tenham em vista toda a gama destas diferentes
características e necessidades;
 As pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter
acesso às escolas convencionais que deverão integrá-las em uma
pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a estas
necessidades;
 As escolas convencionais, com esta orientação integradora,
representam o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias,
criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e
dar educação para todos; além disso, proporcionam uma educação
efetiva à maioria das crianças; melhoram a eficiência do sistema
educacional, bem como sua relação custo-benefício.
 Priorizar, tanto em termos políticos como orçamentários, a melhoria de
seus sistemas educacionais, para que possam abranger todas as
crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades
individuais;
 Adotar, com força de lei ou como política, o princípio da educação
integrada que permita a matrícula de todas as crianças em escolas
comuns, a menos que haja razões convincentes para o contrário.
 Desenvolver projetos demonstrativos e incentivar intercâmbios com
países que tenham experiência com escolas inclusivas;
 Criar mecanismos descentralizados e participativos para o
planejamento, a supervisão e a avaliação do ensino de crianças e
adultos com necessidades educacionais especiais;

18
 Promover e facilitar a participação de pais, comunidades e organizações
de pessoas com deficiência no que diz respeito ao planejamento e à
tomada de decisões para atender alunos (as) com necessidades
especiais; despender maiores esforços na identificação de intervenções
tempestivas e nas estratégias de implementá-las, cuidando para que
estas intervenções levem em conta os aspectos profissionais;
 Assegurar que, em um contexto de mudança sistemática, os programas
de formação do professorado, tanto inicial como contínua, estejam
voltados para atender às necessidades educacionais especiais nas
escolas inclusivas.

Outra grande problematização do cotidiano escolar nas escolas de ensino


regular para a implantação do processo inclusivo é a falta de interesse por parte de
muitos educadores no cotidiano escolar de ensino regulares, seja por abrir espaços
para discussões e colocar em prática um trabalho de desenvolvimento à crianças com
necessidades especiais educacionais, seja pela falta de interesse ou por não adquirir
um “trabalho” a mais em seu dia a dia na escola, deixando muitas vezes de atender
a estes alunos.

Alguns professores apresentam desinteresse quando o assunto é inclusão


escolar, e preferem não lecionar para crianças especiais. Segundo Montoan (2006):
“Precisamos de apoio e de parcerias para enfrentar essa tarefa de todos que é ensino
de qualidade. Temos sofrido muita oposição e resistência dos que deveriam estar nos
apoiando. Falta vontade de mudar” (Montoan, 2006:25).

Após 25 anos de estudos, conferências e discussões observamos que a


maioria dos alunos com necessidades educacionais especiais não são atendidos
adequadamente no que diz respeito ao processo de inclusão nas escolas públicas e
particulares, quer seja por falta de recursos pedagógicos, quer seja pela carência de
profissionais com formação acadêmica, ou até mesmo por profissionais que lecionam
no ensino regular onde não possuem nenhum preparo ou conhecimento para
desenvolver um trabalho dinâmico e criativo com os alunos com necessidades
educacionais especiais no cotidiano escolar. Para Montoan “Nosso sistema
educacional, diante da democratização do ensino, tem vivido muitas dificuldades para

19
equacionar uma relação complexa, que e a de garantir escola para todos, mas de
qualidade” (Montoan, 2006:23).

É necessário que todos, pais e professores, equipe técnica pedagógica da


escola estejam dispostos a desenvolver um trabalho dinâmico e prazeroso com
nossos alunos portadores de necessidades especiais, a fim de alcançar não somente
um objetivo de igualdade as condições educacionais de ensino regular, como também
de evitar possíveis situações que favoreçam a desvalorização ou a inferioridade do
aluno com necessidades especiais em seu cotidiano escolar.

Os debates, conferências e o apoio do Estado é muito importante para que


realmente o processo de inclusão ocorra, mas isto cabe aos professores,
Orientadores e os demais atores da equipe técnica pedagógica da escola enfatizar a
importância do desenvolvimento de um trabalho sério relacionado ao processo
inclusivo em escolas convencionais para que realmente estes alunos com
necessidades especiais possam ser atendidos, proporcionando-os assim não só a
igualdade ao acesso a educação como também o desenvolvimento intelectual dos
alunos portadores de necessidades especiais. Como afirma Montoan (2006):

“A igualdade abstrata não propiciou a garantia justas nas escolas. A


igualdade de oportunidades, que tem sido a marca das políticas igualitárias
e democráticas no âmbito educacional, também não consegue resolver o
problema das diferenças nas escolas, pois elas escapam ao que esta
proposta sugere, diante das desigualdades naturais sociais” (MONTOAN,
2006:19).

O que ocorre muitas vezes nas escolas regulares é a preocupação por parte
de muitos docentes e orientadores no que diz respeito a ministração de aulas
tradicionais sem levar em discussões nas reuniões pedagógicas, por exemplo, a
grande problemática que é a de tentar sanar, pesquisar e tentar descobrir soluções
que atendam a diversidade de alunos existentes em nossas escolas.

O quantitativo de aluno e cada classe, como já mencionado, é um dos fatores


que intervém de maneira negativa no processo de ensino aprendizado bem como na
organização de estratégias de ensino para tais questões que são de suma
importância.

Mesmo com todos estes desafios encontrados na educação brasileira presente


nas escolas públicas e particulares, o debate para atender a diversidade de alunos

20
em nossas escolas necessitam ser frequentes, enfatizado através do grupo de
professores, mostrando-se verdadeiramente em atender a demanda diversificada,
tendo em vista discussões sobre o tema inclusão sem medo, preconceitos, dando a
importância devida para o assunto tão jovem (apenas com 25 anos em discussão a
Conferência de Salamanca) que foi debatido na década de 90 e perdura nos dias
atuais. O que chama atenção é que na maioria das escolas, infelizmente, o assunto
não é muito debatido nem é visto por muitos docentes como importante e que mereça
tal discussão ou importância devida. Isso se dá ao fato de muitos docentes ou equipe
técnica da escola não relevar o assunto, devido a quantidade inferior da demanda de
alunos com necessidades educacionais diversas ainda é um pouco menor em relação
a quantidade de alunos que não possuem nenhum tipo de deficiência física ou mental
ou nenhum transtorno que comprometa em sua aprendizagem em sala de aula.
Montoan diz que “As propostas educacionais inclusivas exigem uma atenção
constante dos professores para que não seja ferido o direito humano e indisponível
de todos os alunos ao ensino regular comum” [...] (MONTOAN, 2006:80).

O apoio do serviço de orientação pedagógica é de grande importância para ao


desenvolvimento coeso do trabalho diário de inclusão escolar. O apoio da escola é
de suma importância para o trabalho de inclusão escolar ocorra nas escolas
convencionais. Professores necessitam estar atentos e interessados ao
desenvolvimento do processo inclusivo nas escolas. Todos necessitam estar
inseridos e interessados para que o processo escolar possa ser ministrado nas aulas
regulares com os alunos portadores de necessidades especiais.

A Formação de professores e orientadores X processo


inclusivo escolar

O papel da escola e do educador estão muito mais além do que a formação


acadêmica de seus educandos. Na educação inclusiva não é diferente, pois relaciona-
se também ao trabalho contínuo de seus educadores aos valores éticos da escola,
tendo a principal função formativa destes alunos que estão ligados intrinsicamente a
formação do respeito, buscando incentivar a cidadania de todas as crianças, em seus
vários níveis de escolaridade.

21
A educação inclusiva promove a todas as crianças direitos e deveres e debates
em causas coletivas. É o espaço para que cada aluno possa debater questões
igualitárias tanto no respeito a diferenças quanto na formação acadêmica dos alunos.
Os debates são utilizados entre alunos reflitam sobre o tema inclusão na escola e dar
a importância devida para tal assunto discutido na escola. Segundo Crochík (2002):

“_ auxiliar os que não sabem com o seu saber e aprender pela própria
experiência, os seus limites e o dos outros, [experiências que] podem dar-
lhes algo que a busca da perfeição impede: o entendimento da vida e a
possibilidade de vivê-la”. Crochík (2002:295)

O contato e a convivência com as crianças deficientes e as outras crianças não


deficientes são importantes para o aprendizado não só de valores éticos da escola
como também de da formação acadêmica dos educandos. Segundo Sampaio (2009):

“Tece comentários sobre uma pesquisa feita a partir do referencial


piagetiano, em que se constatou que o fato de uma criança se apropriar de
um conhecimento e adequá-lo para ensinar a alguém, favorece o avanço de
suas próprias estruturas cognitivas”. (SAMPAIO, 2009:44)

A educação inclusiva nas escolas vai muito além da aceitação de crianças com
deficiência para frequentar salas de aula de ensino regular. É necessário estudar e
formar juntos, professores e orientadores, processos pedagógicos adequados para
tais procedimentos específicos que atendam a demanda de alunos com necessidades
educacionais especiais para os deficientes físicos e mentais, para que tais
procedimentos alcancem os objetivos satisfatórios propostos, que são o de ajudar
estes alunos ao desenvolvimento intelectual, físico e ético.

Existem alguns questionamentos sobre a formação do professor quanto a suas


atitudes referentes ao processo de inclusão nas escolas e a postura de alguns
orientadores frente ao desenvolvimento da dinâmica pedagógica para que realmente
o processo de inclusão nas escolas aconteça. Será que todos ou a maioria destes
profissionais estão preparados para dinamizar pedagogicamente o processo de
inclusão nas escolas convencionais? Será estes educadores possuidores de uma
formação acadêmica voltadas para a educação inclusiva? Como é a reação de muitos
orientadores e professores frente ao processo inclusivo. Segundo Sampaio (2009):

De uma forma geral, a literatura sobre o tema ressalta a importância da


qualificação profissional do professor, apontando, como uma das principais
barreiras para a efetiva inserção dos alunos deficientes no sistema regular

22
de ensino, o despreparo dos professores para receber esta clientela.
(SAMPAIO, 2009:45).

Como uma unidade escolar pode estar apta a receptividade de alunos


deficientes se educadores não possuem nenhuma formação para tal trabalho? É de
suma importância que a escola e seus governantes possam estar atentos a formação
continuada e a formação acadêmica de nossos educadores para o desenvolvimento
de tais funções pedagógicas, garantindo o sucesso intelectual e ético no processo de
inclusão de nossos alunos.

Orientação educacional e os desafios da atualidade

Na atualidade a orientação educacional está mobilizada com outros fatores que


vão muito além de auxiliar e cuidar educandos com problemas. Há, portanto,
necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, voltada para
a formação de um cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo.

É necessária uma proposta mais crítica e democrática ao trabalhar com o aluno


no desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e a
intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações estabelecidas.

O papel do Orientador Educacional, hoje, está comprometido com a mediação,


transformação e organização de um currículo problematizado, onde o aluno constrói
seu próprio conhecimento, estimulado pela busca constante da resolução dos
conflitos que surgem no confronto de ideias, onde é incentivado a expressar-se com
liberdade, onde o erro passa a ser construtivo e motivador na busca de novas
respostas, onde o aluno é orientado a sair do senso comum em direção a uma
concepção mais elaborada de mundo, partindo de sua realidade vivencial para a
ampliação do seu saber e o acesso a outros saberes.

É um processo permanente de construção, desconstrução e reconstrução do


conhecimento por parte do aluno, sendo o professor um facilitador deste processo e
o orientador educacional um mediador destas relações no cotidiano pedagógico da
escola, compreendendo criticamente as relações que se estabelecem no processo

23
educacional, buscando trabalhar integradamente com todos os atores sociais de
todos os setores da comunidade escolar, sem deixar de olhar sensivelmente todas os
aspectos destas relações.

Isso é o que nos motiva a buscar, cada vez mais, enquanto Orientadores
Educacionais, uma formação específica, engajada com estes valores e contexto. A
Orientação busca os meios necessários para que a escola cumpra seu papel de
educar com base em seu projeto político-pedagógico, promovendo as condições
básicas para formação da cidadania dos alunos.

O orientador na atualidade é aquele que discute as questões da cultura escolar


promovendo estratégias para que sua realidade não se cristalize em verdades
intransponíveis, mas se articule com prováveis verdades vividas no dia-a-dia da
organização escolar.

Rangel (2003, p. 142) destaca:

Ensinar a aprender e aprender a ensinar são conceitos que se associam à


reconstrução ou reelaboração do conhecimento, enquanto processos que se
realizam com a parceria de alunos, professores e setores, no cotidiano
escolar. Ensinar não é só instruir ou informar, mas reconstruir conteúdos e
processos de aprendizagem. Essa reconstrução se dá no movimento e nas
relações entre professores, alunos, conteúdos, avaliação, recuperação e
contexto da aprendizagem. Pesquisar é indagar, investir, aproximar-se dos
fatos, com base teórica e metodológica pertinente à construção dos objetos
de pesquisa, com especial atenção aos sujeitos que vivenciam o cotidiano.

Participando sempre, ao lado de todas as seções da escola, inclusive na


construção do projeto político pedagógico, o orientador encontra um momento
propício para planejamentos conjuntos, resolução de conflitos, no intuito de construir
uma escola cidadã com objetivos em comum na busca pela transformação da
sociedade.

A Escola, hoje, tem um papel muito mais complexo do que antes, pois tem que
educar com as novas formas de educação impostas pela prática social, como a
questão da mídia e a questão das representações sociais e do imaginário, que estão
presentes quando se fala em educar o sujeito. A Orientação Educacional, também
passa por esse processo de adequação, pois, atua diretamente com professores,
alunos e comunidade escolar.

24
Nas concepções tradicionais, a Orientação Educacional tinha o papel de
ajustar o aluno à escola, à família e à sociedade, levando em consideração um modelo
de homem, de sociedade, de escola e até de Orientação. Na pedagogia tradicional o
orientador tinha a responsabilidade de aplicar testes e instrumentos de medida. Já na
pedagogia renovada o orientador tinha o papel de consultor, identificando as
mudanças no desenvolvimento do aluno através de atividades de estimulo. Nas
concepções progressistas, a orientação trabalha com a realidade social do aluno,
diante as contradições e conflitos, fazendo a mediação entre indivíduo e sociedade.
O indivíduo é construído no processo histórico e social da vida humana.

Segundo GRINSPUN (2006, p. 55) “O orientador educacional dialetiza as


relações e vê o aluno como um ser real, concreto e histórico”. Dessa forma, ele
assume uma postura política, percebendo que a educação faz parte de um contexto
sócio-econômico-político-cultural e que o aluno é o principal sujeito desse contexto
onde, o mesmo está inserido em uma determinada sociedade.

Por isso, o Orientador Educacional é um profissional de grande importância na


escola, pois, ele vai articular meios de ajudar o aluno a compreender as redes de
relações que na sociedade se estabelecem. Hoje, torna-se necessário que o
Orientador Educacional, tenha uma boa formação política-pedagógica, psicológica e
cultural, pois o sujeito/aluno hoje, não é o mesmo de ontem.

25
Conclusão

Educadores de todas as escolas necessitam rever vários conceitos e


procedimentos a encarar não só os métodos pedagógicos para todos os alunos com
deficiência educacional, mas para todos aqueles que necessitam de um
acompanhamento específico no processo de aprendizagem, acompanhamento este,
que os possibilitem a alcançar o sucesso de aprendizagem em sua trajetória escolar.
Entretanto, educadores em quase todas as escolas encontram dificuldades no que
diz respeito a sua formação acadêmica ou despreparo para desenvolver um trabalho
pedagógico diariamente nas escolas convencionais, deixando-os muitas vezes sem
saber como proceder diante deste processo inclusivo.

Para que o processo de inclusão ocorra nas escolas regulares, professores,


orientadores, gestores e pais tem de estar interagindo juntos para que o aluno possa
se sentir amparado no decorrer do processo de aprendizagem. O Orientador
Educacional tem de estar atento as dificuldades, inquietações e sugestões
pedagógicas do professor, interagindo dia a dia com este professor para que o
processo de inclusão possa realmente acontecer e com sucesso.

É necessário também que as escolas desenvolvam atividades


socioeducativas, trabalhando o desenvolvimento ético do aluno. Materiais específicos
para cada deficiência é indispensável na escola para que se desenvolva um ótimo
trabalho. Em contrapartida, todos que fazem parte da equipe técnica da escola
possam estar preparados não só para trabalhar com os alunos deficientes, mas sim,
preparados para o manuseio de tais recursos pedagógicos para que assim possa dar
início ao trabalho de inclusão e possa desenvolvê-lo na escola de maneira satisfatória
no ensino regular.

26
REFERÊNCIAS

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