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DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE QUIRINÓPOLIS, ESTADO DE GOIÁS.

ATOrd 0010535-60.2023.5.18.0129

MANIPULLARE PRODUTOS FARMACEUTICOS LTDA,


atualmente denominada DROGARIA ALPHAVILLE LTDA, pessoa de direito privado
inscrito no CNPJ 16.758.086/0001-56 localizado na Avenida João Fratari, n° 201, Bairro
Pecuária, Quirinópolis – GO, CEP.: 75.860-000, neste ato representado por seu sócio
DANIEL CORREIA SOARES, brasileiro, casado, empresário, inscrito no CPF sob nº
037.803.556-80, por sua advogada esta subscreve, nos autos da Reclamatória Trabalhista que
lhe move ESKA DE FARIA MARTINS já qualificada, apresentar CONTESTAÇÃO, pelos
fatos e fundamentando a seguir expostos a fim de que os pedidos contidos na inicial sejam
julgados TOTALMENTE IMPROCEDENTES, com a consequente aplicação, ao Reclamante,
de todas as cominações legais pertinentes ao feito.

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CJUR – Centro Jurídico
Avenida Garibaldi Teixeira, n° 191, Centro, Quirinópolis – GO. Fone (64) 98454-3404 / 98454-3404.
E-mail: fabianasantana_adv@hotmail.com
I – DAS PRELIMIRES
I.1 DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

Insta mencionar que em 13 de fevereiro de 2023 a empresa MANIPULLARE


PRODUTOS FARMACEUTICOS LTDA, foi vendida a Gabriel Garcia do Nascimento,
pelo valor de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais), em 24 parcelas de R$ 5.833,33 (cinco
mil, oitocentos e trinta e três reais e trinta e três centavos), (conforme contrato de compra e
venda em anexo). Contudo devido ao inadimplemento das parcelas, 02 de outubro de 2023,
foi realizado o distrato do presente contrato (distrato em anexo).

Diante do inadimplemento a estabelecimento comercial foi novamente


colocado à venda, tendo sido adquirido por DANIEL CORREIA SOARES, conforme
Contrato Social anexo, atualmente denominada DROGARIA ALPHAVILLE LTDA.

Pelos fatos narrados na inicial, resta demonstrado que a Reclamante,


prestava serviços para 1° e 3° Reclamadas, jamais tenha prestado serviços para a empresa
MANIPULLARE PRODUTOS FARMACEUTICOS LTDA.

Assim a ilegitimidade da parte se tratando de matéria cogente, ou seja,


refere às condições da ação, pela qual a sua inobservância conduz à carência de ação na
forma do art. 485, inciso VI, do CPC/15. Conforme esclarece a doutrina:

"Parte legítima é aquela que se encontra em posição processual


(autor ou réu) coincidente com a situação legitimadora, 'decorrente
de certa previsão legal, relativamente àquela pessoa e perante o
respectivo processo litigiosos'." (DIDIER JR, Fredie. Curso
Processual Civil. Vol. 1. 19ª ed. Editora JusPodivm, 2017. p. 387)

Motivos que levam ao necessário reconhecimento da ilegitimidade da parte.


Requerendo desde já a exclusão da empresa MANIPULLARE PRODUTOS
FARMACEUTICOS LTDA, do posso passivo da presente ação.

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Caso assim não entenda Vossa Excelência, requer que seja apreciada o
pedido de nulidade da citação da empresa MANIPULLARE PRODUTOS
FARMACEUTICOS LTDA, nos termos abaixo.

I.2 - DA NULIDADE DA CITAÇÃO

Nos termos do art. 238 do CPC, a Citação é o ato pelo qual são convocados
o Reclamado, para integrar a relação processual, indispensável para a validade do processo,
conforme leciona a doutrina:

"A citação é indispensável para a validade do processo e representa


uma condição para concessão da tutela jurisdicional, ressalvadas as
hipóteses em que o processo é extinto sem afetação negativa da
esfera jurídica do demandado (indeferimento da petição inicial e
improcedência liminar). Não se trata de requisito de existência do
processo. O processo existe sem a citação: apenas não é válido, acaso
desenvolva-se em prejuízo do réu sem a sua participação."
(MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz.
MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª
ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 239)

TRATA-SE, PORTANTO, DE MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA QUE


PODE SER ALEGADA EM QUALQUER FASE DE JURISDIÇÃO, NÃO FICANDO
OCORRENDO A PRECLUSÃO, conforme leciona Arruda Alvim ao disciplinar sobre a
matéria:

"o processo sem citação (ou com citação nula somada à revelia) é
juridicamente inexistente em relação ao réu, enquanto situação
jurídica apta a produzir ou gerar sentença de mérito (salvo os casos
de improcedência liminar do pedido - art. 332 do CPC/2015). Antes
a essencialidade da citação para o desenvolvimento do processo, não
há preclusão para a arguição da sua falta ou de sua nulidade, desde
que o processo tenha corrido à revelia. Pode tal vício ser alegado
inclusive em impugnação ao cumprimento da sentença proferida no
processo viciado, ou até mesmo por simples petição, ou, se houver
interesse jurídico, em ação própria (= ação declaratória de
inexistência)" (Novo contencioso Cível no CPC/2015. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016, n.3.1.3, p. 204.)

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Ocorre que no presente caso, o reclamado teve conhecimento da presente ação
apenas quando foi informado pelo Sr. Gabriel, sobre audiência de instrução que estava
marcada para o dia 24 de janeiro de 2024. Ou seja, não foi regularmente citado nos termos
da lei, não podendo ser aplicado os efeitos da REVELIA.

II – DOS FATOS

Alega a Reclamante ter sido admitida pela primeira Reclamada, ARIEL


SILVA DUARTE GARCIA, 07/01/2021, na função de Diretora Técnica/ Farmacêutica.
Alega que a reclamante deixou de trabalhar no final de dezembro de 2021 em razão de que
não vinha recebendo salário e o FGTS não tinha sido depositado. Não foi feito nenhum
acerto rescisório e apenas em 02/05/2022 a reclamada deu baixa na CTPS, sendo que a
reclamada ficou até a data da baixa usando o nome e inscrição da reclamante, sem sua
autorização.

Alega que teve sua como jornada de trabalho das 7 às 17h com duas
horas de intrajornada de segunda a sexta. Por hora pleiteia recebimento do teto salarial;
rescisão indireta do contrato de trabalho; FGTS e Multa de 40% Seguro Desemprego; Multa
467 e 477 da CLT e Dano Moral.

Em síntese, esses são os pedidos em apartado, pelo que impugnamos


eventual alteração dos termos da demanda sem previa concessão de prazo hábil para defesa
e produção de provas pertinente.

III - DA INEXISTÊNCIA DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.

Insta mencionar que conforme dito na inicial, a Reclamante prestou


serviço para a 1° e 3° Reclamadas, relativo ao período de 07/01/2021 até 02/05/2022.

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Conforme dito a empresa MANIPULLARE PRODUTOS
FARMACEUTICOS LTDA, foi vendida a Gabriel Garcia do Nascimento, em 13/02/2023,
contudo devido ao inadimplemento das parcelas, 02/10/2023, foi realizado o distrato do
presente contrato (distrato em anexo). Restando impugnada a alegação do Reclamante
que as Reclamadas compõem um só GRUPO ECONÔMICO.

O FATO É QUE A EMPRESA MANIPULLARE PRODUTOS


FARMACEUTICOS LTDA, TAMBÉM FOI VÍTIMA DO SR. GABRIEL.

Nestes termos incabíveis a pretensão de responsabilidade solidária, com


alegação que as Reclamadas integram mesmo grupo econômico. Vale frisar, que trata-se de
empresas distintas, CNPJ distintos, com sócios distintos, assim não há indicação da
existência de relação entre as empresas. Assim é o entendimento jurisprudencial:

TRT-PR-01-12-2006 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.


Considerando que a solidariedade não se presume, mas decorre
de lei ou da vontade das partes, aliado ao fato de que a segunda
Reclamada não foi beneficiada pelo trabalho prestado pelo
Autor, tampouco aquele estava diretamente ligado à sua
atividade-fim, não se vislumbra hipótese de responsabilidade
solidária entre as Reclamadas. Recurso do Reclamante a que se
nega provimento. TRT-PR-52825-2005-004-09-00-9-ACO- 34379-
2006 - 1A. TURMA. Relator: UBIRAJARA CARLOS MENDES.
Publicado no DJPR em 01-12-2006.

VALE FRISAR POR FIM, QUE TRATA-SE DE EMPRESAS


DISTINTAS, CNPJ DISTINTOS, SÓCIOS DISTINTOS, ASSIM NÃO HÁ INDICAÇÃO
DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO ENTRE AS EMPRESAS. ASSIM É O
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL:

TRT-PR-01-12-2006 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.


Considerando que a solidariedade não se presume, mas decorre
de lei ou da vontade das partes, aliado ao fato de que a segunda
Reclamada não foi beneficiada pelo trabalho prestado pelo
Autor, tampouco aquele estava diretamente ligado à sua
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atividade-fim, não se vislumbra hipótese de responsabilidade
solidária entre as Reclamadas. Recurso do Reclamante a que se
nega provimento. TRT-PR-52825-2005-004-09-00-9-ACO- 34379-
2006 - 1A. TURMA. Relator: UBIRAJARA CARLOS MENDES.
Publicado no DJPR em 01-12-2006.

Cumpre esclarecer que a 2° Reclamada não foi beneficiada pelo trabalho


prestado pelo Autor, tampouco aquele estava diretamente ligado à sua atividade-fim, não
assim não vislumbra hipótese de responsabilidade solidária entre as Reclamadas.

Trata-se de empresa com ramos de atividade distintos. Bem como


conforme art. 2º, §§2º e 3º, da CLT da Lei 13.467/2017, não caracteriza grupo econômico a
mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação
conjunta das empresas dele integrantes.

Assim, ante a estes fatos, e principalmente pela fragilidade com que é


exposto este assunto na exordial, requer, digne-se Vossa Excelência determinar a exclusão
da 2° Reclamada, por não ser parte legitima a integrar a presente lide, assim como a sua
responsabilidade.

IV. DOS FATOS E FUNDAMENTOS


a. DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante foi contratado pela 1° e 3° Reclamadas, sendo que a 2°


Reclamada não tem conhecimento dos moldes da contratação nem da remuneração, não
geria a Trabalhadora nem fiscalizava a mesma com relação a sua jornada de trabalho, tão
pouco remunerava o Obreiro, sendo todo o pacto laboral gerido e fiscalizado pela Primeira
Reclamada, real empregadora da Reclamante.

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Conforme tratado em linhas anteriores, a 2° Reclamada não realizou a
contratação com o Reclamante, nem manteve vínculo empregatício com a mesma, sendo
que o Obreiro foi contratada pela 1° Reclamada.

b. DOS PEDIDOS REFERENTE: TETO SALARIAL / RESCISÃO INDIRETA /


VERBAS / MULTA DO ART. 467 E 467, DA CLT / DANOS MORAIS / JUSTIÇA
GRATUITA.

Inexistindo vínculo empregatício entre o Reclamante e a 2° Reclamada, não


há que se falar em pagamento das verbas postulada, pelo que, impugna-se à sua totalidade
os pedidos constantes da exordial quis sejam: Teto Salarial; Pagamento Salario; Rescisão
Indireta; Verbas rescisórias; FGTS e Multa de 40%; Seguro Desemprego; indenização por
danos morais e Multa 467 e 477 da CLT.

Ressalta-se que, qualquer deferimento às verbas requeridas, haverá e tão


somente da responsabilidade da 1° e 3° Reclamadas.

Por final, cumpre ressaltar, que em nenhum momento, e tempo algum, o


Reclamante laborou na sede da 2° Reclamada. Assim improcedente o pleito de inclusão da
2° Reclamada no Polo Passivo da presente demanda.

IV - DO PEDIDO

Requer que seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva, que seja


julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE a inicial em relação a 2° Reclamada, com a
exclusão da 2° Reclamada do pólo passivo da demanda pelos fatos exposto anteriormente.

Requer ainda provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidas, principalmente pelo depoimento pessoal do reclamante, sob pena de confissão,
a oitiva de testemunhas, que deverão comparecer independente de intimação e a juntada

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posterior de outros documentos que se fizerem necessários para o esclarecimento dos fatos,
mas que não estiverem de posse da 2° Reclamada no momento da apresentação da presente
defesa.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Quirinópolis – GO, 09 de Janeiro de 2024.

Fabiana Santana Silva


OAB/GO 39.995

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