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Dayana Mara - M2

TRANSTORNO DE ANSIEDADE
DSM-5:

 Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características


de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados.
 Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto
 Ansiedade é a antecipação de ameaça futura.
 Obviamente, esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam, com
o medo sendo com mais frequência associado a períodos de excitabilidade
autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo
imediato e comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais frequentemente
associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e
comportamentos de cautela ou esquiva.
 Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como
um tipo particular de resposta ao medo. Não estão limitados aos transtornos de
ansiedade e também podem ser vistos em outros transtornos mentais.
 Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que
induzem medo, ansiedade ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva
associada.

FOBIA ESPECÍFICA

São apreensivos, ansiosos ou se esquivam de objetos ou situações circunscritos. Uma


ideação cognitiva específica não está caracterizada nesse transtorno como está em outros
transtornos de ansiedade. Medo, ansiedade ou esquiva é quase sempre imediatamente
induzido pela situação fóbica, até um ponto em que é persistente e fora de proporção em
relação ao risco real que se apresenta. Existem vários tipos de fobias específicas: a
animais, ambiente natural, sangue-injeção-ferimentos, situacional e outros

Critérios Diagnósticos (DSM-5)

A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex., voar, alturas,
animais, tomar uma injeção, ver sangue).
Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso por choro, ataques de raiva,
imobilidade ou comportamento de agarrar-se.
B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de
medo ou ansiedade.
C. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade
ou sofrimento.
D. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real imposto pelo objeto
ou situação específica e ao contexto sociocultural.
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E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima de seis


meses.
F. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
G. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental,
incluindo medo, ansiedade e esquiva de situações associadas a sintomas do tipo pânico
ou outros sintomas incapacitantes (como na agorafobia); objetos ou situações
relacionados a obsessões (como no transtorno obsessivo-compulsivo); evocação de
eventos traumáticos (como no transtorno de estresse pós-traumático); separação de casa
ou de figuras de apego (como no transtorno de ansiedade de separação); ou situações
sociais (como no transtorno de ansiedade social).

TRANSTORNO DE PÂNICO

 O indivíduo experimenta ataques de pânico inesperados recorrentes e está


persistentemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de sofrer novos
ataques de pânico ou alterações desadaptativas em seu comportamento devido
aos ataques de pânico (p. ex., esquiva de exercícios ou de locais que não são
familiares).
 Os ataques de pânico são ataques abruptos de medo intenso ou desconforto
intenso que atingem um pico em poucos minutos, acompanhados de sintomas
físicos e/ou cognitivos.
 Os ataques de pânico com sintomas limitados incluem menos de quatro sintomas.
 Os ataques podem ser esperados, como em resposta a um objeto ou situação
normalmente temido, ou inesperados, significando que o ataque não ocorre por
uma razão aparente. Eles funcionam como um marcador e fator prognóstico para
a gravidade do diagnóstico, curso e comorbidade com uma gama de transtornos,
incluindo, mas não limitados, os transtornos de ansiedade (p. ex., transtornos por
uso de substância, transtornos depressivos e psicóticos). O ataque de pânico pode,
portanto, ser usado como um especificador descritivo para qualquer transtorno de
ansiedade, como também para outros transtornos mentais.

Critérios Diagnósticos (DSM-5)

A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto


abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos
e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:
Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado
ansioso.
1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.
2. Sudorese.
3. Tremores ou abalos.
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.
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5. Sensações de asfixia.
6. Dor ou desconforto torácico.
7. Náusea ou desconforto abdominal.
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
9. Calafrios ou ondas de calor.
10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de
estar distanciado de si mesmo).
12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
13. Medo de morrer.
Nota: Podem ser vistos sintomas específicos da cultura (p. ex., tinido, dor na nuca,
cefaleia, gritos ou choro incontrolável). Esses sintomas não devem contar como um
dos quatro sintomas exigidos.
B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas
as seguintes características:
1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou
sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco,
“enlouquecer”).
2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos
ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico,
como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas).
C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância (p.
ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex.,
hipertireoidismo, doenças cardiopulmonares).
D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., os
ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, como
no transtorno de ansiedade social; em resposta a objetos ou situações fóbicas
circunscritas, como na fobia específica; em resposta a obsessões, como no transtorno
obsessivo-compulsivo; em resposta à evocação de eventos traumáticos, como no
transtorno de estresse pós-traumático; ou em resposta à separação de figuras de
apego, como no transtorno de ansiedade de separação).

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

 São ansiedade e preocupação persistentes e excessivas acerca de vários


domínios, incluindo desempenho no trabalho e escolar, que o indivíduo encontra
dificuldade em controlar.
 Além disso, são experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação ou
sensação de “nervos à flor da pele”; fatigabilidade; dificuldade de concentração ou
“ter brancos”; irritabilidade; tensão muscular; e perturbação do sono

Critérios Diagnósticos
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A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria


dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como
desempenho escolar ou profissional).
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis
sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis
meses).
Nota: Apenas um item é exigido para crianças.
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
2. Fatigabilidade.
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
4. Irritabilidade.
5. Tensão muscular.
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório
e inquieto).
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de
abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade
ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação
negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras
obsessões no transtorno obsessivo- compulsivo, separação das figuras de apego no
transtorno de ansiedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno
de estresse pós-traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no
transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno
dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o
conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno delirante).

Tratamento

 Transtorno de ansiedade generalizada


 Os antidepressivos são as drogas de escolha. Entre eles, os ISRS e a
venlafaxina são considerados tratamentos de primeira linha.
 A paroxetina e o escitalopram são os ISRS aprovados até o momento pelo
Food and Drug Administration (FDA) sendo a paroxetina o ISRS mais
estudado.
 Outros estudos controlados mostraram a eficácia da sertralina, fluvoxamina,
citalopram e escitalopram.
 Como grupo, os ISRS são eficazes, seguros e bem tolerados, sendo seus
principais efeitos colaterais mal-estar gástrico, disfunção sexual e insônia.
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 Os ISRS demoram cerca de 2 a 4 semanas para iniciarem seus efeitos


terapêuticos, mas apresentam redução específica do “humor ansioso”
observada já na primeira semana em alguns estudos.
 A pregabalina, um anticonvulsivante modulador de canais de cálcio,
mostrou-se eficaz em estudos controlados e também pode ser considerada
uma droga de primeira escolha no TAG quando não houver comorbidade
com depressão inclusive em idosos.
 Existem restrições quanto ao uso prolongado de BZD e uma taxa de recaída
após descontinuação de 63 a 81%. OS BZD são mais eficazes nos sintomas
somáticos e autonômicos do TAG e menos eficazes nos sintomas cognitivos
primários (preocupações excessivas, antecipação catastrófica).
 Como o TAG tem um curso flutuante, os BZD podem ser utilizados de
maneira intermitente em períodos de exacerbação dos sintomas. Transtorno
de pânico
 Transtorno do Panico:
 Os ISRS são considerados medicações de primeira escolha. Uma
particularidade do tratamento do TP é o fato dos pacientes serem mais
suscetíveis aos efeitos de hiperexcitação inicial causados pelos ISRS.
Assim, a introdução e a escalada das doses devem ser mais cautelosas,
iniciando com metade ou até um quarto das doses iniciais usadas para
depressão. Todos os ISRS já demonstraram eficácia em estudos
controlados, e estudos comparativos sugerem eficácia semelhante
intraclasse.
 A venlafaxina também se mostrou mais eficaz do que o placebo e pelo
menos tão eficaz quanto a paroxetina.
 Os antidepressivos tricíclicos, especialmente a imipramina e a clomipramina
são uma alternativa quando não há resposta aos ISRS e à venlafaxina.
 A tranilcipromina, um IMAO irreversível, mostrou-se tão eficaz quanto os
tricíclicos ou mesmo superior em algumas comparações. No entanto, a
necessidade de dieta pobre em tiramina e o risco de crise hipertensiva
restringem seu uso a casos refratários.
 Os BZD são considerados drogas eficazes no tratamento do TP. No entanto,
o alto índice de recorrência após a interrupção, o risco de dependência
iatrogênica e a falta de eficácia nos sintomas depressivos fazem com que
essas drogas não sejam consideradas de primeira linha. Podem ser usados
com cautela e por tempo limitado, principalmente no início do tratamento
com antidepressivo e intermitentemente em épocas de exacerbação dos
sintomas.
 São preferíveis os BZD de meia-vida longa, como o clonazepam, ou aqueles
com formulações de liberação controlada, como o alprazolam XR.

 Transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de estresse agudo


 Os ISRS e a venlafaxina são considerados tratamentos de primeira escolha
no TEPT. As elevadas taxas de recaídas se o tratamento for interrompido
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precocemente sugerem que se deve adequar a dose da medicação até se


atingir a remissão e mantê-la por pelo menos 1 ano. Caso não haja remissão
em 4 a 6 semanas, deve-se aumentar a dose até a dose máxima tolerada e,
em caso de resposta insatisfatória, avaliar a associação ou troca da
medicação. Quando persiste insônia ou pesadelos, é possível usar doses
baixas de antipsicóticos ou antidepressivos sedativos como os tricíclicos e a
mirtazapina, ou ainda, a prazosina (um antagonista alfa-1-adrenérgico)
 . Os BZD não apresentam resultados consistentes para sintomas específicos
do TEPT, mas essas drogas podem ser úteis para sintomas associados,
como outras condições ansiosas ou insônia.
 Fobias específicas e transtorno de ansiedade social (fobia social)
 Nas fobias específicas e no TAS de desempenho, a TCC é o tratamento de
escolha.
 No TAS, o tratamento farmacológico de primeira escolha são os ISRS
(escitalopram, fluvoxamina, paroxetina e sertralina apresentam eficácia
comprovada em estudos controlados) e a venlafaxina.
 Outros estudos mostram a eficácia de antidepressivos tricíclicos e IMAO, sendo
que estes últimos têm sido apontados como prováveis drogas de maior poder
terapêutico. Apesar da provável superioridade dos IMAO, seu uso como
primeira escolha não é recomendado em decorrência do risco de crise
hipertensiva. Dificilmente, o tratamento farmacológico é suficiente. Na maioria
dos casos, a dessensibilização das situações temidas e a aquisição de novos
repertórios comportamentais são essenciais.

TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO E TRANSTORNOS RELACIONADOS

Incluem:
 transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
 transtorno dismórfico corporal
 transtorno de acumulação
 tricotilomania (transtorno de arrancar o cabelo)
 transtorno de escoriação (skin-picking
 Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado induzido por
substância/medicamento
 transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado devidos a outra condição
médica
 outro transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado especificado e
transtorno obsessivo- -compulsivo e
 transtorno relacionado não especificado (p. ex., transtorno de comportamento
repetitivo focado no corpo, ciúme obsessivo).

Transtorno Obsessivo-compulsivo
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Critérios Diagnósticos
A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas:
Obsessões são definidas por (1) e (2):
1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum
momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e indesejados e
que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento.
2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou
neutralizá- -los com algum outro pensamento ou ação.
Compulsões são definidas por (1) e (2):
1. Comportamentos repetitivos (p. ex., lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais
(p. ex., orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a
executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser
rigidamente aplicadas.
2. Os comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o
sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos
ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou
são claramente excessivos.
Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses
comportamentos ou atos mentais.
B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p. ex., tomam mais de uma hora por dia)
ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma
substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.
D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental (p.
ex., preocupações excessivas, como no transtorno de ansiedade generalizada;
preocupação com a aparência, como no transtorno dismórfico corporal; dificuldade de
descartar ou se desfazer de pertences, como no transtorno de acumulação; arrancar os
cabelos, como na tricotilomania [transtorno de arrancar o cabelo]; beliscar a pele, como
no transtorno de escoriação [skin-picking]; estereotipias, como no transtorno de
movimento estereotipado; comportamento alimentar ritualizado, como nos transtornos
alimentares; preocupação com substâncias ou jogo, como nos transtornos relacionados a
substâncias e transtornos aditivos; preocupação com ter uma doença, como no transtorno
de ansiedade de doença; impulsos ou fantasias sexuais, como nos transtornos parafílicos;
impulsos, como nos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta;
ruminações de culpa, como no transtorno depressivo maior; inserção de pensamento ou
preocupações delirantes, como nos transtornos do espectro da esquizofrenia e outros
transtornos psicóticos; ou padrões repetitivos de comportamento, como no transtorno do
espectro autista).
Especificar se: Com insight bom ou razoável: O indivíduo reconhece que as crenças do
transtorno obsessivo- -compulsivo são definitiva ou provavelmente não verdadeiras ou
que podem ou não ser verdadeiras. Com insight pobre: O indivíduo acredita que as
crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são provavelmente verdadeiras. Com insight
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ausente/crenças delirantes: O indivíduo está completamente convencido de que as


crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são verdadeiras. Especificar se: Relacionado
a tique: O indivíduo tem história atual ou passada de um transtorno de tique

TRANSTORNOS RELACIONADOS A TRAUMA E A ESTRESSORES

Os transtornos relacionados a trauma e a estressores incluem transtornos nos quais a


exposição a um evento traumático ou estressante está listada explicitamente como um
critério diagnóstico e reúnem:
 transtorno de apego reativo
 transtorno de interação social desinibida
 transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
 transtorno de estresse agudo e
 transtornos de adaptação

O sofrimento psicológico subsequente à exposição a um evento traumático ou estressante


é bastante variável. Em alguns casos, os sintomas podem ser bem entendidos em um
contexto de ansiedade ou medo. Entretanto, está claro que muitos indivíduos que foram
expostos a um evento traumático ou estressante exibem um fenótipo no qual, em vez de
sintomas de ansiedade ou medo, as características clínicas mais proeminentes são
sintomas anedônicos e disfóricos, externalizações de raiva e agressividade ou sintomas
dissociativos. Em virtude dessas expressões variáveis de sofrimento clínico depois da
exposição a eventos catastróficos ou aversivos, esses transtornos foram agrupados em
uma categoria distinta: transtornos relacionados a trauma e a estressores. Ademais, não
é incomum que o quadro clínico inclua uma combinação dos sintomas mencionados (com
ou sem sintomas de ansiedade ou medo).

Transtorno de Estresse Pós-traumático


Critérios Diagnósticos
Nota: Os critérios a seguir aplicam-se a adultos, adolescentes e crianças acima de 6 anos
de idade. Para crianças com menos de 6 anos, consulte os critérios correspondentes a
seguir.
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual
em uma (ou mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático.
2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas.
3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de
episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o
evento tenha sido violento ou acidental.
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático
(p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente
expostos a detalhes de abuso infantil).
Nota: O Critério A4 não se aplica à exposição por meio de mídia eletrônica, televisão,
filmes ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho.
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B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento


traumático, começando depois de sua ocorrência:
1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático.
Nota: Em crianças acima de 6 anos de idade, pode ocorrer brincadeira repetitiva na qual
temas ou aspectos do evento traumático são expressos.
2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o sentimento do sonho
estão relacionados ao evento traumático.
Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem conteúdo identificável.
3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se
o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em
um continuum, com a expressão mais extrema na forma de uma perda completa de
percepção do ambiente ao redor.)
Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer na brincadeira.
4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou
externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
5. Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou se
assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após
a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos:
1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos
angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.
2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas,
atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos
angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.
D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático
começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por
dois (ou mais) dos seguintes aspectos:
1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente
devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool
ou drogas).
2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo,
dos outros e do mundo (p. ex., “Sou mau”, “Não se deve confiar em ninguém”, “O mundo
é perigoso”, “Todo o meu sistema nervoso está arruinado para sempre”).
3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das consequências do
evento traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros.
4. Estado emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha).
5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas.
6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros.
7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., incapacidade de vivenciar
sentimentos de felicidade, satisfação ou amor).
E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático,
começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos
seguintes aspectos:
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1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação)


geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e
objetos.
2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo.
3. Hipervigilância.
4. Resposta de sobressalto exagerada.
5. Problemas de concentração.
6. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade para iniciar ou manter o sono, ou sono agitado).
F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de um mês.
G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex.,
medicamento, álcool) ou a outra condição médica.

Tratamento do transtorno de estresse pós-traumático J

 A terapêutica desse transtorno dispõe de uma ampla gama de tratamentos


medicamentosos e psicoterápicos, sendo os ISRS considerados o tratamento de
primeira linha. Esses medicamentos se mostraram eficazes nos três grupamentos
de sintomas do TEPT, bem como no tratamento da comorbidade com depressão,
que ocorre frequentemente.
 Conforme o mesmo guideline internacional e referências nele citadas, há
evidências sólidas de eficácia da venlafaxina e dos antidepressivos tricíclicos
 A escolha inicial por um ISRS se baseia exclusivamente por sua segurança e
tolerabilidade.
 A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a abordagem com maior
embasamento empírico em quadros de TEPT. De acordo com um estudo amplo de
revisão sobre o tema, as técnicas mais utilizadas da TCC referem-se ao
enfrentamento (coping), psicoeducação, exposição gradual e prolongada, body
safety skills e role-plays. As técnicas de exposição gradual facilitam a recuperação
das memórias dos conteúdos associados ao trauma, o que pode ajudar no sentido
de o indivíduo elaborar melhor o acontecimento. Vale lembrar que, apesar de
técnicas descritas, cada caso deve ser avaliado e conduzido individualmente
respeitando-se a singularidade de cada pessoa
 Finalmente, vale destacar a eficácia dos antagonistas alfa-adrenérgicos,
especialmente do prazozin, que têm se mostrado eficazes em sintomas noturnos
persistentes, como os pesadelos, e até nos outros sintomas de TEPT quando
usados em doses maiores e posologia estendida.

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