Você está na página 1de 17

APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3ª SÉRIE

2024
PROF.ª ROBERTA LAGES
1º BIMESTRE

QUALIDADES E CAPACIDADES FÍSICAS

Valências físicas, também chamadas de qualidades físicas, capacidades motoras, capacidades físicas entre outras
denominações, são aptidões potenciais físicas de uma pessoa, definindo os pressupostos dos movimentos desde os mais
simples aos mais complexos. Conceituadas como todo atributo físico treinável num organismo humano. Em outras palavras,
são todas as qualidades físicas motoras passíveis de treinamento, comumente classificadas em diversos tipos: força,
resistência, velocidade, agilidade, coordenação, flexibilidade, mobilidade e equilíbrio.
As valências físicas são determinadas geneticamente, todos os seres humanos nascem aptos a desenvolver estas
capacidades (por isso aptidões em potencial), algumas com maior potencial que outras para os limites desse
desenvolvimento. Portanto, todos nascem com uma capacidade de gerar força, resistência, por exemplo. Mas as habilidades
motoras são movimentos aprendidos que dependem do treinamento, ninguém nasce sabendo jogar vôlei ou basquete.
São divididas em dois grupos:
Capacidades condicionais
Capacidades coordenativas
As capacidades físicas condicionais são a força, flexibilidade, velocidade e resistência e têm aspectos fisiológicos
fundamentalmente dentro do metabolismo energético, determinadas pelos processos que conduzem à obtenção e
transformação de energia.
Capacidades coordenativas são capacidades determinadas, essencialmente, por componentes onde predominam os
processos de condução nervosa, isto é, elas possuem a capacidade de organizar e regular o movimento, constituindo-se,
portanto, na base para o aprendizado, execução e domínio dos gestos técnicos. Aquilo que se denomina técnica no esporte
apoia-se e é determinado, preponderantemente, pelas capacidades coordenativas. Estas podem ser classificadas de
diversas formas, mas para facilitar nosso entendimento vamos nos prender nas mais conhecidas que são as capacidades
de equilíbrio, ritmo e coordenação motora.

Capacidades Físicas Condicionais


Resistência Geral: É um dos componentes básicos do rendimento desportivo, podemos definir como a capacidade
que permite: Resistir psíquica e fisicamente à instalação da fadiga, diminuindo assim o risco de lesões, já que muitas estão
associadas à fadiga, recuperar rapidamente dos efeitos do treino ou competição, realizar esforços de intensidade diversa,
sob fadiga, suportar o ritmo de jogo até ao final, mantendo um nível de execução técnica elevado durante todo o jogo.

Resistência Aeróbia: É a capacidade do indivíduo em sustentar um exercício que proporcione um ajuste


cardiorrespiratório e hemodinâmico global ao esforço, realizado com intensidade e duração aproximadamente longas, onde
a energia necessária para realização desse exercício provém, principalmente, do metabolismo oxidativo - o sistema oxidativo
impõe considerável demanda sobre a capacidade do organismo de liberar oxigênio aos músculos ativos. A maratona (corrida
de 42km) é a prova máxima desta valência física. A melhoria da resistência aeróbia provoca os seguintes resultados nos
atletas:
• aumento do volume do coração;
• aumento do número de glóbulos vermelhos e da taxa de oxigênio transportado pelo sangue;
• uma capilarização melhorada nos tecidos resultando numa melhor difusão de oxigênio;
• aperfeiçoamento dos mecanismos fisiológicos de defesa orgânica;
• redução da massa corporal; melhora da capacidade de absorção de oxigênio;
• redução da frequência cardíaca no repouso e no esforço;
• diminuição do tempo de recuperação;
• pré-disposição para um ótimo rendimento no treinamento de resistência anaeróbia;
• aumento na capacidade dos atletas para superar uma maior duração nas sessões de treinamento.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 2/17

Resistência Anaeróbia: A qualidade física que permite um atleta a sustentar o maior tempo possível uma atividade
física numa situação de débito de oxigênio. É a capacidade de realizar um trabalho de intensidade máxima ou submáxima
com insuficiente quantidade de oxigênio, durante um período de tempo inferior a três minutos. O desenvolvimento da
resistência anaeróbia em atletas de alto nível possibilita o prolongamento dos esforços máximos mantendo a velocidade e
o ritmo do movimento, mesmo com o crescente débito de oxigênio, da consequente fadiga muscular e o aparecimento de
uma solicitação mental progressiva. As provas de 50 e 100m rasos são exemplos dessa valência física. A melhoria da
resistência anaeróbia está correlacionada aos seguintes efeitos e características nos atletas:
• aumento das reservas alcalinas do sangue; aumento da massa corporal;
• melhoria da capacidade psicológica;
• aperfeiçoamento dos mecanismos fisiológicos de compensação;
• melhores possibilidades para os atletas apresentarem variações de ritmos durante as performances.

Resistência Muscular Local (RML): É a qualidade física que permite o atleta realizar no maior tempo possível a
repetição de um determinado movimento com a mesma eficiência. Sendo a capacidade do músculo em trabalhar contra
uma resistência moderada durante longos períodos de tempo. Ela propicia uma adaptação anatômica primária nas
estruturas musculares, visando o trabalho de força que virá posteriormente. O treinamento da resistência muscular
localizada (RML) está condicionada por variáveis fisiológicas e psicológicas como:
• as condições favoráveis de circulação sanguínea local;
• uma grande concentração de mioglobina nos músculos locais o que permite o maior armazenamento de sangue a
nível muscular;
• a capacidade de consumo de oxigênio durante o esforço e a capacidade psicológica de resistir a uma repetição de
esforço no mesmo grupo muscular.

O desenvolvimento da RML apresenta alguns efeitos favoráveis:


• capacidade para execução de um número elevado de repetições dos gestos específicos desportivos;
• melhor elasticidade dos vasos sanguíneos;
• melhor capilarização dos músculos treinados;
• melhor utilização de energia;
• acumulação mais lenta de metabólitos nos músculos;
• maiores possibilidades para um trabalho posterior de desenvolvimento de qualquer tipo de força.

Força: É a capacidade de exercer tensão contra uma resistência. Pode ser dividida em:

Força Máxima: A força máxima (Fmáx.) é a maior tensão que pode ser executada, voluntariamente, pelos músculos
numa determinada posição, ou seja, é o valor mais elevado de força que o sistema neuromuscular de um indivíduo consegue
desenvolver com uma contração máxima. É uma capacidade que serve de base ao desenvolvimento das outras formas de
manifestação de força, sendo calculada, através da quantidade máxima de peso/força numa repetição única (1 repetição
máxima – 1 RM).

Força Dinâmica: É o tipo de qualidade na qual a força muscular se diferencia da resistência produzindo movimento,
ou seja, é a força em movimento. Na maioria dos casos de treinamento esta qualidade física é desenvolvida nas fases de
preparação física geral. Pode ser chamada também como força isotônica. A força dinâmica pode dividir-se em dois subtipos:
Força absoluta, que é o valor máximo de força que uma pessoa pode desenvolver num determinado movimento; Força
relativa, que é o quociente entre força absoluta e o peso corporal da pessoa. Contrações dinâmicas são aquelas em que o
comprimento dos músculos varia, onde os movimentos articulares são visíveis e são definidas como isocinéticas,
concêntricas e excêntricas.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 3/17

Força Estática: Ocorre quando a força muscular se iguala à resistência não havendo
movimento. É a força que explica o fato que ocorre a produção de calor, mas não ocorrendo
o movimento, é também conhecida como força isométrica. Se a resistência não apresenta
mudança articular, a contração dos músculos é estática também classificada como
isométrica. A força estática não está evidente em muitos desportos e sim em situações
especiais das disputas onde ocorrem oposições para os gestos específicos da modalidade.

Força Explosiva: É a capacidade que o atleta tem de exercer o máximo de


energia num ato explosivo. Pode ser chamado também de potência
muscular. A força explosiva deve ser considerada em treinamento
desportivo como força de velocidade, exigindo assim que os movimentos de
força sejam feitos com o máximo de velocidade. Aconselha-se à força
explosiva, um trabalho precedente de coordenação de domínio do corpo,
sendo que, após o mesmo, empregar pequenas cargas com uso de
medicinebol, sacos de areia, pesos leves, entre outros, pela necessidade de
não se perder velocidade de movimentos, além do uso de pequenas cargas
possibilitar um maior número de repetições de exercícios.

Velocidade: É uma capacidade inata de executar movimentos cíclicos na mais alta velocidade individual possível.
Depende das conexões neurológicas e da quantidade de fibras de contração rápida presentes na musculatura. Estas
qualidades são determinadas geneticamente. Todos podem melhorar significativamente a sua velocidade, porém, somente
o indivíduo bem dotado nesse sentido conseguirá obter resultados superiores. É, por exemplo, de vital importância nos
atacantes de qualquer desporto.

ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO

O que é Atividade Física?


Qualquer movimento corporal voluntário que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso. Exemplos: passear
com animal de estimação, correr pra pegar o ônibus...

E o que é Exercício Físico?


Subgrupo das atividades físicas, que é planejado, estruturado e repetitivo, tendo como propósito a manutenção ou a
otimização do condicionamento físico. Exemplos: treinamento esportivo, academia.

Diretrizes da Atividade Física


Melhor saúde óssea e status de peso para crianças de 3 a 5 anos;
Melhora da função cognitiva para crianças entre 6 e 13 anos;
Risco reduzido de câncer;
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 4/17

Benefícios para a saúde cerebral, incluindo função cognitiva melhorada, ansiedade reduzida, risco de depressão e
melhora do sono e qualidade de vida;
Para mulheres grávidas, risco reduzido de ganho excessivo de peso, diabetes gestacional e depressão pós-parto;
Pessoas com doenças crônicas, risco reduzido de mortalidade por causas múltiplas;
Prevenção de doenças e promoção da saúde;
Melhora o sono, sentir-se melhor e fazer as atividades diárias com mais facilidade;
Para idosos, risco reduzido de lesões relacionadas à queda.

Atividade Aeróbica
Os grandes músculos do corpo se movem de maneira rítmica por um período prolongado de tempo. Um breve passeio,
correr, andar de bicicleta, pular corda e nadar são alguns exemplos.

3 componentes
Intensidade: leve, moderada ou vigorosa;
Frequência: vezes por semana;
Duração: tempo em uma sessão.

Fortalecimento Muscular
Exercícios com sobrecarga, que pode ser um peso, halter, anilha, ou próprio corpo.
Intensidade: leve, moderada ou vigorosa;
Frequência: vezes por semana;
Séries: grupos de repetições.
Repetições: execução de movimentos concêntricos (músculos se contraídos e flexionando durante o movimento) e
excêntricos (Músculos contraídos e alongando durante o movimento).

http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2015/01/saiba-como-funcionam-contracoes-dos-musculos-durante-os-
exercicios.html

Fortalecimento Ósseo
Polichinelo, corrida, caminha acelerada e exercícios de levantamento de peso.
Essas atividades promovem uma sobrecarga nos ossos, gerando crescimento e força óssea.
Podem ser atividades aeróbicas e de fortalecimento muscular.
Como saber se uma atividade física está com a intensidade moderada, ou vigorosa? Uma boa maneira, é fazer o teste de
conversação:
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 5/17

Uma sessão de atividade física moderada a vigorosa pode reduzir a pressão arterial, melhorar a sensibilidade à insulina,
melhorar o sono, reduzir sintomas de ansiedade e melhorar alguns aspectos da cognição no dia que é realizada.

Atividades de Equilíbrio
Esses tipos de atividades podem melhorar a capacidade de resistir a forças dentro ou fora do corpo, que causam quedas
enquanto uma pessoa está parada ou em movimento.

Atividades de Flexibilidade
Esses tipos de atividades aumentam a capacidade de uma articulação de se mover por toda a amplitude de movimento.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 6/17

Imagem corporal e atividade física

No mundo contemporâneo, o conceito que se tem sobre a aparência induz à ideia de que um corpo cuidadosamente
trabalhado e definido é também um sinal de beleza interior, realização, disciplina, saúde física e mental.
A prática de atividade física constitui um caminho possível para a aquisição deste corpo “modelo de sucesso”, na expectativa
de uma eventual satisfação, bem-estar e prazer, tendo, desta forma, relação direta com os elementos do corpo e imagem
corporal.
A imagem corporal é entendida como as percepções, pensamentos e sentimentos de um indivíduo sobre sua forma física.
Imagem corporal positiva pode ser definida como um construto fundamentado em respeito, amor, apreciação e aceitação
da aparência e funcionalidade do corpo.
A aceitação e amor ao corpo são expressos pelo conforto e bem-estar com o corpo, mesmo quando não se está
completamente satisfeito com ele. O corpo é o elo entre o sujeito e o mundo.
Cada cultura modela e fabrica, à sua maneira, um corpo humano – seja por meio de razões sociais, seja por rituais ou
apenas por razões estéticas e determina também aquilo que se considera ideal.
O corpo parece assim se apresentar como uma síntese de desejo, ciência e tecnologia, a serviço do chamado bem-estar.
Atualmente o corpo é a própria fragmentação, decomposto em músculos, glúteos, coxas, seios, boca, olhos, cabelos, órgãos
genitais, etc. Cada um destes pedaços se torna um potencial alvo de consumo e de tratamento. Como um rascunho que
pode ser refeito ou aperfeiçoado de acordo com o desejo e o bolso do indivíduo, ao corpo é dado o significado de objeto de
consumo cujas peças podem ser substituídas, redesenhadas, cortadas, modeladas e transformadas, de forma que seu valor
é medido pelos atributos físicos que possui (ou conquista). Dissociado de si e dos outros, da natureza, da coletividade, o
corpo torna-se uma parte de um espetáculo, que precisa ver e ser visto.
A indústria da beleza, implícita ou explicitamente, induz à ideia de que para se ter sucesso, felicidade ou dinheiro, o único
caminho é por meio da beleza estética, e, numa sociedade onde ser feliz muitas vezes está vinculado à aparência, ao status
e ao sentir bem o tempo todo, o corpo torna-se objeto de constante investimento e preocupação.
O discurso da saúde se misturou ao discurso da aptidão e da estética e resultou num processo de constante insatisfação
que converge para o que se acredita ser um “cuidado com o corpo” . Tal cuidado vem se tornando demasiado, quase uma
obrigação diária, gerando por vezes sentimento de culpa, insuficiência, vergonha e fracasso naqueles que não podem
alcançá-lo, podendo acarretar no desenvolvimento de transtornos dismórficos corporais (TDC) e os transtornos alimentares.
Especificamente na dismorfia muscular (um tipo de TDC), os exercícios físicos anaeróbicos e de força podem ser praticados
de forma excessiva para alcançar um corpo demasiadamente forte e musculoso, além do uso de suplementos para
hipertrofia muscular, e eventual uso de anabolizantes.

Pontos de atenção:
• forçar-se ao exercício mesmo quando não se sente bem;
• quase nunca se exercitar por prazer;
• ficar estressado e ansioso quando não se exercita;
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 7/17

• deixar de cumprir obrigações familiares para se exercitar;


• preferir fazer exercícios a estar com amigos;
• calcular quanto deve fazer de atividade física baseado em quanto come;
• não conseguir relaxar porque pensa que
não está queimando calorias, preocupar-se em ganhar peso se pular um dia de atividade física.

Qual é a relação entre imagem corporal e atividade física?


A prática de atividade física constitui um caminho possível para a aquisição deste corpo “modelo de sucesso”, na expectativa
de uma eventual satisfação, bem-estar e prazer, tendo, desta forma, relação direta com os elementos do corpo e imagem
corporal.

A imagem corporal é entendida como as percepções, pensamentos e sentimentos de um indivíduo sobre sua forma física
(SANTOS; PEREIRA; SOBRAL, 2019).
Atividade física: caminho possível para a aquisição de um corpo “modelo de sucesso”.

Corpo e saúde no contexto da cultura consumista

Cultura
A cultura é a própria condição de vida de todos os seres humanos. É produto das ações humanas, mas também é um
processo contínuo pelo qual as pessoas dão sentido às suas ações. É universal, mas também é local. Atividade livre,
universal, criativa e autocriativa pela qual os homens transformam o mundo em que vivem. Envolve a conquista da liberdade
de criação. No século XVIII: “Cultura” significava aquilo que os seres humanos podem fazer; “natureza”, aquilo a que devem
obedecer.

Cultura consumista
A cultura consumista é o modo peculiar pelo qual os membros de uma sociedade de consumidores pensam seus
comportamentos ou pelo qual se comportam de ‘forma irrefletida’. Vida para o consumo. A transformação das pessoas em
mercadoria.

Corpo
O histórico das representações do corpo na sociedade identifica como as influências religiosas, sociais, políticas e culturais
modificaram a forma de valorização do mesmo. Cada época estabelece critérios para definir o que é considerado belo. E,
ao olhar para a história, é possível verificar que o conceito é mutável, subjetivo e depende do contexto histórico, social e
cultural em que está inserido.

Corpo e consumo
A forma de enxergar o corpo também modifica a abordagem do mercado de consumo, pois como símbolo de pobreza os
produtos e serviços se destinam ao básico, mas como símbolo de poder produtos e serviços, tornam-se sofisticados e
conferem status, aguçando o desejo.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 8/17

Corpo mercadoria
A busca insaciável pela imagem corporal imposta por interesses financeiros.
A beleza não é mais um dom e sim algo que se produz e que cada um pode criar.
Astros e estrelas de cinema, campeões esportivos, governantes, pintores e literatos célebres são transformados em sobre-
humanos pela cultura de massa.
Os anúncios insinuam, sugerem e prometem felicidade.

O corpo esculpido
O culto a performance física conquista as ruas, as moradias, os locais de trabalho e lazer.
O corpo esculpido reflete além da performance física, o sucesso empresarial, poder e influência social.
As conquistas atléticas são planejadas como os negócios e recebem investimentos em equipamentos, roupas, calçados,
suplementos.
Muita massa muscular e pouca gordura corporal são exemplos de disciplina e determinação.
O corpo é exibido como medalha.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 9/17

CORPOREIDADE

Qual o sentido de falarmos, no momento atual, de corporeidade? O que significa a prática de exercícios, de atividades
corporais sistematizadas, de práticas esportivas, em academias, clubes, escolas, ou mesmo em parques nas grandes
cidades, num contexto em que, na maioria das vezes, os praticantes tem como objetivo a busca por um corpo “sarado”?
Para Descartes, as distintas substâncias que compõem o ser humano assim se constituem: de um lado, o corpo, de natureza
material; do outro, a alma, uma substância ou coisa pensante. Nesta proposta dual, não cabe pensarmos em corporeidade,
pois, na contemporaneidade, passamos a tratar o corpo como mercadoria. A alma representava a mais valia por ser ela a
detentora do conhecimento verdadeiro, enquanto o conhecimento vindo do corpo, o sensível, era enganador.
O corpo, o de hoje, em nossa cultura racionalizada, cientificizada e de escala industrial produtiva, torna-se um objeto de
uso, um utensílio, uma ferramenta, passível de ser utilizada segundo a vontade de outros, dependente dos interesses
econômicos, políticos ou ideológicos. É o corpo objeto de transação, de troca, de exclusão, de coisa a ser descartável após
seu uso e, normalmente, abuso.
É o corpo que, para ser conhecido, deve ser esquadrinhado, invadido, manipulado, sem vontade própria, não podendo ser
senhor de sua existencialidade. É o corpo máquina de Descartes, onde o mau funcionamento de uma peça exigirá a troca
dessa peça e nada mais.
É o corpo material, massa muscular, apêndice daquelas reais qualidades do ser humano que são o espírito e o intelecto. É
o corpo disciplinado, submisso, que pode ser conhecido e controlado por médicos, treinadores, professores, industriais.... .
É o corpo direito de posse, por exemplo, das ciências da saúde e das práticas médicas, que sempre reivindicaram o direito
exclusivo de intervirem nos corpos doentes ou “mal acabados”, através de cirurgias de reconstrução estética, de
oferecimento de regimes nutricionais, de malhações em academias da moda, etc... . É o corpo direito de posse e
propriedade, historicamente presente nos códigos de direito. É o corpo docilizado pelas pregações religiosas, com direitos
futuros de um grande palácio celestial, quando já não for mais corpo bruto e pecador.
É o corpo que, para ser conhecido, apresenta-se como problema para a academia, e que será analisado como algo
complicado, necessitando ser simplificado em suas partes para o estudo de sua constituição. Conhecidos seus mínimos
detalhes, estaremos prontos para compor esses detalhes e teremos então o entendimento do todo – corpo de ser humano.
No entanto, é fundamental, desde já, assumirmos o seguinte entendimento: o ser humano não é apenas um ser biológico,
como também não é apenas psicológico, ou antropológico ou... .O corpo humano é exatamente a complexidade e a conexão
de todas as formas possíveis de interpretação deste fenômeno. Quando falamos de corpo, estamos nos referindo a um
objeto concreto, possuidor de volume, disciplinado, que serve para obedecer às ordens de um intelecto ou de um espírito.
Só no século XIX é que vamos encontrar um grande crítico à forma de pensar cartesiana e seu desprezo pelo corpo em
favor da alma. É Nietzsche quem afirma que o pensamento é algo encarnado, é uma atividade corporal. Para esse pensador,
o ponto de partida do conhecimento é o corpo.
A corporeidade, neste sentido, implica numa atitude ética, na qual o ato de movimentar-se, na Educação Física e no Esporte,
demanda transcendência, aprimoramento de si mesmo, obtenção de conhecimento e preocupação com o outro. E isto
envolve atitudes responsáveis perante o mundo, visando a contribuir para a construção de um futuro melhor, no qual a vida
seja vivida com qualidade, pela maior parcela possível de seres humanos. Para que isto se materialize, é preciso produzir
resistência ao que nos cerca, nos dias atuais.
O sentido de corporeidade nos remete ao mundo de novas percepções que deverão substituir visões antigas. A corporeidade
é um corpo engendrando vida, experienciando, vivenciando, na perspectiva humana, a caminhada em direção ao mundo.
Devemos buscar o sentido de um corpo existencial que, ao movimentar-se, busque sempre sua superação. Reconhecer o
movimento como indispensável para o hominal se tornar humano é colocar o trabalho com o corpo, nos exercícios físicos e
nas práticas esportivas, na categoria da complexidade.
A noção de corporeidade nos obriga ao estudo do corpo-sujeito, existencial, indivisível, que se movimenta para garantir a
vida, entendida esta tanto no sentido individual quanto coletivo, oportunizando o entendimento de que esta área de
conhecimento científico, mesmo tendo todas as características de inter e até de transdisciplinaridade, exige sua identificação
disciplinar, calcada nos estudos históricos do esporte, do jogo, da dança, das lutas e dos movimentos gímnicos.
O sentido da corporeidade deve nos mostrar que o corpo-sujeito é ator e autor de sua história e de sua cultura. É um sujeito
relacional, daí a necessidade da consciência de si, dos outros e das coisas ou do mundo. É o estudo de um corpo-sujeito
que visa a autossuperação, o querer ser mais daqueles que se dedicam às práticas esportivas ou às mais diversas
manifestações de atividades físicas, superando seus próprios limites. É o estabelecimento de princípios éticos desejáveis
para um atleta alcançar o seu mais, seja isto na beleza plástica da performance, seja no milésimo de segundo superado,
seja na habilidade eficiente.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 10/17

Introdução à Ginástica de Condicionamento Físico: histórico e conceitos


O termo ginástica tem origem na Grécia antiga e significava “a arte de exercitar o corpo nu”. Sua origem vem do
grego “gymnikos (adj.) que é relativo aos exercícios do corpo, e de gimn(o), elemento de composição culta que traduz a
ideia de nu, do grego gymnós, “nu, despido”, não coberto, que se limita ser alguém ou alguma coisa, puro e simples, sem
acessórios ou sem modificações” (SOARES, 1998, p. 20 apud LORENZINI, 2005).

https://www.youtube.com/watch?v=5VychYbtM_s

A ginástica engloba modalidades competitivas e não-competitivas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes
de força, flexibilidade e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental.

Também pode ser considerada uma forma particular de exercitação onde, com ou sem uso de aparelhos, abre-se a
possibilidade de atividades que provocam valiosas experiências corporais enriquecedoras da cultura corporal, em particular,
e do homem, em geral.

A ginástica vem da Pré-história, afirma-se na Antiguidade, estaciona-se na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna
e sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea.

No homem pré-histórico, a atividade física tinha papel relevante para sua sobrevivência, expressa principalmente na
necessidade vital de atacar e defender-se. Desenvolver seu corpo através do exercício físico era uma questão de
sobrevivência.

Na Antiguidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de luta, na natação, no remo,
no hipismo, na arte de atirar com o arco, como exercício utilitário, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação guerreira
de maneira geral.

A ginástica valorizava o equilíbrio, a força, a flexibilidade e a resistência, utilizando, inclusive de materiais de apoio, como
pesos e lanças. Foi na Grécia que a ginástica ganhou grande destaque, se tornando um elemento fundamental para a
educação física dos gregos.

Na Grécia nasceu o ideal da beleza humana, o qual pode ser observado nas obras de arte espalhadas pelos museus em
todo o mundo, onde a prática do exercício físico era altamente valorizada como educação corporal em Atenas, e como
preparação para a guerra em Esparta.

A Grécia é o berço dos jogos olímpicos. Foi na cidade de Olímpia, que surgiram os jogos olímpicos em homenagem aos
deuses. Provas como a corrida e o lançamento de dardo tiveram origem no treinamento militar.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 11/17

Os primeiros registros dos vencedores foram em 776 a.C., mas há indícios de que as competições já eram realizadas 500
anos antes. Ter bons atletas entre os cidadãos significava contar com soldados fortes e resistentes, preparados fisicamente
para combater os exércitos das cidades-estados vizinhas. Os Jogos Olímpicos eram utilizados como medida de tempo.

A olimpíada designava o intervalo de quatro anos entre dois períodos de competição. Qualquer guerra em curso na região
era suspensa para que os cidadãos pudessem se deslocar até Olímpia a fim de aplaudir seus campeões.

Em Roma, o exercício físico tinha como objetivo principal a preparação militar e, num segundo plano, a prática de atividades
desportivas como as corridas de carros e os combates de gladiadores que estavam sempre ligados às questões bélicas.

Na Idade Média, os exercícios físicos foram a base da preparação militar dos soldados, que durante os séculos XI, XII e XIII
lutaram nas cruzadas empreendidas pela igreja. Entre os nobres eram valorizadas a esgrima e a equitação como requisitos
para a participação nas lutas e torneios, jogos que tinham como objetivo “enobrecer o homem e fazê-lo forte e apto”.

https://www.estudopratico.com.br/gladiadores-romanos-historia-da-roma-antiga/

O Renascimento foi um movimento intelectual, estético e social que representou uma reação à decadente estrutura do início
do século XIV (idade média). Representou uma nova concepção do mundo e do homem, havendo um redescobrimento da
individualidade, do espírito crítico e da liberdade no ser humano. O reconhecimento desses traços de individualidade
devolveu à criatura humana o papel de protagonista: é o antropocentrismo, nas obras da antiguidade Clássica, esse
humanismo renascente voltou a valorizar o belo, resgatando a importância do corpo.

A Educação Física reintroduz-se nos currículos elitistas onde os exercícios físicos – o salto, a corrida a natação, luta, a
equitação, o jogo, a dança e a pesca – constituem-se. Um grande número de pensadores renascentistas, dedicaram suas
reflexões à importância dos exercícios físicos. Suas ideias fertilizaram o campo onde, na segunda metade do século XVIII,
foram fundamentados os alicerces da Educação Física escolar. Entre os pensadores que, numa fase pós-renascentista,
influenciaram a Educação e, consequentemente, a Educação Física, não podemos deixar de fazer uma referência especial
a Locke e a Rousseau. O antagonismo de suas ideias marcou o pensamento educacional até a atualidade.

No período em que chamamos de Idade Contemporânea. É marcado por transformações profundas na organização da
sociedade e também por conflitos de amplitude mundial. É nela que acontece o surgimento do esporte moderno, a
sistematização da ginástica e o amadurecimento da educação física escolar. As primeiras sistematizações dos exercícios
físicos/ginástica eram originárias da Alemanha, Dinamarca, Suécia, França e Inglaterra, vinculam-se aos processos da
afirmação da nacionalidade nestes países e à constante preocupação de preparação para guerra.

Todas as atividades da educação física eram denominadas como ginástica: saltos, corridas, esgrima, jogos, acrobacias,
natação e diversos outros. Essas metodologias ajudaram a formar as bases da educação física que vigoram até os dias de
hoje.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 12/17

Alguns exemplos de Ginástica atuais são:

Ginástica Artística: solo e aparelhos.

Aparelhos masculinos: solo, salto sobre a mesa, cavalo com alças, barras paralelas, barra fixa e argolas.

Aparelhos femininos: solo, salto sobre a mesa, barras assimétricas e trave.

Ginástica Rítmica (GR): arco, maça, bola, fita e corda.

Ginástica acrobática: acrobacias e pirâmides.

Ginástica aeróbica: estudos realizados por Cooper + aerobic dance, idealizada por Sorensen (Década de 1970).

Ginástica de trampolim: saltos acrobáticos sobre uma superfície elástica.

Ginásticas de Conscientização Corporal: soluções para problemas de saúde e posturais;

Ginásticas Fisioterápicas: prevenção e tratamento de doenças;

Ginástica laboral: realizadas no ambiente de trabalho, visando a redução de lesões por esforço repetitivo;

Ginástica de Condicionamento Físico: musculação, step, zumba, danças, lutas, spinning, etc.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 13/17

Ginástica Laboral
Ginástica Laboral é definida como a prática de exercícios, realizada coletivamente, durante a jornada de
trabalho, prescrita de acordo com a função exercida pelo trabalhador.
• Prática que visa qualidade de vida no trabalho, de promoção de saúde e lazer.

• É realizada durante o expediente de trabalho.

• São realizadas atividades físicas planejadas, visando a prevenção de lesões por esforços repetitivos (LER) e/ou distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT).

• Tem duração de 10 a 15 minutos.

• São realizadas práticas de alongamento, fortalecimento e relaxamento.

Sabe aquele trabalhador que fica 8 horas por dia fazendo a mesma coisa, como apertar parafusos? Então, essa atividade
ajuda muito a evitar lesões neste funcionário.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 14/17

Benefícios da Ginástica Laboral:


• Promove o bem-estar individual e coletivo;
• Diminui a ausência/rotatividade de funcionários;
• Aumento da produtividade;
• Menores gastos com despesas médicas;
• Diminuição de incidência de doenças ocupacionais;
• Redução do estresse e alívio das tensões;
• Proporciona um melhor relacionamento consigo mesmo, com os outros e com o meio;
• Recupera e/ou mantem a capacidade de amplitude de movimentos;
• Estimula a consciência corporal e o autoconhecimento;
• Amplia a consciência de si mesmo e a autoestima;
• Melhora a circulação sanguínea;
• Alivia as dores corporais;
• Melhora a condição física geral;
• Aumenta a motivação e disposição no trabalho;
• Previne a fadiga muscular.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 15/17

LAZER

Histórico: o lazer sempre existiu ou representa um fenômeno característico das modernas sociedades urbano-
industriais?
Existem duas abordagens que discutem o assunto. Os adeptos da primeira corrente situam a origem do lazer nas fases
antigas da nossa história. Esta é a interpretação de inúmeros autores, entre eles Sebastian De Grazia (1966). Para o autor,
falar das origens do lazer significa reportar-nos à vida social dos filósofos da antiga Grécia. O grego Skholé era um termo
que, no uso comum, denotava um tempo desocupado, um tempo para si mesmo que gerava prazer intrínseco. Para
Aristóteles, o “lazer” era um estado filosófico no qual cultivava-se a mente por meio da música e da contemplação. Esse
estado seria alcançado apenas por aqueles que conseguiam libertar-se da necessidade de estar ocupado (e de realizar o
trabalho produtivo, que era visto como indigno). O ideal clássico de “lazer” indicava, portanto, distinção social, liberdade,
qualidade ética, relação com as artes liberais e busca de conhecimento (DE GRAZIA, 1966).
Para a segunda corrente, que tem como um de seus principais teóricos o sociólogo francês Joffre Dumazedier (1973), o
lazer foi gestado nas sociedades industriais avançadas – capitalistas ou socialistas. De acordo com ele, o lazer “corresponde
a uma liberação periódica no fim do dia, da semana, do ano ou da vida de trabalho” (p.28). Tal compreensão pode ser
datada, pois a chamada Revolução Industrial foi deflagrada na Grã-Bretanha no século XVIII, com a invenção da máquina
a vapor (1769), o que gerou aproximadamente no decurso do século XIX uma progressiva redução da jornada de trabalho.
O lazer surge como resposta às reinvindicações sociais pela distribuição do tempo liberado do trabalho, mesmo que fosse
apenas para reposição de energias.

Conceito:
Para Dumazedier, lazer é “o conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para
repousar, divertir-se, recrear-se ou entreter-se ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação
social voluntária, ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais,
familiares ou sociais”.
Para Luiz Octávio Camargo (1986), o lazer representa um conjunto de atividades centradas em interesses culturais
realizadas num tempo livre “roubado” ou conquistado historicamente sobre a jornada de trabalho profissional e doméstico e
que interfere no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos.
É importante ponderar, conforme aponta Gomes (2004), que “na vida cotidiana nem sempre existem fronteiras absolutas
entre o trabalho e o lazer, tampouco entre o lazer e as obrigações profissionais, familiares, sociais, políticas, religiosas.
Afinal, não vivemos em uma sociedade composta por dimensões neutras, estanques e desconectadas umas das outras,
como o conceito de lazer proposto por Dumazedier nos faz pensar”.

Funções:
• Descanso – “sair da rotina ou das práticas obrigatórias”
• Diversão
• Desenvolvimento

Características:
• Liberatório: o lazer é liberação de obrigações institucionais e resulta em livre escolha.
• Desinteressado: o lazer não está, fundamentalmente, submetido a fim algum, seja lucrativo, profissional, utilitário,
ideológico, material, social, político, socioespiritual.
• Hedonístico: o lazer é marcado pela busca de um estado de satisfação, tomado como um fim em si mesmo: “isso
me interessa”. Essa busca pelo prazer, felicidade, alegria ou fruição é de natureza hedonística e representa a
condição primeira do lazer.
• Pessoal: as funções do lazer (descanso, divertimento e desenvolvimento) respondem às necessidades do indivíduo,
em face das obrigações primárias impostas pela sociedade.

Elementos do lazer:
• Tempo: corresponde ao usufruto do momento presente e não se limita aos períodos institucionalizados para o lazer
(final de semana, férias, etc.).
• Espaço-lugar: vai além do espaço físico por ser um “local” do qual os sujeitos se apropriam no sentido de transformá-
lo em ponto de encontro (consigo, com o outro e com o mundo) e de convívio social para o lazer.
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 16/17

• Manifestações culturais: conteúdos vivenciados como fruição da cultura, seja como possibilidade de diversão, de
descanso ou de desenvolvimento.
• Ações (ou atitude): fundadas no lúdico – entendido como expressão humana de significados da/na cultura
referenciada no brincar consigo, com o outro e com a realidade.

Conteúdos Culturais do lazer


Segundo Dumazedier, são cinco grupos de conteúdos culturais:
1) Manuais: onde a predominância é na capacidade de manipulação (jardinagem, carpintaria, marcenaria, costura,
culinária). Muitas dessas atividades, por terem ligação direta com preocupações de natureza estética, acabam se
confundindo com as artísticas;
2) Intelectuais: onde a predominância está no exercício do ato de raciocinar (jogos como xadrez, dama, gamão, bridge,
além de incluir palestras e cursos, desde que não estejam relacionados à necessidade do trabalho);
3) Sociais: é quando se busca o relacionamento, o contato, o encontro entre indivíduos (festas, espetáculos, frequência a
bares e restaurantes, participação em espaços de convivência);
4) Físico-esportivos: onde o que prevalece é o movimento (atividades ligadas ao esporte, ginástica, caminhada, etc);
5) Artísticos: abrange as diferentes manifestações artísticas (atividades ligadas à arte em suas mais diferentes formas de
apresentação: cinema, teatro, dança, música, artes plásticas, literatura); encontradas em ambientes especificamente
organizados para o armazenamento e/ou exposição (museus, centros culturais, casas de espetáculos), mas também
possíveis de serem produzidas pelos indivíduos.
Camargo (1989) acrescenta um sexto conteúdo, que seria o interesse 6) turístico, onde predominantemente, o que se
busca é a quebra da rotina temporal ou espacial, além do contato com novas paisagens e culturas.
E por fim, Schwartz et al. (1998) acrescentaram o interesse virtual como o sétimo interesse, com atividades com o uso da
internet como espaço atual de lazer, tendo em vista as características da sociedade contemporânea, que focaliza a procura
de diversão e de interação social como os principais objetivos que motivam o acesso dos usuários.

Formas de vivências do lazer:


Níveis de vivência do lazer
- Conhecer
- Praticar
Elementar Elevada
- Assistir
Consumista Crítica
Alienada Criativa
Barreiras do lazer:
São consideradas barreiras interclasses e intraclasses que restringem o lazer: classe social, nível de instrução, faixa etária,
gênero, entre outros fatores. Além disso, no plano cultural, preconceitos variados restringem sua prática aos mais
habilitados, e aos que se enquadram nos padrões de “normalidade” preestabelecidos.

Indústria cultural do lazer


Formulação cunhada pelos alemães Theodor Wiesengrund Adorno e Max Horkheimer em Dialética do Esclarecimento, texto
escrito na vigência do nazismo (1941-1944) e publicado em 1947. É o conjunto de bens culturais, difundidos pelos meios de
comunicação de massa, impondo formas universalizantes de comportamento e consumo.
Os meios de comunicação de massa e os objetos de consumo apresentam-se como campo privilegiado para a reflexão
sobre a relação entre política, tecnologia e sociedade. Nele, ganham destaque a mercantilização da cultura e sua alienação.

Pontos para debates:


- Políticas públicas de lazer: o lazer enquanto direito social.
- Lazer e Consumo
APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 3º SÉRIE – 2024 17/17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENDA, Rodolfo Novellino & GRECO, Pablo Juan. Iniciação Esportiva Universal: Da aprendizagem motora ao
treinamento técnico. Belo horizonte, MG: Editora UFMG, 2001.
DANTAS, Estélio H. M. A Prática da Preparação Física. 3ª edição. Rio de Janeiro: Shape, 1995.
GOMES, C.L. (org). Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
GOMES DA COSTA, Marcelo. Ginástica Localizada. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 1996.
LUSSAC, Ricardo Martins Porto (Mestre Teco). Desenvolvimento psicomotor fundamentado na prática da capoeira
e baseado na experiência e vivência de um mestre da capoeiragem graduado em educação física. Universidade Cândido
Mendes, Pós-Graduação “Lato Sensu”, Projeto A vez do Mestre. Rio de Janeiro: 2004.
MATTOS, Mauro Gomes de; ROSSETO JÚNIOR, José; BLECHER, Shelly. Teoria e prática da metodologia da
pesquisa em educação física: construindo seu trabalho acadêmico: monografia, artigo científico e projeto de ação. São
Paulo: Phorte, 2004.
TUBINO, Manoel José Gomes. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3ª edição. São Paulo: Ibrasa, 1984.
WEINECK, Jürgen. Manual de Treinamento Esportivo. 2ª edição. São Paulo: Editora Manole, 1989. __, Jürgen.
Biologia do Esporte. São Paulo: Editora Manole, 1991.
PAIM, M. C. C. Visões estereotipadas sobre a mulher no esporte. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires,
ano 10, n. 75, 2004. http://www.efdeportes.com/efd75/mulher.htm
PAIM, M. C. C.; STREY, M. N. Corpos em metamorfose: um breve olhar sobre os corpos na história, e novas
configurações de corpos na atualidade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 10, n. 74, 2004.
http://www.efdeportes.com/efd79/corpos.htm
PALLAZZO, V. Imagem Corporal. Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares. São Paulo, 2003.
Disponível em: http://www.gatda.psc.br/imagem.htm. Acesso em: 06 abr. 2008.
PELEGRINI, T. Imagens do corpo: reflexões sobre as acepções corporais construídas pelas sociedades ocidentais.
Revista Urutágua. Maringá, n. 8, 2004.
PICCININI, C. A. et al. Estereótipos Sociais vinculados aos formatos corporais em adolescentes. Aletheia, 3, p. 11-
16, 1996.
RODRIGUES, A. Psicologia Social para principiantes: Estudo da Interação Humana. Petrópolis: Editora Vozes,
2003.
ROSENTHAL, R., JACOBSON, L. Pygmalion in the classroom: Teacher expectation and pupils' intellectual
development'. New York: Rinehart and Winston, 1968.
WIPEDIA: http://www.wikipedia.org/
TUBINO, Manoel José Gomes; GARRIDO, Fernando Antonio Cardoso; TUBINO, Fabio Mazern. Dicionário
Enciclopédico Tubino do Esporte. Rio de Janeiro: SENAC RIO, 2007
MCARDLE, W. D; KATCH, F. LKATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5
Ed. Guanabara koogan. 2003.

Você também pode gostar