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BRONQUIOLITE

VIRAL AGUDA
COMPLICADA
BRUNO VIEIRA GOMES
EMANUEL WANDERLEY

Urgências Pediátricas - MED 0038


ANAMNESE
RSDAL, 8 meses e 25 dias, feminino
QPD:
Tosse seca e coriza há 06 dias
HDA:
Paciente chega ao serviço de pronto-atendimento com coriza e espirros há 06 dias,
evoluindo há 3 dias com tosse e febre (máx 40°) concomitantes. Genitora refere ter levado
a menor ao Hospital Helena Moura há 24h, onde foi prescrito Aerolin 4/4h e lavagem nasal,
não sendo realizados exames laboratoriais nem radiografia de tórax.
IS:
Aparelho respiratório: vide HDA
Nega demais alterações
Antecedentes Pessoais:
6 consultas no pré-natal, sorologias negativas para VDRL e HIV, mãe nega anormalidades
ou complicações na gestação e parto (PN). 39 semanas, APGAR 9/10. Dados
antropométricos do RN: peso 3245g, estatura 46 cm PC: 35
EXAME FÍSICO
RSDAL, 8 meses e 25 dias, feminino

EG: EGReg, ativa e reativa, desidratada (2+/4+), corada, febril (37,9°C)


Pele e mucosas: sem alterações
AR: MV+ em AHT, com sibilos discretos e roncos de transmissão, tiragens intercostais e
subcostais. FR: 55irpm SatO2 = 98% AA
ACV: RCR em 2T BNF sem sopros, FC: 125 bpm
ORL: sem alterações
TGI: abdome globoso, depressível, indolor à palpação superficial e profunda.
TGU: sem alterações
SN: nuca livre, sem sinais de irritação meníngea, ECG: 15
CONDUTAS
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS:
1. BVA complicada com ITR
2. Desidratação secundária à BVA

Expansão Dipirona EV Lavagem nasal 1 Ciclo de


volêmica 2/2h Aerolin
EXAMES COMPLEMENTARES

RADIOGRAFIA DE TÓRAX
Aparente infiltrado peri-hilar à direita, sem outras alterações
DISCUSSÃO DO CASO
ANAMNESE E EXAME FÍSICO

Infecção de via aérea superior (geralmente causada pelo VSR), que se inicia
após 4 a 6 dias de incubação
Coriza, espirro e obstrução nasal
No decorrer de 2 a 3 dias, há evolução para sintomatologia de
acometimento de via aérea inferior
Tosse, taquipneia leve, dispneia, tiragem, gemência ou batimento de
aleta nasal, hipoxemia
Ao exame físico:
Sibilos, estertores, aumento do tempo expiratório ou roncos de
transmissão da via aérea superior
Pode haver sinais clínicos de desidratação, por redução da ingesta
hídrica e aumento de perdas
SBP, 2022
DISCUSSÃO DO CASO
EXAMES COMPLEMENTARES TRATAMENTO

Radiografia de tórax: Medidas gerais + suporte respiratório


Dispensável na maioria dos quadros de Oxigenioterapia (saturação de O2 ≥
BVA 90%)
Indicada em casos de maior gravidade Uso de solução salina hipertônica
e complicados ou suspeita de outro
diagnóstico (como infecção bacteriana) Broncodilatadores
Não geram melhora do desfecho
Hemograma: clínico
Não há indicação de rotina Geram uma gama de efeitos adversos:
Raramente funciona como preditor de taquicardia, tremores, náuseas...
infecção bacteriana associada

SBP, 2022
REAVALIAÇÃO
EVOLUÇÃO CLÍNICA Leucograma

Paciente reavaliada após 1º ciclo de aerolin Leucócitos: 2500 /uL (VR: 5.000 a 13.000 /uL)

Geral: EGB, paciente dormindo, acianótica, Neutrófilos: 250 /uL (VR: 2.000 a 8.000 /uL)
anictérica, febril (37,8°C), hidratada, eupneica
e hipocorada (+/4+). Eosinófilos: 25 /uL (VR: 100 a 1.000 /uL)
AR: MV+ em AHT, presença de roncos de
transmissão esparsos. FR: 31 irpm SatO2: 96% Basófilos: 25 /uL (VR: 20 a 100 /uL)

HEMOGRAMA Linfócitos: 1750 /uL (VR: 1.000 a 5.000 /uL)

Eritrograma e plaquetograma dentro dos


Monócitos: 450 /uL (VR: 200 a 1.000 /uL
limites da normalidade

Demais células: 0
SBP, 2022
DISCUSSÃO DA EVOLUÇÃO
Quadro clínico Considerando a BVA, a paciente está
clinicamente bem!
Melhora do desconforto respiratório
Melhora da desidratação
Neutropenia grave
Persistência da febre (37,8ºC)
Contagem de neutrófilos <500/uL
Critérios de alta de BVA
Febre persistente maior que 37,5ºC
Manter a monitorização da retirada de oxigênio
por 12h

Ausência de sinais de desconforto respiratório

Saturação de O2 > 90% em ar ambiente Indica internamento e investigação!

Ingesta hídrica adequada


Cuidadores capazes de realizar a higiene das
vias aéreas superiores
SBP, 2022
CONCLUSÕES
Condutas

A reposição volêmica resolveu a desidratação da paciente


Não há indicação de salbutamol para quadros de BVA
A paciente necessitou de internamento devido à neutropenia + febre

Internamento
Considerando somente o quadro clínico da paciente não havia indicação formal de
internação por BVA
A suspeição clínica de infecção associada à BVA e solicitação de hemograma foi
fundamental para o caso
A persistência da febre associada ao achado no hemograma permitiu o internamento
da paciente
Importância da reavaliação no contexto de emergência

SBP, 2022
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de pediatria. 5. ed. Barueri [SP]: Manole,
2022. 01 02 BRONQUEOLITE VIRAL AGUDA UFPE.

Manual de condutas em pediatria da UFPE. Organização: Silva, E. P., Beltrão, M. M. N., &
Maia, P. F. C. de M. D. 3. ed. Recife: Ed. UFPE, 2022.
OBRIGADO!

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