Maria Laura C.

Tonhon

Parto prematuro
Parto entre 20-36 semanas e 6 dias de gestação.
Não confundir com AIG/PIG/GIG, nem com baixo peso
<2500g ou muito baixo peso <1500g (um bebê pode ser
GIG e prematuro, por exemplo; para o prematuro olha-
se apenas a idade gestacional).
Contraindicações absolutas: sofrimento fetal agudo
(SFA), pré-eclâmpsia, DPP, gestação > 35 semanas e
infecção ovular.
Contraindicações relativas: rotura prematura de
membranas ovulares (RPMO).

Capurro (prega da palma da mão, mamilo, planta dos TOCÓLISE

pés, pelo etc.).
FISIOPATOLOGIA
Incerto: processo de inflamação (ex. corioamnionite),
estresse fetal ou materno, modificações físicas do colo
uterino (sobredistensão), isquemia uteroplacentária
(pré-eclâmpsia), insuficiência útero-placentária e/ou
hemorragias (contração muscular e alteração na
dinâmica uterina).
DIAGNÓSTICO
Clínico; superdiagnóstico.
Marcadores clínicos: modificações cervicais (pelo
toque vaginal e ultrassom); contrações uterinas
(percebidas pela paciente ou pelo próprio médico;
cardiotocografia); sangramento vaginal; fatores de
risco (ex. parto anterior prematuro).
Sulfato de magnésio: competição direta Ca++ e cessa
contração. EA: rubor e calor materno; hipotonicidade
neonatal; intoxicação por Mg (depressão respiratória).
Nifedipina: bloqueia os canais lentos de entrada do
cálcio. EA: hipotensão materna, sincope.
Indometacina: inibição da síntese de prostaglandina.
EA: oligo âmnio, fechamento precoce do ducto
arterioso.
Salbutamol: conversão do ATP em AMP cíclico,
diminuindo o cálcio livre intracelular. EA: taquicardia
materna, arritmias, insuficiência cardíaca, EA pulmão,
hipoglicemia neonatal. Cuidado: asma, DM, mais
danos.
Atosinban: ação antagonista por competição com o
receptor da ocitocina. EA: raro! Náuseas e vômitos.

Alterações do bem-estar fetal (CTG). Os bloqueadores dos canais de cálcio (principalmente

nifedipina) para mulheres em trabalho de parto
CONDUTA
prematuro têm benefícios em relação ao placebo ou à
Tocolíticos (cessa as contrações uterinas): não
ausência de tratamento em termos de adiamento do
diminuem o nº de partos prematuros, mas ganha
nascimento, permitindo assim, teoricamente, tempo
tempo para administração de corticoide e transferência
para a administração de corticosteroides pré-natais e
para centro de referência neonatal. Magnésio,
transferência para cuidados de nível superior. Foi
bloqueadores do canal de cálcio (Nifedipina),
demonstrado que os bloqueadores dos canais de cálcio
antiprostaglandina (insometacina) e B-adrenérgicos
apresentam benefícios sobre os betamiméticos no que
(salbutamol).
diz respeito ao prolongamento da gravidez, morbidade

neonatal grave e efeitos adversos maternos. Os
bloqueadores dos canais de cálcio também podem ter
alguns benefícios em relação aos ORAs e ao sulfato de
magnésio, embora os ORAs resultem em menos efeitos
adversos maternos.
Corticoide para estimular o amadurecimento pulmonar
fetal: Betametasona 12mg IM, repetir em 24h (total
24mg IM) entre 24-34 semanas. Alternativa:
Dexametasona 6mg IM 12/12h (total 24mg IM).
Neuroproteção fetal: MgS04 4-6g IV dose de ataque; 1-
2g IV dose de manutenção (Sibai, Zuzpan) com menos
de 34 semanas. Infecções cervicovaginais: tratamento
de infecções diminuiu o risco de TTP.
Prematuros morrem por angústia respiratória,
hemorragia intracraniana ou enterocolite necrotizante.
Colo curto: mede com transdutor do USG TV e é curto
se < 2,5cm (25mm), então investigar infecção trato
urinário e genital e acompanhar ambulatorial, também
pode fornecer progesterona tópica.
ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES
Ruptura do âmnio antes do início do trabalho de parto.
DIAGNÓSTICO
História de perda de líquido e exame especular. Evitar
o toque, pois aumenta os riscos de infecção.
Ao exame especular: observar a cérvice e identificar
prolapso de cordão (colocar para dentro e fazer
cesárea).
Médico analisa e decide se dá tocolíticos para
interromper TP e dar tempo de corticoide agir.
OBS: nos casos de corioamnionite → febre, taquicardia,
dor em baixo ventre, excitabilidade uterina e até saída
de secreção purulenta pelo canal cervical NÃO
interromper TP.
Maria Laura C. Tonhon
Se ainda restar dúvidas:
• Avalição pH: básico (pelo pH do LA 7-7,5);
• Citologia: sulfato azul de Nilo 0,1% cor laranja
(células descamadas da pele feto);
• Cristalização: cristalização do líquido coletado
(“folha de samambaia”);
• Ultrassom: redução LA.
CONDUTA
Depende: da IG, da apresentação fetal e do bem-estar
fetal.
Se houver infecção uterina, descolamento prematuro
de placenta ou sofrimento fetal, em qualquer IG →
RESOLUÇÃO
Cardiotocografia, hemograma e temperatura axilar.
IG ≥ 37 semanas: conduta ativa imediata, indução de
parto normal ou cesárea.
IG 34 a 37 semanas: conduta ativa imediata e
antibiótico.
- Antibioticoprofilaxia para Estreptococo do Grupo B:
- Indicações: febre intra-parto, TP prematuro, história
de neonato anterior com sepse, rotura anteparto >18h,
infecção trato urinário por S. B-hemolítico do grupo B.
- Objetivo: Prevenir sepse neonatal por Streptococcus
B-hemolítico do grupo B.
- Momento para iniciar a profilaxia: início da fase ativa
do trabalho de parto.
- Opções:
• Penicilina G: 5 milhões EV, seguido por 2,5
milhões de 4/4h (antibiótico de escolha na
maioria dos estudos);
• Cefazolina 2g EV, seguido de 1g EV 8/8h até o
parto
 Maria Laura C. Tonhon

• Ampicilina 2g, EV, seguido por 1g EV 4/4 h; Morte perinatal: fazer doppler fetal e umbilical para
• Clindamicina 900mg, EV, 8/8h se alergia à gestantes de alto risco e corticoide.
penicilina.

IG 24-34 semanas: conduta conservadora, corticoide,

antibiótico EGB e profilático (7 dias).

Exames: cuidado com leucocitose após corticoide;

medir maior bolsão LA no USG.

IG < 24semanas: expectante, discutir com a paciente os

riscos, individualizar conduta.

- Não usar corticoide, ATB EGB nem profilático.

INSUFICIÊNCIA ISTMOCERVICAL (IIC)

É a deficiência funcional do esfíncter uterino,

impossibilitando-o de manter-se fechado até o final da
gravidez, determinando perdas gestacionais
recorrentes na forma de abortos tardios ou partos
prematuros. Fetos nascem vivos. Dilatação é indolor. IG
das perdas costumam ser regressivas (1ª gravidez com
36 sem, 2ª com 34 etc.).

CONDUTA

Cerclagem com técnica de Mc Donald no final 1°

trimestre (amarra o colo com fio).

PONTOS-CHAVE

Em parto prematuro → mostrou benefício o rastreio de

infecções do trato genital inferior em mulheres grávidas
< 37 semanas de gestação e sem sinais de trabalho de
parto, hemorragia ou infecção.

A cerclagem cervical mostrou claro benefício apenas

para mulheres com gravidez única e alto risco de TBP.

Possível benefício: ATB para gestantes com bacteriúria

assintomática; intervenções farmacológicas para
cessação do tabagismo em gestantes fumantes.