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SÍNDROME NEFRÓTICA:
• Proteinúria maciça: ≥50 mg/Kg/dia; ≥40 mg/m²/h; Relação P/C > 2 mg/mg (amostra isolada de urina);
• Primária ou idiopática em 80-90% casos na pediatria: LHM é a mais comum;
• Características: Proteinúria maciça + hipoalbuminemia+ edema + hiperlipidemia;
• Se: 1-10 anos, com síndrome nefrótica e complemento normal: condução como LHM! Demais casos,
considerar biópsia renal;
• Mais propensos a: infecção (PBE por Pneumococo), dislipidemia e hipercoagulabilidade;
• Tratamento: Suporte/ detecção e manejo de complicações e corticoterapia. Albumina: se anasarca/
edema genital/ choque.
SHU:
• Anemia hemolítica microangiopática + Trombocitopenia+ LRA;
• Causa mais comum na infância: E. coli produtora de toxina Shiga (STEC- SHU).
1. SÍNDROME NEFRÍTICA
• Decorre da Inflamação dos glomérulos; 1.2 Clínica e propedêutica:
• Apresentação típica do quadro agudo:
1.1 Classificação: • Hematúria (geralmente o enunciado traz
• Temporal: Aguda ou crônica; macroscópica);
• Etiologia: Primária ou secundária (a secundária • Oligúria;
tem maior relevância prática e acadêmica): • Edema;
• Hipertensão arterial;
Primária: Secundária:
• Proteinúria de grau variável;
• Azotemia.
Doença antimembrana Glomerulonefrite pós
basal glomerular estreptocócica • Exames laboratoriais:
Glomerulonefrites pós • Urina I com pesquisa de dismorfismo
Glomerulopatia do C3 infecciosas eritrocitário e microscopia urinária com
PHS, nefrite lúpica, outras cilindros hemáticos;
Nefropatia por IgA doenças reumáticas • Relação Proteína/Creatinina em amostra de
Glomerulopatia urina;
membranosa Neoplasias
• Creatinina, ureia ou cistatina C (pesquisar lesão
Glomerulonefrite renal aguda - LRA).
crescêntica idiopática Wegener e Churg-Strauss
• Estabelecida a LRA, vigiar eletrólitos séricos e
gasometria venosa;
• Síndrome nefrítica na pediatria deve alarmar a • Hemograma, PCR, VHS (pensando em infecção e
suspeita para as causas mais comuns na infância, quadros reumatológicos);
isto é, as pós-infecciosas (Glomerulonefrite • Complemento total e frações (CH50, C3 e C4 →
aguda pós-infecciosa), sendo o protótipo pensando em GNPE e nefrite lúpica);
a Glomerulonefrite difusa aguda pós- • ASLO, antiDNAseB, antiestreptoquinase, anti-
estreptocócica. hialuronidase (pensando em quadro pós-
estreptocócico);
• Nefropatia por IgA é a glomerulopatia cosmopolita • Faringites: principalmente ASLO.
mais prevalente; • Piodermites: principalmente anti-DNAse B.
2 ESPECIALIDADES: NEFROLOGIA
dos 2 anos;
• Predomínio meninos (2:1).
Balanço positivo
Congestão cardiocirculatória e HA
Evidência de
Síndrome infecção
nefrítica C3 baixo
estreptocócica
aguda prévia
Hematúria microscópica Hematúria macroscópica Tríade.
assintomática e complicações graves
4 ESPECIALIDADES: NEFROLOGIA
2. SÍNDROME NEFRÓTICA
2.1 Conceitos: 2.3 Etiologia:
• Doença glomerular associada à proteinúria maciça, • A principal etiologia é a síndrome nefrótica (SN)
caracterizada por: primária ou idiopática (expressiva maioria);
• Na urina 24h: ≥50 mg/Kg/dia; ≥40 mg/m²/h;
• Relação Proteína/Creatinina (P/C) > 2 mg/mg • Achados no perfil histopatológico do quadro
(em amostra isolada de urina). primário:
• A consequência da proteinúria maciça é a • Lesão histológica mínima (LHM) → mais
Hipoalbuminemia (< 2,5 mg/dL). comum;
• Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF);
2.2 Epidemiologia: • Glomerulonefrite proliferativa mesangial;
• Glomerulonefrite membranoproliferativa (tipos
• A maioria dos casos é primária ou idiopática (80- I, II e III);
90% na pediatria);
• Glomerulopatia membranosa;
• Maior acometimento dos pré-escolares;
• Glomerulonefrite crescêntica;
• Preferência pelo sexo masculino (2-3: 1).
• Esclerose mesangial difusa.
Outras Causas
(investigar especialmente diante de Representantes
uma primoinfecção)
2.4 Etiofisiopatogenia:
• Podocitopatia → apagamento do prolongamento
• A proteinúria maciça decorre do aumento da dos podócitos, por meio de lesão/ mutação
permeabilidade da barreira de filtração glomerular, de proteínas (nefrina, podocina) na fenda
que pode ser gerado por diversos fatores que diafragmática, causando a proteinúria maciça.
levam à sua disfunção:
• Disfunção imune.
• Genético → ocorre em 20-30% das crianças
com SN. Pesquisar mutação num contexto de • Fatores circulantes → fator circulante secretado
SN corticorresistente (SNCR). Nos casos de pelos linfócitos T dos pacientes com LHM causa
SN monogênica o inicio do quadro costuma proteinúria maciça e fusão dos processos
ser precoce e o uso de corticoide ou podais. Como exemplo, o CD80 pode ser
imunomoduladores não é habitualmente efetivo, utilizado como biomarcador diagnóstico e
devendo-se pensar em outras alternativas
medidor da atividade da doença.
terapêuticas, como o transplante renal.
Apagamento
20-30% crianças com SN; - Fator circulante - secretado pelos linfócitos T dos
prolongamentos
Pesquisa mutação para pacientes com LHM
podocitários: por meio
SNCR; → proteinúria maciça e fusão dos processos podais
lesão/ mutação proteínas
SN monogênica. - CD80: possível biomarcador de diagnóstico e atividade
(nefrina/ podocina...) fenda
da doença na LHM.
diafragmática.
Líquido para
Retenção 1ária de Na ↑ volume IV Edema
interstício
6 ESPECIALIDADES: NEFROLOGIA
• O edema pode evoluir para derrames cavitários e • Destaque: Peritonite bacteriana espontânea:
anasarca; • Desejável: Paracentese com celularidade,
• Anasarca: lembrar de ascite e edema genital; gram e cultura; Diagnóstico: ≥250
• Taquipneia por afecção pulmonar ou limitação da polimorfonucleares/ mm³;
expansão torácica por ascite. • Lembrar: os agentes são Pneumococo e gram
negativos.
• Urina: • Tratamento: cefalosporina de terceira geração EV.
• Espumosa (decorre da proteinúria). • Hipercoagulabilidade:
• Perda urinária de antitrombina III, proteína S e
• Pressão arterial: plasminogênio;
• LHM: normal ou hipertensão transitória; • Trombocitose; aumento dos fatores V, VII, VIII, X,
• GESF: hipertensão mais importante (pode XIII;
ser necessário controle pressórico com • Hemoconcentração; uso indiscriminado de
medicação). diuréticos;
• Cateter Venoso Central - CVC; imobilização..
2.7 Laboratório: • Renais:
• Lesão renal aguda e até falência crônica em
Exame: Alterações: alguns casos;
Proteinúria. Em 25% dos pacientes
• Atentar para DHE e DAB.
Urina I com LHM há hematúria, geralmente • Neurológicas:
microscópica. Cilindrúria relacionada
às perdas proteicas e lipidúria.
• Tromboembolismo cerebral e do seio venoso
cerebral:
Proteinúria nefrótica ou > 3+ na fita
• Suspeitar quando evoluir com cefaleia,
Amostra de reagente. O ácido sulfossalicílico a vômitos, letargia, crise convulsiva, alteração
urina ou Urina 10% e as fitas reagentes (dipstick) são do nível de consciência, hemiparesia,
24h alternativos e úteis, especialmente no
acompanhamento ambulatorial. papiledema e paralisia do sexto par craniano
• Miscelânia:
Hipoalbuminemia e aumento da • Anemia refratária;
fração alfa-2. IgG, apresenta-se
muito baixa na LHM, bem como a • Hipotireoidismo;
Eletroforese IgA. IgM encontra-se elevada. IgE • Hipovitaminose D;
de proteínas
plasmáticas
pode estar aumentada. Ocorre
hipogamaglobulinemia na SNI. • Decorrentes do tratamento: obesidade;
Hipergamaglobulinemia pode ser alteração do crescimento.
indicativa de patologia secundária
subjacente.
2.9 Diagnóstico:
Colesterol total, triglicérides e
Lipidograma lipoproteínas estão elevados • Em crianças de 1-10 anos, com síndrome nefrótica
clássica e complemento normal, o diagnóstico
Normal na LHM e na GESF;
Hipocomplementenemia é indicação está estabelecido. Estas devem ser consideradas e
formal para Biópsia Renal, pois está tratadas como portadoras de LHM, mesmo sem a
Complemento presente no LES, na glomerulonefrite
membranoproliferativa, na biópsia renal.
glomerulonefrite crescêntica e na
nefrite do shunt.
Indicações de Biópsia renal na
Sorologias e outros exames guiados síndrome nefrótica idiopática:
Busca de causas por suspeição diagnóstica (anamnese,
secundárias epidemiologia) Idade < 1 ano ou > 10 anos
(alguns recomendam > 16 anos);
Hemograma, função renal, ionograma,
Outros exames de imagem, paracentese, Hematúria macroscópica ou
culturas. hematúria microscópica persistente;
Hipertensão grave;
2.8 Complicações: Hipocomplementenemia;
• Prolongar o uso de CE por mais de 8-12 • Abre quadro entre 1-10 anos, com síndrome
semanas não traz benefícios em médio e longo nefrótica e complemento normal → condução
prazo. A tendência atual é realizar o menor como LHM; Demais casos, considerar biópsia renal.
período possível;
• Mais propensos a: infecção, dislipidemia e
• Atentar aos efeitos adversos da terapêutica: hipercoagulabilidade.
Atraso no crescimento, ganho de peso, aumento
de pressão arterial, alteração da densidade • Tratamento: Suporte/ detecção e manejo de
mineral óssea, catarata. complicações; Corticoterapia.
8 ESPECIALIDADES: NEFROLOGIA
3.2 Etiologia:
• SHU desencadeada por infecção pelo
• Infecção, genética (SHU atípica, não diarreica), Streptococcus pneumoniae produtor de
induzida por medicação e associada a doenças neuraminidase:
sistêmicas; • Durante a infecção aguda, que se manifesta
tipicamente na forma de pneumonia com
• SHU em pediatria: empiema.
• 85-90% decorre da STEC- SHU (SHU causada
por Escherichia coli produtoras da toxina Shiga); 3.3 Patogênese:
• 5-10% são SHU atípica;
• 5% são SHU associada à infecção • Lesão microvascular com danos das células
pneumocócica. endoteliais (característica de todas as formas de
SHU).
• Causa mais comum na infância: E. coli produtora
de toxina Shiga (STEC- SHU): • SHU associada à diarreia: E. coli produtora de
• Causa importante de LRA em crianças menores toxina Shiga > causa danos diretos às células
que 3 anos; endoteliais + ativação plaquetária, formando
• O Sorotipo de maior importância no nosso meio microtrombos > diminuição da taxa de filtração
é o O157: H7. glomerular (TFG) nos glomérulos.
Produção Shiga toxina Dano direto céls. endoteliais + ativação plaquetária Glomérulos: ↓ TFG
Exames: Alterações:
Bilirrubinas BI e BD podem estar elevadas.
DHL > 2 vezes o valor de referência.
Haptoglobina Abaixo do valor de referência.
Função renal Elevação de ureia e creatinina.
Urina I Hematúria, leucocitúria, proteinúria e presença de cilindros.
Coprocultura ou PCR Positivo (não é critério obrigatório).
shigatoxina nas fezes.
Atividade normal na SHU.
ADAMTS 13 Baixa na púrpura trombocitopênica trombótica
10 ESPECIALIDADES: NEFROLOGIA