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28/09/2017

Psicoterapia Cognitiva
Apresentação da disciplina

Prof. Marcelo Gonçalves

Bibliografia

• Judith Beck – Terapia Cognitiva: Teoria e prática


• Cristiano Nabuco – Psicoterapias Cognitiva e
Construtivista (cap. 10, 16)
• Aaron T. Beck – O poder integrador da Terapia
Cognitiva (cap. 1)
• Oscar Gonçalves – Psicoterapia Cognitiva Narrativa:
manual de terapia breve (cap.1, 2, 3)
• Marilene Grandesso – Sobre a reconstrução do
significado (cap. V, itens 2.1,2.2,2.3,3.1,3.2,3.3)
• Ricardo Franklin Ferreira – Construtivismo: um
momento de síntese ou uma nova tese?

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Avaliação
 12 questões
◦ 10 múltipla escolha (60% da prova, cada questão vale
0,6)
◦ 2 dissertativas (40% da prova, cada questão vale 2
pontos)

Conteúdo da avaliação é baseado nos textos da


bibliografia apresentada.

Não se basear apenas nos slides da aula.


Não está autorizado gravar as aulas!!

Teoria da Terapia Cognitiva

Marcelo Peixoto Gonçalves


Esp. Psic. 06/62391

Bibliografia: Beck AT, Alford BA. O poder integrador da terapia cognitiva. Porto Alegre. Artmed. 2000 – cap. 1

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Desenvolvimento inicial da TC
 1956 – Aaron Beck

 Na tentativa de dar base


empírica para formulações
psicodinâmicas, encontrou
algumas anomalias (fenômenos
inconsistentes com o modelo
psicanalítico).
 A conceituação psicanalítica afirma que os
pacientes deprimidos manifestam hostilidade,
expressada como masoquismo ou uma
necessidade de sofrer.

 Em respostas a experiências de sucesso os


pacientes deprimidos pareciam melhorar em
vez de resistir a tais experiências.

Desenvolvimento inicial da TC
 A partir desta constatação novos estudos
empíricos e observações clínicas foram feitas na
tentativa de entender as anomalias.

 Como resultado gerou uma reformulação da


depressão como um transtorno caracterizado
por uma profunda tendência negativa.

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Desenvolvimento inicial da TC
 O conteúdo fenomenal desta tendência incluía:

1. expectativas de resultados
negativos na esfera pessoal
2. visão negativa do self
3. visão negativa do contexto
4. visão negativa dos objetivos

Desenvolvimento inicial da TC
 Ao mesmo tempo foram feitas tentativas de
modificar o conteúdo e as distorções cognitivas
negativas.

 Resultando no desenvolvimento e avaliação de


estratégias terapêuticas.

 Assim o modelo foi aplicado a outros transtornos


para testas os limites da nova formulação.

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Desenvolvimento inicial da TC
 Resumindo:
1. A TC originou-se de uma tentativa de
testar os princípios teóricos específicos da
psicanálise.

2. Quando tal evidência não surgia, outras


explicações eram consideradas.

3. Assim, a TC desde o começo foi


impulsionada por interesses teóricos.

Aprofundando conceitos da TC
 A teoria cognitiva clínica consiste em:
1. Os terapeutas cognitivos não excluem e não podem excluir
pessoas significativas das sessões de terapia quando conflitos
dominam as queixas de um paciente.

2. O contexto ambiental não pode ser ignorado quando a


conceitualização cognitiva indica falhas nas construções
pessoais com consequências comportamentais ou conflitos
reais entre consequências a curto prazo X longo prazo.

2. A terapia cognitiva não despreza foco nas questões


inconscientes quando a avaliação clínica revela traumas
primitivos não resolvidos com relacionamentos com pessoas
significativas.

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Aprofundando conceitos da TC
 A teoria cognitiva articula a maneira através da
qual os processos cognitivos estão envolvidos
na psicopatologia e na psicoterapia efetiva.

 O foco da teoria cognitiva incide sobre os


fatores cognitivos da psicopatologia e da
psicoterapia. Os conceitos cognitivos
complementam ideias como:
a. Motivação inconsciente – teoria psicanalítica
b. Reforço ou condicionamento - behaviorismo

Aprofundando conceitos da TC
 Na teoria cognitiva a natureza e a função do
processamento de informação ( atribuição de
significado) constitui a chave para entender o
comportamento mal-adaptativo e os processos
terapêuticos positivos.

 Através da conceitualização cognitiva fornece


estratégias para corrigir esses conceitos.

 A teoria é essencial para a prática clínica!

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Aprofundando conceitos da TC
 A teoria cognitiva de psicopatologia considera a
cognição a chave para os transtornos psicológicos.

 COGNIÇÃO é: aquela função que envolve


deduções sobre nossas experiências e sobre a
ocorrência e o controle de eventos futuros.

 Sugere a importância da percepção fenomenológica


das relações entre os eventos.

 A cognição inclui o processo de identificar e prever


relações complexas entre eventos, de modo a
facilitar a adaptação a ambientes passíveis de
mudança.

Axiomas da Terapia Cognitiva


Introdução

Karl Popper (1959)


“Poucos ramos da ciência tem um sistema teórico e bem
construído, que lhe dê legitimidade.”

Axiomas:

▪ são verdades inquestionáveis universalmente válidas,


muitas vezes utilizadas como princípios na
construção de uma teoria ou como base para uma
argumentação.

▪ Um sistema axiomático é o conjunto dos axiomas que


definem uma determinada teoria e que constituem as
verdades mais simples a partir das quais se
demonstram os novos resultados dessa teoria.

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Aprofundando conceitos da TC

 Os axiomas devem:
1. estar livres de contradições.
2. ser independentes (não depender de outro).
3. suficientes para permitir a dedução de todas as
informações pertencentes à teoria.
4. ser necessários para a derivação das afirmações
pertencentes à teoria.

Os 10 Axiomas da TC
1º Axioma

 O principal caminho do funcionamento ou da


adaptação psicológica consiste de estruturas de
cognição com significado, denominadas
esquemas.

 Significado: refere-se à interpretação da pessoa


sobre um determinado contexto e da relação
daquele contexto com o self.

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Os 10 Axiomas da TC
2º Axioma

 A função da atribuição de significado


(tanto automático como deliberativo) é
controlar os vários sistemas psicológicos
(ex., comportamental, emocional, atenção e memória).

 Portanto, o significado ativa estratégias


para adaptação.

Os 10 Axiomas da TC
3º Axioma

 As influências entre sistemas cognitivos e


outros sistemas são interativas.

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Os 10 Axiomas da TC
4º Axioma

 Especificidade do conteúdo cognitivo.

 Cada categoria de significado tem


implicações que são traduzidas em
padrões específicos de emoção, atenção,
memória e comportamento.

Os 10 Axiomas da TC
5º Axioma

 Embora os significados sejam construídos pela pessoa,


em vez de serem componentes pré existentes da
realidade, eles são corretos ou incorretos em relação a
um determinado contexto ou objetivo.
 Quando ocorre distorção cognitiva ou preconcepção, os
significados são disfuncionais ou maladaptativos (em
termos de ativação de sistemas)1
 As distorções cognitivas incluem erro:
- no conteúdo cognitivo (significado)
- no pensamento cognitivo (elaboração de significado)
- em ambos.
1- Haaga e Beck (1995)

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Os 10 Axiomas da TC
6º Axioma

 Os indivíduos são predispostos a fazer


construções cognitivas falhas específicas
(distorções cognitivas).
 Estas predisposições são denominadas de
vulnerabilidades cognitivas.
 As vulnerabilidades cognitivas específicas
predispõem as pessoas a síndromes
específicas; especificidade cognitiva e
vulnerabilidade cognitiva estão inter-
relacionadas.

Os 10 Axiomas da TC
7º Axioma

 A psicopatologia resulta de significados


maladaptativos construídos em relação
ao:
- self
- contexto ambiental (experiência)
- futuro (objetivos)
Que juntos são denominados de tríade
cognitiva.

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Os 10 Axiomas da TC
7º Axioma - continuação

 Cada síndrome clínica tem significados maladaptativos


característicos associados com os componentes da
tríade cognitiva. Exemplo:
- Depressão – todos os três são interpretados negativamente.

- Ansiedade – o self é visto como inadequado (devido a


recursos deficientes), o contexto é considerado perigoso e o
futuro parece incerto.

- Raiva e nos transtornos paranóides – o self é visto como


sendo maltratado ou abusado pelos outros e o mundo é
visto como injusto e em oposição aos interesses da pessoa.

Os 10 Axiomas da TC
8º Axioma

 Há dois níveis de significado:


1. o público ou objetivo de um evento, que pode
ter poucas implicações significativas para um
indivíduo.
2. o pessoal ou privado. O significado pessoal ao
contrário do significado público, inclui
implicações, significação, ou generalizações
extraídas da ocorrência do evento
- O significado pessoal corresponde ao conceito
de “domínio pessoal” (o quanto eu me percebo)
(Beck,1976, p.56)

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Os 10 Axiomas da TC
9º Axioma

 Há três níveis de cognição:


1. o pré-consciente, o não-intencional, o automático
(pensamentos automáticos).
2. o nível consciente.
3. o nível metacognitivo, que inclui respostas “realísticas”
ou “racionais” (adaptativas). (pensar sobre pensar)

Os níveis conscientes são de interesse primordial para a


melhora clínica em psicoterapia.

Os 10 Axiomas da TC
10º Axioma

 Os esquemas evoluem para facilitar a


adaptação da pessoa ao ambiente.
• são estruturas teleonômicas. (padrão de
comportamento que tem função um propósito evidente ou
inferido)
• não é nem adaptativo nem mal adaptativo
em si.
• apenas em relação a/ou no contexto do
ambiente social e físico mais amplo no qual
a pessoa está.

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O modelo cognitivo de processamento de


informação e de determinação do
comportamento

Histórico de
Organização Cognitiva Aprendizagem
(componente estruturais) (componentes experienciais)
Esquemas específicos Experiências anteriores relacionadas
aos esquemas específicos

Situação Atual

Crença
pré-existente

Processamento
Esquemático (de
significado)
Comportamento Interpretação da situação em termos
de esquemas específicos

Ativação de Sistemas Interpetação


Ativação de formas dentro de Consciente ou Inconsciente
sistemas cognitivos, afetivos e
motivacionais

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A natureza construtivista do significado

 Beck (1979)

“O significado que uma pessoa atribui a uma


situação, ou a forma como um evento é
estruturado (ou construído) por uma pessoa,
teoricamente, determina como aquela pessoa se
sentirá, e se comportará. Por outro lado, a
teoria cognitiva não apenas sugere
a‘construção’ da realidade; ela também
postula a especificidade do conteúdo cognitivo,
no qual respostas emocionais específicas
(normais e anormais) são associadas com
diferentes tipos de construções.”

A natureza construtivista do significado

 Assim, o comportamento humano normal, teoricamente depende


da capacidade da pessoa compreender a natureza do ambiente
social e físico dentro do qual ela está situada.

 A TC é frequentemente mal-interpretada como adotando apenas


uma perspectiva “realista”.

 Entretanto, a perspectiva cognitiva postula ao mesmo tempo a


dupla existência de uma realidade objetiva e uma realidade pessoal,
subjetiva, fenomenológica. Desta maneira, a visão cognitiva é
consistente com as teorias de condicionamento contemporâneas,
que postulam tanto características de estímulos físicos extremo
quanto mediações cognitivas destas.

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Próximas Aulas cap. 1, 2, 6, 8 e 9.


Bibliografia: Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e
prática. Porto Alegre. Artmed. 1997

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História e Princípios da Terapia


Cognitiva

Marcelo Peixoto Gonçalves


Psic. 06/61392

Bibliografia: Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre. Artmed. 1997 – cap 1

História da TC
 Início dos anos 60, desenvolvida por Aaron
Beck, psiquiatra americano.
 Psicoterapia breve, estruturada, orientada ao
presente, para depressão, direcionada a resolver
problemas atuais e a modificar os pensamentos
e os comportamentos disfuncionais (Beck,
1964)
 Desde então, vem-se adaptando a TC para
diversas populações e transtornos psiquiátricos.
 Essas adaptações mudaram o foco, a tecnologia
e a duração do tratamento, porém os
pressupostos teóricos permaneceram
constantes.

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História da TC
Resumindo:
 O modelo propõe que o pensamento
distorcido ou disfuncional (que influencia o
humor e o comportamento do paciente) seja
comum a todos os transtornos psicológicos.
 A avaliação realista e a modificação no
pensamento produzem uma melhora no humor
e no comportamento.
 A melhora duradoura resulta da modificação
das crenças disfuncionais básicas dos pacientes.

História da TC
 A TC foi testada nos  A TC é usada nos
transtornos: transtornos:

➢ Depressivo maior ➢ TOC


➢ Ansiedade generalizada ➢ Estresse pós-traumático
➢ Pânico ➢ Personalidade
➢ Fobia social ➢ Depressão recorrente
➢ Abuso de substâncias ➢ Dor crônica
➢ Alimentares ➢ Hipocondríase
➢ Problemas de casais ➢ Esquizofrenia
➢ Depressão de pacientes
internados

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História da TC
 A TC está sendo estudada  A TC é efetiva em pacientes
em: com diferentes:
➢ Internos em prisões ➢ Níveis de educação
➢ Crianças escolares ➢ Renda
➢ Pacientes médicos com uma ➢ Background
ampla variedade de doenças.

 A TC foi adaptada para  A TC foi modificada para


pacientes: terapia:
➢ De todas as idades ➢ De grupo
➢ Pré-escola ➢ Problemas de casais
➢ Idosos ➢ Terapia de família
.

História da TC

Com tantas aplicações, como a


terapia cognitiva permanece
reconhecível?

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História da TC
 O tratamento baseia-se tanto em uma
formulação cognitiva de um transtorno
específico como em sua aplicação à
conceituação ou entendimento do
paciente individual.

 O terapeuta busca, de uma variedade de


formas, produzir a mudança cognitiva,
mudança no pensamento e no sistema de
crenças do paciente, visando promover
mudança emocional e comportamental
duradouras.

Caso Sally
 Sally, mulher, solteira, 18 anos, caucasiana. Buscou terapia
durante o segundo semestre da faculdade.
 Queixa: sente-se deprimida e moderadamente ansiosa
durante os últimos 4 meses, com dificuldade de realizar
as atividades diárias.
 Diagnóstico: depressão maior, severidade moderada.

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Princípio nº 1
 A TC se baseia em uma formulação em contínuo
desenvolvimento do paciente e de seus
problemas em termos cognitivos.

1. Ele identifica o pensamento atual da paciente, que ajuda a manter seus


sentimentos de tristeza (“eu sou um fracasso, eu não consigo fazer nada
certo, eu jamais serei feliz”) e seus comportamentos problemáticos (isolar-
se, evitar pedir ajuda)

2. Ele identifica fatores precipitantes que influenciam as percepções da


paciente no início de sua depressão (estar longe de casa pela primeira vez
e lutar em seus estudos contribuíram para sua crença de que ela era
inadequada)

3. Ele levanta hipóteses sobre eventos desenvolvimentais chaves e padrões


duradouros de interpretação desses eventos que podem tê-la predisposto
à depressão (A paciente tem uma tendência profundamente arraigada de
atribuir pontos fortes e conquistas pessoais à sorte, mas vê suas fraquezas
[relativas] como um reflexo de seu eu “verdadeiro).

Princípio nº 1
 O terapeuta baseia sua formulação:

➢ Nos dados que a paciente fornece em seu primeiro encontro e


continua a refinar essa conceituação ao longo da terapia, à medida
que mais dados são obtidos.

➢ Em pontos estratégicos, ele partilha a conceituação com a paciente


para assegurar se ela “parece verdadeira’ para ela.

➢ Ao longo da terapia ele ajuda a paciente a ver sua experiência


através do modelo cognitivo.

➢ A paciente aprende, por exemplo, a identificar os pensamentos


associados a seu afeto angustiante e a avaliar e formular respostas
mais adaptativas ao seu pensamento.

➢ Fazendo isso melhora como ela se sente e com frequência conduz


a que ela se comporte de um modo mais funcional.

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Princípio nº 2
 A TC requer uma aliança terapêutica segura.

1. Pacientes com transtornos simples geralmente não oferecem


dificuldade em confiar e trabalhar com seu terapeuta.
2. Ele vai demonstrar todos os ingredientes básicos necessários em
uma situação de aconselhamento: cordialidade, empatia, atenção,
respeito genuíno e competência.
3. O terapeuta demonstra seu respeito pela paciente fazendo
declarações empáticas, escutando com atenção e cuidado,
resumindo acuradamente seus pensamentos e sentimentos e sendo
realisticamente otimista.
4. Ele também pede ao paciente retorno no final de cada sessão para
certificar-se de que ela se sentiu entendida e positiva em relação à
sessão.

Princípio nº 2
1. Pacientes com transtornos de personalidade (Paranóide,
Esquizóide,Anti-social, Borderline,Histriônica, Narcisista,
Obsessivo-compulsiva) requerem uma ênfase muito maior sobre o
relacionamento terapêutico para promover uma boa aliança de
trabalho.

2. Uma das estratégias: fazer com que a paciente periodicamente


identifique e avalie seus pensamentos sobre o terapeuta.

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Princípio nº 3
 A TC enfatiza colaboração e participação ativa.

1. O Terapeuta encoraja a paciente a ver a terapia como um trabalho


em equipe, juntos decidem coisas:
➢ como o que trabalhar em cada sessão
➢ a frequência das sessões
➢ tarefas de casa da terapia
2. A princípio o terapeuta é mais ativo em sugerir uma direção para
as sessões e em resumir o que eles discutiram durante a sessão.
3. A medida que a paciente começa a apresentar melhoras e mais
socializada na terapia, o terapeuta encoraja a paciente a tornar-se
crescentemente ativa na sessão, como:
➢ decidir sobre o que tópicos falar,
➢ identificar as distorções em seu pensamento
➢ resumir pontos importantes
➢ projetar tarefas para casa.

Princípio nº 4
 A TC enfatiza é orientada em meta e focalizada
em problemas.

1. O Terapeuta na sessão inicial pede para a paciente enumerar seus


problemas e estabelecer metas específicas. Por exemplo:
➢ Um problema inicial envolve sentir-se isolada. Com orientação a
paciente sugere uma meta em termos comportamentais (iniciar
amizades novas e tornar-se mais íntimas dos amigos atuais).

➢ O terapeuta a ajuda a avaliar e responder a pensamentos que


interferem em sua meta, como (eu não tenho nada a oferecer a
ninguém. Eles provavelmente não desejarão estar comigo)

➢ O terapeuta ajuda a avaliar a validade desses pensamentos no


consultório através de um exame de evidências. Daí a paciente
testa os pensamentos em um conhecido ou amigo.

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Princípio nº 4
➢ Uma vez que a paciente conhece e corrige a distorção em seu
pensamento, ela é capaz de beneficiar-se de resolução de problemas
diretamente para melhorar seus relacionamentos.

2. O terapeuta presta atenção particular aos obstáculos que


impedem o paciente de resolver problemas e atingir metas por si
mesmo.
➢ Alguns pacientes se beneficiam da avaliação de ideias disfuncionais
que impedem o uso de suas habilidades previamente adquiridas.
➢ Outros pacientes são deficientes em resolução de problemas e
necessitam de instrução direta para aprender essas estratégias.

3. Portanto, o terapeuta precisa conceituar as dificuldades do


paciente específico e avaliar o nível apropriado de intervenção.

Princípio nº 5
 A TC inicialmente enfatiza o presente.

1. O tratamento de maioria dos pacientes envolve:


➢ forte foco sobre problemas atuais
➢ sobre situações específicas que são aflitivas
2. Portanto o Terapeuta cognitivo em geral tende a iniciar a terapia
com exame de problemas no aqui-e-agora, independentemente do
diagnóstico.
3. A atenção volta-se para o passado em três circunstâncias:
a. quando o paciente expressa uma forte predileção a fazer isso;
b. quando o trabalho voltado em direção a problemas atuais produz
pouca ou nenhuma mudança cognitiva, comportamental e
emocional;
c. quando o terapeuta julga que é importante entender como e
quando ideias disfuncionais importantes se originaram e como
essas ideias afetam o paciente hoje.

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Princípio nº 5
➢ Exemplo:
a. O terapeuta da paciente discute eventos de infância com ela no
meio da terapia para ajudá-la a identificar um conjunto de crenças
que ela aprendeu quando criança:
➢ “se eu tenho um bom desempenho, significa que sou uma boa
pessoa” e “se eu não tenho um bom desempenho, significa que
sou um fracasso”.

b. O terapeuta a ajuda a avaliar a validade dessas crenças tanto no


passado como no presente.

c. Fazer isso conduz a paciente ao desenvolvimento de crenças mais


funcionais e mais razoáveis.

Princípio nº 5
E se a paciente tiver um transtorno de personalidade?

➢ O terapeuta terá que dispender tempo


proporcionalmente maior discutindo a história
desenvolvimental e origem na infância de crenças e
comportamentos de enfrentamento.

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Princípio nº 6
 A TC é educativa, visa ensinar o paciente a ser
seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção de
recaída.
1. Na primeira sessão, o terapeuta enfatiza e educa sobre a natureza
e trajetória do seu transtorno, sobre o processo da TC e sobre o
modelo cognitivo (como o pensamento influenciam suas emoções
e comportamentos).

2. O terapeuta não apenas ajuda a estabelecer metas, identificar e


avaliar pensamentos e crenças e planejar mudanças
comportamental, mas também a ensina como fazer isso.

3. Na sessão terapêutica o terapeuta encoraja a registrar, por escrito,


ideias importantes que ela aprendeu, para que se possa beneficiar
do seu novo entendimento nas semanas seguintes e também após
o término da terapia.

Princípio nº 7
 A TC visa ter um tempo limitado

1. Transtornos de depressão e ansiedade são tratados em quatro a


catorze sessões. As metas gerais são:
➢ prover alívio de sintomas
➢ facilitar uma remissão do transtorno
➢ ajudá-la a resolver seus problemas mais prementes
➢ ensinar-lhe o uso de ferramentas para que ela seja mais propensas a
evitar recaída
2. Pacientes com ideias suicidas podem ter sessões mais frequentes.
3. Normalmente inicia-se com sessões semanais, quinzenais, mensais,
bimestrais...
4. Nem todos os pacientes fazem progresso suficiente em apenas
alguns meses. Alguns pacientes requerem um ou dois anos de
terapia para modificar as crenças disfuncionais muito rígidas e os
padrões de comportamento que contribuem para a sua angústia
crônica.

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Princípio nº 8
 As sessões de TC são estruturadas

1. Não importa o diagnóstico ou estágio do tratamento, o terapeuta


cognitivo tende a aderir a uma estrutura estabelecida em cada
sessão. Exemplo:
➢ verificar o humor (BDI)
➢ solicita uma breve revisão da semana
➢ estabelece, conjuntamente uma agenda para a sessão
➢ obtém feedback sobre a sessão anterior
➢ revisa a tarefa de casa
➢ discute os itens da agenda
➢ estabelece nova tarefa para casa
➢ resume com frequência
➢ busca feedback no final de cada sessão

Princípio nº 8
2. Com o passar das sessões, o terapeuta encoraja o
paciente a assumir mais a liderança em contribuir para
a agenda, estabelecer suas tarefas de casa e avaliar e
responder aos seus pensamentos.

3. Seguir um formato estabelecido torna o processo de


terapia mais compreensível tanto para o paciente como
para o terapeuta e aumenta a propensão de que o
paciente será capaz de faze autoterapia após o término.

4. Este formato também focaliza a atenção sobre o que é


mais importante para a paciente e maximiza o uso do
tempo de terapia.

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Princípio nº 9
 A TC ensina os pacientes a identificar, avaliar e
responder a seus pensamentos e crenças
disfuncionais.
1. No diálogo entre terapeuta e paciente (Sally) mostra o terapeuta
ajudando a focalizar:
➢ um problema específico (encontrar um emprego de meio período),
➢ identificar seu pensamento disfuncional (perguntando o que estava
passado em sua mente),
➢ avaliar a validade do seu pensamento (examinando as evidências
que parecem apoiar sua precisão e as evidências que parecem
contradizê-la) e
➢ projetar um plano de ação.

 O terapeuta faz isso através do questionamento socrático leve, que


ajuda a promover o sentimento da paciente de que ele está
verdadeiramente interessado em um empirismo colaborativo.

Princípio nº 9
 Ou seja, ajudá-la a determinar a precisão e a utilidade
de suas ideias através de uma revisão de dados
cuidadosa (em vez de desafiá-la ou persuadi-la a adotar
seu ponto de vista).

 Em outras sessões, o terapeuta utiliza a descoberta


guiada, um processo pelo qual ele continua a perguntar
para a paciente o sentido dos seus pensamentos para
revelar as crenças subjacentes que ela mantém sobre si
mesma, seu mundo e outras pessoas. Através de
questionamento, ele também a orienta em avaliar a
validade e a funcionalidade de suas crenças.

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Princípio nº 10
 A TC utiliza uma variedade de técnicas para
mudar pensamento, humor e comportamento.

1. Estratégias cognitivas como questionamento socrático


e descoberta orientada (técnica de flecha descendente)
são centrais à TC, porém, técnicas de outras
orientações (especialmente terapia comportamental e
terapia gestalt) são também usadas dentro de uma
estrutura cognitiva.

2. O terapeuta seleciona técnicas com base em sua


formulação de caso e seus objetivos em sessões
específicas.

Concluindo...
 Esses princípios básicos se aplicam a todos os pacientes.

 A TC, no entanto, varia consideravelmente de acordo:


➢ com o paciente individual,
➢ a natureza de suas dificuldades,
➢ suas metas,
➢ suas habilidades de formar um vínculo terapêutico
forte,
➢ sua motivação para mudar,
➢ sua experiência prévia com terapia,
➢ suas preferências de tratamento.

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Concluindo...
 A ênfase da TC no tratamento depende do
transtorno(s) particular do paciente.
➢ para transtorno de ansiedade generalizada enfatiza a
reavaliação de risco em situações particulares e os
recursos da pessoa para lidar com ameaças.
➢ para transtornos de pânico envolve a testagem das
interpretações errôneas catastróficas do paciente
(usualmente previsões errôneas ameaçadoras da
sanidade ou da vida) de sensações corporais ou
mentais.
➢ para anorexia nervosa requer uma modificação de
crenças sobre valor pessoal e controle.
➢ para abuso de substâncias focaliza-se em crenças
negativas sobre o eu e crenças facilitadoras ou
permissivas em relação ao uso de substância.

Como desenvolver-se como


terapeuta cognitivo
 O modelo cognitivo de que pensamentos influenciam
nossas emoções e comportamento é bastante direto.
 Porém terapeutas cognitivos realizam muitas tarefas ao
mesmo tempo:
1. Conceituar o caso
2. Estabelecer rapport ou aliança terapêutica
3. Socializar e educar o paciente
4. Identificar problemas
5. Colher dados
6. Testar hipóteses e resumi-las

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Como desenvolver-se como


terapeuta cognitivo
 3 estágios para desenvolver competência como
terapeuta cognitivo:
1. Aprender habilidades básicas para conceituar um caso
em termos cognitivos com base na avaliação inicial e
na obtenção de informações na sessão; a estruturar a
sessão e a utilizar técnicas básicas.
2. Integrar sua conceituação com seu conhecimento das
técnicas.
3. Integra mais facilmente dados novos na conceituação,
refina a habilidade em formular hipóteses para
confirmar ou desconfirmar sua visão do paciente,
inclusive para casos mais difíceis como transtorno de
personalidade.

Conceituação Cognitiva

Marcelo Peixoto Gonçalves


Psic. 06/62391

Bibliografia: Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre. Artmed. 1997 – cap 2

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Perguntas que o terapeuta se faz


para formular um caso:

 Qual é o diagnóstico do paciente?


 Quais são seus problemas atuais, como esses
problemas se desenvolveram e como eles são
mantidos?
 Que pensamentos e crenças disfuncionais estão
associados aos problemas; quais reações
(emocionais, fisiológicas e comportamentais )
estão associadas ao seu pensamento?

O terapeuta levanta hipóteses sobre como


o paciente desenvolveu esse transtorno:
 Que aprendizagens e experiências antigas
contribuíram para seu problema hoje?
 Quais são suas crenças subjacentes (incluindo
atitudes, expectativas e regras) e pensamentos?
 Como ele enfrentou suas crenças disfuncionais?
Que mecanismos cognitivos, afetivos e
comportamentais, positivos e negativos, ele
desenvolveu para enfrentar suas crenças
disfuncionais? Como ele via (e vê) ele mesmo,
os outros, seu mundo pessoal, seu futuro?
 Que estressores contribuíram para seus
problemas psicológicos ou interferiram em sua
habilidade para resolver esses problemas?

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28/09/2017

O modelo cognitivo
 A TC baseia-se no modelo cognitivo, que
levanta a hipótese de que as emoções e
comportamentos das pessoas são
influenciados por sua percepção dos
evento.
 NÃO É UMA SITUAÇÃO POR SI SÓ
QUE DETERMINA O QUE AS PESSOAS
SENTEM, MAS, ANTES, O MODO
COMO ELAS INTERPRETAM UMA
SITUAÇÃO

Exemplo:
 Várias pessoas estão lendo um texto
básico sobre terapia cognitiva. Elas têm
respostas emocionais bastante diferentes
a essa situação (ler um livro) com base no
que está passando por suas cabeças
enquanto lêem.

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28/09/2017

 Leitor A pensa: Ei, isso realmente faz sentido.


Finalmente, um livro que realmente vai ensinar-
me a ser um bom terapeuta. O leitor A se sente
moderadamente entusiasmado.
 Leitor B pensa: Essa coisa é muito simples. Isso
nunca funcionará, e se sente decepcionado.
 Leitor C pensa: Este livro não é o que eu
esperava. Que desperdício de dinheiro. Ele está
aborrecido.
 Leitor D pensa: Eu realmente preciso aprender
tudo isso. E se eu não entender? E se eu nunca
ficar bom nisso? e se sente ansioso.
 Leitor E: isso é simplesmente difícil demais. Eu
sou tão burro! Eu jamais dominarei isso. Eu
jamais conseguirei ser um terapeuta. Ele se
sente triste.

Então
 O modo como as pessoas se sentem está
associado ao modo como elas interpretam e
pensam sobre uma situação.
 A situação em si não determina diretamente
como eles sentem; sua resposta emocional é
intermediada por sua percepção da situação.

 O TC está interessado no nível de pensamento


que opera simultaneamente com o nível mais
óbvio e superficial do pensamento.

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28/09/2017

 Quando você está lendo este texto, você


pode perceber alguns níveis no seu
pensamento. Parte de sua mente está
focalizando as informações que estão no
texto, ou seja, está tentando entender e
integrar alguma informação factual.

 Em um outro nível, no entanto, você pode


estar tendo alguns pensamentos
avaliativos.

 Esses pensamentos são denominados pensamentos


automáticos e não são decorrentes de deliberação ou
raciocínio.
 Ao contrário, esses pensamentos parecem surgir
automaticamente de repente; eles são, com frequência,
bastante rápidos e breves.
 Você tende muito mais a estar ciente da emoção que se
segue.

 Consequentemente, é mais provável que você aceite


não criticamente os seus pensamentos automáticos
como verdadeiros.
 VC pode aprender, no entanto, a identificar seus
pensamentos prestando atenção às suas mudanças de
afeto.
 Quando vc percebe que está disfórico, pergunte a si
mesmo: O que está passando pela minha cabeça ainda
agora?

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28/09/2017

 Ao identificar os pensamentos
automáticos, pode-se avaliar a validade
desses pensamentos.

 Se você percebe que a interpretação é


errônea e você a corrige, provavelmente
irá perceber que seu humor melhora.
 Ou seja, em termos cognitivos, quando os
pensamentos disfuncionais são sujeitos à
reflexão racional, nossas emoções em
geral mudam.

Crenças
 Começando na infância, as pessoas
desenvolvem determinadas crenças sobre
si mesmas, outras pessoas e seus mundos.
 Suas crenças mais centrais ou crenças
centrais são entendimentos que são tão
fundamentais e profundos que as pessoas
frequentemente não articulam, sequer
para si mesmas.
 Essas ideias são consideradas pela pessoa
como verdades absolutas, exatamente o
modo como as coisas são.

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28/09/2017

Exemplo
 O leitor E, que pensava ser burro demais para dominar
este texto, poderia ter a crença central “eu sou um
incompetente”.
 Essa crença pode operar apenas quando ele está em um
estado deprimido ou pode estar ativada grande parte
do tempo.
 Quando a crença central está ativada o leitor E
interpreta as situações através da lente dessa crença,
embora a interpretação possa, em uma base racional,
ser evidentemente invalida.
 O leitor E, no entanto, tende a focalizar seletivamente
informações que confirmam a crença central,
desconsiderando ou descontando informações que são
contrárias.
 Desse modo, ele mantém a crença mesmo que ela seja
imprecisa e disfuncional.

Então...

 As crenças centrais são o nível mais


fundamental de crença; elas são globais,
rígidas e supergeneralizadas.

 Os pensamentos automáticos, as palavras


ou imagens reais que passam pela cabeça
da pessoa, são específicos à situação e
podem ser considerados o nível mais
superficial de cognição.

 E entre as duas existem.....

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28/09/2017

Crenças intermediárias
 As crenças centrais influenciam o
desenvolvimento de uma classe intermediaria
de crenças que consiste em atitudes, regras e
suposições.
➢ Leitor E:
 Atitude: É horrível ser incompetente.
 Regras/expectativa: Eu devo trabalhar o mais
arduamente que puder o tempo todo.
 Suposição: Se eu trabalhar o mais arduamente
que puder, posso ser capaz de fazer algumas
coisas que as outras pessoas fazem facilmente.

 Essas crenças influenciam sua visão de


uma situação, que por sua vez influencia
como ele pensa, sente e se comporta.

Crenças centrais

Crenças intermediárias
(regras, atitudes,suposições)

Pensamentos automáticos

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28/09/2017

Como as crenças centrais e


intermediárias surgem?
 As pessoas tentam extrair sentido do seu
ambiente desde os seus primeiros estágios
desenvolvimentais.

 Elas precisam organizar a sua experiência de


uma forma coerente para funcionar de forma
adaptativa.

 Suas interações com o mundo e com outras


pessoas conduzem a determinados
entendimentos ou aprendizagens, suas crenças,
as quais podem variar em precisão e
funcionalidade.

Assim...
 Para o terapeuta cognitivo o mais
importante refere-se às crenças
disfuncionais, que podem ser
desaprendidas, e às novas crenças mais
embasadas na realidade e funcionais, que
podem ser desenvolvidas e aprendidas
através da terapia.

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28/09/2017

A trajetória usual do tratamento,


na TC envolve:
 Uma ênfase inicial sobre pensamentos
automáticos, que são as cognições mais
próximas à percepção consciente.
 O terapeuta ensina o paciente a identificar,
avaliar e modificar seus pensamentos, a fim de
produzir alívio de sintomas.
 Então: as crenças que estão por trás dos
pensamentos disfuncionais e passam por muitas
situações tornam-se o foco de tratamento

Funcionamento do Modelo Cognitivo

Crença central
(Eu sou incompetente)

Crença intermediária
(Se eu não entendo algo perfeitamente, então eu sou burro)

Situação Pensamento automático Reações


(Ler este livro)
(Isto é difícil demais)
(Eu jamais entenderia isto)

(Tristeza) Emocional

(Fecha o livro) Comportamental

(Peso no abdômen) Fisiológica

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28/09/2017

Perguntas que o terapeuta faz a si


mesmo:
 Como esse paciente veio parar aqui?
 Que vulnerabilidades e eventos de vida
(traumas, experiências, internações) foram
importantes?
 Como o paciente enfrentou sua
vulnerabilidade?
 Quais são seus pensamentos automáticos
e
 De que crenças eles brotam?

Perguntas que o terapeuta faz a si


mesmo:

 É importante o terapeuta se colocar no


lugar do paciente para desenvolver
empatia pelo que o paciente está
passando;
 Como ele está se sentindo
 E perceber o mundo através de seus
olhos

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28/09/2017

Por fim...
 A conceituação inicia no primeiro contato
com um paciente e é refinada em cada
contato subsequente.
 O terapeuta levanta hipóteses sobre o
paciente com base nos dados que o
paciente apresenta.
 Hipóteses são confirmadas,
desconfirmadas ou modificadas à medida
que novos dados são apresentados.

 A conceituação é fluida.
 Em pontos estratégicos, o terapeuta
verifica diretamente suas hipóteses e
formulações com o paciente.
 Em geral, se a conceituação for adequada,
o paciente confirma que ela “parece
certa”. Ele concorda que o quadro que o
terapeuta apresenta verdadeiramente
ressoa nele.

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28/09/2017

Próxima Aula cap. 6 e 9


“Identificando os Pensamentos Automáticos”
“Respondendo aos pensamentos automáticos”
Bibliografia: Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e
prática. Porto Alegre. Artmed. 1997

Identificando os Pensamentos
Automáticos

Esp. Marcelo Peixoto Gonçalves


Psic. 06/62391

Bibliografia: Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre. Artmed. 1997 – cap 6

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28/09/2017

 O modelo cognitivo afirma que a


interpretação de uma situação,
frequentemente expressa em
pensamentos automáticos, influencia as
resposta emocional, comportamental e
fisiológica subsequentes.

 Determinados eventos são quase que


universalmente aflitivos: um ataque pessoal,
rejeição ou fracasso.
 Pessoas com transtornos psicológicos com
frequência interpretam erroneamente situações
neutras ou até mesmo positivas, e desse modo,
seus pensamentos automáticos são
tendenciosos. Examinando criticamente e
corrigindo erros de seu pensamento, muitas
vezes os pacientes sentem-se melhor.

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28/09/2017

Características dos pensamentos


automáticos
 Pensamentos automáticos são um fluxo de
pensamento que coexiste com um fluxo de
pensamento mais manifesto.
 Todos temos esses pensamentos, e a maior
parte do tempo, nós mal estamos cientes desses
pensamentos, embora com apenas um
pouquinho de treinamento possamos facilmente
trazer esses pensamentos à consciência.
 Quando nos tornamos cientes dos nossos
pensamentos, podemos automaticamente fazer
uma checagem da realidade quando não
estamos sofrendo de disfunção psicológica.

Características dos pensamentos


automáticos
 A terapia cognitiva ensina ferramentas para avaliar os
pensamentos de uma forma consciente estruturada,
especialmente quando estão aflitos.

 Embora os pensamentos automáticos pareçam surgir


espontaneamente, eles se tornam bastante previsíveis,
uma vez que as crenças do paciente sejam identificadas.

 O terapeuta cognitivo está preocupado em identificar


os pensamentos que são disfuncionais, ou seja, os que
distorcem a realidade, que são emocionalmente aflitivos
e/ou interferem com a habilidade do paciente de atingir
suas metas.

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28/09/2017

Características dos pensamentos


automáticos
 Pensamentos disfuncionais são quase sempre negativos,
salvo exceções como pacientes em mania, com
transtorno de personalidade narcisista ou dependentes
químicos.
 Normalmente são breves e o paciente está mais ciente
da emoção que sente em decorrência do pensamento
do que do pensamento em si. Ex: um paciente ao entrar
na sessão pode estar ciente que está um pouco ansioso,
triste, irritado, porém inconsciente de seus
pensamentos automáticos até que o terapeuta o
questione.
 A emoção que o paciente sente é logicamente
conectada ao conteúdo do pensamento automático.

Características dos pensamentos


automáticos
 Os pensamentos automáticos podem estar numa forma
verbal, visual (imagens) ou em ambas as formas.
 Os pensamentos automáticos podem ser avaliados de
acordo com sua validade e sua utilidade.
 Os tipos mais comuns:
1. Distorcido de algum modo e ocorre apesar das evidências
objetivas em contrário.
2. Preciso, porém a conclusão que o paciente extrai é distorcida.
Ex: eu não fiz o que prometi. Portanto sou uma pessoa má.
3. Preciso, porém totalmente disfuncional. Ex: eu levarei horas para
terminar isso, e vou ficar acordada até as 3h da manhã. Aumenta ansiedade,
reduz motivação e concentração.

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28/09/2017

Resumindo...
 Os pensamentos automáticos coexistem
com um fluxo mais manifesto de
pensamentos, surgem espontaneamente e
não são embasados em reflexão ou
deliberação. As pessoas normalmente
estão mais cientes da emoção associada,
porém com um pouco de treinamento,
podem torna-se mais cientes do
pensamento.

Resumindo...
 As pessoas com frequência aceitam seus
pensamentos automáticos como
verdadeiros, sem reflexão ou avaliação.
 Identificar, avaliar e responder a
pensamentos automáticos (de uma forma
mais adaptativa) usualmente produz uma
mudança positiva em afeto.

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28/09/2017

Explicando para pacientes texto

 Pensamentos Sentimentos

 O que você pensa influencia como você


se sente
 As vezes seu pensamento não está certo
ou está apenas parcialmente certo.

 Pensamentos Sentimentos
Eu jamais serei como aqueles estudantes Tristeza

Explicando para pacientes


 Etapas da terapia
1. Identificar pensamentos automáticos.
2. Avaliar e responder a pensamentos
automáticos.
3. Fazer resolução de problemas se os
pensamentos forem verdadeiros.

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28/09/2017

Obtendo os pensamentos
automáticos
 É vital estar alerta a indícios tanto verbais
como não verbais do paciente, para se
obter as “cognições quentes”, ou seja,
pensamentos e imagens automáticos
importantes que surgem na própria
sessão de terapia e que estão associados
a uma mudança ou aumento de emoção.

Cognições quentes
 Podem ser sobre o próprio paciente. Ex:
eu sou mesmo um fracasso.
 Sobre o terapeuta. Ex: Ele não me
entende.
 Sobre o assunto em discussão. Ex: não é
justo que eu tenha tanto para fazer.
 Identificar as “cognições quentes” é
importante porque elas com frequência
são de importância decisiva na
conceituação.

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28/09/2017

Cognições quentes
 Em geral os pensamentos carregados de
afeto são os mais importantes para se
trabalhar, pois podem interferir na
concentração do paciente na sessão e no
relacionamento terapêutico.
 Identificar os pensamentos automáticos
na hora dá ao paciente a oportunidade
para testar e responder aos pensamentos
imediatamente, de modo a facilitar o
trabalho no resto da sessão.

Como identificar se o paciente


experimentou um mudança de afeto?
 Indícios não verbais, como mudanças na expressão facial,
enrijecimento de músculos, mudanças de postura ou
gestos de mão.
 Indícios verbais incluem mudanças em tom, altura,
volume ou ritmo da voz.
 Ao perceber alguma alteração, o terapeuta deduz uma
mudança de afeto e verifica perguntando ao paciente o
acabou de passar pela sua cabeça.
 Se o paciente é incapaz de relatar um pensamento,
podemos tentar fazer com que ele se concentre em sua
emoção ou reação fisiológica.

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28/09/2017

Técnica para Identificar


pensamentos automáticos
 O que estava passando pela sua cabeça
neste momento?
 Identificar os pensamentos automáticos:
1. Faça essa pergunta quando você perceber uma
mudança (ou intensificação) no afeto durante
a sessão.
2. Faça o paciente descrever uma situação
problemática ou momento durante o qual ele
experimentou uma mudança de afeto e faça a
pergunta.

Técnica para identificar


pensamentos automáticos texto
3. Caso necessário, faça o paciente utilizar uma
imagem para descrever a situação específica
ou o momento em detalhes (como se
estivesse acontecendo agora) e faça a
pergunta.
4. Caso necessário ou desejado, faça o paciente
encenar uma interação específica com você e
faça a pergunta acima.

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28/09/2017

Técnicas para identificar


pensamentos automáticos
Outras perguntas para obter os pensamentos
automáticos:
1. Sobre o que você acha que estava pensando?
2. Você acha que poderia ter pensado sobre....ou....
3. Você estava imaginando algo que poderia acontecer
ou lembrando de algo que aconteceu?
4. O que essa situação significou pra você?
5. Você estava pensando......? (terapeuta coloca um
pensamento oposta à resposta esperada)

Identificando a situação
problemática texto
 Às vezes, além de ser incapaz de identificar
pensamentos automáticos associados a uma
determinada emoção, um paciente tem dificuldade até
mesmo em identificar a única situação ou tópico que é
mais problemático para ele (ou que parte é mais aflitiva)
 Quando isso acontece, o terapeuta pode ajudar o
paciente a localizar a situação mais problemática
propondo alguns problemas perturbadores, pedindo ao
paciente para hipoteticamente eliminar um problema e
terminar quanto alívio sente.
 Visto que a situação específica foi identificada, os
pensamentos automáticos são mais facilmente
descobertos.

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28/09/2017

Resumindo....
 As pessoas com transtornos psicológicos
cometem erros previsíveis em seu pensamento.
 O terapeuta cognitivo ensina os pacientes a
identificar seu pensamento disfuncional, então a
avalia-lo e modifica-lo.
 O processo inicia com o reconhecimento de
pensamentos automáticos específicos em
situações específicas.
 Identificar pensamentos automáticos é uma
habilidade que vem fácil e naturalmente para
alguns pacientes e é mais difícil para outros.

Resumindo....
 O terapeuta precisa escutar cuidadosamente
para assegurar que um paciente está relatando
pensamentos reais e pode precisar variar seu
questionamento quando o paciente não
identifica prontamente seus pensamentos.

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28/09/2017

Avaliando os Pensamentos
Automáticos

Esp. Marcelo Peixoto Gonçalves


Psic. 06/62391

Bibliografia: Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre. Artmed. 1997 – cap 8

 Podemos descobrir alguns ou muitos


pensamentos automáticos dos pacientes
durante a sessão de terapia.
 Alguns são disfuncionais e outros não.
 Visando a eficácia terapêutica,
selecionamos um ou alguns dos
pensamentos para serem avaliados
durante a sessão: os mais úteis para a
avaliação, como julgar esse pensamento e
como ensinar o próprio paciente um
sistema para avaliar seus próprios
pensamentos.

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28/09/2017

Decidindo sobre focalizar um


pensamento automático
1. Focalizar o pensamento automático. (quanto
você deu crédito a esses pensamento?; como
esses pensamento fez você se sentir
emocionalmente?; o que você fez após ter tido
esse pensamento?)
2. Descubra mais sobre a situação associada ao
pensamento automático. (o que Karen teria
dito pra você logo antes de ter tido este
pensamento?; quando isso aconteceu?; onde
você estava? Conte-me sobre a situação)

Decidindo sobre focalizar um


pensamento automático
3. Explore quão típico o pensamento automático é.
(quão frequentemente você tem esse tipo de
pensamento?; em que situações?; quanto esse tipo de
pensamento te incomoda?)
4. Identifique outros pensamentos e imagens
automáticos nessa mesma situação. (alguma coisa mais
passou pela sua cabeça?; qualquer imagem ou figura?)
5. Fazer a resolução de problemas sobre a situação
associados com o pensamento automático. ( quais são
as coisas que você poderia fazer sobre isso?; como
você lidou com esse tipo de coisa antes?; o que você
gostaria de poder fazer?)

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28/09/2017

Decidindo sobre focalizar um


pensamento automático
6. Explore a crença subjacente ao pensamento
automático. (se esse pensamento fosse verdadeiro, o
que ele significaria pra você?)
7. Passe para outro tópico. (ok. Eu acho que entendo
isso.Você pode me contar o que mais aconteceu esta
semana?)

Como o terapeuta escolhe entre


essas opções? Pergunta a si mesmo
1. O que estou tentando alcançar nesta sessão?
Trabalhar com este pensamento nos ajuda a atingir as
metas terapêuticas que tenho para a sessão?
2. O que o paciente colocou no roteiro? Focalizar este
pensamento inclui o problema sobre o qual ele deseja
trabalhar? Se não, nós teremos tempo suficiente para
chegar às preocupações dele? Ele colaborará comigo
para avaliar este pensamento?
3. Esse é um pensamento importante a ser focalizado?
Ele parece significativamente distorcido ou
disfuncional? Quão típico ou central ele é? Focaliza-lo
ajudará o paciente em outras situações? Vai me a
ajudar a conceituar melhor o paciente?

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28/09/2017

Focalizando um pensamento
automático
 Quando decide prestar atenção num
pensamento automático, o terapeuta
tenta confirmar se vale a pena explorá-lo,
perguntando o seguinte:
1. Quanto você acredita nesse pensamento
agora? (0 a 100%)
2. Como esse pensamento a faz sentir-se
emocionalmente?
3. Quão forte é essa emoção? (0 a 100%)

Focalizando um pensamento
automático
 Se o grau de crença e aflição é baixo, o
terapeuta sugere passar para algo mais
significativo.
 Mas se o paciente acredita fortemente no
pensamento automático e está
significativamente perturbado por ele, o
terapeuta aperfeiçoa a imagem fazendo
perguntas de acordo com o modelo
cognitivo.

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28/09/2017

Focalizando um pensamento
automático
1. Quando você teve este pensamento? Em
que situação específica?
2. Que outros pensamentos e imagens
aflitivos você teve nessa situação?
3. O que você percebeu acontecendo no
seu corpo? (pacientes ansiosos)
4. O que você fez a seguir?

Focalizando um pensamento
automático
 Após obter um quadro mais completo, o
terapeuta poderia iniciar um ou mais dos
seguintes tópicos:
1. Conceituar em voz alta ou para si mesmo como o
pensamento nessa situação particular encaixa-se em
sua conceituação mais ampla do paciente: “Sally, este
poderia ser mais um exemplo de como você
consistentemente prevê que falhará?”

58
28/09/2017

Focalizando um pensamento
automático
2. Use esse pensamento automático para reforçar o
modelo cognitivo implícita ou explicitamente (em
geral no começo da terapia): “ Então, quando você
estava na biblioteca tentando estudar, teve o
pensamento – eu jamais aprenderei tudo isso. Esse
pensamento a deixou triste e a levou a fechar o livro
e desistir, certo?”
3. Ajude o paciente a avaliar e responder ao pensamento
através de questionamento socrático: “Sally, quais são
as evidências de que você jamais aprenderá toda a
química?”

Focalizando um pensamento
automático
4. Faça a resolução de problemas com o
paciente: “Sally, o que você poderia fazer para
aprender melhor essa matéria?”

5. Use a técnica da flecha descendente para


descobrir uma crença subjacente: “Sally, se é
verdade que não pode aprender toda a
química, o que isso significaria para você?”

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28/09/2017

Questionando para avaliar um


pensamento automático
 Ao separar um pensamento automático, o
terapeuta precisa ter identificado:
1. Que é importante e aflitivo
2. As reações acompanhantes: emocionais,
fisiológicas e comportamentais.
Para depois ajudar o paciente a avaliar o
pensamento automático.

Questionando para avaliar um


pensamento automático
 Porém não desafia diretamente o pensamento
automático , por duas razões:
1. Não sabemos antecipadamente se qualquer
pensamento automático dado é distorcido.
2. Um desafio direto viola um princípio fundamental da
terapia cognitiva: o empirismo colaborativo, pois o
terapeuta e o paciente examinam juntos o
pensamento automático, testam sua validade e/ou
utilidade e desenvolvem uma resposta mais adaptativa.
 O terapeuta mantém em mente que os pensamentos
automáticos poucas vezes são errôneos por completo,
com frequência eles contêm um parcela de verdade e é
importante reconhecê-la quando existir.

60
28/09/2017

Questionando pensamentos
automáticos
1. Quais são as evidências?
Quais são as evidências que apoiam essa ideia?
Quais são as evidências contra essa ideia?

2. Existe uma explicação alternativa?

3. Qual é o pior que poderia acontecer? Eu


poderia superar isso?
O que é melhor que poderia acontecer?
Qual é o resultado mais realista?

Questionando pensamentos
automáticos
4. Qual é o efeito da minha crença no
pensamento automático?
Qual poderia ser o efeito de mudar meu
pensamento?

5. O que eu deveria fazer em relação a isso?

6. O que eu diria______(a um amigo) se ele ou


ela estivesse na mesma situação?

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28/09/2017

Questionando pensamentos
automáticos
 O terapeuta e paciente não aplicam todas as
perguntas a cada pensamento automático, pode
se tornar incomodo e prolongado.
 Às vezes nenhuma pergunta parece ser útil e o
terapeuta precisa assumir uma abordagem
diferente.
 Quando o paciente tem dificuldade em usar as
primeiras perguntas porque não está
conseguindo examinar seus pensamentos
objetivamente.

Questionando pensamentos
automáticos
 Pode ser útil fazer o paciente se distanciar dos
pensamentos, a fim de avaliá-los mais
racionalmente. Uma técnica de distanciamento
é fazer o paciente imaginar que a situação
idêntica está acontecendo com um amigo e ele
está dando o conselho ao amigo.
 Perguntas alternativas: “Quanto tempo a mágoa
durou? Como provavelmente ela se sente
agora? É possível que você faça o bem pra você
sem magoar sua mãe?”

62
28/09/2017

Identificando as distorções
cognitivas
 Os pacientes tendem a cometer erros
constantes em seus pensamentos. Há uma
tendência sistemática negativa no
processamento cognitivo dos pacientes
que sofrem com algum transtorno
psiquiátrico.
 Os tipos mais comuns de erros de
pensamentos são:

Identificando as distorções
cognitivas
1. Pensamento do tipo tudo-ou-nada (também
chamado de pensamento preto e branco,
polarizado ou dicotômico): vê uma situação
em apenas duas categorias em vez de um
contínuo. “se eu não for um sucesso total, eu
sou um fracasso”.
2. Catastrofizando (também denominado
adivinhação): Prevê o futuro negativamente,
sem considerar outros resultados mais
prováveis. “eu ficarei tão aborrecida que não
serei capaz de agir direito”.

63
28/09/2017

Identificando as distorções
cognitivas
3. Desqualificando ou desconsiderando o positivo:
irrazoavelmente diz pra si mesmo que experiências,
atos ou qualidades positivas não contam. “eu fiz bem
aquele projeto, mas isso não significa que eu seja
competente, eu apenas tive sorte”.

4. Argumentação emocional. Pensa que algo deve ser


verdade porque você “sente” (acredita) isso de
maneira tão convincente que acaba por ignorar ou
desconsiderar evidencias contrárias. “eu sei que faço
muitas coisas certas no trabalho, mas eu ainda me
sinto como seu eu fosse um fracasso”.

Identificando as distorções
cognitivas
5. Rotulando. Coloca rotulo global e fixo sobre si
mesmo ou sobre os outros sem considerar que as
evidências poderiam ser mais razoavelmente
conduzidas a uma conclusão menos desastrosa. “eu
sou um perdedor. Ele não presta”.

6. Magnificação/minimização. Quando avalia a si mesmo,


outra pessoa ou uma situação, você magnifica
irracionalmente o negativo e/ou minimiza o positivo.
“receber uma nota medíocre prova quão inadequada
eu sou. Obter notas altas não significa que eu sou
inteligente”.

64
28/09/2017

Identificando as distorções
cognitivas
7. Filtro mental (também denominado abstração
seletiva). Presta atenção indevida a um detalhe
negativo ao invés de considerar o quadro geral.
“porque tirei uma nota baixa na minha avaliação (que
também tinha várias notas altas) isso significa que
estou fazendo um trabalho deplorável”.
8. Leitura mental. Acha que sabe o que os outros estão
pensando, falhando assim ao considerar outras
possibilidades mais prováveis. “ele está pensando que
eu não sei nada sobre este projeto”.

Identificando as distorções
cognitivas
9. Supergeneralização. Tira uma conclusão negativa
radical que vai muito além da situação atual. “(porque
me senti desconfortável no encontro) eu não tenho o
que é necessário para fazer amigos”.

10. Personalização.Acredita que os outros estão se


comportando negativamente devido a você, sem
considerar explicações mais plausíveis para o seu
comportamento..“o encanador foi rude comigo
porque fiz algo errado”.

65
28/09/2017

Identificando as distorções
cognitivas
11. Declarações do tipo “eu deveria” ou “eu devo”
(também chamadas imperativas). Tem uma ideia exata
estabelecida de como você ou os outros deveriam se
comportar e você superestima quão ruim é que essas
expectativas não sejam preenchidas. “é terrível que eu
tenha cometido um erro. Eu deveria sempre dar o
melhor de mim”.

12. Visão em túnel. Vê apenas os aspectos negativos de


uma situação. “o professor do meu filho não sabe
fazer nada direito. Ele é crítico, insensível e ensina
mal”.

Questionando a fim de avaliar a


utilidade dos pensamentos automáticos
 Alguns pensamentos automáticos são validos.
 Outros nem sempre e mesmo com a avaliação
o paciente ainda pode acreditar que ele seja
válido. Nesse momento o terapeuta deve
avaliar a utilidade desse pensamento.
 Ajudar o paciente a determinar o efeito do seu
pensamento ou perguntar especificamente quais
as vantagens e desvantagens de continuar a ter
o pensamento, seguido por uma resposta
adaptativa ao pensamento.

66
28/09/2017

Efetividade da avaliação dos


pensamentos automáticos
 Se o paciente não acredita mais tanto no
pensamento automático e se sua reação
emocional reduziu significativamente, o
terapeuta tem uma indicação de que ele
deve seguir para algo mais adiante.

Conceituando porque a avaliação de


um pensamento automático foi ineficaz
 Se o paciente ainda acredita no
pensamento automático em um grau
significativo e não se sente melhor
emocionalmente, o terapeuta busca
entender porque essa tentativa inicial de
reestruturação cognitiva não foi
suficientemente efetiva.
 Razões comuns para considerar:

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28/09/2017

Conceituando porque a avaliação de


um pensamento automático foi ineficaz
1. Há outros pensamentos e/ou imagens
automáticos centrais que não foram
identificados ou avaliados?
2. A avaliação do pensamento automático é
improvável, superficial ou inadequada.
3. A paciente não expressou suficientemente
a evidência que ela acredita sustentar o
pensamento automático.

Conceituando porque a avaliação de


um pensamento automático foi ineficaz
4. O pensamento automático em si é
também uma crença central.
5. O paciente entende “intelectualmente”
que o pensamento automático é
distorcido, mas não acredita nele em um
nível mais emocional.
6. O paciente desconsidera a avaliação.

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Respondendo aos Pensamentos


Automáticos

Esp. Marcelo Peixoto Gonçalves


Psic. 06/62391

Bibliografia: Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre. Artmed. 1997 – cap 9

 Inicialmente o terapeuta utiliza o questionamento para


avaliar um pensamento automático e determinar a
efetividade da avaliação.
 Mas podemos seguir com uma intervenção para
fortalecer um ponto de vista mais adaptativo.
 Essa atividade de seguimento é uma resposta escrita,
que o paciente pode ler e levar para casa como tarefa.
 Escrever aprendizados durante a terapia reforça novos
entendimentos no momento, mas também proporciona
a oportunidade ao paciente consultar notas importantes
da terapia sempre que precisar.
 O Registro de Pensamento Disfuncional – RPD, é a
principal ferramenta para que os pacientes os avaliem e
respondam por escrito aos seus pensamentos
automáticos.

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Exemplos
Quando eu pensar: “eu nunca vou conseguir terminar meu trabalho”,
devo lembrar que:
Eu só preciso focar no que preciso fazer neste momento
Eu não tenho que fazer tudo com perfeição
Eu posso pedir ajuda, não é sinal de fraqueza

Quando eu quiser pedir a ajuda do professor:


1. Lembrar que isso não é um problema. O pior que pode acontecer é que ele seja rude.
2. Lembrar que isso é um experimento. Mesmo que não funcione desta vez, vai ser uma boa
prática para mim.
3. Se ele for rude, provavelmente isso não terá nada a ver comigo. Ele talvez esteja ocupado
ou irritado com alguma outra coisa.
4. Mesmo que ele não me ajude, e daí? Isso vai ser uma falha dele como professor, não
minha como aluna. Isso significa e que ele não está fazendo direito o seu trabalho. Eu posso
pedir um orientador ao departamento ou pedir que outra pessoa da aula me ajude.
5. Então eu posso ir falar com ele. Na pior das hipóteses, este será um bom exercício

Registro de pensamento
disfuncional
 É uma minuta que ajuda o paciente a
responder mais efetivamente a seus
pensamentos automáticos, reduzindo sua
disforia.
 Alguns usam de forma bastante
consistente.
 Outros, apesar dos esforços do terapeuta,
não conseguem ou não estão dispostos a
escrever seus pensamentos.

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Instrução: quando você percebe que seu humor está piorando, pergunte a si
mesmo: O que está passando pela minha cabeça agora? E o mais breve possível
anote o pensamento ou imagem mental na coluna de pensamentos automáticos.
Data/ Situação Pensamento Emoção Resposta Resultado
Hora Automático adaptativa

1. Que evento real, 1. Que 1. Que 1. (opcional) 1. Quanto


fluxo de pensamentos ou emoções Que você
pensamentos, imagens passou (tristeza, distorção acredita
devaneios ou pela sua cabeça? ansiedade, cognitiva agora em
recordações 2. Quanto você raiva, etc) você cada
levou à emoção acreditou em sentiu no realizou? pensamento
desagradável? cada um no momento? 2. Use uma das automático?
2. Qual (se momento? 2. Quão intensa perguntas 2. Que
houver) foi a emoção para emoção
sensação aflitiva (0-100%) compor uma você sente
você teve? resposta ao agora? Quão
pensamento intensa (0-
automático 100%)
3. Quanto 3. O que você
você fará ou fez?
acredita em
cada
resposta

Exemplo RPD

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28/09/2017

Registro de pensamento
disfuncional
 Os pacientes tendem a usar mais o RPD
quando é apresentado adequadamente,
demonstrado e praticado. Algumas diretrizes
são sugeridas:
1. O próprio terapeuta deveria ter dominado o RPD
com seus próprios pensamentos automáticos.
2. O terapeuta deveria planejar introduzir o RPD em
dois estágios, em uma ou mais sessões. No primeiro
estágio as 4 primeiras colunas, e no segundo estágio,
as 2 últimas colunas.

Registro de pensamento
disfuncional
3. O terapeuta deveria apurar se um paciente
realmente capta e acredita no modelo
cognitivo antes de introduzir o RPD.
4. O paciente deveria demonstrar habilidade de
identificar seus pensamentos e emoções
automáticos antes de ser apresentado o RPD.
• Deve ser capaz de expor a situação, suas emoções e
sua resposta fisiológica sem confundir com
pensamentos automáticos. O terapeuta pode ajudar
a identificar os pensamentos automáticos e mostrar
como registrar no RPD.

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Exercício: Distinguindo situações, estados de


humor e pensamentos
1. Nervoso 1. Algo terrível vai acontecer
2. Em casa 2. As coisas nunca dão certo
3. Não vou conseguir fazer isto 3. Desanimado
4. Eu não vou superar isto
4. Triste
5. Sentado em um restaurante
5. Falando com um amigo ao 6. Estou fora de controle
telefone 7. Sou um fracasso
6. Irritado 8. Falando ao telefone com
7. Dirigindo meu carro minha mãe
9. Ela está sendo injusta
8. Eu sempre vou me sentir assim
10. Deprimido
9. No trabalho 11. Sou um perdedor
10. Estou enlouquecendo 12. Culpado
11. Bravo 13. Estou tendo um ataque
cardíaco
12. Eu não presto
14. Isso não vai funcionar
13. 4:00 da manhã

Respostas

1. Estado de humor 1. Pensamento


2. Situação 2. Pensamento
3. Pensamento 3. Estado de humor
4. Estado de humor 4. Pensamento
5. Situação 5. Situação
6. Estado de humor 6. Pensamento
7. Situação 7. Pensamento
8. Pensamento 8. Situação
9. Situação 9. Pensamento
10. Pensamento 10. Estado de humor
11. Estado de humor 11. Pensamento
12. Pensamento 12. Estado de humor
13. Situação 13. Pensamento
14. Pensamento

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Registro de pensamento
disfuncional
5. O paciente deveria mostrar sucesso em completar as
primeiras 4 colunas por conta própria com várias
discussões diferentes antes de introduzir as 2 últimas
colunas.
6. O terapeuta deveria ter avaliado verbalmente pelo
menos um pensamento automático importante e ter
produzido alguma redução de disforia antes de
demonstrar como completar as 2 últimas colunas.
7. Se o paciente falha em realizar o RPD, o terapeuta
deveria obter os pensamentos automáticos sobre
fazer o RPD em si, ajudar com a solução de
problemas e até mesmo motiva-lo.

Registro de pensamento
disfuncional
 Ao identificar uma situação problemática,
o terapeuta ajuda primeiro o paciente a
identificar os pensamentos automáticos
específicos e emoções associados apenas
através do questionamento verbal.

 Pode usar exemplos para preencher o


RPD verbalmente.

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Registro de pensamento
disfuncional
 Se o terapeuta apresenta o RPD sem
primeiro identificar satisfatoriamente uma
situação importante, pensamentos e
emoções automáticos, ele corre o risco
de confundir o paciente, se ele
subsequentemente não consegue
identificar corretamente esses itens.

Questionando pensamentos
automáticos
1. Quais são as evidências?
Quais são as evidências que apoiam essa ideia?
Quais são as evidências contra essa ideia?

2. Existe uma explicação alternativa?

3. Qual é o pior que poderia acontecer? Eu


poderia superar isso?
O que é melhor que poderia acontecer?
Qual é o resultado mais realista?

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Questionando pensamentos
automáticos
4. Qual é o efeito da minha crença no
pensamento automático?
Qual poderia ser o efeito de mudar meu
pensamento?

5. O que eu deveria fazer em relação a isso?

6. O que eu diria______(a um amigo) se ele ou


ela estivesse na mesma situação?

Registro de pensamento
disfuncional
 Quando o paciente conclui de forma satisfatória
as primeiras 4 colunas com pouca ou nenhuma
assistência na sessão terapêutica, o profissional
pode colaborativamente estabelecer uma tarefa
de casa de acompanhamento.
 Enquanto o terapeuta não perceber que o
paciente diferencia com facilidade situações e
pensamentos automáticos, reações fisiológicas e
emoções, adia a apresentação das 2 últimas
colunas. E revisa na sessão a tarefa de casa.

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Registro de pensamento
disfuncional
 Quando o paciente estiver realizando o registro
com facilidade, passamos para as 2 últimas
colunas utilizando as perguntas que estão na
parte inferior do RPD para ajudar a avaliar os
pensamentos.
 Em princípio faz isso verbalmente para se
certificar de que é efetivo o uso das perguntas.

Meios adicionais de responder aos


pensamentos automáticos
 Responder um RPD para todos os pensamentos
automáticos pode tornar a vida do paciente
consumida pela tarefa. E não é o que desejamos,
por isso algumas técnicas alternativas que não
requerem escrita:

1. Fazer um RPD mentalmente.


2. Ler um RPD anteriormente escrito ou notas
da terapia que contenham um pensamento
automático idêntico ou semelhante.

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28/09/2017

Meios adicionais de responder aos


pensamentos automáticos
3. Ditar uma versão modificada do RPD para
que alguma outra pessoa anote ou pedir que
ela leia as respostas anteriormente escritas
(caso o paciente entenda mas não possa ler
nem escrever).
4. Ler um cartão de enfrentamento. (que consta
o pensamento automático e a resposta
adaptativa)
5. Escutar uma sessão de terapia ou parte de
uma fita de áudio.

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Resumindo
 O terapeuta ensina ao paciente uma variedade
de meios para responder aos pensamento
distorcido. Um ensino cuidadoso do RPD
maximiza a chance de que os pacientes usarão
por conta própria essa importante ferramenta,
mas há também outros meios para
responderem aos seus pensamentos
automáticos, caso não possam ou não estejam
dispostos a usar o RPD.
 As vezes é mais útil utilizar a resolução de
problemas em vez de avaliar o pensamento
automático.

Depressão

Esp. Marcelo Peixoto Gonçalves


Psic. 06/62391

Bibliografia:Lima CVO. Depressão. In: Abreu CN, Roso M. Psicoterapias Cognitiva e Construtivista:
novas fronteiras da prática clínica. Cap. 10, pag. 133-138. Porto Alegre, 2003.

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 A Depressão é um transtorno do humor


que tem como principais sintomas:
1. Tristeza
2. Perda de interesse e prazer
3. Sensação de vazio
4. Apatia
5. Falta de energia
Associado a esses sintomas, podem surgir
sentimento de culpa e pensamentos
negativos, como ser um fardo para a família
e não tem valor como pessoa.

 Os indivíduos deprimidos podem tornar-se


irritados, ansiosos e excessivamente críticos
consigo mesmos.
 Sintomas somáticos podem incluir insônia,
perda de peso, concentração diminuída, retardo
psicomotor e diminuição da libido.
 A desesperança também pode crescer, levando
a um desejo de morte, ou seja, pensamentos
suicidas.
 Pesquisas revelam que o tratamento conjugado
de medicação e terapia, em especial, a cognitiva,
é o mais eficaz e rápido para uma melhora ou
remissão do quadro. Na prevenção a terapia
cognitiva é mais efetiva que medicação.

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O modelo cognitivo da depressão


 A TC fundamenta-se ne premissa de que
o comportamento e a emoção de uma
pessoa são determinados, em grande
parte, pela forma como ela estrutura o
mundo em termos de suas cognições,
abrangendo eventos verbais ou pictóricos
no fluxo da consciência.
 O modelo cognitivo de Aaron Beck
pressupõe dois elementos básicos:

O modelo cognitivo da depressão


1. Tríade negativa - consiste na tendência da
pessoa deprimida a possuir:
➢ uma visão negativa de si mesma (ela se percebe
como inadequada, doente, incapaz, carente ou
fraca);
➢ uma visão negativa do presente (não consegue
perceber o valor das atividades que realiza, das
relações que estabelece, e vê o mundo fazendo
exigências exageradas sobre si e apresentando
obstáculos insuperáveis para atingir suas metas
de vida;

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O modelo cognitivo da depressão


➢ uma visão negativa do futuro (não acredita que
a situação atual possa mudar, por isso, não faz
planos para o futuro)
2. Distorções cognitivas: são erros sistemáticos
na percepção e no processamento de
informações. Na depressão, essas distorções
caracterizam-se como uma estruturação das
experiências do individuo de uma forma
absolutista, moralista, invariante e irreversível.

Tipologia das distorções cognitivas


 Mediante a investigação do conteúdo das
cognições dos pacientes deprimidos, Beck
e colaboradores criaram uma tipologia
das distorções cognitivas:
a) Interferência arbitrária: conclusões
tiradas sem evidencias reais. Ex: uma
pessoa é chamada pelo chefe e ao receber o
recado, o primeiro pensamento que lhe vem é:
vou ser despedido, fiz algo errado.

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28/09/2017

Tipologia das distorções cognitivas


b) Abstração seletiva: fixação num detalhe
do contexto global, sem considerar
outros fatores. Ex: uma pessoa vai a uma
festa e ao chegar, passa por uma situação
constrangedora (derrubou uma taça de vinho
na roupa). No dia seguinte, quando perguntada
sobre a festa, diz que foi péssima, não levando
em conta após o incidente divertiu-se muito.
O primeiro evento ficou como o único
negativo da festa.

Tipologia das distorções cognitivas


c) Supergeneralização: estabelecimento de regras
e de conclusões gerais baseadas em um ou
mais incidentes e aplicação do conceito
indiscriminadamente a situações relacionadas
(ou não). Ex: um pessoa faz o jantar e percebe que
colocou sal em excesso na carne, então ela pensa: eu
não sirvo pra nada mesmo, não faço nada direito.
d) Maximização e minimização: dificuldade em
avaliar o significado e a magnitude do evento.
Ex: uma prof é escolhida para ser paraninfa de
uma formatura e pensa: eles devem ter me
escolhido porque não me conhecem bem.

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Tipologia das distorções cognitivas


e) Personalização: tendência para relacionar
eventos externos à sua própria pessoa,
mesmo que sem base para estabelecer tal
reação. Ex: um funcionário cumprimenta um colega
de serviço, mas este não lhe diz nada e fica com a
cabeça abaixada. Então primeiro pensamento que lhe
vem a cabeça é: ele não deve gostar muito de mim;
embora não haja evidências.
f) Classificação dicotômica: tendência a pensar
em termos de extremos. Ex: eu sou um péssimo
profissional, péssimo pai e péssimo marido.

A terapia cognitiva
 As sessões terapêuticas devem ser estruturadas,
porém com uma flexibilidade maior, ou seja, o
terapeuta pode utilizar os 15 min iniciais para
deixar o paciente falar livremente sobre seus
sofrimentos e angustias, e depois retomar os
itens convencionais:
a) Verificar o humor: através de escalas como
BDI ou Hamilton. O terapeuta também pode
criar uma escala individual de acordo com as
características da depressão do paciente;

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A terapia cognitiva
b) Fazer uma ponte com a sessão anterior;
c) Estabelecer uma agenda para a sessão;
d) Verificar as tarefas de casa;
e) Conversar sobre os tópicos da agenda;
f) Definir uma nova tarefa para a semana;
g) Oferecer feedback e um resumo final da
sessão: através disso, o terapeuta avalia não
só os ganhos e as dificuldades encontradas
durante a sessão, mas também a compreensão
do paciente sobre o que foi abordado.

Estrutura das sessões


1. Nas primeiras sessões realizamos a conceituação
cognitiva, que é uma avaliação do caso. E que nos
ajudará a responder a seguintes perguntas:
▪ Qual o diagnóstico?
▪ Quais crenças disfuncionais estão associadas ao quadro
de depressão?
▪ Quais reações (comportamentais, fisiológicas e
emocionais) estão associadas ao seu pensamento?
▪ Quais mecanismos cognitivos, afetivos e
comportamentais foram desenvolvidos para enfrentar
as crenças disfuncionais?
▪ Quais aprendizagens e experiências antigas
contribuíram para o surgimento de seus problemas
atuais?

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Estrutura das sessões


 Nas depressões, inclusive nas graves, é
importante que haja inicialmente uma
preocupação com o alivio dos sintomas e
que as queixas sejam traduzidas em
problemas solucionáveis para o paciente.
 Educar o paciente sobre o modelo da
terapia cognitiva e sobre seu transtorno:
exemplos trazidos pelo paciente, folhetos
e leitura indicada pelo terapeuta.

Estrutura das sessões


 Nas sessões intermediarias, deve-se ensinar o paciente a
observar seus pensamentos automáticos, ensinando-o a
identificá-los e distinguindo-os de suas emoções.
Utilizando RPA.
 Com pacientes muito deprimidos, usa-se um RPA mais
simplificado com metas menos exigentes.
 Ao fazer isso apresenta o conceito de distorções
cognitivas e algumas técnicas cognitivas, como:
questionamento socrático, o RPA, a reatribuição
cognitiva.; que permitem avaliar a precisão dos
pensamentos automáticos e das bases que estão
fundamentados.

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Estrutura das sessões


 A abordagem terapêutica que
compreende as técnicas a serem utilizadas
é escolhida ou mesmo modificadas de
acordo com as necessidades especificas
do paciente.
 Na depressão, o terapeuta se concentra
primeiro em diminuir seu isolamento e
tentar engaja-lo em atividades que sejam
mais construtivas.

Estrutura das sessões


 Algumas técnicas comportamentais como:
agendamento de tarefas, a técnica do domínio e
prazer; são usadas com o objetivo de produzir
mudanças de atitudes negativistas, servindo
como experimentos projetados para testar a
validade das ideias dos pacientes sobre si
mesmo e o mundo.
 O enfoque do trabalho do terapeuta cognitivo
baseia-se em algumas técnicas que visam
reestruturar a organização cognitiva do
paciente, a estrutura que se apresenta de
maneira disfuncional.

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Técnicas comportamentais
 Agendamento de tarefas (Beck 1997)
O paciente anota diariamente o que fará durante o dia, de
preferência de hora em hora.
O uso da agenda serva para neutralizar a perda de
motivação, assim como a inatividade e a preocupação do
paciente com ideias depressivas.
A técnica permite que ele mantenha um certo nível de
atividade, porém ninguém realiza tudo o que planeja,
portanto tentar cumpri os planos é um dos passos mais
importantes nesse momento.
Essa técnica ainda tem a vantagem de ajudar o paciente a
testar seus pensamentos negativos e extrair evidências
concretas para refutar alguns de seus pensamentos.

Técnicas comportamentais
 Domínio e prazer (Beck 1997)
Visa identificar o fato de que alguns pacientes
engajam-se em atividades que sentem pouco
prazer e, frequentemente, essa falha de
gratificação é resultante de pensamentos
negativos que neutralizam qualquer sentimento
de prazer, contribuindo para o estado de
depressão.
O terapeuta, então, pede ao paciente para
escrever o grau de domínio e de prazer que está
associado às atividades realizadas por ele.

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Técnicas comportamentais
 Domínio e prazer (Beck 1997)
O termo domínio refere-se a um sentimento de realização
durante o desempenho de uma atividade específica.
E o prazer refere-se aos sentimentos agradáveis
associados a essa mesma atividade.
Portanto ambos podem receber graus (notas atribuídas)
que vão de uma escala de 0 -5 pontos, 0 representa o
mínimo e 5 o máximo.
Ao utilizar uma escala graduada, o paciente é levado a
perceber ou admitir seus sucessos parciais e reconhecer
pequenos graus de prazer desfrutados durante o dia. Ex:
Assistir TV D – 3 P-3
Andar D – 3 P -1

Técnicas cognitivas
O questionamento socrático(Seeskin, 1987) é um
questionamento sistemático, cujo objetivo é o de
desenvolver no paciente um raciocínio autônomo,
por meio do qual ele possa questionar algumas de
suas evidencias, criando, assim, alternativas de
pensamentos e novas avaliações das
consequências de seu modo de pensar.
Enfatizamos o uso de uma avaliação racional com
a possibilidade de transformar o sentimento
pessoal do paciente em movimentos de auto-
exploração .

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Técnicas cognitivas
Ex: o paciente afirma na sessão “ Hoje é meu
aniversário e ninguém me ligou...portanto ninguém
gosta de mim”. Talvez o terapeuta possa formular
algumas perguntas estratégicas: O que seria um bom
amigo pra você? Como são seus amigos atuais
(características presentes e passadas)? Você sempre
consegue preencher esses critérios na vida real para
encontrar um verdadeiro amigo?
Deve-se ter cuidado ao usar o questionamento
socrático no sentido de favorecer algumas reflexões
e não transformar a sessão num interrogatório
pessoal.

Técnicas cognitivas
Na técnica reatribuição cognitiva (Beck 1999) o terapeuta
e o paciente reexaminam os fatos relevantes para tentar
definir a multiplicidade de fatores externos que
contribuíram para a criação da experiência adversa.
Os pacientes deprimidos são mais propensos a
desenvolver uma autocritica exacerbada e uma
recriminação pessoal intensa, movimento resultante das
consequências negativas dos eventos que ocorreram “fora
do seu controle”.
Obtendo um maior grau de objetividade na análise das
situações , o paciente pode reavaliar seus pensamentos e
buscar formas alternativas de evitar as situações ruins,
prevenindo suas recorrências.

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Técnicas cognitivas
Na técnica registro de pensamento
automático (RPA), o paciente aprende a
identificar e reestruturar seus pensamentos
automáticos, assim como as emoções que
estão associadas a eles.

Estrutura das sessões


 As sessões finais são direcionadas aos ganhos
terapêuticos e à prevenção de recaída.
 No decorrer das sessões, o terapeuta reforça as
melhoras progressivas do paciente. Se a
depressão melhorou e o terapeuta percebe que
o paciente aprendeu as técnicas necessárias
para lidar com os aspectos cognitivos e
comportamentais do transtorno, ele vai
preparando o paciente para o final da terapia.
 Revisa as técnicas aprendidas e enfatiza que elas
poderão ser usadas em diversas situações.

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Estrutura das sessões


 Presume-se que o cliente deixe a terapia com os
aspectos fundamentais da terapia cognitiva bem
incorporados para que nas situações de tensão possa
rapidamente:
a) Decompor os grande problemas em componentes
menores e mais manejáveis.
b) Gerar respostas alternativas para os problemas.
c) Identificar, testar e responder aos pensamentos
automáticos e às crenças disfuncionais
d) Usar o RPD.
As sessões serão espaçadas até decidirem o momento do
término definitivo.

Considerações finais
 O principal intuito da terapia cognitiva é
instrumentalizar os pacientes para sejam
capazes de realizar as técnicas e melhorar suas
qualidade de vida. As mudanças ocorrem em
um tempo e ritmo diferentes para cada
paciente.
 As vezes alguns pacientes não respondem à
terapia cognitiva por diversos motivos:
dificuldade em estabelecer vínculo cooperativo,
dificuldades intelectuais, transtorno de
personalidade associado, piora no quadro
depressivo, etc.

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Considerações finais
 Valorizando a importância do vínculo
terapêutico e os aspectos humanos dessa
interação, respeitando o paciente como
pessoa e tentando, sempre que possível,
ter uma visão global do paciente e de sua
problemática.

Próxima aula : Prova


 Sugestões de Leitura (para aprofundar mais
sobre terapia cognitiva) (não para a prova)

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