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2020 R4 GO 07 - R4 Complicações Perinatais
2020 R4 GO 07 - R4 Complicações Perinatais
2020 R4 GO 07 - R4 Complicações Perinatais
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VIDEO_01_R4_GO_07 Beta-agonistas, bloqueadores do canal de cálcio, antagonistas
da ocitocina e inibidores das prostaglandinas.
Neuroproteção
Definição
Fatores de risco
DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
Estresse, fadiga ocupacional, distensão uterina excessiva,
fatores cervicais, infecção, patologia placentárias, parto VIDEO_02_R4_GO_07
prematuro anterior, uso de drogas, alcoolismo, tabagismo, O parto pré-termo ou prematuro é aquele ocorrido a partir de
idade materna (< 18 ou > 40 anos), raça (negra), desnutrição 20-22 semanas e antes de 37 semanas completas (259 dias). É o
e baixo IMC, pré-natal inadequado, anemia (hemoglobina < principal problema da medicina perinatal atual, com altas taxas
10 g/dl), contratilidade uterina excessiva, baixo nível de complicação e custo extremamente elevado. Em 2010, quase
educacional e fatores genéticos. 15 milhões de crianças nasceram prematuras, sendo que 60%
dos partos ocorreram na África subsaariana e no sul da Ásia.
Diagnóstico Mesmo em países desenvolvidos, a prematuridade ainda é a
maior causa de morbimortalidade perinatal.
Contrações regulares que provocam dilatação e apagamento
cervical. Nas últimas décadas, a incidência de prematuridade vem
aumentando, mas com melhores resultados perinatais. Isto
Predição decorre de um maior número de interrupções da gestação por
indicações médicas, maior número de gestações gemelares
devido a técnicas de reprodução assistida e melhoria na
Medida do comprimento cervical (< 20 ou 25 mm); dosagem
assistência ao recém-nascido (Figura 1 ).
de fibronectina.
Prevenção
Tocólise
Contraindicações
➤ Morte fetal.
➤ Anomalia fetal letal.
➤ Sofrimento fetal agudo.
➤ Pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia.
➤ Sangramento materno com instabilidade hemodinâmica.
➤ Corioamnionite.
➤ Amniorrexe prematura (questionável).
➤ Dilatação cervical avançada (≥ 4 cm).
➤ Contraindicações relacionadas ao agente.
Medicações disponíveis
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Felizmente, a maior parte dos fetos que nascem prematuros é
classificada como pré-termo tardio, o que resulta em menor
morbimortalidade.
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Figura 5. A) Parede alveolar sem ação surfactante:
Figura 4. Complicações neonatais de acordo com a idade colabamento devido à instabilidade da interface ar/alvéolo.
gestacional do parto. B) Parede alveolar com ação surfactante: estabilidade,
facilitando a expansão alveolar.
TABELA 1: SOBREVIDA E SOBREVIDA INTACTA DE ACORDO
Sabe-se que a lecitina é o principal fosfolipídio de ação
COM A IDADE GESTACIONAL.
surfactante no pneumócito pulmonar, sendo assim responsável
pela maturação pulmonar. Até aproximadamente 35 semanas
de gestação, há predomínio da produção de lecitina por reação
de metilação, sendo instável como complexo surfactante. Após
esse período, passa a ser produzida predominantemente pela
via CDF-colina, tornando-se muito mais estável. Portanto, como
nos prematuros há predomínio da produção pela primeira via,
há maior predisposição à SAR.
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Dosagem de fosfatidilglicerol: quando a dosagem deste erroneamente calculada.
elemento do surfactante pulmonar se encontra maior ou igual
a 0,3 sugere maturidade pulmonar. Sobredistensão Uterina Gestação gemelar e
polidramnia.
TABELA 2: PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DE CURTO E LONGO
PRAZO RELACIONADAS À PREMATURIDADE.
Amniorrexe Prematura Primária ou secundária a
outros elementos.
reprodutiva e raça negra também são fatores de risco descritos. ➤ Sangramento vaginal.
➤ Mulher solteira.
➤ Idade materna (< 18 ou > 40).
➤ Ansiedade.
➤ Desnutrição e baixo IMC.
➤ Depressão.
➤ Pré-natal inadequado.
➤ Postura em pé.
Fatores Fetais
➤ Uso de máquinas industriais.
➤ Esgotamento físico.
➤ Anomalia congênita.
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manutenção da aderência placentária com a decídua uterina,
sendo detectada em concentrações maiores quando há PREVENÇÃO
remodelamento estromal do colo.
Diversas medidas como farmacoterapia com indometacina ou
antibióticos, repouso ou suplementação de ômega 3, vitamina C
A detecção da fibronectina fetal nas secreções cervicovaginais
e vitamina E não foram capazes de reduzir a incidência de
foi descrita como um possível preditor de parto prematuro com
parto pré-termo. Atualmente, apenas a utilização de
membranas íntegras, podendo ser esta detecção qualitativa ou
progesterona e a cerclagem cervical em casos selecionados
quantitativa. Uma concentração maior que 50 ng/ml se associa a
foram eficazes como forma de prevenção primária.
parto em sete dias em 30% dos casos e parto em duas semanas
em 41%. Sua maior qualidade encontra-se no valor preditivo
Recentemente alguns estudos foram desenhados utilizando
positivo, já que apenas 1% das mulheres com teste negativo (<
pessário vaginal em pacientes com colo curto entre 20 e 24
50 ng/ml) terá parto em uma semana.
semanas. Os resultados, no entanto, são controversos e ainda
não há recomendação de uso do pessário para prevenção de
Diversos estudos em pacientes assintomáticas falharam em
trabalho de parto prematuro na prática clínica.
mostrar benefício perinatal na detecção da fibronectina fetal.
Mais recentemente, tem-se recomendado sua mensuração
associada com a medida do colo uterino para pacientes PROGESTERONA
sintomáticas com menos de 34 semanas (Figura 9 ).
Na maioria dos mamíferos, a retirada da progesterona é um
evento que resulta no parto. Nos humanos, apesar de os níveis
de progesterona continuarem elevados durante o parto,
acredita-se que há uma redução da atividade dos seus
receptores. Estes dados justificam a reposição da progesterona
via intramuscular ou vaginal como forma de prevenção do
parto prematuro. No Brasil, apenas a via vaginal está
disponível.
Figura 9. Associação da ultrassonografia transvaginal com Pacientes com história de parto pré-termo espontâneo anterior
fibronectina fetal em gestantes sintomáticas com menos de devem receber suplementação com progesterona micronizada
34 semanas. por via vaginal 200 mg/dia a partir de 16-24 semanas, que
deverá ser mantida até 34-37 semanas. Esta medida é capaz de
RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2017 reduzir a recorrência do evento em torno de 35%.
a) Medida do colo uterino via transvaginal. Até o momento, os estudos são controversos em relação ao uso
b) Dopplervelocimetria de artérias uterinas. da progesterona em pacientes com gestação múltipla, com a
maior parte deles não demonstrando benefício na sua
c) Dosagem da Fibronectina fetal no conteúdo vaginal.
utilização. Assim, a reposição de progesterona nesta população
d) Swab retal e vulvar para cultura de estreptococos do grupo não está indicada.
B.
VIDEO_10_R4_GO_07
R. Perceba que as bancas da prova de especialista nem
sempre fogem da polêmica! Apesar de a indicação universal
ser controversa na literatura, a medida do colo uterino por CERCLAGEM UTERINA
via transvaginal é um bom método de rastreamento de parto
A cerclagem uterina é um procedimento utilizado para o
prematuro em pacientes assintomáticas. Já a fibronectina
tratamento da incompetência istmocervical, causa importante
fetal não foi eficaz neste sentido. Resposta: letra A.
de abortamento de segundo trimestre, e foi proposta como
intervenção para prevenção de parto prematuro.
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A realização de cerclagem uterina entre 16 e 24 semanas em A presença de contrações uterinas regulares sem a modificação
pacientes de baixo risco de parto prematuro com colo menor cervical é considerada como ameaça ou falso trabalho de parto
que 25 mm não demonstrou benefício na redução de parto pré- prematuro.
termo, com alguns relatos inclusive de aumento de eventos. No
entanto, uma metanálise demonstrou que há redução da
incidência de prematuridade após cerclagem em pacientes com
colo curto (menor que 25 mm) E história de parto pré-termo
CONDUTA
(antes de 34 semanas).
A conduta depende de vários fatores, como idade gestacional,
vitalidade fetal e recursos neonatais. De forma resumida, a
RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2016 conduta oscila entre a tentativa de inibir a atividade uterina e
adotar medidas que possam melhorar o prognóstico fetal, como
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO
corticoterapia e neuroproteção fetal, ou prestar assistência ao
SUL – AMRIGS trabalho de parto prematuro. A inibição do trabalho de parto só
Em relação ao nascimento pré-termo, analise as assertivas a está indicada quando o risco das complicações perinatais
seguir: I. Parto pré-termo anterior é um dos mais importantes superar o risco de manutenção da gravidez e das condutas
fatores de risco. II. Ruptura prematura das membranas é a adotadas ou quando há necessidade de transferência para
causa identificável mais comum. III. Não há indicação de centros de referência de tratamento neonatais.
rastreamento rotineiro de parto pré-termo através da medida
do colo uterino por via transvaginal. IV. Em pacientes com
feto único e risco de parto pré-termo, deve-se usar INIBIÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
progesterona vaginal. Quais estão CORRETAS?
A inibição do trabalho de parto consiste no uso de drogas
a) Apenas I e II. tocolíticas. No entanto, estas medicações não prolongam de
forma significativa o parto, mas o atrasam em torno de 48
b) Apenas III e IV.
horas. Este tempo é suficiente para o transporte para outra
c) Apenas I, II e III. unidade com cuidados intensivos neonatais e para prescrição
de corticoterapia, conforme discutiremos a seguir. O uso isolado
d) Apenas I, II e IV.
da tocólise, sem associação com a corticoterapia, não melhorou
e) I, II, III e IV. os resultados perinatais e também não há indicação da
manutenção da tocólise após o curso de corticoterapia.
R. Mais uma questão polêmica sobre o rastreamento de parto
pré-termo através da ultrassonografia no segundo trimestre! Os agentes tocolíticos devem ser utilizados entre 24 e 34
As bancas de provas de especialistas tendem a considerar semanas, visto que após esta idade gestacional os resultados
este rastreamento universal válido, portanto a afirmativa III neonatais são favoráveis. Antes de 24 semanas a mortalidade
está incorreta. A progesterona é o método de escolha para neonatal é extremamente elevada e não é reduzida nem mesmo
prevenção da prematuridade em pacientes de alto risco, pela corticoterapia, portanto também não há benefício da
como parto prematuro anterior, e a amniorrexe prematura é tocólise nesta fase.
responsável por 30% dos casos de prematuridade. Resposta:
letra D.
O uso de antibioticoterapia em pacientes com membranas
íntegras ou o repouso no leito não foram capazes de
interromper ou adiar o trabalho de parto prematuro, portanto
não estão indicados para este fim.
DIAGNÓSTICO
A diferenciação entre um verdadeiro e um falso trabalho de VIDEO_11_R4_GO_07
parto prematuro é muitas vezes difícil, considerando-se que há
maior atividade uterina a partir do terceiro trimestre. Por outro CONTRAINDICAÇÕES À TOCÓLISE
lado, a tentativa de caracterizar claramente o trabalho de parto ➤ Morte fetal.
pré-termo pode resultar em atraso na conduta adequada.
➤ Anomalia fetal letal.
O critério diagnóstico para trabalho de parto prematuro mais ➤ Sofrimento fetal agudo.
aceito atualmente é o seguinte: ➤ Pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia.
O objetivo da tocólise é ganhar tempo para prescrição da ■ Salbutamol – cinco ampolas diluídas em 500 ml S.G. 5% (5
corticoterapia ou permitir a transferência da gestante! mcg/1 ml). Iniciar 10 gotas por minuto, aumentando 10 gotas
a cada 20 minutos até a cessação completa das
Vamos apresentar os principais tocolíticos e suas características: metrossístoles ou até o surgimento de taquicardia materna
ou fetal;
➤ Bloqueadores de canal de cálcio: ■ Ritodrina – 150 mg em 500 ml S.G. 5% em velocidade de 0,05
mg/min, com aumentos de 0,05 até a dose máxima de 0,35
Atuam diretamente pelo bloqueio do influxo de íons de cálcio mg/min;
pela membrana celular e inibição da liberação do cálcio ■ Terbutalina – pode-se utilizar a via venosa ou subcutânea. O
intracelular pelo retículo sarcoplasmático. A menor
esquema venoso pode ser realizado pela infusão de 2,5
quantidade de cálcio livre intracelular resulta em inibição da
mcg/min até a dose de 25 mcg/min. O esquema subcutâneo
fosforilação-mediada da miosina de cadeia leve quinase,
pode ser realizado pela administração de 0,25 mg a cada 20
resultando em relaxamento do miométrio. São considerados
minutos, até o máximo de três horas. A terbutalina, quando
por alguns autores como a medicação de escolha para tocólise
utilizada por via endovenosa, se associa com maior
devido ao menor número de efeitos colaterais, principalmente
frequência à ocorrência de edema pulmonar. Portanto,
em comparação com os beta-agonistas.
prefere-se, neste caso, a via subcutânea.
Muitas vezes esta constrição é transitória e reversível após a motora ou na membrana celular. Apesar de muito utilizado
suspensão da medicação, mas fechamentos persistentes já anteriormente como agente tocolítico, sua eficácia é inferior
foram descritos com o uso contínuo. Outras complicações aos outros agentes descritos anteriormente e não é mais
fetais e neonatais importantes são oligodramnia, enterocolite recomendado com este intuito. Esta medicação pode ser
necrosante e canal arterial patente. utilizada para prevenção de dano neurológico no recém-
nascido, como veremos a seguir.
➤ Antagonista da ocitocina:
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A ocitocina estimula a contração uterina ao converter o
fosfatidilinositol em inositol trifosfato, que se liga a uma
proteína no retículo sarcoplasmático e libera cálcio no
citoplasma. O atosiban é um antagonista seletivo do receptor
CORTICOTERAPIA
de ocitocina no miométrio e na decídua, impedindo as
A corticoterapia antenatal promove a síntese de surfactante no
contrações uterinas mediadas por este hormônio. Os efeitos
pulmão fetal, aumentando a complacência pulmonar, além de
colaterais maternos e fetais são considerados nulos, visto que
reduzir a permeabilidade vascular e melhorar a resposta
só há receptores de ocitocina no útero e nas mamas. Sua
neonatal ao surfactante. Também há relatos de aceleração na
eficácia é similar aos outros agentes tocolíticos, porém seu
maturação pulmonar em outros órgãos, incluindo cérebro, rins
custo atual é consideravelmente mais elevado.
e intestino.
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metabolizados pela 11-beta-hidroxiesteroide desidrogenase tipo Mulheres diabéticas em uso de insulina devem ser
II placentária ou por apresentarem excessivo efeito rigorosamente acompanhadas pelo risco de descontrole
mineralocorticoide. Em pacientes que estão utilizando glicêmico. Ocorre aumento de cerca de 30% na contagem total
regularmente outros corticoesteroides, como por exemplo a de leucócitos e aproximadamente 45% de redução na contagem
prednisona, e que tenham indicação de maturação pulmonar de linfócitos dentro de 24h após injeção de betametasona, as
fetal, está indicada a troca para betametasona ou dexametasona quais retornam aos valores basais dentro de três dias. No
por 48 horas e posterior retorno ao corticoide em uso. Ou seja, entanto, não há aumento das formas jovens como bastões.
outros corticoides não substituem a betametasona ou
dexametasona. Em relação ao feto, podem ocorrer alterações nos parâmetros
de avaliação do bem-estar fetal, tais como diminuição ou
As doses recomendadas são: aumento da frequência cardíaca fetal basal, diminuição ou
aumento da variabilidade, diminuição dos movimentos fetais e
➤ Betametasona: 12 mg, IM, 1x ao dia, por dois dias; alterações nos parâmetros biofísicos fetais, as quais podem ser
confundidas com comprometimento do bem-estar fetal. Tais
➤ Dexametasona: 6 mg, IM, 2x ao dia, por dois dias.
alterações são transitórias e retornam ao normal no quarto dia
após a administração da primeira dose de corticoide.
As duas medicações parecem ser igualmente efetivas quando
comparamos a incidência de morte e morbidade neonatal. Não
há diferença na dose recomendada para gestações gemelares e,
como há benefício no seu uso a partir de seis horas, o corticoide
SULFATO DE MAGNÉSIO PARA
deve ser prescrito mesmo que não seja possível completar as NEUROPROTEÇÃO
duas doses.
Estudos recentes, incluindo grandes ensaios randomizados
Um ciclo de corticoterapia deve ser prescrito entre 24 e 34 placebo-controlados e metanálises, mostraram redução
semanas em toda gestante com risco de parto prematuro em significativa da morbidade neurológica e paralisia cerebral em
uma semana, independentemente da presença de rotura recém-nascidos cujas mães receberam sulfato de magnésio
prematura de membranas ovulares. Seus maiores benefícios antes do parto, apesar de o mecanismo para esta proteção ainda
são atingidos em gestantes entre 28 e 34 semanas. Caso haja o não estar bem esclarecido. De qualquer maneira, as evidências
diagnóstico de trabalho de parto prematuro, recomenda-se o apontam que o sulfato de magnésio funciona como
uso de tocólise por 48 horas conforme discutido anteriormente. neuroprotetor quando o parto ocorre antes de 32 semanas.
Mais recentemente houve uma ampliação do uso de corticoide Indica-se sulfato de magnésio em todas as gestantes com idade
para maturação pulmonar fetal. O ACOG permitiu o seu uso a gestacional entre 24 e 32 semanas em trabalho de parto ativo (>
partir de 23 semanas caso haja decisão de ressuscitação do 4 cm de dilatação, com ou sem RPMO) ou em parto pré-termo
recém-nascido por parte da família. eletivo indicado por razões maternas ou fetais, na dose de 4-6 g
em bolus durante 20 minutos, seguido de 1-2 g/hora de
manutenção, por no máximo 24 horas antes do parto, sendo
No outro extremo, a utilização de corticoterapia entre 34 e 36
suspenso logo após o mesmo. Não se recomenda sua
semanas e seis dias diminuiu a morbidade respiratória do
readministração caso o parto não se concretize neste período.
recém-nascido, apesar de ter aumentado a incidência de
Em indicações eletivas, preconiza-se sua administração por,
hipoglicemia neonatal. Esta conduta após 34 semanas só poderá
pelo menos, quatro horas antes do parto (Figura 10 ).
ser tomada caso a paciente não tenha feito corticoterapia
anteriormente e se isto não for atrasar a conduta recomendada.
ATENÇÃO
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A dose de resgate consiste em um novo ciclo de corticoterapia
caso nova ameaça de parto surja após sete dias da dose inicial.
Ela pode ser prescrita até 34 semanas. O uso de corticoterapia
por um período maior que dois ciclos está associado à redução
do peso ao nascer e do perímetro cefálico do recém-nascido,
portanto não é recomendada.
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Figura 10. Sulfato de magnésio para neuroproteção.
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As pacientes deverão ser avaliadas para intoxicação pelo sulfato é mais recomendada. Da mesma forma, não se recomenda
de magnésio periodicamente, diagnosticada a partir da abolição episiotomia rotineira ou fórcipe para proteção fetal.
do reflexo patelar e redução da frequência respiratória (< 12
irpm). A oligúria (diurese < 25 ml/h) predispõe à intoxicação
pelo magnésio. LEMBRE-SE
PARTO PREMATURO
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O parto deve ser assistido quando houver:
Alguns autores recomendam a monitorização fetal contínua, já R. Apesar de todas as medicações prescritas terem alguma
que a acidemia fetal intraparto pode piorar as complicações relação com o trabalho de parto prematuro, apenas o sulfato
atribuídas à prematuridade. Outro ponto importante é a de magnésio é capaz de promover neuroproteção. Resposta:
profilaxia para o estreptococo do grupo B (GBS), que deve ser letra B.
feita de acordo com o protocolo discutido na apostila Obstetrícia
Básica (Fluxograma 1 ).
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RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2020
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SÃO PAULO – SUS-
SP
Gestante de 33 semanas encontra-se em trabalho de parto
prematuro. A vitalidade fetal é adequada e a mãe não tem
comorbidades. A dinâmica uterina é de 3 contrações em 10
minutos, o foco é de 144 bpm, a dilatação é de 2 cm,
apresentação cefálica alta e móvel. As intervenções a serem
feitas nesse momento são:
b) Atosibano e penicilina.
➤
Vaginose bacteriana.
ROTURA PREMATURA DE
➤ Gestação múltipla.
Deficiências nutricionais.
MEMBRANAS OVULARES
➤
➤ Doenças maternas.
➤ Atividade sexual.
QUADRO DE RESUMO
➤ Traumatismo.
Definição ➤ História de parto prematuro.
➤ Polidramnia.
➤ Na ausência de infecção:
➤ Sangramento genital.
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Macrossomia.
Outros ➤ Polidramnia.
➤ Trabalho de parto prematuro.
Antibioticoprofilaxia para Streptococcus do grupo B,
corticoterapia e neuroproteção conforme indicações ➤ Infecções genitais (estrepto B, gonococo).
habituais. ➤ Tabagismo.
➤ Sangramento genital.
➤ Vaginose bacteriana.
DEFINIÇÃO E PREVALÊNCIA ➤ Gestação múltipla.
➤ Deficiências nutricionais.
A Rotura Prematura das Membranas Ovulares (RPMO), também
chamada de amniorrexe prematura, é definida como rotura ➤ Doenças maternas (deficiência de alfa-1-antitripsina,
espontânea das membranas amnióticas antes do início do síndrome de Ehlers-Danlos, doença falciforme).
trabalho de parto. Ela é referida como pré-termo (RPPMO) ➤ Atividade sexual.
quando ocorre antes de 37 semanas de gestação.
➤ Traumatismo.
Como há uma quebra da esterilidade intraútero após a RPMO, ➤ História de parto prematuro.
diversos parâmetros precisam ser avaliados para decidirmos se
a gestação deverá ser mantida ou interrompida.
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RPMO PRÉ-TERMO
O tempo de latência entre a amniorrexe e o parto é
inversamente proporcional à idade gestacional do evento. De
qualquer maneira, independentemente da conduta obstétrica,
metade das pacientes deste grupo terá o parto em uma semana.
➤
Leucocitose materna (leucometria > 15.000 cels/mm3);
➤ Taquicardia materna (> 100 bpm);
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➤
Sensibilidade uterina;
RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2015
➤ Líquido amniótico com odor fétido.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO
SUL – AMRIGS
Outros marcadores podem auxiliar no diagnóstico, como
dosagem de proteína C-reativa, dosagem de interleucina-6, Gestante primigesta apresenta-se na emergência com 33
Velocidade de Hemossedimentação (VHS) e análise do líquido semanas e ruptura prematura de membranas. Pré-natal sem
amniótico por meio de amniocentese. anormalidades. Ao exame físico, apresentou temperatura
axilar de 39,1ºC, pressão arterial de 80/50 mmHg, frequência
Após o diagnóstico, institui-se imediatamente a cardíaca materna de 126 bpm e batimentos cardiofetais de
antibioticoterapia empírica, pela associação de ampicilina (2 g, 170 bpm. Dinâmica uterina de duas contrações em 10
IV, 6/6 horas) e gentamicina (5 mg/kg por dia ou 1,5 mg/kg 8/8 minutos. Apresentação cefálica e líquido claro fluindo pela
horas), que deverá ser mantida até 48 horas após o último cérvice uterina. Qual a conduta imediata mais adequada
episódio febril, não sendo necessária a administração de nesse caso?
manutenção oral. É possível a adição de clindamicina 900 mg
8/8 horas ou metronidazol 500 mg de 8/8 horas por via a) Iniciar antibioticoterapia para corioamnionite e realizar
intravenosa para ampliar a cobertura anaeróbia caso seja cesariana.
realizada cesariana ou se não houver resposta inicial ao
b) Iniciar nifedipina para tocólise, após comprovado bem-
tratamento antibiótico.
estar fetal.
independentemente da idade gestacional, devido aos riscos ruprema, aplicar corticosteroide e aguardar a evolução
vigência de infecção intrauterina. Deve-se dar preferência ao d) Iniciar antibioticoterapia para corioamnionite e iniciar
parto vaginal para evitar contaminação da cavidade abdominal. ocitocina para indução imediata do parto.
b) Dentária.
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O uso de antibióticos neste contexto deve-se restringir àquelas
pacientes que possuem indicação de profilaxia para o RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2019
estreptococo do grupo B (Fluxograma 1 ). O uso profilático de HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES -
antibióticos na RPMO a termo apresentou resultados UFRN – HUOL
controversos com relação à redução da infecção intrauterina,
portanto ainda não é recomendado. Primigesta de 22 anos de idade, com gravidez de 25 semanas
é admitida no serviço de urgência obstétrica com diagnóstico
de rotura prematura de membranas ovulares. O uso de
corticoide, nesses casos, tem sido:
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RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2020
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES -
UFRN – HUOL
Paciente de 24 anos, Gesta II Para I, sendo um parto normal,
chega ao serviço de urgência da maternidade apresentando
perda líquida vaginal. O cálculo da idade gestacional foi
compatível com 35 semanas e, ao exame obstétrico, detectou-
se apresentação cefálica e feto com boa vitalidade. O exame
especular confirma a amniorrexe. Diante desse caso, o
obstetra deve:
Fluxograma 2. Profilaxia para GBS na RPPMO.
A associação amoxicilina/clavulanato deve ser evitada, pois está a) Realizar a antibioticoprofilaxia para sepse neonatal por
associada a maior risco de enterocolite necrosante. estreptococo do grupo beta e iniciar a indução do parto.
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cerclagem caso a paciente tenha história de parto prematuro
RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2016 espontâneo e colo curto em ultrassonografia com menos de 24
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO semanas.
DE PERNAMBUCO – SES-PE
Gestante com diagnóstico de ruptura prematura das
membranas na 33a semana de gestação, ausência de infecção,
SITUAÇÕES ESPECIAIS
colo imaturo, apresentação cefálica e vitalidade fetal
Pacientes com RPMO pré-termo e herpesvírus ativo deverão ser
preservada. Além de antibióticos, recomenda-se:
tratadas com aciclovir com intuito de diminuir a transmissão
vertical. Caso as lesões ainda estejam presentes no momento do
a) Corticoterapia e conduta expectante. parto, está indicada a cesariana.
b) Corticoterapia seguida de cesárea.
A conduta para gestantes portadoras de HIV com RPPMO ainda
c) Corticoterapia e indução do parto com misoprostol ou
não é bem estabelecida. Dados iniciais sugeriam que a
ocitocina.
transmissão vertical aumentava com o tempo de bolsa rota, mas
d) Indução do parto com misoprostol. parece que esta duração não influencia a transmissão vertical
e) Indução do parto com ocitocina. nas pacientes em uso de Terapia Antirretroviral (TARV) e baixa
carga viral. Recomenda-se que a conduta seja individualizada,
considerando-se a conduta conservadora quando a
R. A ausência de infecção e sofrimento fetal permite a
prematuridade for muito significativa, a paciente estiver
conduta conservadora na RPMO entre 24 e 34 semanas, com
utilizando TARV e a carga viral for baixa.
prescrição de antibioticoterapia para aumento da latência
entre a amniorrexe e o parto e corticoterapia para melhorar
o resultado neonatal. Resposta: letra A. Pacientes que apresentam RPMO após amniocentese
diagnóstica apresentam resultado gestacional favorável, com
frequente normalização do líquido amniótico e interrupção da
perda de líquido.
GESTAÇÃO SUBSEQUENTE
Caso ocorra amniorrexe em uma paciente com cerclagem
A paciente com RPPMO apresenta risco maior de recorrência e uterina, não há consenso sobre a conduta e tanto a retirada
parto prematuro. Assim, alguns autores recomendam o uso de quanto a manutenção do fio são opções aceitáveis.
progesterona entre 16 e 24 semanas para pacientes com parto
prematuro espontâneo anterior, mesmo que o motivo do parto
tenha sido RPMO. Da mesma forma, é possível a realização de
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