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LIÇÃO Nº 1
Nesta 1ª lição começaremos por saber as diferenças que se estabelecem entre a
Fonética e a Fonologia.
A partir deste ponto de vista pode-se verificar que enquanto a Fonética se debruça
sobre o lado material ou físico dos sons a Fonologia trata da função linguística dos sons ; em
estabelecer oposições dentro de um dado sistema.
(Concreto) vs (Abstracto)
Ex: Emakhuwa:
1 2 3 4 5
Consonânticos
Por exemplo, considerando a palavra OMALA (Acabar) do Emakhuwa a Fonética
indicar-nos- ia que ela é composta de cinco (5) segmentos os quais por natureza de sua
produção se podem dividir em dois grupos. O primeiro contendo sons cuja produção não é
acompanhada de obstrução de ar no trato vocal ou seja, as vogais [a e o] e o segundo
apresentando sons cuja produção é acompanhada de obstrução de ar no trato vocal ou seja as
consoantes [m e l ] Assim a palavra anteriormente apresentada tem a seguinte pronuncia:
[o m a’ Ɩ a ]. Contudo, este tipo de descrição não interessa à Fonologia. Esta ciência
procuraria verificar dentre os segmentos que constituem a palavra Omala qual é que pode
marcar oposição dentro do sistema fonológico do Emakhuwa. Assim constatar-se-ia que por
exemplo o som [a] pode opor-se a [ε] que ocorre no mesmo contexto que aquele na palavra
omela (germinar), para daí se concluir que /a/ vs /e/ são fonemas em Emakhuwa.
FONEMA: É de acordo com TRUBETZKOY membro de cada uma das oposições
distintivas de uma língua não susceptível de se subdividir em unidades distintivas ainda
menores.
Os fonemas realizam-se por meio de sons linguísticos mas nem todos os sons
linguísticos são fonemas, a menos que apresentem traços fonologicamente relevantes.
+bx - bx
-arr - arr
Ex: Cinyanja:
Kutola (apanhar) / kunola (afiar) / kufola (desenhar) / kupola (sarar)
/t/ /n/ /f/ /p/
Oposições Fonémicas
Surda p t ʈ= t k
Sonora b d ƌ= d g
Aspirada ph th ʈh kh
Sonora / Aspirada b d ƌ=d g
.. .. .. ..
normais que
usamos nor
malmente
galo vs galinha
i u +alt
e o -alt
-bx
a +bx
[alto] ; [médio] ; [baixo]
/ k/ / tς /
[w]
/ ɡw /
[ɡw]
/ ndr /
[ndr]
Neste caso diz-se, por outras palavras, que há uma variação livre.
2ª Regra – “Se dois sons aparecem exactamente na mesma posição fónica e não poderem
ser substituídos um pelo outro sem alterarem a significação das palavras ou sem que a
palavras se torne irreconhecível, então esses dois sons constituem realizações de dois
fonemas distintos”.
/s / /z/
/f / /v/
3ª Regra - “Se dois sons duma língua aparentadas entre si do ponto de vista acústico ou
articulatório jamais se apresentarem na mesma vizinhança fónica devem ser considerados
variantes combinatórias do mesmo fonema.”
Ex: casa / caça
/z / /s /
São fonemas
Casa [z]
Casas [ʃ]
W i i r a (dizer / fa + el wiirele
O p a s a (arrebentar) opasera
O l e p a (escrever) olapela
[r] [s] + __
[p]
( Arquifonema )
Assim pode-se afirmar que os sons [r] e [ℓ] estão em distribuição complementar e
por isso são variantes combinatórias ou alofones de um mesmo fonema.
/ t/ /d/
+ ant + ant
+ cor + cor
- nas - nas
- son - son
Shimakonde : k u t a a n g a / kudaanga
Kutola / kufola
/t/ /f/
+ ant - soant
+ cor + ant
- nas - cor
- son - son
+ cont
Neste caso, não temos fonemas que se opõem por um traço pertinente.
Dois fonemas que se distinguem por um traço pertinente diz-se que se encontram numa
relação exclusiva. Vários pares de fonemas que se encontram numa relação exclusiva em
que cada um dos membros se distingue do outro pela presença ou ausência de um mesmo
traço pertinente, formam uma correlação.
Ex: / t / : / d / ; / p / : / b / ; / k / : / ɡ / ; / s / : / z / ; /ʃ / : / ʒ /
+ bx + bx - alt - alt
+ rec + rec - bx - bx
-long + long - long + long
/ e / /ee/
-alt -alt
-bx -bx
-rec -rec
-long +long
+ant +ant
+cor +cor
-nas -nas
-lab +lab
MATRIZ FONOLÓGICA
Portanto, a base duma matriz fonológica é o conhecimento fonético duma língua e sua
especificação em traços distintivos. Porem, a matriz fonológica não inclui todos os segmentos
fonéticos mas apenas aqueles que se estabelecem ao nível fonológico.
Traços Fonológicos
Quando cada um dos traços anteriormente mencionados está presente emprega-se o sinal
+ (mais) e quando está ausente, usa-se o sinal – (menos).
Demonstração
Africadas
[‘ʈs ε ŋ ɡ a] ; [‘dz i n o]
[ ku’ ʈʃh ᴐ ℓ a]
[ ‘ʈʃ i m а ŋ ɡ a ] [‘ dᵹ ε k ε t e ]
Fricativas
[ ‘f ᴐ l e] (rapé) [ ‘o u t o m i ] (vida)
[‘kusаmba] [ ‘ k u z ᴐ n da ]
(iii) Lábio-Alveolares [ s ] ; [z ]
[ʃaka] ; [ ᵹ ε n’ w e ]
Liquidas
Emakhuwa: O l e l o ; Orupa
[ o’ℓ ε ℓ o ] [o‘ȓupa]
Ex: hl a m pf i lh u l a m e t i
[ ‘₲ a m p f i ] [ λ u’ l a ‘ m e t i ]
(peixe)
Implosivas
(i) Bilaterais
[b]
[ ‘! a t h a ] ; [‘ɡ!εke]
Cinyanja: d a z i
[‘dazi]
Classe Natural
Uma classe natural é aquela cujo número de traços que tem que ser especificado para definir
essa classe é inferior ao número de traços necessários para distinguir qualquer membro dessa
classe.
P, t, k - cont
- son
/p/ - cont
+ ant
- cor
- nas
- son
m, n, ɳ, ᵹ - cont
+ nas
P, t, k, b, d, ɡ - cont
- nas
[ + alt ] / u, i /
[- bx ] / u, o, e /
[ +arr ] / u, o /
[ + rec ] / u o, a /
+ arr - arr
+ rec - rec
Lição nº3
SÍLABA
Sílaba É a unidade mínima da estrutura da Língua e imediatamente
A Sílaba não é constituída por uma meia sequência de segmentos, ela é uma unidade
hierarquicamente estruturada. Estruturalmente uma sílaba é constituída de ONSET (O) e
RYME (R). Por sua vez (R) é constituída de PEAK (P) e CODA (Co):
RYME
Todas estas categorias, exceptuando Peak (P) podem em certos casos estar vazias.
Representação da Sílaba
Ϭ (Sílaba)
O R
P C
Ϭ (at)
O R
P Co
v c
ø æ ʈ
Ϭ (Cat)
O R
P Co
C V C
K æ ʈ
Ϭ (Stops)
O R
P Co
C C
V C C
s ʈ ͻ p s
Em geral nas Línguas Bantu, a sílaba pode apresentar-se de acordo com os seguintes
padrões estruturais:
O R
P Co
ø a Ø
O R
P Co
ø e Ø
O R
P Co
C V
n u Ø
Shimakonde: ma- do – do (dedos)
Ϭ
O R
P Co
C V
m a Ø
As estruturas das duas sílabas são respectivamente CV e CVV. Todos os exemplos anteriores
ilustram sílabas monomóricas
Emakhuwa : O – maa – la
O R
P Co
C V V
m a a Ø
Paralelamente a este facto, as Línguas Bantu contêm sílabas constituídas por mais de um
segmento consonantal.
a) CCV
Ex: Tsonga : Svi – pu – nu (colheres)
Ϭ
O R
C C P Co
S V i Ø
b) CCCV
Cibalke : mbve – re (pêlo)
O R
C C C P Co
m b v e Ø
Na descrição silábica de uma palavra de uma Língua Bantu deve-se ter em conta o tom, uma
vez que cada sílaba de palavra corresponde a um tom.
Cinyanja: m – pu – ngá (arroz)
Ϭ Ϭ Ϭ
O R O R O R
P Co P Co p Co
C V C V C C V
m (u) ø p u ø n ɡ a ø
NB: (Por razões históricas as nasais consomem as vogais, mesmo que não apareçam
expressas.)
Ϭ Ϭ Ϭ Ϭ
O R O R O R O R
P Co P Co P Co P Co
V C V V C C V
ø u ø ʈ a ø ø a ø n d i ø
TOM
A elevação da sílaba do tom de voz sobre uma ou mais sílabas pode influenciar ou
mesmo modificar o significado da palavra. Isto quer dizer que em certas Línguas há palavras
que apresentando os mesmos elementos segmentais (consoantes e vogais) distinguem-se
umas das outras graças a diferentes distribuições tonais.
Neste tipo de línguas (tonais) o tom pode marcar palavras de sentido diferentes; palavras
pertencentes a diferentes categorias gramaticais, etc.
De entre as línguas de graus de tonalidades, isto é, algumas línguas podem ser tonais, outras
mais ou menos tonais e outras menos tonais.
altura
recuado