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SÍNDROMES NEUROLÓGICAS

Assim, como vimos os sinais e sintomas mais comuns nas síndromes respiratórias, aqui
veremos os mais comuns nas síndromes neurológicas. Tem as infecções, como meningites,
encefalites, que geralmente tem um quadro febril (síndrome febril associada), devido a infecções
bacterianas no sistema nervoso, pp meningites.
Nas síndromes neurológicas, um dos sintomas que mais aparecem é a cefaleia, geralmente
associada a alguma alteração de comportamento, movimento, já que o organismo funciona a partir
dos impulsos nervosos.
O quadro clínico das meningites é muito agudo. Ao falar de infecção do sistema nervoso,
estamos falando de um paciente que estava bem e em 24/48h apresentou toda a sintomatologia de
um quadro neurológico, que quando não diagnosticada pode levar a complicações e óbito. Trata-se
horas de evolução.
O contrário quando se pensa em tumor de sistema nervoso. As lesões expansivas, que são
outras alterações comuns no sistema nervoso, são de quadro arrastado. Pct vem com uma cefaleia
há 2 ou 3 semanas e vai depender pp da dimensão da lesão. Pode ser uma lesão pequena, um
abscesso, um pct com HIV com neurotoxoplasmose, uma lesão expansiva crescendo dentro da
cabeça, ele começa a ter uma cefaleia que tende a se tornar mais intensa, mais constante e aparecer
sintomas de alteração de movimento, perda motora.
CASO CLÍNICO
Mãe relata que há 24h o adolescente de 15 anos começou quadro de febre alta, não aferida,
acompanhada de cefaleia holocraniana, de intensidade 10/10, seguido de vômitos líquidos, sem
restos alimentares, não precedidos de náuseas (chamados de vômitos em jato). Há 6 horas, evolui
com irritabilidade e agitação psicomotora e procurou o PS.
Na admissão encontrava-se agitado, desorientado, acianótico, anictérico, hidratado. E ao
exame físico presença de rigidez de nuca (sinais meníngeos) – dificuldade de movimentar a cabeça
anteriormente.
Os vômitos em jato são muito comuns, pp se o pct apresentar hipertensão intracraniana.
Algo que está inchando o abdome, há uma certa elasticidade no abdome. Porém, no cérebro, há a
calota craniana, osso que não permite expansão, então qualquer processo inflamatório ou massa
nesse local, não tem para onde expandir, e rapidamente, vai causar compressão das estruturas
nervosas. São vômitos geralmente líquidos, um jato que sai distante do paciente.
Muito cuidado ao avaliar a rigidez de nuca, pois alguns confundem a dor a movimentação
cervical e rigidez de nuca. A dor está relacionada a algo muscular, torcicolo etc. A meningite não
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leva a dor à movimentação. Quando vc puxa o pescoço, o tronco vem junto, pois está rígido. O pct
não queixa dor.
Quais as síndromes que esse paciente apresenta? Síndrome neurológica febril aguda.
Como vimos nas outras síndromes, essas alterações neurológicas também podem trazer
repercussão sistêmica. Será que é uma infecção bacteriana ou viral? Quais exames solicitar?
Hemograma com leucocitose e neutrofilia pode ser meningite bacteriana, se vier leuco normal
pode ser meningite, encefalite viral.
Se o pct está com vômitos, perdendo líquidos, pode ter distúrbio eletrolítico de sódio e
potássio, da mesma maneira que avaliamos nas outras síndromes.
Acrescentamos os exames para avaliação neurológica. Ao se pensar em processo
infeccioso e inflamatório, o líquor deve ser coletado. É coletado na coluna lombar, parâmetro a
crista ilíaca (mais ou menos no mesmo local da raqui), introduz a agulha até chegar no espaço....
Outro exame para avaliação neurológica é a tomografia.
No exame do paciente do caso clínico, ele apresentava uma leucocitose (14.750),
neutrofilia (85%), com bastões (desvio; células jovens no sangue periférico).
Análise do Líquor (LCR)
Coloração: O líquor normal é transparente, chamado de “água de rocha”, bem límpido. Se
vier coloração diferente já se sabe que tem um processo infeccioso no SN.
Glicose: a glicose normal no líquor gira em torno de 45-60, o pct em questão tem glicose
de 1, ou seja, ela está sendo consumida por algum microorganismo, geralmente bactérias,
criptococo (um fungo que costuma infeccionar o SN).
Proteínas aumentadas falam a favor de infecção bacteriana. O normal é em torno de 45.
Citometria/celularidade: faz-se um comparativo, guardada a devida proporção. Ao ver os
leucócitos no hemograma, indicam a resposta imunológica do paciente. A citometria podemos
comparar com os leucócitos do hemograma, são as células no líquor. Na punção lombar, as células
devem estar de 0 a 5, se passar disso, tem algo alterado. No caso em questão, o pct tem 10.000
celulas, uma infecção bem grande.
O lactato sempre está alterado em resposta inflamatória. O normal é até 2; nesse caso está
em 24.
No hemograma, para se diferenciar uma infecção bacteriana de uma viral, vemos o
neutrófilo e os linfócitos. Se tem neutrófilo aumentado, pensamos em bacteriana e se tem linfócitos
pensamos em viral. No líquor, vejo o tipo de célula que aparece: se aparecer polimorfonucleado
(PMN) é favorável a infecção bacteriana. Se aparecer os mononucleares, favorável a infecção viral.

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Dependendo do tempo de doença, pode não se encontrar bactéria. Na coloração de gram, é
possível ver o tipo de bactéria e no caso foram vistos numerosos diplococos gram negativos intra e
extracelular (Streptococcus) no líquor.
Posso fazer também uma investigação para o bacilo da tuberculose ou criptococo, pesquisa
de neurosífilis (VDRL no líquor). Se eu tiver suspeita de encefalite viral, também tem como
pesquisar. A principal causa de encefalite viral é o herpes.
CASO CLÍNICO
Pct de 30 anos, vindo de Itacoatiara, com cefaleia, de evolução há 1 semana. Chegou
desorientado e a acompanhante não sabia informar a história clínica do paciente. Chegou bastante
agitado. Nas últimas 24h ficou desorientado. Foi atendido em Itacoatiara e encaminhado para
Manaus.
Ao chegar no Tropical, REG, não responsivo aos estímulos verbais e dolorosos, agitado,
contido no leito, afebril, anictérico, acianótico, sem edema. Ao examinar, tinha lesões
esbranquiçadas na cavidade oral, que suspeitamos de candidíase. Então iniciamos investigação para
HIV.
Quadro clínico que se resume a cefaleia e desorientação. A primeira coisa que se passa é
que esse paciente pode ter algo crescendo na cabeça, um tumor. Pode também ser um paciente HIV
que está desenvolvendo neurotoxoplasmose. Pode ter uma historia de alguma queda, trauma na
cabeça que não levou muito em consideração, mas depois formou um abscesso em 20, 30 dias
depois.
É melhor fazer um líquor ou uma tomografia? Vai depender da história clínica do paciente.
Se penso em infecção, tem rigidez de nuca e febre, o líquor é mais importante. Nesse caso, o pct
tem uma doença mais arrastada, então minha primeira hipótese não é infecção. Então talvez uma
tomografia fique melhor.
Ele tem uma síndrome neurológica aguda. Cefaleia há algumas semanas, desorientado e
não responsivo aos estímulos verbais e agitado. Na tomografia, vimos uma lesão... as entradas, os
giros são normais - essas falhas que ficam mais escuras na tomografia. E mostra os ventrículos. E
de um lado já não se vê a abertura do ventrículo e tem alguma coisa com a coloração alterada.
Geralmente as massas aparecem com essa coloração mais escurecida.
Como ele tem candidíase oral, faz o teste rápido pra HIV e se der positivo, já sabemos que
essa massa é Neurotoxoplasmose, que é a lesão associada ao pct HIV que causa esse tipo de
imagem na tomografia. Se o pct chega e não tem a cândida oral, fez a tomografia, pct não é HIV,
provavelmente é um tumor. Aí vamos fazer a investigação do tipo de tumor – com biopsia para ver
a etiologia.

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Pode aparecer um abscesso, um tumor de pus na cabeça. Aí seria uma lesão mais circular,
com área interna bem escurecida.
Nesse paciente, o teste rápido foi positivo para HIV, tinha monilíase e com essa lesão +
HIV, o diagnóstico é de Neurotoxoplasmose.

Sinais e sintomas

- Coma
- Demência
- Cefaleia, relacionado ou não com quadro neurológico. Pode ter síndrome febril, pode ser
dengue, malária, síndrome urinária. Verificar se a cefaleia é de quadro neurológico ou infecção em
algum outro órgão.
- Vômitos em jato, relacionado a hipertensão intracraniana - se forem sem náuseas, vômitos
líquidos e com cefaleia anterior. Pois se ele tem dor abdominal e náuseas, a princípio esse vômito é
de origem gástrica.
- Olhar as paralisias – e movimenta os braços, pernas, se houve perda súbita ou gradativa
de algum movimento, ou de força. Se arrasta a perna, se faz movimento diferente no membro
inferior, se está segurando o braço.
- Alterações de esfíncter: a família pode informar que ele não consegue controlar o ato de
defecar, urinar...
- Crises convulsivas, principalmente em pessoas acima de 5 anos, tem que investigar algo
neurológico. Crianças até 5 anos de idade podem apresentar crises convulsivas em pico febril e não
ter nada neurológico. É apenas pelo hipotálamo que não está maduro o suficiente pra controlar a
temperatura e não ter convulsão. Fora de pico febril, a princípio também tem que investigar algo
neurológico.
- Alterações de sensibilidade – parestesia, perda de sensibilidade em determinado
segmento, então temos que avaliar a inervação que está indo para aquela região.
- Vertigens
- Alterações cerebelares – região que manda as mensagens de coordenação, para que
andemos normal, tenhamos equilíbrio e fiquemos na posição ereta. Tremores, incoordenação,
alterações de marcha.
- Avaliar o estado de consciência e cognição do paciente e de resposta. Podemos utilizar a
escala de Glasgow.
- Avaliar os nervos cranianos
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- Força, tônus muscular. Se ele consegue fazer extensão e flexão do membro superior,
inferior.
- Sensibilidade – checar a sensibilidade térmica, dolorosa.
- Verificar reflexos.
Nível de consciência: conforme o pct vai apresentando maior gravidade... ao coletar a
história, se ele consegue informar os dados de identificação, endereço etc., posso dizer que é um pct
lúcido e orientado no tempo e espaço (LOTE). Mas ele pode apresentar alguma alteração no nível
de consciência; pode estra confuso, ter respostas inapropriadas, diminuição da atenção e memória.
Letargia: sonolência. Se parar de conversar com ele na maca, vc tem a sensação de que ele
está dormindo. Na hora que vc o chama, ele dá uma resposta mais rápida.
Delírio: confusão com percepção inadequada, diminuição da atenção, ansiedade, marcada
com hiperatividade – não para no leito.
Esturpor: despertável por curtos períodos a estímulos verbais, visuais, dolorosos ou
resposta motora quando estimulado.
Coma: pct que não tem resposta verbal ou a estímulos. No máximo, quando vc faz um
estímulo doloroso, ele tem a descerebração que é a contração muscular ao estímulo doloroso, pp à
extensão dos membros superiores.

Escala de coma de Glasgow

Para avaliação do pct com quadro neurológico, podemos utilizar a escala de coma de
Glasgow. Avalia abertura ocular, resposta motora e resposta verbal, com a graduação de cada
pontuação.
Faz uma situação de cada vez: primeiro faz a avaliação da abertura ocular; se o pct chegou
olhando pra vc, de olho aberto, mesmo que desorientado, está de olho aberto, é “abertura
espontânea”, 4 pontos. O pct que chega numa maca, ele está o tempo todo dormindo, vc começa a
conversar com o pct, chama ele pelo nome e se ele abrir os olhos e olhar pra vc, a abertura ocular é
ao “comando verbal”, são 3 pontos. Conversou e ele não se movimentou, vc faz um estímulo
doloroso, ele abriu os olhos, a abertura é em resposta à dor, são 2 pontos. Se nem conversando, nem
estimulo doloroso, a abertura é ausente, é 1 ponto. Vamos supor que ele teve 3 pontos aqui. Guarda
essa pontuação.
Resposta motora: pede para que ele faça algum movimento, e vê se ele obedece a
comandos, são 6 pontos. Se na hora que vc dá um beliscão, estimulando o movimento, ele coloca a
mão no local em resposta, são 5 pontos. Só mexe o membro estimulado, não tem a percepção de

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tirar o estímulo, uma flexão inespecífica, são 4 pontos. Se tem uma flexão hipertônica, contração,
são 3 pontos. A extensão são 2 pontos e se não tiver resposta 1 ponto. Supondo que ele teve uma
flexão inespecífica, 4 pontos. Guarda.
Faz a resposta verbal: se está orientado e conversando, desorientado, mas ainda com
resposta verbal, conversando. Se fala palavras inapropriadas, sons incompreensíveis ou se não tem
resposta. Digamos que está desorientado e conversando, são 3 pontos.
Soma cada tópico: 3+4+3 = 10
A ordem que ele recomenda é começar pela avaliação da abertura ocular, antes de qualquer
estímulo para evitar alterar as outras respostas. Quanto a ordem das outras duas, tanto faz.
A escala de Glasgow foi criada inicialmente para a Ortopedia, para avaliação de trauma
craniano, mas atualmente toda a clínica utiliza, até mesmo para a indicação de intubação. Se tiver
uma escala de 3-8 é um pct grave e talvez indicativo de fazer intubação para preservar vias aéreas
superiores para funcionamento do organismo. O normal é de 13-15, pontuação máxima da escala.

Avaliação da força muscular

Faz estímulos em membros superiores e inferiores, para verificar se o pct mantém a força
muscular adequada. Pontua de 0-5.
Um pct que está com a perna solta em cima da maca, vc estimula e a perna não mexe, não
sai do lugar. Vc pede para que ele estique a perna, dobre, e ele não tem movimentos.
Detecta-se ligeira contração – vc vê que ele faz força. Vc nota que a musculatura da perna
que ele está tentando movimentar fica mais enrijecida devido a contração, mas a perna não sai do
lugar.
O movimento é eliminado pela gravidade. O pct até tira a perna da cama, mas quando
começa a levantar, a perna volta e cai, não vencendo a gravidade.
Move-se contra a gravidade. Consegue levantar o membro.
Move-se contra uma pequena resistência. Vc pousa a mão em cima da perna do pct e pede
para que ele a movimente. Tenta segurar um pouco. Vai o bom senso de utilizar, não é para prender
a perna dele, porque é claro que ele não vai movimentar. Tenta fazer uma força um pouquinho
maior e vê se ele consegue movimentar.
Podemos fazer com membro superior ou inferior. Pedir para esticar, contrair, flexionar,
esticar o braço e vc verifica se ele tem força suficiente para fazer esses movimentos.
Verificar o tônus muscular, se a musculatura tem um tônus adequado. Fazer comparativos,
perna E e D. Hipotonias e hipertonias. A primeira é a flacidez, massa muscular está achatada,

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esparramada no leito; consistência muscular diminuída, passividade aumentada, isto é, vc tenta
estimular e o pct não faz nenhum movimento. Extensibilidade aumentada. Musculatura que, pp nas
mulheres, vê que está tudo flácido. É o excesso da oscilação. Hipertonia é o contrário. A
consistência muscular está aumentada. Parece que aquele grupo muscular está contraído o tempo
todo. A passividade está diminuída, grupo muscular com contração contínua. E a prova do balanço
da oscilação está diminuída porque a musculatura está enrijecida. A hipertonia pode acontecer de
forma maia aguda. A hipotonia geralmente é em consequência de não movimento de determinado
segmento muscular. Pct que perdeu movimento na perna direita, por exemplo, por alguma lesão
nervosa, com o tempo, a musculatura sem estímulo vai ficando cada vez mais flácida.

Síndromes neurológicas

Algumas síndromes neurológicas, não veremos todas, apenas as mais importantes.


Síndrome da hipertensão intracraniana
O aumento da pressão na cabeça do paciente levanta alguns sinais e sintomas mais comuns
e específicos devido ao aumento da pressão.
A cefaleia, numa fase inicial não é constante. É mais ocasional e melhora com uso de
medicação. É moderada, localizada. Aquela dor de cabeça que o pct fala se é frontal, occipital,
temporal. Conforme a doença vai se agravando, a cefaleia tende a se tornar mais intensa, constante
e global (holocraniana). Decorre da compressão ou tração das estruturas intracranianas no cérebro.
Massas ou processos inflamatórios.
Os vômitos, que ocorrem depois de transcorrido algum tempo de doença. Predomínio pela
manhã, independe da alimentação. São os vômitos em jato. E não apresentam período nauseoso
antecedente. Não tem mal-estar abdominal ou gástrico. O vômito é líquido e cai à distância do pct.
Vertigens, não muito frequentes. Geralmente surgem com a movimentação abrupta da
cabeça. Mais comuns nas neoplasias de fossa posterior.
Edema de papila. Pode não ocorrer nas fases iniciais da hipertensão intracraniana. Quando
aparece, já é um sinal de doença mais grave. Na fase inicial não tem prejuízo na acuidade visual,
conforme o edema vai se tornando constante, comprime o nervo óptico e pode levar a diminuição
da acuidade visual e até a perda da visão. Podem ocorrer outras manifestações reconhecíveis a
fundoscopia, realizada pelo oftalmologista.
Convulsões. Ocorrem geralmente em crianças e quando a hipertensão intracraniana evolui
de forma mais rápida. Pode ser generalizada ou focal (movimentos de convulsão local). Se for focal,
tem movimentos do membro superior por exemplo e o pct está consciente. Na generalizada,

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geralmente vem associada a perda de consciência e o pct não lembra o que aconteceu durante a
crise convulsiva.
Paralisia dos nervos cranianos. Na maioria dos casos, o VI par é o afetado. Pode ser uni
ou bilateral e as manifestações estão relacionadas a alteração de visão do pct (estrabismo, diplopia).
Irritabilidade. Pct às vezes agressivo, não obedece a comandos. Pode acontecer em
crianças. Em quadro neurológico, esperamos que a criança tenha irritabilidade ou muita sonolência
(quando antes era mais inquieto).
Desinteresse, raciocínio lento, mais para investigar doença crônica. Indiferença, confusão,
alteração de consciência, desatenção, falta de iniciativa. Podem ser alguns sintomas indicativos de
lesão na cabeça, causando hipertensão.
Causas: tumores. Em quadros agudos, pp meningites. Hemorragias (AVC hemorrágico),
traumatismo; pós-acidente – levou uma pancada na cabeça e evolui com cefaleia e vômitos em jato
tem que fazer uma avaliação melhor, ver se está alterando o nível de consciência. Às vezes a
pequena pancada, que achamos que não tinha nada, causa um pequeno sangramento ou edema e o
pct evolui 4 ou 6h depois com cefaleia intensa, começa a ter vômitos e as vezes alteração do nível
de consciência. Acidentes automobilísticos, quedas, traumas cranianos. Intoxicação, hipertensão
maligna, neurocisticercose.

Síndrome piramidal
Também conhecida como primeiro neurônio, é uma interrupção anatomicofuncional da via
corticoespinhal. Então não passa estimulo nervoso e o pct tem a diminuição de alguns movimentos
ou de alguns reflexos.
Sintomas deficitários ou negativos: perda ou diminuição da motricidade, diminuição dos
reflexos cutâneos e abdominais, com o tempo dessa diminuição de movimentos e reflexos,
observamos atrofia muscular, que começa a aparecer diminuição da massa muscular onde está a
inervação.
Pode ter outros sintomas, chamados de positivos, dependendo do local da lesão: sincinesia,
movimentos anormais no membro afetado, quando o pct executa determinado movimento, sinal de
Babinski (extensão do hálux ao estímulo cutaneoplantar. Vc faz um estímulo passando uma caneta
no pé, por exemplo, e o pct reage fazendo extensão do dedão do pé). Exagero do reflexo
automatismo de defesa – quando o pct tem uma paraplegia por secção completa da medula, embora
ele não possa efetuar voluntariamente qualquer movimento, queixa-se que suas pernas agitam-se,
encolhem ou esticam, independente da sua vontade – pct que tem alguma lesão nervosa, mas ele
tem a sensação de movimento, apesar de não ter movimento, na região que perdeu a inervação.

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Hiperreflexia, policinesia, mais de uma resposta a um único estímulo (mais de um movimento).
Sinreflexia vc estimula um lado e a resposta acontece também do lado oposto. Pode aparecer ainda
uma espasticidade, contração muscular mais constante.
Causas: AVE (acidente vascular encefálico), AVC (hemorrágico e isquêmico), tumores,
processos degenerativos, traumatismos.

Síndromes do segundo neurônio


Ocorre no corpo celular ou axônio. Os impulsos motores partem do centro, mas não
chegam a periferia, consequentemente, tem-se estímulos abolidos naquela região.
Paralisia, assimetria no grupo muscular inervado, sem movimento. Com o tempo da
paralisia, a musculatura começa a ficar flácida, tem hipotonia, arreflexia (faz o estímulo e não tem
reflexo), afasciculação (lesão muscular, vc toca e parece uma musculatura gelatinosa, começa a ter
destruição das fibras musculares e com o tempo dessa diminuição de movimentos, vai ter uma
atrofia, diminuição da massa muscular no local da paralisia).
Causas: poliomielite, polineuropatias, processos inflamatórios mais curtos.

Síndrome hemiplégica
O pct perde o movimento em uma parte do corpo. Digamos que o pct teve uma lesão na
coluna, ferimento por arma de fogo ou queda, e teve um corte na medula, na altura da região
lombar, p.ex. Ele vai perder o movimento nas duas pernas. Digamos que teve uma lesão na região
cervical, consequentemente pra baixo não terá movimento. Dependendo da lesão, pode ter perda do
lado direito, dependo do local que ocorreu a lesão. Perda da motricidade de uma metade do corpo,
são os mesmos sintomas do primeiro neurônio. Perda ou diminuição da motricidade, dos reflexos ou
abolição deles. Consequentemente, se não há estimulo nervoso vai haver atrofia muscular. Está
muito relacionada ao AVE (isquêmico, principalmente) e traumatismos (quedas, automobilísticos).

Síndrome cerebelar
Responsável por manter nossos movimentos coordenados. Quando há algum processo
inflamatório, lesão ou tumor, começa a ter alteração da coordenação e não consegue fazer os
movimentos normais. Conhecida como ataxia ou marcha instável, combinada com falta de
coordenação. Depende do local acometido no cerebelo, se for no vértice afeta principalmente o
tronco e se for uma lesão mais hemisférica afeta os membros do mesmo lado.
Sintomas: dismetria, distúrbio da medida do movimento. Há varias maneiras de fazer essa
avaliação, uma delas é a prova dedo-nariz e calcanhar-joelho em que vc pede para que o pct abra os
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braços e coloque o dedo indicador na ponta do nariz. É algo simples mas que se tiver alguma
alteração ele vai ter dificuldade de acertar o local e vai colocar o dedo mais em região frontal, no
queixo, enfim, não consegue fazer o movimento. A do calcanhar-joelho vc pede para que ele dobre
a perna e tente colocar o calcanhar em cima do joelho. A disartria, alteração na fala, mais lenta,
monótona e explosiva. Disgrafia, letras maiores e irregulares. Disbasia, movimento de zigue-zague
ao andar, como se estivesse alcoolizado. Ele não consegue andar em uma linha reta. Se você pede
para que ele fique em pé olhando para o horizonte, ele tem a sensação de que vai cair. Hipotonia,
diminuição da consistência muscular, dependendo do local da inervação do grupo muscular
acometido.
Principalmente relacionada aos tumores, abscessos e distúrbios vasculares, como infarto e
hemorragias (AVC isquêmico e hemorrágico), intoxicações exógenas (como álcool) e
traumatismos.

Síndrome meníngea
Fala a favor de infecções do SN. Processos irritativos das meninges e raízes nervosas por
elas envolvidos. Processo inflamatório das meninges, camada que recobre o cérebro.
Pode ser de origem infecciosa, são as meningites. A evolução é rápida. E pode ser de
causas hemorrágicas, o AVC meningeosubaracnoideo é súbito e inesperado. É um pct que não
estava sentindo nada, e de repente perde os movimentos de braços, pernas, tem um desvio de lábios,
boca torta de uma hora para outra, a hemorragia é súbita. Pode ser um aneurisma que rompeu, pode
acontecer em qualquer faixa etária, um pct mais idosos (geralmente relacionado a hipertensão.
Estava no trabalho, algo deu errado, faz um pico hipertensivo, perde o movimento, perde a
consciência, tem desvio de comissura).
A síndrome meníngea tem 3 síndromes associadas: a síndrome de hipertensão
intracraniana (cefaleia, vômitos em jato, convulsões e vertinges, que são sintomas sugestivos dessa
síndrome), a síndrome radicular que tem relação com a parte de movimentos e a síndrome
infecciosa (caracterizada pelo quadro febril, mal-estar, astenia).
A síndrome radicular se caracteriza por hiperestesia, fotofobia, raquialgia (dor na lombar
que irradia para dorso da coxa), postura antálgica (pct em decúbito lateral, com os membros
semifletidos), rigidez de nuca (relaxar bem a cabeça do pct e faz movimento anterior, tentando
encostar o queixo no tórax), provas de Kernig, Brudzinski, Lasegue (com o pct deitado, vc faz
movimento de flexão das pernas para ver se ele sente uma dor reflexa, pp na região dorsal.
Brudzinski: pct deitado, faz a flexão da cabeça, tem a contração da perna. E o
levantamento involuntário da perna indica irritação meníngea quando se levanta a cabeça.

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Kernig: flexão da perna sobre a coxa e da coxa sobre a bacia. Ao se elevar o tronco, em
decúbito dorsal, ele tem uma contração e levanta a região dorsal do leito e contração abdominal.
Síndrome infecciosa: é o pct com febre e todos aqueles sinais e sintomas que acompanham
a síndrome febril, como prostração, astenia, anorexia, taquicardia, às vezes sudorese.
AVC – é muito comum ver pcts obesos, fumantes, hipertensos e o risco de AVC, tanto
isquêmico como hemorrágico, sintomas e sinais da perda da função cerebral, focal, por vezes
global, instalando-se rapidamente. Duração em torno de 24h pode levar à morte, sem outra causa
aparente que não a vascular. No momento que o pct apresenta, dificilmente conseguimos diferenciar
se é um AVC isquêmico ou hemorrágico, mas na tomografia é possível verificar. O isquêmico é
uma oclusão, comum em pct hipertenso, ou com alteração de colesterol, triglicerídeos, forma
trombos que se desprendem e chegam em uma artéria menor do cérebro, impedindo a sequencia de
oxigenação e passagem do sangue, obstrui e na área em que o sangue não chega, começa a ter
isquemia e morte celular. O pct começa a apresentar alguns sintomas neurológicos, dependendo da
localização dessa oclusão. O hemorrágico é a ruptura, e pode estar associado a crise hipertensiva
também, em que rompe o vaso sanguíneo no cérebro, e começa a ter as lesões também dependendo
da localização da ruptura.
Ao se avaliar um pct com AVC isquêmico, nas primeiras 6-12horas, não se vê lesão
nenhuma. Não é de imediato que se vê a área de isquemia. Se suspeitarmos de AVC isquêmico, em
que o pct estava bem, mas de repente teve uma perda de movimento, desvio de comissura, perdeu
movimento do braço ou perna, aí fez uma tomografia e o pct permanece com aquela perda, aguarda
6-12h para repetir a tomografia, que vai ficando sem oxigenação, cria uma área de necrose e é
possível ver na tomografia. O sangue é possível ver na hora (em caso de AVC hemorrágico).
AVC isquêmico geralmente está associado a algum trombo, colesterol e TGL alterado, pct
diabético, sem atividade física, pós-cirúrgico (mais longas e estéticas, por conta da circulação
inadequada).
AVC isquêmico: déficit neurológico persistente, duração dos sintomas mais de 24h ou
provocando a morte. Pct que tem desvio de comissura labial e perda do movimento do braço e
aquilo persiste porque morreu a célula naquele local. Evidência de infarto isquêmico em TC ou
RNM.
AVC hemorrágico: cefaleia súbita e o pct geralmente tem alteração do estado de
consciência no momento do AVC.
Consequência do processo: o tecido não recebe nutrientes, com redução do fluxo
sanguíneo. Aterosclerose principalmente.

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Mostra imagens de tomografia. Pode passar despercebido caso o AVC seja isquêmico e
tenha poucas horas de lesão, por isso, aconselha repetir a tomo 12h depois.
O AVC hemorrágico é o extravasamento do sangue para fora dos vasos, ele pode derramar
para o interior do cérebro, para o espaço entre a membrana aracnoide. Tem alta taxa de mortalidade.
A prevenção é o pilar da conduta. Mais associado aos pcts hipertensos e a idade. Nesse já
conseguimos ver nas primeiras horas.
Tomografia sem contraste, em pct de 57 anos, hipotenso, com hemorragia.
Causas: principalmente hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo, hiperlipidemia.
Sexo, raça etnia e hereditariedade não é possível modificar.

Como comentamos nas outras síndromes, a história clínica e o exame físico é fundamental
ao iniciar a investigação.
O hemograma e a bioquímica auxiliam. O leucograma indica processo infeccioso,
bacteriano, viral – analisar linfócitos e leucócitos. A bioquímica, se o pct tiver vômitos, febre e
sudorese, pode ajudar ao dosar a bioquímica.
O LCR se eu suspeitar de processo inflamatório/infeccioso. E os exames de imagens, como
tomografia e ressonância.
O eletroencefalograma muito utilizado em crianças e adolescentes que estão com
problemas na escola, muito quieta, suspeita de má-formação no SN.
Eletroneuromiografia se faz para avaliar a resposta nervosa de alguns segmentos, pp
membros inferiores. Se tiver parestesia, coloca os eletrodos e mede-se a passagem de estímulos para
aquela região e verificar qual que não tem estímulo nervoso chegando.

Mostra imagens do líquor normal (transparente, água de rocha) e com alterações (fica mais
escuro, meio amarelado, escurecido, turvo) – verificar se é bactérias, fungos, vírus.
Se vc suspeitar AVC hemorrágico, o ideal é não fazer punção lombar e fazer uma
tomografia primeiro, até pela pressão intracraniana, que se estiver muito alterada há risco na punção
lombar.
Na análise do líquor analisamos todos os parâmetros.

Síndrome da compressão medular


Síndrome extrapiramidal

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Mencionou nas síndromes, mas não comentou sobre.

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