Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Atos de comércio
“Artº 2º
Serão considerados actos de comércio todos aqueles que
se acharem especialmente regulados neste Código e,
além deles, todos os contratos e obrigações dos
comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente
civil, se o contrário do próprio acto não resultar.”
Em síntese:
São atos de comércio
A) os factos jurídicos voluntários especialmente regulados em lei comercial
B) os atos jurídicos realizados praticados por comerciantes, que respeitem as
condições do artº 2º do Ccom.
Exemplos:
Fiança – artº 101º
Empresas – artº 230º
Mandato – artº 231º ss
Conta-corrente – artº 34ºº ss
Operações de banco – 362º ss
Transporte – artº 366º
Empréstimo – artº 394º
Penhor – artº 397º
Depósito – artº 403º
Exemplos:
Compra e venda – artº 463º
Reporte – artº 477º
Escambo ou troca – artº 480º
Aluguer – artº 481º e n482º
Etc
Todos esses contratos são atos de comércio, como refere o artº 2º, 1ª
parte, “ por se acharem especialmente regulados neste Código”
Daí que mesmo os atos comerciais para os quais o Ccom não estabelece
disciplina especifica ficam sujeitos às regras (especiais) comuns aos atos de
comércio em geral.
A questão não está resolvida pelo artº 3º, na medida em que este já
pressupõe a qualificação como comercial, para admitir o recurso à
analogia
Artigo 3.º
Se as questões sobre direitos e obrigações comerciais não puderem ser
resolvidas, nem pelo texto da lei comercial, nem pelo seu espírito, nem pelos
casos análogos nela prevenidos, serão decididas pelo direito civil.
A letra do artº 2º não é concludente, não refere que são apenas os atos
especialmente regulados no CCom.
O argumento da certeza jurídica tem hoje menos valor, uma vez que a
jurisdição comercial já foi extinta
Artº 230º, nº 6 – empresas de construção de outros imóveis (que não casas), por
ex. de barragens, estradas, etc, são comerciais apesar de o nº 6 apenas se
referir a casas.
Agrupamentos complementares de empresas (ACE) (Lei 4/73, de 4/6 e DL
430/73, de 25/8), se tiverem objeto comercial, consideramos o contrato
constituinte como ato de comércio, por analogia com o AEIE (DL 148/90, de
9/5).
Locação financeira – globalmente considerado é um ato de comércio objetivo,
aplicando-se por analogia o artº 481º à locação de imóveis no leasing.
Artigo 230.º Haver-se-ão por comerciais as empresas, singulares ou colectivas, que se propuserem:
1.º Transformar, por meio de fábricas ou manufacturas, matérias-primas, empregando para isso, ou só
operários, ou operários e máquinas;
2.º Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer a particulares, quer ao Estado, mediante preço
convencionado;
3.º Agenciar negócios ou leilões por conta de outrém em escritório aberto ao público, e mediante salário
estipulado;
4.º Explorar quaisquer espectáculos públicos;
5.º Editar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas;
6.º Edificar ou construir casas para outrém com materiais subministrados pelo empresário;
7.º Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas, animais, alfaias ou
mercadorias de outrém.
§ 1.º Não se haverá como compreendido no n.º 1.º o proprietário ou o explorador rural que apenas
fabrica ou manufactura os produtos do terreno que agriculta acessoriamente à sua exploração agrícola,
nem o artista, industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico que exerce directamente a sua arte, indústria
ou ofício, embora empregue para isso, ou só operários, ou operários e máquinas.
§ 2.º Não se haverá como compreendido no n.º 2.º o proprietário ou explorador rural que fizer
fornecimentos de produtos da respectiva propriedade.
§ 3.º Não se haverá como compreendido no n.º 5.º o próprio autor que editar, publicar ou vender as
suas- obras.
ISCAL Antónia Pereira 18/03/2022
22 Artº 230º - qual o alcance?
Para outra parte da doutrina, as empresas do artº 230º são apenas séries
ou complexos de atos comerciais objetivos. Enquanto outros atos
regulados no Ccom são considerados isoladamente (são comerciais
mesmo que praticados isoladamente),
Os previstos no artº 230º são comerciais porque praticados em série,
em “repetição orgânica”.
Não faria mais sentido o artº 230º indicar que são comerciantes as pessoas
singulares e as coletivas ? Mas não o refere…
Ora, o artº 13º estabelece quem é comerciante, por isso, não faz sentido
ser isso que se pretende com o artº 230º