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1. DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Inicialmente, pede que sejam deferidos os benefícios da Justiça Gratuita, com fulcro na
Lei nº 1.060/50, vez que o Autor não possui condições de arcar com as custas processuais e
honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, razão pela qual é
assistida pela Defensoria Pública do Estado da Bahia.
2. DOS FATOS
Rua Arquimedes Gonçalves, 331, Jardim Baiano, Salvador/BA. 1
CEP: 40110-050
O Autor era proprietário de um veículo Volkswagen/Kombi, de placa policial (placa do
carro). Ocorre que, no dia 25 de junho de 2010, às 08h50min, estava retornando do município de
Mata de São João, onde havia ido passar o São João juntamente com os seus parentes, quando
teve seu veículo abordado por agentes da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de
Energia, Transporte e Comunicações da Bahia – AGERBA, por supostamente estar infringindo o
art. 40, caput, da Lei Estadual nº 11.378/2009, qual seja, prestar serviço de transporte rodoviário
intermunicipal de passageiros no Estado da Bahia em linhas não abrangidas pelo objeto da
concessão ou permissão.
A verdade dos fatos é que o Autor estava retornando de Mata de São João com um grupo
de pessoas e foi confundido pelos agentes da AGERBA como motorista que estava realizando
transporte irregular de passageiros por conta do tipo de veículo do Autor, uma Kombi, que tem
capacidade para transportar até 10 (dez) passageiros.
Vale ressaltar que o Autor não cobrou qualquer quantia para que fosse realizado o
transporte, tendo em vista que todos eram seus familiares, e dar carona para amigos ou familiares
consiste em uma prática normal na vida social das pessoas. Ademais, tal fato será comprovado
através de prova testemunhal em audiência a ser designada pelo MM Juízo.
Visando resolver administrativamente a questão, sem mover a máquina judiciária para tal,
o Autor apresentou defesa na Comissão de Julgamento de Auto de Infração da AGERBA, nos
autos do processo administrativo nº (número do processo), pedindo o arquivamento do auto de
infração (número), lavrado com base no art. 40 da Lei Estadual nº 11.378/09. A defesa foi
indeferida no dia 03 de janeiro de 2011, permanecendo o auto de infração intocável bem como a
multa que havia sido aplicada.
Convém ainda pontuar que a documentação do veículo estava em perfeita ordem, não
tendo sido constatada qualquer infração que pudesse justificar a aplicação de multa ou qualquer
outro tipo de sanção.
Como não cometeu a infração aplicada pela AGERBA, o Autor não deve efetuar o
pagamento, pois não há que pagar por uma infração que não cometeu.
3. DO DIREITO
3.1. DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA DA MULTA
No dia em que foi autuado, 25 de junho de 2010, o Autor estava retornando de Mata de
São João, onde havia ido comemorar os festejos juninos com seus familiares e foi confundido
pelos agentes da AGERBA como um motorista que estava realizando transporte irregular de
passageiros.
Ora excelência, não restam dúvidas que o Autor estava retornando com a sua família de
um evento tradicional na Bahia, onde várias pessoas viajam, juntas para o interior para
comemorar, qual seja, o São João e, como tinha um veículo grande, foi o responsável por dar
carona para os seus parentes. Logo, não estava efetuando transporte clandestino de passageiros.
Assim, pela dinâmica apresentada, observa-se a ocorrência de nada mais do que mera
carona, oferecida pelo Autor aos seus parentes restando descaracterizada a infração ao art. 40,
caput, da Lei Estadual nº 11.378/2009, qual seja, prestar serviço de transporte rodoviário
intermunicipal de passageiros no Estado da Bahia em linhas não abrangidas pelo objeto da
concessão ou permissão. O que está configurado no caso em análise é a hipótese de Transporte
Solidário.
De tal sorte, inexistentes nos autos provas irrefutáveis de haver o Autor incorrido na
prática de prestar serviço de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros no Estado da
Bahia em linhas não abrangidas pelo objeto da concessão pó permissão, imperativa a anulação do
auto de infração (número), lavrado em 25 de junho de 2010.
Flagrantemente arbitrária a norma contida no art. 40, II, b, da Lei 11.378/09 e art. 84 do
Decreto 11.832/09 por ofensa à competência privativa da União prevista no art. 22, XI, da CF/88
Para tanto, essencial a leitura dos dispositivos legais e sua confrontação com a norma
constitucional, verbis:
Ademais, a norma contida no dispositivo de lei estadual agrava a situação do Autor e das
demais pessoas que se enquadram na mesma situação, ante a visível diferença entre os atos de
apreensão e retenção, pois o primeiro é por tempo infinitamente acima dos limites da
razoabilidade, e a retenção é exclusivamente no momento da lavratura do auto de infração.
Com efeito, a apreensão do veículo é indevida, ante a inconstitucionalidade do art. 40, II,
b, da Lei 11.378/09 e art. 84 do Decreto 11.832/09.
Não bastasse, ainda que o citado preceptivo legal fosse considerado constitucional, este
tem como destinatários os permissionários de transporte público de passageiros, que não se aplica
ao Autor, pois restará evidente na instrução processual que o veículo em questão é de passeio.
Assim, se infração houve, não foi à luz da legislação local, mas sim do Código de
Trânsito Brasileiro (art. 231, VIII), que prevê que o transporte irregular de passageiros sujeita o
seu infrator à multa e à pena administrativa de retenção do veículo, o que impede que seja este
apreendido.
Não há dúvida de que os fatos descritos no processo geram direito a indenização, uma vez
que a falha por parte do órgão autuador submeteu o Autor a constrangimento, desconforto, e
transtornos que, à toda evidência, não se resumem a mero dissabor, aborrecimento ou irritação
cotidianos.
Não bastassem, tais danos experimentados pelo Autor poderiam ter sido evitados se o Réu
tivesse agido com mais diligência em sua atividade, buscando meios aptos a evitar cobranças
equivocadas, e, sobretudo, providenciando com rapidez e eficiência a correção da cobrança
indevida.
Assim, como medida de justiça, faz-se necessário a indenização do Autor por danos
morais no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), tendo em vista o constrangimento sofrido
pelo Autor em ter o seu nome classificado como infrator, além de se ver impedido de transitar
com o seu veículo, quando proprietário, violando o seu direito de usufruir do seu patrimônio,
tudo isso causado pela falta de cautela do Poder Público.
Como é cediço, o artigo 273 do Código de Processo Civil, com nova redação determinada
pela Lei nº. 8.952/94, autoriza seja concedida liminarmente e inaudita altera pars medida
antecipatória dos efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, verossímil a alegação e
baseada em provas fundadas, haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação
(tutela antecipada da urgência).
Não se pode olvidar que a hipótese fática trazida aos autos pelo Autor evidencia a
URGÊNCIA na concessão da medida antecipatória dos efeitos da tutela pretendida, tendo em
vista que, conforme já anteriormente destacado, poderá acarretar danos irreversíveis.
Dá-se a causa o valor de R$ 42.802,80 (quarenta e dois mil, oitocentos e dois reais e
oitenta centavos).