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AVALIAÇÃO DO 4° BIMESTRE

DISCIPLINA: Contratos TURMA: 6EMA


ALUNA: Branca Leardini Silva (RGM 12543691); e
ALUNA: Nathália Vitória dos Santos Ferreira (RGM 12791342)

Questão 1:
Quanto à locação da casa, subdividem-se em duas relações contratuais. Da
primeira relação contratual, temos como partes, Elisa como locatária e, do outro
lado, a imobiliária Casa Mar, relação esta cujo objeto é o bem imóvel;
caracterizando, portanto, um contrato de locação. Adicionalmente, existe outra
relação contratual, entre a Sra. Leila, proprietária do imóvel, e a imobiliária Casa
Mar, a qual assume a responsabilidade obrigacional de cuidar do imóvel (objeto da
relação contratual), tendo contraprestações com a proprietária, gerando, assim, um
contrato de administração de imóveis.
Ademais, existe uma terceira relação contratual distinta, entre a empresa
Rapidinho Transportes com Elisa, cujo objeto consiste na prestação de serviço
contratado em que a transportadora deve levar Elisa até o aeroporto para pegar seu
voo, ensejando, assim, em uma relação de consumo. Segundo o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, não existe relação de consumo entre locatário e
locador considerando que o contrato de locação possui lei específica (Lei n.
8.245/91).

A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que ‘não se aplica o


Código de Defesa do Consumidor ao contrato de locação regido pela Lei
8.245/1991, porquanto, além de fazerem parte de microssistemas distintos
do âmbito normativo do direito privado, as relações jurídicas não possuem
os traços característicos da relação de consumo, previstos nos arts. 2º e 3º
da Lei n. 8.078/1990’. (AgInt no AREsp 1147805/RS).

No entanto, no caso de locação de imóveis por intermédio da imobiliária, só


haverá relação de consumo entre o proprietário do imóvel com a imobiliária e, do
mesmo modo, entre o locatário e a imobiliária, como é o caso do cenário
supracitado.
Nos três contratos são configuradas relações de consumo, tanto entre o
locatário e a imobiliária, como com o locador, com a presença de um objeto, a casa.
E, também, existe a mesma relação entre Elisa, e empresa de transporte, tendo
como objeto a prestação de serviço de deslocamento.

Questão 2:
Conforme o artigo 475 do Código Civil, caso a parte seja lesada por
inadimplemento contratual, poderá suscitar indenização por perdas e danos.
Entretanto, não é qualquer descumprimento passível de indenização, é necessário
que haja um relevante descumprimento para caracterizar em indenização ou, até
mesmo, extinção do contrato.
Elisa alegou, nas ações judiciais demandadas, que “o imóvel não tinha todas
as características prometidas”, principalmente a TV com cores que não funcionava e
a casa de cachorro – apesar do artigo 22 da Lei de Locações determinar a
responsabilidade em face do locador. A primeira reclamação, respectivamente, foi
posterior a locação do imóvel, a qual imobiliária só teve conhecimento do problema
no aparelho de for+ma tardia e, como determina o artigo 23, IV, da mesma lei,
quando houver algum dano cuja reparação seja de responsabilidade do locador,
deverá ser levado ao conhecimento do locador de forma imediata. Portanto, levando
em consideração esse fundamento, não seria cabível responsabilização por danos
nesse quesito.
Entretanto, em relação a casa do cachorro, a imobiliária se defendeu dizendo
que Elisa havia informado que não levaria animais e sequer tinha provas de possuir
um cachorro, porém o ordenamento jurídico que versa sobre o contrato de locação
afirma que a locatária não possui obrigação de avisar que levaria um cachorro ou
qualquer outro animal doméstico. Desse modo, como havia sido apresentado nas
fotos do imóvel que possuía o objeto vinculado, seria obrigação da empresa Casa
Mar tê-la no momento da locação, senão informar a ausência antecipadamente.
Portanto, encontra-se presente um vício redibitório (contratual), isto é, um defeito
oculto no contrato, adquirido e pago pela outra parte, sem conhecimento dela no
momento de concretização da relação contratual, conforme artigo 441 do Código
Civil, além de ser disciplinado no artigo 22 da Lei do Inquilinato que o locador é
obrigado a responder pelos vícios anteriores à locação.
Dessa maneira, nesse caso é cabível a responsabilização por danos à Elisa.
E assim, a ação deve ser movida por Elisa em face da imobiliária, que tinha como
obrigação prestar serviços de cuidado à residência.

Questão 3:
Sim, considerando que a transportadora Rapidinho Transportes foi contratada
para levar Elisa até o aeroporto e não prestou o serviço, resta claro que houve
descumprimento contratual. Neste cenário, entende-se que a argumentação quanto
a não prestação do serviço por caso fortuito deve ser afastada, pois, segundo
entendimento firmado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná com base no
parágrafo único do artigo 393 do Código Civil 1, a empresa contratada deveria ter em
mãos outros meios de cumprir com o que fora acordado (outro veículo, etc.) ou, ao
menos, não se colocar a disposição da contratante para realizar o serviço quando é
de sua obrigação garantir o bom estado do veículo que será utilizado para a
prestação do referido serviço.
Portanto, deverá a contratante realizar tentativa para reagendamento do voo
e, caso não seja possível, o descumprimento contratual por parte da contratada
deverá ensejar em indenização por danos em face à contratante.

Questão 4:
Não. A reparação por danos morais somente é cabível em hipóteses em que
a esfera personalíssima da pessoa é lesionada. Segundo ensinamentos de José
Aguiar Dias:

(...) na penosa sensação da ofensa, na humilhação perante terceiros, na dor


sofrida, enfim, nos efeitos puramente psíquicos e sensoriais experimentados
pela vítima do dano, em consequência deste, seja provocada pela
recordação do defeito ou da lesão, quando não tenha deixado resíduo mais
concreto, seja pela atitude de repugnância ou da reação a ridículo tomada
pelas pessoas que o defrontam. (DIAS, José Aguiar. Da responsabilidade
Civil. 10. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. P. 783).

Porém, no caso em tela, a indenização por danos morais é cabível quando


observada a violação contratual com a imobiliária Casa Mar quando consideramos o

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CC, art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não
era possível evitar ou impedir.
propósito com o qual a casa em Matinhos foi alugada, o de ter um final de semana
relaxante. Nesse sentido, a quebra de expectativa experenciada por Elisa pelos
vícios presentes no imóvel alugado possibilita o pedido de reparação por danos
morais.

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