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CONTRATO DE COMODATO
29. Noção
O contrato de comodato (art. 1129º CC) é, de sua natureza, real, quod constitutionem – no
sentido de que só se completa pela entrega da coisa. A lei diz intencionalmente que o
comodato é o contrato pelo qual uma das partes entrega… certa coisa, e não pelo qual se
obriga e entregar.
Isto não quer dizer que não se possa, nos termos gerais do art. 410º CC realizar um
contrato – promessa de comodato.
O comodato é um contrato gratuito, onde não há, por conseguinte, a cargo do comodatário,
prestações que constituam o equivalente ou o correspectivo da atribuição efectuada pelo
comodante. Nenhuma das obrigações discriminadas no art. 1135º CC está realmente ligada a
esta atribuição pelo nexo próprio do sinalagma ou mesmo dos contratos onerosos.
Apesar de gratuito o comodato não deixa de ser em regra um contrato bilateral imperfeito: o
contrato envolve obrigações, não só para o comodatário, mas também para o comodante.
A gratuitidade do comodato não nega a possibilidade de o comodante impor ao
comodatário certos encargos (cláusulas modais). O comodato é ainda um contrato feito no
interesse do comodatário.
O objecto do comodato há-de ser certa coisa, móvel ou imóvel, e portanto, uma coisa não
fungível, dada a obrigação imposta ao comodatário de restituir eadem rem. Sendo a coisa
fungível, isto é, apenas determinada pelo género, qualidade e quantidade (art. 207º CC), o
contrato será de mútuo.
A entrega da coisa ao comodatário tem por fim o uso desta. Trata-se pois, da simples
atribuição do uso da coisa, para todos os fins lícitos ou alguns deles, dentro da função normal
das coisas da mesma natureza (art. 1131º CC) e não, em princípios, da atribuição do direito
de fruição (art. 1132º CC).
http://octalberto.no.sapo.pt/contrato_de_comodato.htm 2/2