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Universidade Vale do Rio Doce

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Curso de Medicina
Bioquímica

AMINOÁCIDOS,
PEPTÍDEOS E PROTEÍNAS

Prof. MSc. Eloisa H. Medeiros Cunha


eloisa.cunha@univale.br
2

1. Aminoácidos;
2. Peptídeos e proteínas;

CONTEÚDO 3. Estrutura de proteínas;


4. Aminoácidos e o ciclo da
uréia.
 Proteínas: macromoléculas
biológicas mais abundantes →
ocorrem em todas as células;

 Milhares de funções biológicas:


INTRODUÇÃO instrumentos moleculares →
expressão informação genética;

 Aminoácidos: subunidades
monoméricas → 20 aminoácidos.
4
 Aminoácios → diversidade de
produtos
 Enzimas;
 Hormônios;
 Anticorpos;
INTRODUÇÃO  Fibras musculares;
 Penas, teia de aranha, chifre do
rinoceronte;dentre outras.
 Funções biológicas:

Constituição de proteínas;
Estrutura da célula;
Funções Hormônios;
biológicas dos Receptores de hormônios e
aminoácidos proteínas;
Transporte de metabólitos e
íons;
Atividade enzimática;
Imunidade.
Proteínas:
Polímeros de aminoácidos: cada
resíduo de aminoácido → unido ao
seu vizinho por um tipo específico
de ligação covalente;
Aminoácidos:
Arquitetura Obs: termo “resíduo”: perda dos elementos da
água quando um aminoácido é unido a um
protéica outro

Degradadas (hidrólise): variedade


de métodos;

Nomenclatura.
20 aminoácidos comuns: α-
aminoácidos
 Grupos:
 Grupo carboxila e grupo
amino: ligados ao mesmo
Aminoácidos: átomo de carbono (carbono α);
características
Diferença entre eles:
estruturas
 Cadeias laterais ou grupos R:
comuns
 Variação: estrutura, tamanho
e carga elétrica →
influenciam a solubilidade
dos aminoácidos em água.
Estrutura geral de um aminoácido

Aminoácidos:
características
estruturas
comuns
Grupo R (cadeia
lateral: diferente em
cada aminoácido.
 Nomenclatura:
 Abreviações de três letras e
símbolos de uma letra;

Aminoácidos:  Código de 3 letras: 3 primeiras


características letras do nome do aminoácido;
estruturas
comuns  Margaret Oakley Dayhoff:
código de 1 letra → tentativa
de reduzir o tamanho dos
arquivos de dados.
Nomenclatura Aminoácios
Aminoácidos: Carbono α está
ligado a 4 grupos diferentes
Aminoácidos:  Grupo carboxila;
Grupo amino;
características
Grupo R;
estruturas Átomo de Hidrogênio.
comuns
Exceção - Glicina: grupo R =
outro átomo de hidrogênio.
grupo carboxila

grupo amino hidrogênio

grupo R

Exceção Estrutura comum


Carbono α: centro quiral;
Arranjo tetraédrico dos
orbitais de ligação em volta
do átomo de carbono α:
Aminoácidos: 4 grupos diferentes:
características podem ocupar dois
estruturas arranjos espaciais únicos;
comuns Os aminoácidos têm dois
estereoisômeros possíveis → imagens
especulares não sobreponíveis uma da
outra

moléculas com as mesmas ligações


químicas, mas com ≠ configurações
Carbono com 4 ligantes diferentes - assimétrico 15

Substância existe sob duas formas

Imagem especular da molécula original


Molécula quiral: a
molécula girada não
pode ser sobreposta á
sua imagem especular

Molécula original
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Cα com 4 ligantes diferentes

Cα assimétrico

Estereoisometria: Formas D e L

Como saber se o aminoácido é D ou L ?


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Alinhar os C e verificar para que lado está o grupo amino:


1. L-aminoácidos: grupo α amino na esquerda;
2. D-aminoácidos: grupo α amino na direita.

Exceção: Glicina não tem


isomeria óptica
 Outra convenção utilizada
para identificar os C em um
aminoácido:
 C carboxílico: seria o C-1
Aminoácidos: e o carbono α seria o C-2;
características
Utilização de letras gregas
estruturas e números.
comuns
 Aminoácidos: 5 classes principais
→ propriedades dos seus grupos
R:
 Polaridade ou tendência de
interagir com a água em pH
Aminoácidos: biológico (próximo de pH 7,0);
classificação
pelo grupo R  Polaridade dos grupos R varia:
 Não-polares e hidrofóbicos
(insolúveis em água);
 Altamente polares e hidrofílicos
(solúveis em água).
Grupos R alifáticos, não-polares:

 Aminoácidos apolares e
hidrofóbicos;
 Ala, Val, Leu, Isol: Interações
hidrofóbicas;
 Gly: menor aminoácido;
 Met: possui átomo de
enxofre;
 Pro: cadeia lateral alifática,
cíclica; menor flexibilidade
estrutural.
Grupos R aromáticos

 Aminoácidos hidrofóbicos;
 Tirosina: pode formar
pontes de hidrogênio com
a água;
 Tirosina e Triptofano: mais
polares do que a
fenilalanina → grupo OH
da tirosina e ao N do anel
indol do triptofano;
 Triptofano, Tirosina e em
menor extensão a
fenilalanina absorvem a luz
ultravioleta.
Grupos R polares, não carregados

 Contém grupos funcionais que


formam ligações de H com
H2O;
 Grupos OH: serina e
treonina
 Grupos Amida: asparagina
e glutamina
 Cisteína: Grupo sulfidril→
polaridade modesta;
 Oxidação da cisteína:
forma o aminoácido cistina
- ligações dissulfeto
Grupos R polares, não carregados

Formação reversível de uma ligação dissulfeto pela oxidação de


duas moléculas de cisteína

Ligações de dissulfeto entre resíduos Cys estabilizam as


estruturas de muitas proteínas
Grupos carregados

Aminoácidos básicos:
 Grupo R com carga +:
 Lisina: 2°grupo amino;
 Arginina: grupo guanidina;
 Histidina: grupo aromático
imidazol

Aminoácidos ácidos:
 Carga negativa;
 Possuem segundo grupo
ácido carboxílico
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Modificações pós-traducionais
 4-hidroxiprolina;
 5-hidroxilisina;
 6-N-metil-lisina;
Aminoácidos  Gama-carboxiglutamato;
incomuns:  Fosforilação de resíduos;
funções
importantes Selenocisteína
 Selênio ao invés de enxofre na Cys;
 É adicionado durante a tradução
por mecanismo específico e
regulado.
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Derivado da prolina, encontrada em


proteínas da parede celular de células
vegetais

Derivado da lisina, encontrada no colágeno

Constituinte da miosina

Encontrado na protrombina e
proteínas que ligam Ca2+
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Raro resíduo de aminoácido em


que é introduzido durante a
síntese proteica Se em vez de
Enxofre da cisteína

Intermediários ( metabólitos)
importantes na biossíntese de
arginina e no ciclo da uréia
 Aminoácido: dissolvido na
água → existe em solução
como um íon dipolar, ou
zwitterion;

Aminoácidos  Zwitterion: atua tanto como


podem agir: ácido (doador de próton) ou
como ácidos e como base (receptor de
bases próton);

 São anfotérias: natureza


dupla→ ácido ou base.
Constantes de dissociação
dependem do pH do meio e
são diferentes para diferentes
moléculas;

pH e pKa  Ionização;

<pH;>[H]+ → estado não-


ionizado.
Formas não iônicas e zwitteriônicas de aminoácidos 30

 A forma não iônica não


ocorre em quantidades
significativas em soluções
aquosas;

 O zwitteríon predomina em
pH neutro;

 Um zwitteríon pode atuar


tanto como ácido (doador
de prótons) quanto como
base (aceptor de prótons).
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 O que é uma Curva de


Titulação?
 Representação gráfica de uma
sequência de reações
Aminoácidos: observadas após a adição ou
curva de remoção de prótons em um
titulação sistema (pH x volume de
acido/base);
 Envolve: a adição ou remoção
gradual de prótons.
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 pKa: tendência de um grupo


fornecer um próton ao meio;

 Aminoácidos podem perder


até 2 prótons para o meio;
Titulação de
aminoácidos
 Conclusão: a função das
proteínas depende do pH ao
qual estão submetidas.
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Titulação de um aminoácido

pK2: NH3+

região de maior poder


de tamponamento

pI: designado quando


o pH característico a
carga elétrica final é
pK1: COOH
zero (neutra)

região de maior poder


de tamponamento
Alguns aminoácidos podem ter átomos ionizáveis também em sua 34
cadeia lateral = pKr

Aminoácidos com um grupo R ionizável tem curvas


de titulação mais complexas, com 3 estágios
correspondendo as 3 etapas possíveis de ionização –
terão 3 valores de pKa
 Aminoácidos Essenciais: não
podem ser sintetizados pelos
Aminoácidos – animais, ou os são, porém em
Classificação quantidades inferiores às
segunda necessidades do organismo.
essencialidade
Valina Triptofano
Leucina Treonina
Isoleucina Lisina
Metionina Arginina
Fenilalanina Histidina
 Aminoácidos Não-essenciais:
podem ser sintetizados pelos
tecidos, em quantidades que
satisfazem as necessidades do
Aminoácidos – organismo a partir de fontes de
Classificação carbono e nitrogênio.
segunda
essencialidade Glicina Cisteina
Alanina Asparagina
Prolina Glutamina
Tirosina Aspartato
Serina Glutamato
 Polipeptídios de ocorrência
biológica: variam em
tamanho, de pequenos a
Peptídeos muito grandes, consistindo
de 2, 3 ou milhares de
e proteínas resíduos de aminoácidos
ligados.
Ligação peptídica: reação de
condensação entre 2 aminoácidos
com a saída de uma molécula de
água;
Ligação
Peptídica Tal ligação é formada pela
remoção de elementos de água
(desidratação) do grupo a-
carboxila de um aminoácido e do
grupo a-amino do outro.
Formação de uma ligação peptídica por condensação
Através de várias ligações peptídicas pode ocorrer a formação
de dipeptídeo, tri, tetra, penta... oligo, polipeptídeo

Ligação peptídica

O pentapetídeo seril-glicil-tirosil-alanil-leucina, Ser– Gly–


Tyr–Ala–Leu, ou SGYAL

Essa sequência de aminoácidos ligados através de ligações


peptídicas constituem a estrutura primária das proteínas
Três aminoácidos podem ser
unidos por duas ligações
peptídicas para formar um
tripeptídio;

Peptídeos
Semelhantemente, aminoácidos
e proteínas podem ser unidos para formar
um tetrapeptídio e assim por
diante.
Quando uns poucos aminoácidos
são unidos dessa maneira, a
estrutura é chama de oligopeptídio;

Quando muitos aminoácidos são


Peptídeos unidos o produto é chamado de
polipeptídio;
e proteínas
Proteínas podem ter milhares de
resíduos de aminoácidos;
Em um peptídeo:
Resíduo de aminoácido na
extremidade com o grupo
amino: resíduo amino terminal
Peptídeos (ou N-terminal);

e proteínas
 Resíduo na outra extremidade,
que possui um grupo carboxila
livre: resíduo carboxila terminal
(ou C-terminal).
Os peptídeos contêm somente
um grupo α-carboxil e α-amino
livres em extremidades opostas
da cadeia - se ionizam como se
Peptídeos podem estivessem em aminoácidos
ser distinguidos livres;
pelos seus
comportamentos
de ionização Grupos R de alguns aminoácidos
também podem sofrer ionização
contribuindo para as
propriedades ácido-base globais
de uma molécula.
Como os aminoácidos livres, os
peptídeos possuem curvas de
titulação características e um pH
Peptídeos podem isoelétrico característico (pI), no
ser distinguidos qual se deslocam em um campo
pelos seus elétrico;
comportamentos
de ionização
Capacidade explorada em
técnicas utilizadas para separar
peptídeos e proteínas –
Eletroforese, Cromotografia.
Peptídeos biologicamente ativos
variam em comprimento de dois
Peptídeos a muitas centenas de resíduos de
biologicamente aminoácidos;
ativos ocorrem em
uma vasta gama
de tamanhos e Mesmo os menores peptídeos
composições podem apresentar importantes
efeitos biológicos.
Aspartame: dipetídeo sintetizado
comercialmente

Peptídeos
biologicamente
ativos ocorrem em
uma vasta gama
de tamanhos e
composições
Muitos peptídeos exercem seus efeitos
em concentrações muito baixas
(diversos homônios de vertebrados);

 Ocitocina (9 resíduos de
Peptídeos aminoácidos) – secretada pela hipófise
posterior é capaz de estimular
biologicamente contrações uterinas.
ativos ocorrem em
uma vasta gama
de tamanhos e
composições
 Algumas proteínas consistem
em uma única cadeia
polipetídica, enquanto outras
denominadas proteínas
Peptídeos multissubunidade, possuem
biologicamente dois ou mais polipetídeos
ativos ocorrem em associados não
uma vasta gama covalentemente;
de tamanhos e
composições
 As cadeias podem ser
idênticas (oligomérica) ou
diferentes (protômeros).
 Hemoblobina: possui quatro
subunidades polipetídicas
(duas cadeias α idênticas e
Peptídeos duas cadeias β idênticas) –
biologicamente matidas unidas por ligações
ativos ocorrem em
não covalentes covalentes.
uma vasta gama
de tamanhos e
composições
 Muitas proteínas contêm
componentes químicos
associados
Algumas proteínas permanentemente aos
contêm grupos aminoácidos (proteínas
químicos além de conjugadas);
aminoácidos
 Parte não aminoacídica:
denominada Grupo
Prostético → permite a
classificação dessas
proteínas.
Proteínas conjugadas
Quatro níveis de estrutura proteica
são definidos comumente:
Estrutura Primária: descrição de
todas as ligações covalentes
(principalmente ligações peptídicas
Níveis de e ligações dissulfeto) unindo
resíduos de aminoácidos em uma
estrutura cadeia polipeptídica é sua estrutura
protéica primária;
 O elemento mais importante da
estrutura primária é a sequência
de resíduos de aminoácidos.
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Níveis de estrutura nas proteínas


 Estrutura secundária: refere-se a
arranjos particularmente estáveis de
resíduos de aminoácidos dando
origem a padrões estruturais
recorrentes;

Níveis de  Estrutura terciária: descreve


estrutura todos os aspectos do enovelamento
protéica tridimensional de um polipeptídeo;

 Estrutura quaternária: quando


uma proteína possui duas ou mais
subunidades polipeptídicas.
 Características:
Diferenças na estrutura primária
podem ser especialmente
informativas;
Cada proteína possui um
Estrutura número e uma sequência de
primária resíduos de aminoácidos
diferentes;
Estrutura primária determina
como ela se enovela em uma
única estrutura tridimensional e
por sua vez sua função.
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 Aminoácidos: degradação oxidativa,


contribui significativamente para a
produção de energia metabólica;

Aminoácidos
e o ciclo da Energia metabólica obtida a partir
de aminoácidos: proteínas da dieta
uréia ou de proteínas teciduais varia
muito de acordo com → condições
metabólicas.
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Circunstâncias metabólicas:
1. Síntese e degradação normais de
proteínas celulares (renovação
proteica);
Aminoácidos 2. Dieta rica em proteínas e
e o ciclo da aminoácidos ingeridos excedem as
uréia necessidades do organismo;
3. Jejum ou no diabetes melito não
controlado → proteínas celulares
são utilizadas como combustível.
Visão geral do catabolismo dos 59

aminoácidos nos mamíferos


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 NELSON, D. L.; COX, M.M. Princípios de


Bioquímica de Lehninger. Tradução
Referência Fabiana Horn e colaboradores. Revisão
para técnica Carla Dalmaz e Sandra E. Farias.
6 ed. Artmed, Porto Alegre,2014.
estudo

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