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APOSTILA DE ENFERMAGEM
SIENF
MATERNO II
Sumário
1. DATA PROVÁVEL DO PARTO E IDADEGESTACIONAL ..2
1.1. DATA PROVÁVEL DO PARTO - DPP..................2
1.2. Quando a data da última menstruaçãoé
desconhecida. .............................................................2
2. IDADE GESTACIONAL – IG ...............................2
3. DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL .......2
3.1. QUADRO CLÍNICO ...........................................4
3.2. OS PRINCIPAIS TIPOS ......................................4
4. HIPERÊMESE GRAVÍDICA.............................................7
5. CHOQUE ......................................................................7
5.1. CHOQUE HIPOVOLÊMICO ...............................8
6. AMNIORREXE PREMATURA ........................................9
7. GRAVIDEZ PROLONGADA..........................................10
8. DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL ............................11
9. DOENÇA HIPERTENSIVA VASCULAR CRÔNICA ..........12
10. SÍNDROME TROMBOEMBÓLICA ...........................14
11. DOENÇAS INFECCIOSAS ........................................14
11.1. AIDS ...............................................................14
11.2. TOXOPLASMOSE ...........................................15
12. CÂNCER GENITAL ..................................................15
12.1. COLO DO ÚTERO ...........................................15
12.2. ENDOMÉTRIO................................................16
12.3. OVÁRIO .........................................................17
12.4. VULVA ...........................................................17
13. ROTURA UTERINA .................................................17
14. LACERAÇÕES DO TRAJETO ....................................18
15. INFECÇÃO PUERPERAL ..........................................19
Nos Estados Unidos, a mola hidatiforme é • Estádio II - Doença está localizada no útero e nos órgãos
observada em 1:1500 gestações. Aproximadamente 20% genitais;
das pacientes com mola hidatiforme após o esvaziamento • Estádio III - Doença apresenta metástases no pulmão e
desenvolvem NTG, requerendo a administração de pode ter ou não envolvimento dos órgãos genitais;
quimioterapia. A maioria das pacientes com NTG pós-molar
• Estádio IV- Apresenta outros locais com metástase,
apresenta a forma não metastática ou mola invasora, mas
frequentemente atingindo fígado e cérebro.
o coriocarcinoma pode ocorrer nesse cenário. A neoplasia
trofoblástica é um tumor funcionante produtor de Anteriormente, as neoplasias trofoblásticas
gonadotrofina coriônica humana (hCG). gestacionais eram tratadas com uma cirurgia para a
retirada da matriz uterina, porém os riscos de morte eram
Atualmente, na dependência da utilização rotineira
muito grandes. Hoje em dia, a maioria das NTGs é tratada
dos testes de grande sensibilidade de hCG e do emprego
com quimioterapia, que é capaz de curar um grande
eficaz da quimioterapia, pode-se dizer que, de todos os
número de pacientes. Essa pode ser feita através de apenas
cânceres humanos, a neoplasia trofoblástica é a que
um medicamento ou então com combinados, sendo, nesse
apresenta maior taxa de cura.
caso, chamada de poliquimioterapia. A escolha de um ou
mais medicamentos dependerá do estádio da doença e de
seus riscos.
No caso do tumor trofoblástico do leito placentar, a
quimioterapia com um único medicamento não resolve o
problema. Recomenda-se, nesse caso, a histerectomia
(retirada do útero) associada à poliquimioterapia.
5.1. CHOQUE HIPOVOLÊMICO parto. Uma das medidas consiste em tratar certos
problemas, como a anemia. Outra é reunir a maior
É o tipo mais comum de choque, e deve-se a quantidade possível de informação acerca da paciente.
redução absoluta e geralmente súbita do volume
sanguíneo circulante em relação a capacidade do sistema Por exemplo, o fato de se saber que a mulher tem
vascular. A hipovolemia pode ocorrer como resultado da maior quantidade de líquido amniótico, que tem uma
perda sanguínea secundária a hemorragia (interna ou gravidez múltipla (de gêmeos), que possui um tipo de
externa) ou pode advir da perda de líquidos e eletrólitos. sangue raro ou que teve crises anteriores de hemorragia
Esta última forma de hipovolemia pode seguir-se a perda pós-parto pode fazer com que o médico esteja preparado
significativa de líquidos gastrintestinais (diarreia, vômito), para enfrentar possíveis perturbações hemorrágicas.
perdas renais (poliúria), que pode ocorrer em Diabetes
O médico tenta sempre reduzir ao mínimo a sua
mellitus, perdas externas secundárias ou quebra da
intervenção no parto. Uma vez que a placenta se tenha
integridade da superfície tecidual (queimaduras), ou
desprendido do útero, a mulher recebe ocitocina para
perdas internas de líquidos sem alteração na água corporal
facilitar a contração uterina e reduzir a perda de sangue. Se
total (por exemplo sequestro de líquidos para o terceiro
a placenta não se soltar por si só 30 minutos depois do
espaço-ascite). Os sintomas variam de acordo com a
parto, o médico tira-a de forma manual. Se a expulsão tiver
magnitude da perda e, portanto, com a gravidade da
sido incompleta, extrai manualmente os fragmentos que
situação.
faltam. Em casos excepcionais, os fragmentos infectados da
A hemorragia pós-parto é a perda de mais de meio placenta ou de outros tecidos devem ser extraídos
litro de sangue durante ou depois da terceira etapa do cirurgicamente (por meio de raspagem). Depois da
parto, no momento em que se expulsa a placenta. expulsão da placenta, a mulher é submetida a controlo
Este problema é a terceira causa mais frequente de durante pelo menos uma hora para assegurar que o útero
morte materna no parto, depois das infecções e das se contraiu e também para controlar a hemorragia vaginal.
complicações provocadas pela anestesia. As causas da
hemorragia pós-parto são diversas e a maioria delas pode Em caso de hemorragia grave, faz-se uma
ser evitada. Uma causa é a hemorragia que se verifica no massagem abdominal para ajudar a contrair o útero e é
local donde se soltou a placenta. Esta hemorragia ocorre administrada uma perfusão endovenosa contínua de
quando o útero não se contrai corretamente, quer porque ocitocina. Se a hemorragia persistir, pode ser necessária
se distendeu em demasia, quer porque o parto foi uma transfusão de sangue.
prolongado ou anormal, quer porque a mulher teve várias
Pode-se examinar o útero para procurar cortes ou
gravidezes anteriores ou ainda porque se utilizou um
fragmentos retidos da placenta e de outros tecidos, e
anestésico relaxante muscular durante o parto.
depois extraí-los cirurgicamente; ambos os procedimentos
A hemorragia pós-parto também pode ser devida a requerem um anestésico. Também se examinam o colo
feridas (lacerações) de um parto espontâneo, à presença uterino e a vagina. Pode-se injetar prostaglandina no
de tecido (em geral, partes da placenta que não se soltaram músculo uterino para facilitar a contração.
de forma adequada) que não foi expulso durante o parto
ou à existência de valores baixos de fibrinogênio (um Se o útero não puder ser estimulado para que se
importante fator necessário à coagulação). A perda de uma contraia e a hemorragia seja reduzida, é possível que seja
quantidade importante de sangue costuma dar-se pouco necessário fazer uma laqueação das artérias que levam o
depois do parto, mas o risco subsiste até um mês mais sangue ao útero. Devido à quantidade abundante de
tarde. sangue que chega à pélvis, o fato de se conseguir controlar
Prevenção e tratamento a hemorragia não significa que o êxito da operação seja
definitivo. A extirpação do útero (histerectomia) raramente
Antes de começar o trabalho de parto, devem ser é necessária.
tomadas precauções para evitar uma hemorragia pós-
ser expectante com administração de inibidores da onde infelizmente "antecipar o parto" virou sinônimo de
contratilidade uterina e com corticoterapia preventiva. cesariana eletiva.
Entre 34 e 37 semanas de gestação a conduta pode O maior temor de uma gestação prolongada é que, com
ser expectante, ou resolutiva. Acredita-se que a partir o passar do tempo, possa ocorrer insuficiência placentária,
desta época a corticoterapia não tem mais razão de ser. com redução do aporte de nutrientes e oxigênio para o
bebê, o que pode acarretar aumento de morbidade e
Após 37 semanas de gestação, está indicada a
mortalidade perinatal, com maior frequência de morte
interrupção da gravidez, ou seja, através de indução ou
perinatal, anormalidades da frequência cardíaca fetal
através de uma cesárea segmentar transversa.
intraparto, eliminação de mecônio, macrossomia e
cesariana.
7. GRAVIDEZ PROLONGADA
O descolamento de membranas pode ser oferecido
No Brasil tem sido frequente a indicação de cesariana
para mulheres com 41 semanas ou mais de idade
quando a gestação ultrapassa 40 semanas mesmo não
gestacional, reduzindo em torno de 40% a necessidade de
havendo indicações científicas para esse procedimento.
indução quando realizado com 41 semanas e em 72%
Gestação prolongada, ou seja, a partir de 42 semanas, quando realizado com 42 semanas. Esse procedimento, no
ocorre em aproximadamente 5% dos casos, enquanto entanto, não pode ser imposto às pacientes, porque causa
aproximadamente 10% de todas as gestações se estendem desconforto e traz inconvenientes, como contrações
além de 41 semanas. É certo que as gravidezes realmente irregulares, pródromos prolongados, dor e sangramento.
prolongadas (além das 42 semanas) são relativamente
O exato ponto de corte de idade gestacional para indicar
raras, uma vez que em muitos casos ocorre um erro na
indução do parto ainda não foi estabelecido, devendo-se
determinação da idade gestacional, porque a data da
individualizar os casos de acordo com as características e
última menstruação não está correta, ou porque houve
expectativas das gestantes. Recomenda-se prestar todo o
uma ovulação tardia e a fecundação não ocorreu por volta
esclarecimento, respondendo a eventuais dúvidas, e as
do 14º dia do ciclo.
gestantes devem assinar termo de consentimento quer
Justamente por esse motivo, uma política de indução prefiram aguardar o trabalho de parto quer decidam pela
do parto ou, como ocorre com certa frequência em nosso indução.
país, de cesariana eletiva depois de 40 semanas (ou até
No termo de consentimento devem constar
antes!) pode promover danos, uma vez que bebês ainda
vantagens e desvantagens de cada opção, incluindo as
não preparados para nascer podem ser retirados
possíveis complicações da indução, como taquissistolia,
prematuramente do ventre de suas mães. A realização de
frequência cardíaca fetal não tranquilizadora e síndrome
ultrassonografia precoce (primeiro trimestre) reduz a
de hiperestimulação uterina.
frequência de diagnóstico de gravidez prolongada, uma vez
que boa parte dos casos se deve a erro de datação da idade • Métodos:
gestacional. Os métodos para indução mais utilizados são:
Por outro lado, mesmo gestações realmente - A sonda de Foley pode ser utilizada em pacientes com
prolongadas, datadas corretamente, com idade gestacional cesárea anterior e colo desfavorável, não aumentando o
confirmada por ultrassonografia precoce, podem ser risco de hiperestimulação.
fisiologicamente prolongadas, porque aquele bebê,
especificamente, ainda não está maduro, pronto para - Ocitocina está indicada se o colo é favorável (escore de
nascer, e, portanto não se ativa a complexa cascata de Bishop maior ou igual a seis).
eventos hormonais e bioquímicos que leva à deflagração - Prostaglandina E2 e misoprostol podem ser utilizadas
do trabalho de parto. Esses bebês também não se quando o colo é desfavorável, porém o misoprostol é
beneficiam de uma política de antecipação do parto, quer contraindicado em mulheres com cesariana anterior.
por indução quer por cesariana, como ocorre aqui no Brasil,
- Misoprostol oferece vantagens em termos de custo, hemorragia materno-fetal, durante o parto ou quando se
facilidade de uso, estocagem, efetividade e administração, aborta. Há evidências de que a principal causa é a
podendo ser usado tanto por via oral como vaginal. hemorragia materno-fetal, tanto durante a gestação como
Monitoração rigorosa da vitalidade fetal intraparto no parto - contabiliza-se 75% dos casos.
também deve ser realizada, independente se o trabalho de
Além disso, consta-se que o risco dessa hemorragia
parto foi espontâneo ou induzido.
aumenta com o tempo de gestação – 45% das grávidas
Devemos destacar, igualmente, que todos os apresentaram hemorragia materno-fetal no último
esforços devem ser feitos para datar corretamente a trimestre de gravidez. Outro fator que contribui para a
gestação e evitar a interrupção eletiva antes do termo. hemorragia feto-materna é a intensidade da sensibilização
Uma das consequências da política de interromper materna, isto é, o risco de hemorragia feto-materna
sistematicamente as gestações que ultrapassam 40 aumenta quando se têm procedimentos que colocam a
semanas tem sido o aumento das taxas de prematuros mãe e o feto em maior contato, como placenta abrupta
tardios (bebês que nascem entre 34 e 36 semanas) ou (descolamento prematuro da placenta), aborto
"termo precoces" (entre 37 e 38 semanas, aumentando a espontâneo ou provocado, gravidez ectópica (o ovo se
morbidade neonatal. Esses bebês apresentam risco implanta fora do útero), traumatismo abdominal, ou em
aumentado de complicações no período neonatal, dentre certas técnicas invasivas, como a amniocentese e a
os quais se destacam os distúrbios respiratórios e a cordocentese (explicadas mais adiante).
icterícia.
• Transmissão:
A instalação da doença acontece em duas etapas.
8. DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL
Doença hemolítica perinatal é uma patologia que - A primeira é chamada de resposta primária, isto é,
atinge mulheres de Rh negativo e fetos de Rh positivo primeiro contato, no qual os diferentes tipos sanguíneos se
desde o seu terceiro mês e meio intrauterino até os misturam e geram uma reação fraca e lenta – prolonga-se
primeiros sete dias de vida – período perinatal. Essa por um período de 8 a 9 semanas, podendo chegar até a 6
patologia vem aumentando a mortalidade e morbidade meses.
perinatal, além estar elevando o risco de morte materna. Nessa etapa não se observa o ataque de anticorpos, já que
Estima-se que a taxa de mortalidade fetal, em países a maioria dos anticorpos produzidos são da classe IgM,
desenvolvidos, é de 5 a 8 por 10 mil. Além disso, consta-se caracterizados por ter alto peso molecular, o que
que é a causa de 3% a 4% de doença mental, ou seja, a cada impossibilita a passagem através da placenta.
150 a 200 nascimento, um tem retardo mental por - Já a resposta secundária, ou seja, segunda etapa,
consequência da doença hemolítica perinatal. caracteriza-se pela produção de anticorpos IgG, os quais
A doença caracteriza-se, basicamente, pela são capazes de ultrapassar essa barreira, visto que tem um
incompatibilidade sanguínea em relação ao fator Rh entre baixo peso molecular. Essa segunda exposição leva até 7
a mãe e o feto. A sua instalação inicia-se pela sensibilização dias para se concretizar, necessitando de pouca quantidade
da mãe pelos antígenos do feto, ou seja, ativação da de anticorpos.
resposta imune materna contra antígenos fetais, sendo • Interação doença – corpo:
que a tipagem do Rh materno deve ser negativa e a fetal,
Após atravessarem a barreira placentária, os
positiva. Os principais antígenos causadores dessa
anticorpos IgG se ligam a superfície dos antígenos fetal,
patologia são do tipo D, visto que é o mais imunógeno,
levando, inicialmente, à hemólise do feto, isto é, à
além de estar presente exclusivamente na população
destruição dos glóbulos vermelho fetal e anemia.
eritrocitária; Além do antígeno do tipo D, têm-se o Kell,
Duffy, Kidd, entre outros. Para compensar essa perda de glóbulos vermelho,
inicia-se a produção de eritropoietina na medula óssea. O
A sensibilização ocorre pelo contato de sangue das
agravamento do quadro faz com que ocorra uma produção
seguintes formas: transfusões sanguíneas incompatíveis,
Por outro lado, a hipertensão crônica pode ser Os fatores de risco para pré-eclâmpsia incluem:
caracterizada pela elevação dos níveis tensionais acima dos
• Histórico familiar de pré-eclâmpsia;
limites citados, instalada previamente ao período
• Primeira gravidez;
gestacional, ou antes, da vigésima semana de gestação.
• Nova paternidade, ou seja: cada gravidez com um
Considera- se ainda hipertensão crônica quando a pressão
novo parceiro aumenta o risco de pré-eclâmpsia;
arterial permanece elevada após doze semanas do parto.
• Idade, sendo que o risco é maior após os 35 anos;
A causa exata da pré-eclâmpsia é desconhecida. • Gravidez múltipla;
Especialistas acreditam que ela começa na placenta - o • Intervalo de 10 anos ou mais entre as gestações.
órgão que nutre o feto durante a gravidez. No início da
A presença de outras doenças também pode aumentar o
gravidez, novos vasos sanguíneos se desenvolvem e
risco de pré-eclâmpsia, como:
evoluem para enviar eficientemente o sangue para a
placenta. Em mulheres com pré-eclâmpsia, estes vasos • Obesidade
sanguíneos não parecem desenvolver-se adequadamente. • Hipertensão
Eles são mais estreitos do que os vasos sanguíneos • Enxaqueca
normais e reagem de forma diferente à sinalização • Diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2
hormonal, o que limita a quantidade de sangue que pode • Doença renal
fluir através delas. • Tendência a desenvolver coágulos de sangue
(trombofilias)
As causas deste desenvolvimento anormal podem incluir:
• Doença autoimune, como a artrite reumatoide,
• Fluxo sanguíneo insuficiente para o útero esclerodermia e lúpus.
• Danos aos vasos sanguíneos • Sintomas:
• Um problema com o sistema imunológico
Você pode não notar um aumento da pressão
• Certos genes
arterial durante a gravidez até que ela esteja
• Outros distúrbios de pressão arterial elevada perigosamente alta. Assim, é fundamental para todas as
durante a gravidez. pessoas grávidas agendarem visitas regulares com obstetra
A pré-eclâmpsia é classificada como uma das quatro e para acompanhar e identificar os sintomas de pré-
doenças hipertensivas que podem ocorrer durante a eclâmpsia precocemente.
gravidez. Os outros três são: Entre os primeiros sintomas estão:
- Hipertensão gestacional. Mulheres com hipertensão - Rápido ganho de peso, de 2 a 5 quilos em uma única
gestacional têm pressão arterial elevada, mas sem excesso semana;
de proteína na urina ou outros sinais de danos em órgãos.
- Inchaço da face ou extremidades, especialmente as mãos
Algumas mulheres com hipertensão gestacional podem,
e pés.
eventualmente, desenvolver pré-eclâmpsia.
Se a pré-eclâmpsia progride, é possível observar outros
- Hipertensão crônica. A hipertensão crônica é a
sintomas, tais como:
hipertensão arterial que estava presente antes da gravidez
ou que ocorre antes de 20 semanas de gravidez. Como a • Dor de cabeça
pressão arterial elevada geralmente não tem sintomas, • Alterações da visão (visão turva, visão dupla, vendo
pode ser difícil determinar quando começou pontos de luz)
- Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superposta. Esta • Dor abdominal, especialmente no canto superior
condição ocorre em mulheres que têm pressão arterial direito, ou meio abdômen
elevada crônica antes da gravidez e desenvolvem o • Urinar com menos frequência
agravamento dessa pressão com presença de proteína na • Falta de ar
urina. • Náuseas ou vômitos
• Confusão
vírus. A contagem de linfócitos T CD4+ é um importante O modo de transmissão se dá onde o homem adquire a
marcador dessa imunodeficiência, sendo utilizada tanto infecção por três vias:
para estimar o prognóstico e avaliar a indicação de início de
- Ingestão de oocistos provenientes do solo, areia, latas de
terapia antirretroviral.
lixo contaminado com fezes de gatos infectados;
A AIDS tem como seu agente etiológico HIV-1 e
- Ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos,
HIV-2 retrovírus da família Lentiviridae, tendo o homem
especialmente carne de porco e carneiro;
como seu reservatório. O modo de transmissão do HIV se
dá por via sexual (esperma e secreção vaginal); pelo sangue Infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos fetos de
(via parenteral e vertical) e pelo leite materno. O período mães que adquiriram a infecção durante a gravidez.
de incubação compreende entre a infecção pelo HIV e o O período de incubação varia de 10 a 23 dias,
aparecimento de sinais e sintomas da fase aguda, podendo quando a fonte for a ingestão de carne; de 5 a 20 dias, após
variar de 5 a 30 dias. Em se tratando de AIDS, o período de ingestão de oocistos de fezes de gatos.
latência pode ser compreendido entre a fase de infecção
Como medidas de controle deve-se evitar o
aguda, até o desenvolvimento da imunodeficiência; esse
consumo de carnes cruas e/ou mal passadas (caprinos e
período varia entre 5 e 10 anos, média de seis anos.
bovinos); eliminar as fezes de gato infectados em lixo
Outros fatores de risco associados aos mecanismos de seguro; proteger as caixas de areia, para que os gatos não
transmissão do HIV são: as utilizem; lavar as mãos após manipular carne crua ou
- Tipo de prática sexual: relações sexuais desprotegidas; terra contaminada; as grávidas devem evitar o contato
direto com as fezes do gato, além de adotar as medidas já
- A utilização de sangue ou seus derivados não testados ou
citadas.
não tratados adequadamente;
- A recepção de órgãos ou sêmen de doadores não
12. CÂNCER GENITAL
testados;
A mulher paga um grande tributo em relação ao
- A reutilização de seringas e agulhas, bem como o seu câncer, pois o câncer do seu aparelho genital,
compartilhamento; especialmente do colo do útero, é o câncer que mata mais
- Acidente ocupacional durante a manipulação de no mundo. Está em 1º lugar nos países subdesenvolvidos,
instrumentos perfuro-cortantes, contaminados com já tendo ocupado o 1° lugar nos países desenvolvidos,
sangue e secreções de pacientes; estando hoje em 3º ou 4º, devido aos programas de
prevenção em massa, desenvolvidos por esses países.
- Gestação em mulheres HIV positivo (fator de risco para o
concepto). É impressionante o alto número de mulheres que
chegam para consulta especializada, já nas fases finais,
11.2. TOXOPLASMOSE onde a cura não é mais possível, devido à ignorância da
paciente, à falta de orientação do médico que a examinou
Trata-se de uma zoonose cosmopolita, causada por pela 1ª vez e também em virtude da falta de recursos para
protozoário. Apresenta quadro clínico variado, desde procurar o tratamento especializado.
infecção assintomática a manifestações sistêmicas
Veremos, a seguir, as diferentes localizações do câncer no
extremamente graves. Do ponto de vista prático, é
aparelho genital feminino:
importante fazer uma distinção entre as manifestações da
doença, aqui abordaremos a forma da Toxoplasmose na
12.1. COLO DO ÚTERO
gravidez. Haja vista que a infecção da mãe é usualmente
assintomática, geralmente não é detectada. Por isso. Tem- São considerados fatores de risco no câncer do colo
se sugerido a realização de testes sorológicos na gestação, uterino a condição sexual, e a condição socioeconômica. O
durante o acompanhamento pré-natal. Quando se realiza o início precoce da vida sexual, a maternidade precoce, o
diagnóstico, deve ser instituída a quimioterapia adequada. grande número de filhos, e a promiscuidade sexual com
múltiplos parceiros, são os principais fatores de risco Os exames preventivos, que devem ser anuais,
englobados na condição sexual. Quanto mais precoce for o constam da colposcopia, da citologia, e da anatomia
início da vida sexual, quanto mais baixa for a idade da patológica quando necessário. A colposcopia serve para
primeira gravidez, quanto maior for o número de filhos e localizar e identificar no colo uterino, e com extrema
quanto maior for o número de parceiros sexuais, maior margem de segurança as lesões chamadas de pré-malignas,
será a incidência de câncer do colo uterino. dirigindo a biópsia para as zonas suspeitas e diferenciando
as lesões benignas das malignas e pré-malignas.
A condição social está representada pelo baixo
nível socioeconômico, que conduz à baixa condição de A citologia estuda as modificações das células do colo
higiene corporal e principalmente à higiene genital uterino, descobrindo com exatidão as modificações que
inadequada. A baixa condição social é também responsável essas células apresentam na fase pré-maligna. É um
por todo o aspecto sexual, porque a pobreza e a ignorância método de extrema facilidade e rapidez, na coleta do
são fatores determinantes de todas as condições sexuais material, de custo barato e de resultados exatos.
apresentadas. A falta de higiene genital da mulher -
As células que descamam do colo do útero e são
acrescida da falta de higiene genital dos múltiplos parceiros
examinadas pela citologia, começam a se modificar de 10 a
- é responsável pelo aumento do número de processos
15 anos antes de um câncer se tornar invasivo, portanto
inflamatórios especialmente por vírus, atualmente
tempo demais suficiente para se fazer um exame
considerados com um importante fator de risco para
preventivo, descobrindo-se o câncer na fase pré-maligna,
câncer do colo.
obtendo-se cura total a custos extremamente baixos.
De um modo geral, o câncer do colo uterino incide
A biópsia, ou melhor, o exame anatomopatológico só
principalmente em:
é realizada nos casos de malignidade e de lesões pré-
1. Mulheres de países subdesenvolvidos (em oposição malignas.
àquelas dos países desenvolvidos);
12.2. ENDOMÉTRIO
2. Mulheres de baixa condição socioeconômica (a
incidência é menor entre as mulheres de classes mais Quanto ao endométrio, que é a mucosa que
favorecidas); reveste a cavidade interna do útero, a prevenção não é
3. Mulheres da zona rural que nas da área urbana; possível; entretanto, o diagnóstico precoce é essencial para
a cura da paciente. O câncer do endométrio ocupa, nos
4. Não virgens (que nas virgens);
países desenvolvidos, o 1º lugar entre as diversas
5. Mulheres que tiveram muitos filhos, com pouca localizações do aparelho genital feminino, nos países
incidência entre aquelas que tiveram poucos filhos ou desenvolvidos. No Brasil ele está situado em 4º lugar entre
não os tiveram; as localizações genitais.
6. Mulheres que pariram em idade precoce, ao invés das Há um aumento gradativo do número de pacientes
que pariram em idade adiantada; portadoras de câncer do endométrio nos últimos anos,
7. Mulheres que tiveram relação sexual precoce; devido ao aumento da expectativa de vida; visto que o
câncer do endométrio é um câncer da mulher idosa, e
8. Mulheres que têm hábitos higiênicos precários; também devido ao aumento significativo do uso
9. Nas fumantes que nas não fumantes; prolongado e indiscriminado dos hormônios estrogênicos
para o tratamento do climatério e da menopausa.
10. Por último mais nas mulheres que tiveram múltiplos
parceiros sexuais, principalmente em idade precoce, e Existe um grupo de mulheres onde a incidência de
todos esses fatores estão aumentados naquelas com câncer do endométrio é bem maior, e essas mulheres são
processos inflamatórios vaginais produzidos pelo consideradas pacientes de alto risco. São considerados
papiloma vírus humano, conhecido como HPV. fatores de risco: a idade, porque é uma doença da mulher
idosa; a alimentação porque é mais constante em mulheres
com maior ingestão de gordura. É também mais comum brancas, avermelhadas ou cinzentas; sendo as brancas (em
nas mulheres que tiveram uma menarca precoce e uma maior número), conhecidas como distrofia vulvar crônica,
menopausa tardia, além daquelas que não tiveram filhos. tendo como sintoma principal um prurido intenso, de longa
Ainda como fator de risco está o uso prolongado e duração e de tratamento difícil, que, com o coçar
indiscriminado, em altas doses, dos hormônios constante, leva ao surgimento de ulcerações. Somente 10%
estrogênicos para o tratamento da reposição hormonal da dessas lesões podem chegar a um câncer de vulva.
menopausa.
As verrugas da vulva conhecidas como condiloma e
O câncer do endométrio vem sempre produzidas por vírus, chamado de papiloma vírus humano,
acompanhado pela hipertensão, diabetes e obesidade, que o HPV ou papova vírus, são hoje consideradas como
também são considerados fatores de risco. precursoras do câncer da vulva. O condiloma é transmitido
essencialmente pelas relações sexuais e considerado
O diagnóstico precoce deve ser procurado,
atualmente como a doença sexualmente transmissível
fazendo-se, anualmente, depois dos 40 anos, uma
mais importante como indutora e causadora do câncer da
ultrassonografia do útero. Após a menopausa, qualquer
vulva e colo uterino.
perda sanguínea pela via vaginal deverá ser logo
investigada para a descoberta precoce de qualquer lesão O acompanhamento dessas lesões faz-se com uma
pré-maligna ou já maligna em fase inicial. vulvoscopia, ou seja, um exame realizado pelo colposcópio,
que é um aparelho ótico para localizar essas lesões e
O uso prolongado de pílulas anticoncepcionais que
realizar uma biópsia, se necessário. A patologia do raspado
contenham progestogênio diminui bastante os casos de
dessas lesões é também realizada para complementar-se o
câncer do endométrio.
diagnóstico. Todos os sinais, todas as verrugas e lesões
12.3. OVÁRIO coloridas da vulva deverão ser examinados, e biopsiados,
principalmente se acompanhados de um prurido intenso e
O câncer do ovário não pode ser considerado como de difícil tratamento.
pouco frequente. Nos Estados Unidos ocupa o 3º lugar,
atrás da mama e endométrio. É o câncer que apresenta o
13. ROTURA UTERINA
menor índice de cura entre as localizações genitais, pois a
Ruptura uterina (ou rotura uterina) é o rompimento
localização profunda dos ovários na pélvis feminina impede
lento e progressivo, total ou parcial, das paredes do útero,
o diagnóstico precoce, sendo o diagnóstico possível
o que mais frequentemente ocorre durante o parto. No
quando o tumor já é de grande tamanho, com extensa
entanto, essa complicação não ocorre apenas durante o
invasão.
parto, pode acontecer também durante a gestação.
Um exame ginecológico anual, em mulheres com
Nesse caso a cavidade abdominal e uterina entram
mais de 40 anos, e uma ultrassonografia transvaginal são
em comunicação e há extrusão do feto ou de partes dele.
os meios capazes de descobrir um tumor ainda em fase
Trata-se de uma das complicações obstétricas mais
inicial e propiciar a cura. O uso contínuo e prolongado de
temidas da gravidez porque representa risco de vida tanto
pílulas anticoncepcionais tem um efeito protetor para o
para o feto quanto para a mãe.
ovário, e quanto maior for o período de uso, menor será a
incidência de câncer do ovário. • Causas da ruptura uterina:
A ruptura uterina ocorre devido a um aumento de
12.4. VULVA
pressão no interior do útero, seja pelas contrações uterinas
Os tumores malignos da vulva são considerados durante o trabalho do parto (o mais comum) seja pelo
pouco frequentes. O câncer da vulva é uma doença da crescimento do próprio feto, durante a gestação. Ela pode
mulher idosa, pois sua grande incidência ocorre depois da dever-se a condições inerentes ao parto e aos
menopausa. A vulva apresenta - assim como o colo do procedimentos obstétricos, tais como desproporção
útero - lesões consideradas pré-malignas. São lesões cefalopélvica e parto obstruído, por exemplo, ou ser
- Caminhar diariamente e iniciar exercícios físicos com a As manifestações clínicas desta condição variam de
episiorrafia; acordo com o local da infecção e com a extensão do
processo infeccioso. A paciente pode apresentar febre,
- Evitar esforços físicos que comprometam o períneo;
calafrios, mal-estar geral, palidez e freqüência cardíaca
- Orientar uma alimentação adequada e rica em fibras acelerada. Além disso, há dilatação uterina, passando o
aliada a ingesta hídrica para tornar o processo de útero a ficar flácido e dolorido, e expulsando uma secreção
evacuação menos sofrido devido a constipações intestinais que, habitualmente, apresenta odor desagradável. Nos
e hemorroidas comuns nestes casos; casos de infecção dos tecidos circunjacentes ao útero, há
- Recuperação do pavimento pélvico pós-parto; dor e febre intensas.
- Realizar exercícios de Kegel (contrações seguidas de Distintas complicações podem ocorrer em casos de
relaxamento dos músculos do períneo); infecção após o parto, como:
REFERÊNCIAS
BENSON R. C. - Handbook of Obstetrics & Ginecology, 8-th
edition ed. Lange 1983.
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Nascidos vivos.
Brasil. Nascimento por residência da mãe segundo Região.
Tipo de parto: vaginal, 2007 [citado em 6 abr 2010].
Disponível em:
<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/n
vuf.def>. Acesso em: 21 jan. 2015.
GARNER E.I, GOLDSTEIN D.P, FELTMATE C.M, BERKOWITZ
R.S. Gestational Trophoblastic Disease. Clin Obstet
Gynecol. 2007;50(1):112-22.