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Aula | Exames complementares em Estética

Bem-vindos, pessoal! Hoje, vamos começar com mais um curso da Plataforma Estética
Experts. Eu me chamo Jairo Hoerlle e vou acompanhar vocês ao longo dos módulos.
Sou biomédico e biólogo, a há muitos anos atuo em análises clínicas.

Nesta primeira aula, nós vamos falar sobre marcadores de perfil lipídico. Para isso, eu
vou fazer uma breve introdução sobre metabolismo, porque compreender as rotas
metabólicas é fundamental; afinal, tudo no nosso organismo está interligado.

É importante entender que tudo que ingerimos é aproveitado pelo nosso corpo,
buscando transformar em energia. Essa energia pode ser utilizada imediatamente, ou
pode ser armazenada. O corpo humano tem grande habilidade em armazenar energia,
tanto é que, quando consumimos além do necessário, o alimento será armazenado,
porque, na memória das nossas células, não há uma ideia de quanto tempo iremos
demorar para nos alimentarmos de novo. Então, o corpo humano reserva energia. O
corpo segue quatro rotas:
- Rota de oxidação de substratos energéticos: imediatamente desmancha o
componente de alimentação
- Rota de armazenamento de substratos energéticos
- Rota de síntese de alguns componentes
- Rota de detoxificação, que elimina aquilo que não precisamos

Considerando que o metabolismo está relacionado a tudo que nós consumimos, é


importante sabermos que ele é dividido em dois componentes: o catabolismo e o
anabolismo. O catabolismo leva o corpo a desmanchar aquilo que ingerimos,
transformando em pequenas partículas que vão ser distribuídas pelo corpo e
armazenadas. O catabolismo sempre deixa energia para o corpo. O anabolismo gasta
energia para construir estruturas que o corpo necessita. Então, o nosso metabolismo

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começa desmanchando aquilo que ingerimos e, depois, construindo o que o corpo
necessita.

O metabolismo segue algumas rotas no nosso corpo, que são de aproveitamento dos
alimentos que ingerimos e que estão distribuídos em grandes grupos: proteínas,
gorduras, carboidratos. A forma como disponibilizamos esses componentes no nosso
corpo é distinta para cada um. Quando estamos nos alimentamos estamos no período
alimentado ou absorvido, que é quando o intestino ainda está absorvendo os nutrientes
da alimentação. Imediatamente após o final do período absortivo, nós entramos no
período de jejum. Dependendo do que ingerimos, permanecemos no período absortivo
até a próxima alimentação. Se ingerirmos proteína, ela demora muito mais para ser
digerida e aproveitada pelo nosso corpo, então, o período absortivo é muito maior. É
importante darmos tempo para que o corpo de fato faça a absorção.

E quais são os principais destinos dos alimentos? Os carboidratos são formados por
carbono, hidrogênio e oxigênio, e é nesse grupo em que está presente a glicose. É com
os carboidratos que obtemos grande parte dos componentes energéticos que
precisamos para a nossa saúde. A ingestão de carboidratos gera imediatamente uma
quantidade importante de energia, e, ao gerar energia, produz-se água e gás carbônico,
pensando que nós inspiramos oxigênio e expiramos gás carbônico. Quando respiramos,
estamos eliminando o carbono que ingerimos com os carboidratos. Quando fazemos
um exercício aeróbico ou fazemos qualquer esporte, nós aumentamos o nosso ritmo, o
coração acelera e também aceleramos a respiração. Assim, eliminamos mais gás
carbônico e pode-se haver um auxílio no emagrecimento. A rota dos carboidratos está
relacionada à entrada de carbono, hidrogênio e oxigênio, que são, basicamente, os
açúcares.

As proteínas, quando ingeridas, geram estruturas menores (os aminoácidos) que


depois vão ser reconstruídas e aproveitadas no nosso corpo. Se pegarmos uma
estrutura individual, como um átomo, e unirmos a mais átomos, temos uma molécula.
Quando unimos moléculas, temos os aminoácidos, por exemplo. Quando unimos
aminoácidos, temos os peptídeos. Quando unimos peptídeos, temos polipeptídeos.
Quando unimos polipeptídeos, temos as proteínas. A proteína pode, então, ser
muscular. O nosso corpo é muito eficiente no aproveitamos de tudo que ingerimos. As
proteínas, quando ingeridas, são transformadas em compostos inclusive nitrogenados
que depois são utilizados para a produção de DNA.

Quanto ao destino das gorduras, imagine que todo alimento que tem gordura vai ser
imediatamente aproveitado pelo nosso corpo utilizando enzimas que fazem a
degradação das gorduras, como a lipase. O intestino absorve os componentes. A
absorção desses componentes vai levar essa gordura diretamente para os adipócitos,
e, em certa medida, vai levar para o fígado para que possa ser ressintetizada e

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reutilizada para, por exemplo, a formação de hormônios. As gorduras são componentes
muito estudados, e há várias rotas até que sejam aproveitadas integralmente.

As gorduras a que nos referimos são o conjunto formado por colesterol, triglicerídeo,
algumas lipoproteínas que fazem parte do transporte das gorduras, e algumas
proteínas ligadas a essas lipoproteínas. Hoje, nós vamos falar sobre colesterol,
triglicerídeos e lipoproteínas. As lipoproteínas são formadas por lipídio (gordura) e
proteína, e as principais lipoproteínas que conhecemos hoje são HDL, LDL, VLDL e IDL.
Também há algumas proteínas associadas a essas que são chamadas de apoproteínas,
com uma quantidade gigantesca de subvariantes delas. Quando falamos em
lipoproteínas, estamos falando, por exemplo, do HDL, do LDL, etc. Esses termos vêm de
termos do inglês, em que HDL é o high-density lipoprotein, o LDL é o low-density
lipoprotein, o VLDL é o very low-density lipoprotein, e o IDL é o intermediate-density
lipoprotein. Todas essas proteínas têm densidades diferentes

O colesterol é um componente muito importante obtido por alimentos de origem


animal. O colesterol é extremamente importante porque ele é precursor da formação
de vitamina D, ácidos biliares e alguns hormônios esteroides, como os precursores da
progesterona. Quando ingerimos o colesterol, ele é absorvido pelo intestino e é
disponibilizado para o fígado. No fígado, ele é ressintetizado e disponibilizado para o
corpo. Quando fazemos uma dosagem de colesterol a nível laboratorial, nós estamos
dosando o colesterol que veio do fígado. Isso corrobora a ideia de muitos estudos que
apontam que não é necessário haver jejum para fazer a dosagem do colesterol. O
colesterol, então, é disponibilizado pelo fígado e, a partir disso, é transportado pelo
corpo. Para isso, ele lança mão das lipoproteínas, que têm tamanhos e densidades
diferentes. A maior lipoproteína que nós temos é o quilomícron, que é o primeiro
componente que, quando ingerimos o alimento, capta todos os triglicerídeos e os
carrega pelo corpo para depositar nos adipócitos e levar para o fígado. Quando o
triacilglicerol é absorvido pelo quilomícron, o quilomícron acaba se tornando um grande
transportador, e é uma estrutura relativamente grande considerando as lipoproteínas.
Depois, as lipoproteínas (HDL, LDL, VLDL e IDL) diminuem de tamanho. O HDL é a
menor lipoproteína, e também é considerado um “colesterol bom”.

Quando falamos em densidade, estamos dizendo que a maior estrutura é mais leve, e a
menor é mais pesada. No caso das lipoproteínas, isso importa porque o HDL, por ser de
alta densidade e muito pequeno, consegue circular mais facilmente pelo corpo e
consegue retornar para o fígado mais vezes. Ao retornar para o fígado, ele carrega
várias estruturas de colesterol que eventualmente ficaram para trás.

O VLDL é uma lipoproteína responsável por transportar triglicerídeos e colesterol pelo


corpo, principalmente para o fígado. Depois, o corpo produz uma lipoproteína
intermediária, que é o IDL. O IDL tem um período de vida tão curto que nem é dosado

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nas análises clínicas, mas é importante porque tem relação com o transporte de
triglicerídeo e colesterol endógenos; ou seja, aqueles que são produzidos no nosso
corpo a partir do fígado. Vamos falar, agora, do LDL. O LDL é uma lipoproteína de baixa
densidade e que é chamada de “colesterol ruim”. É alvo de dosagem em praticamente
todos os laboratórios, porque esse é um colesterol que, à medida que circula pelo
nosso corpo e faz o carregamento de triglicerídeos e colesterol, acaba deixando muita
gordura pelo caminho. A rota da disponibilidade da gordura é uma das precursoras da
formação de aterosclerose. Entra, então, o HDL, que consegue circular mais facilmente
pelo nosso corpo e retirar o excesso de colesterol. O HDL é responsável por transportar
colesterol para os tecidos e dos tecidos para o fígado. Então, como transporta
colesterol dos tecidos para o fígado, ele faz a limpeza do excesso de colesterol.

Toda a análise clínica na área da Estética deve envolver esses marcadores, além da
dosagem dos triglicerídeos. Os triglicerídeos estão presentes largamente nos nossos
adipócitos, mas também estão presentes na nossa dieta. Quando ingerimos
carboidratos e gorduras, tudo que o nosso corpo consegue armazenar é transformado
em triacilglicerol, que é um dos precursores para a produção da glicose. Então, o nosso
corpo é muito hábil para armazenar tudo aquilo que é possível para então usar como
energia. Os triglicerídeos são dosados porque representam a história regressa da
alimentação da pessoa; então, quem se alimentou com uma quantidade grande de
carboidratos não deveria fazer o exame de triglicerídeos no dia seguinte, porque isso
irá se refletir no exame.

É importante dizer que há procedimentos na área da Estética que produzem a lipólise;


isto é, fazem a quebra das células e liberam o triacilglicerol para a circulação. É preciso
verificar quais são os caminhos triacilglicerol a partir da quebra. Uma dica é que
precisamos fazer exercícios para o corpo compensar a energia gasta usando
conteúdos de reserva energética.

Eu vou deixar, como material complementar, novas propostas de valores de referência


para lipídios. Por fim, quero dizer que o excesso de LDL está fortemente relacionado à
formação de placas de aterosclerose, que se formam logo abaixo da membrana das
nossas artérias. A partir da produção de células espumosas e a calcificação, vai-se
impedindo que o fluxo sanguíneo seja o mais adequado. Há estudos que dizem que a
diminuição de 1% dos níveis de colesterol está associada a 2% menos risco de
desenvolver doença arterial coronariana. Encerro a aula lembrando da importância de
ficarmos atentos a esses valores e considerar as suas importâncias.

No próximo encontro, nós vamos falar sobre anemias. Até mais!

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