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à Saúde da Mulher
Autora: Profa. Eliza Regina Ferreira Braga Machado de Azevedo
Colaboradores: Prof. Cristiano Schiavinato Baldan
Profa. Kelly Cristina Sanches
Professora conteudista: Eliza Regina Ferreira Braga Machado de Azevedo
Possui graduação em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Camp – 2005),
especialização em Fisioterapia aplicada à Neurologia Adulta na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – 2007),
mestrado (2011) e doutorado (2015) em Ciências pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Atua
como docente do curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) desde 2017 e do curso de especialização
em Fisioterapia Neurofuncional da Faculdade Inspirar, unidades Bauru e São José do Rio Preto, desde 2018. É professora
convidada do curso de especialização em Neurofuncional Adulto da Unicamp desde 2017.
CDU 615.8-055.2
U513.00 – 21
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quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Unip Interativa
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Larissa Wostog
Giovanna Oliveira
Sumário
Fisioterapia Aplicada à Saúde da Mulher
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 APARELHO REPRODUTOR FEMININO....................................................................................................... 11
1.1 Anatomia do aparelho reprodutor feminino............................................................................. 11
1.1.1 Pelve feminina............................................................................................................................................11
1.1.2 Genitália externa feminina.................................................................................................................. 12
1.1.3 Órgãos genitais internos....................................................................................................................... 13
1.1.4 Mamas.......................................................................................................................................................... 15
1.2 Sistema urinário..................................................................................................................................... 15
1.2.1 Rins................................................................................................................................................................ 16
1.2.2 Ureter............................................................................................................................................................ 16
1.2.3 Bexiga........................................................................................................................................................... 16
1.2.4 Uretra............................................................................................................................................................ 16
1.3 Assoalho pélvico.................................................................................................................................... 17
1.3.1 Períneo......................................................................................................................................................... 17
1.3.2 Músculos do assoalho pélvico (MAP).............................................................................................. 17
2 FISIOLOGIA DO CICLO REPRODUTIVO FEMININO................................................................................ 20
2.1 Alterações na puberdade.................................................................................................................... 20
2.2 Funções hormonais.............................................................................................................................. 20
2.2.1 Hormônio foliculoestimulante (FHS)............................................................................................... 20
2.2.2 Hormônio luteinizante (LH)................................................................................................................. 20
2.2.3 Estrógeno.................................................................................................................................................... 21
2.2.4 Progesterona.............................................................................................................................................. 21
2.3 Fisiologia do ciclo menstrual............................................................................................................ 21
2.3.1 Ciclos ovarianos........................................................................................................................................ 22
2.3.2 Ciclos uterinos........................................................................................................................................... 22
2.3.3 A primeira metade do ciclo menstrual........................................................................................... 22
2.3.4 A segunda metade do ciclo menstrual........................................................................................... 23
3 OBSTETRÍCIA....................................................................................................................................................... 24
3.1 Pré-parto.................................................................................................................................................. 27
3.1.1 Útero............................................................................................................................................................. 27
3.1.2 Vagina........................................................................................................................................................... 29
3.1.3 Alterações hormonais............................................................................................................................ 29
3.1.4 Alterações dermatológicas................................................................................................................... 29
3.1.5 Glândulas.................................................................................................................................................... 30
3.1.6 Varizes.......................................................................................................................................................... 30
3.1.7 Mamas.......................................................................................................................................................... 30
3.1.8 Sistema urinário....................................................................................................................................... 31
3.1.9 Sistema musculoesquelético............................................................................................................... 31
3.1.10 Sistema gastrointestinal..................................................................................................................... 32
3.1.11 Sistema respiratório.............................................................................................................................. 32
3.1.12 Sistema cardiovascular....................................................................................................................... 32
3.2 Parto........................................................................................................................................................... 33
3.2.1 Período pré-parto.................................................................................................................................... 33
3.2.2 Período premonitório ou pródomo.................................................................................................. 34
3.2.3 Sinais de trabalho de parto................................................................................................................. 34
3.2.4 Fases do trabalho de parto.................................................................................................................. 34
3.2.5 Tipos de parto............................................................................................................................................ 36
3.2.6 Posições para o parto............................................................................................................................. 37
3.3 Puerpério.................................................................................................................................................. 38
3.3.1 Modificações no puerpério.................................................................................................................. 39
4 ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA OBSTETRÍCIA...................................................................................... 40
4.1 Fisioterapia no pré-parto................................................................................................................... 40
4.1.1 Objetivos da fisioterapia....................................................................................................................... 41
4.1.2 Exercícios..................................................................................................................................................... 41
4.1.3 Tipos de exercício..................................................................................................................................... 42
4.1.4 Orientações................................................................................................................................................ 43
4.2 Fisioterapia no parto............................................................................................................................ 43
4.3 Fisioterapia no puerpério................................................................................................................... 46
4.3.1 Puerpério imediato................................................................................................................................. 46
4.3.2 Puerpério tardio e puerpério remoto............................................................................................... 49
4.4 Amamentação........................................................................................................................................ 49
4.4.1 Fisiologia e início da lactação............................................................................................................. 50
4.4.2 Contraindicações da amamentação................................................................................................. 51
4.4.3 Técnica de amamentação..................................................................................................................... 51
4.4.4 Ordenha do leite....................................................................................................................................... 52
4.4.5 Complicações na amamentação........................................................................................................ 53
Unidade II
5 UROGINECOLOGIA........................................................................................................................................... 59
5.1 Anatomia do sistema urinário......................................................................................................... 59
5.1.1 Bexiga........................................................................................................................................................... 59
5.1.2 Uretra............................................................................................................................................................ 59
5.1.3 Fáscia endopélvica................................................................................................................................... 59
5.1.4 MAP............................................................................................................................................................... 60
5.1.5 Inervação dos MAP................................................................................................................................. 61
5.1.6 Ligamentos do assoalho pélvico........................................................................................................ 61
5.2 Fisiologia da micção............................................................................................................................. 61
5.3 Fisiopatologia da incontinência urinária..................................................................................... 63
5.3.1 IUE.................................................................................................................................................................. 63
5.3.2 IUU................................................................................................................................................................. 64
5.4 Diagnóstico da IU.................................................................................................................................. 64
5.5 Tratamento da IU................................................................................................................................... 65
5.6 Distopias genitais.................................................................................................................................. 66
5.6.1 Classificação das distopias................................................................................................................... 67
5.6.2 Tratamento................................................................................................................................................. 68
5.7 Avaliação fisioterapêutica nas disfunções uroginecológicas.............................................. 69
5.8 Disfunções dos MAP............................................................................................................................. 72
5.8.1 Hiperatividade dos MAP........................................................................................................................ 72
5.8.2 Hipoatividade dos MAP......................................................................................................................... 72
5.8.3 Bexiga hiperativa..................................................................................................................................... 73
5.9 Recursos terapêuticos nas disfunções uroginecológicas...................................................... 73
5.9.1 Terapia comportamental....................................................................................................................... 73
5.9.2 Cinesioterapia............................................................................................................................................ 73
5.9.3 Biofeedback................................................................................................................................................ 75
5.9.4 Cones vaginais.......................................................................................................................................... 77
5.9.5 Massagem perineal................................................................................................................................. 78
5.9.6 Eletroestimulação.................................................................................................................................... 78
5.9.7 Eletroestimulação do nervo tibial posterior................................................................................. 79
5.9.8 Eletroestimulação parassacral............................................................................................................ 80
6 ONCOLOGIA........................................................................................................................................................ 80
6.1 Fatores de risco...................................................................................................................................... 81
6.2 Diagnóstico.............................................................................................................................................. 82
6.2.1 Autoexame das mamas......................................................................................................................... 82
6.2.2 Exame clínico............................................................................................................................................. 83
6.2.3 Mamografia................................................................................................................................................ 83
6.2.4 Ultrassonografia....................................................................................................................................... 84
6.2.5 Biópsias........................................................................................................................................................ 84
6.3 Cirurgias conservadoras..................................................................................................................... 84
6.3.1 Tumorectomia........................................................................................................................................... 84
6.3.2 Quadrantectomia..................................................................................................................................... 85
6.3.3 Linfonodo sentinela................................................................................................................................ 85
6.4 Cirurgias radicais................................................................................................................................... 85
6.4.1 Mastectomia radical de Halsted........................................................................................................ 86
6.4.2 Mastectomia radical modificada à Patey....................................................................................... 86
6.4.3 Mastectomia radical modificada à Madden................................................................................. 86
6.4.4 Mastectomia simples.............................................................................................................................. 86
6.4.5 Mastectomia higiênica.......................................................................................................................... 86
6.5 Reconstrução das mamas.................................................................................................................. 86
6.6 Tratamento clínico................................................................................................................................ 87
6.6.1 Radioterapia............................................................................................................................................... 87
6.6.2 Quimioterapia............................................................................................................................................ 88
6.6.3 Hormonioterapia...................................................................................................................................... 88
6.7 Fisioterapia oncofuncional................................................................................................................ 89
6.7.1 Complicações nervosas......................................................................................................................... 89
6.7.2 Seroma......................................................................................................................................................... 90
6.7.3 Aderência cicatricial............................................................................................................................... 90
6.7.4 Disfunções no ombro............................................................................................................................. 90
6.7.5 Linfedema de membro superior......................................................................................................... 91
7 DISTÚRBIOS GINECOLÓGICOS.................................................................................................................... 93
7.1 Dor pélvica crônica............................................................................................................................... 93
7.1.1 Endometriose............................................................................................................................................. 94
7.1.2 Dismenorreia.............................................................................................................................................. 95
7.1.3 Tipos de DPC.............................................................................................................................................. 95
7.1.4 Avaliação da DPC..................................................................................................................................... 96
7.1.5 Tratamento................................................................................................................................................. 96
7.1.6 Fisioterapia................................................................................................................................................. 97
7.2 Síndrome pré-menstrual.................................................................................................................... 98
7.3 Disfunções sexuais femininas.......................................................................................................... 99
8 CLIMATÉRIO E MENOPAUSA......................................................................................................................101
8.1 Manifestações clínicas......................................................................................................................102
8.1.1 Manifestações neurogênicas.............................................................................................................102
8.1.2 Manifestações psicogênicas..............................................................................................................102
8.1.3 Manifestações metabólicas...............................................................................................................102
8.1.4 Manifestações mamárias....................................................................................................................103
8.1.5 Manifestações genitais........................................................................................................................103
8.1.6 Manifestações urinárias......................................................................................................................103
8.1.7 Manifestações do sistema tegumentar........................................................................................104
8.2 Tratamento.............................................................................................................................................104
8.2.1 Fisioterapia na prevenção e no tratamento da osteoporose...............................................105
APRESENTAÇÃO
Por essa razão, esta disciplina abrange a apresentação da anatomia e da fisiologia dos sistemas
reprodutor e urinário feminino e suas disfunções, o desenvolvimento gestacional, incluindo alterações
e possíveis complicações, o câncer de mama, o climatério e a atuação do fisioterapeuta no que tange à
utilização de recursos terapêuticos para prevenção e tratamento de disfunções e/ou complicações. Além
disso, será discutida a importância do trabalho multidisciplinar e da humanização em saúde.
Ao final da disciplina, o aluno deverá ser capaz de desenvolver e planejar programas de prevenção
de doenças, contribuindo para a melhoria da saúde da mulher; elaborar diagnósticos fisioterapêuticos;
instituir e aplicar o plano de tratamento e conceder alta à paciente; além de reconhecer a importância
do trabalho em equipes multidisciplinares, podendo, quando julgar necessário, também encaminhar a
paciente a outro profissional.
INTRODUÇÃO
9
Neste livro-texto, inicialmente você terá acesso à saúde da mulher, conhecendo e aprendendo
a anatomia do aparelho reprodutor feminino e suas especificidades, bem como a fisiologia do ciclo
reprodutivo da mulher, incluindo as fases, as modificações que ocorrem no útero e nos ovários e como
os hormônios femininos e hipofisários se comportam durante todo esse ciclo.
Após esse entendimento inicial, será possível estudar as diferentes áreas de atuação da fisioterapia
aplicada à saúde da mulher.
A obstetrícia é uma das áreas com ampla atuação, na qual são estudadas todas as alterações que
ocorrem no corpo gravídico, inclusive as mudanças físicas e fisiológicas dos diferentes sistemas e as
alterações hormonais. Também são contemplados nessa área a fase do parto, incluindo os sinais do
trabalho de parto, as posições para o parto e os mecanismos de alívio da dor, bem como o puerpério
ou pós-parto, no qual, novamente, ocorrem inúmeras alterações físicas e fisiológicas no corpo da
mulher. Em todas as fases – pré-parto, parto e puerpério –, há indicação de fisioterapia para minimizar
complicações e tratá-las.
Após o nascimento do bebê, é indicado o aleitamento materno, que pode ser exclusivo, complementado
ou misto. Os hormônios prolactina e ocitocina são os responsáveis pela produção do leite materno.
Entretanto, não é fácil amamentar; existe a forma certa de fazê-lo. O mal posicionamento do bebê, a
pega incorreta, entre outros fatores, podem gerar complicações durante a amamentação e, com isso,
desencorajar o aleitamento exclusivo. A fisioterapia tem um importante papel na orientação quanto à
forma correta de realizar a amamentação e o tratamento de algumas dessas complicações.
A fisioterapia também atua amplamente no câncer de mama, incluindo prevenção e autoexame das
mamas, além de atuar no pré e pós-operatório imediato e tardio das cirurgias mamárias e na prevenção
e tratamento de complicações.
Também são englobados pela intervenção fisioterapêutica os distúrbios ginecológicos, com destaque
para a dor pélvica crônica, a dismenorreia, a síndrome pré-menstrual e as disfunções sexuais femininas,
como dispaneuria, vaginismo e anorgasmia.
E, por último, quando se inicia a diminuição da fertilidade feminina, a mulher entra no climatério,
período em que ocorrem várias alterações físicas e fisiológicas no corpo feminino, inclusive a última
menstruação ou menopausa. O fisioterapeuta, ao conhecer essas alterações, é capaz de amenizar ou
prevenir algumas das complicações geradas nesse período.
10
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Unidade I
1 APARELHO REPRODUTOR FEMININO
Iniciaremos este livro-texto pelo estudo do aparelho reprodutor feminino, uma vez que ele é a base
da fisioterapia aplicada a saúde da mulher. É importante saber que o aparelho reprodutor feminino é
formado por um conjunto de órgãos encarregados da reprodução da mulher, sendo que, do ponto de
vista reprodutivo, o sistema genital feminino é considerado mais complexo do que o masculino, por
possuir um órgão e uma função a mais: a de abrigar e desenvolver o feto.
Pelo fato de a pelve feminina ser o canal de passagem do bebê durante o parto, possui diferenças em
relação à pelve masculina. Em geral, esta é mais larga e mais curta, mas existem outras diferenças
importantes. Os ossos da pelve feminina são mais leves, o sacro é mais largo e menos curvo, a cavidade
pélvica é mais larga e cilíndrica e a abertura superior é arredondada. Nas figuras a seguir, é possível
observar essas diferenças.
Entre as funções da pelve estão: proteger os órgãos pélvicos, transmitir o peso do tronco para os
membros inferiores e fixar os músculos.
Espinha
ilíaca
ântero-
superior
Sínfise púbica
A) B)
11
Unidade I
A) B)
O monte púbico é uma elevação constituída de tecido adiposo que recobre a sínfise púbica. Após a
puberdade, é recoberta de pelos espessos.
Também chamados de lábios maiores, os grandes lábios são duas pregas cutâneas mais externas que,
após a puberdade, tornam-se hiperpigmentadas e cobertas de pelos.
Também chamados de lábios menores, os pequenos lábios são duas pequenas pregas cutâneas,
localizadas medialmente aos grandes lábios, ou seja, mais internas.
1.1.2.4 Clitóris
O clitóris é considerado uma estrutura homóloga ao pênis, por ser um órgão erétil, extremamente
sensível e ligado à excitabilidade sexual feminina. Apenas sua glande é visível, no local onde se fundem
os pequenos lábios.
12
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
1.1.2.5 Vestíbulo
O vestíbulo é uma estrutura só pode ser evidenciada com o afastamento dos pequenos lábios. Nele
se encontram o orifício vaginal e o hímen.
Lábio maior
Glande do clitóris
Lábio menor
Óstio externo
da uretra
Óstio da vagina
Os órgãos genitais internos são formados por vagina, útero, ovário e trompas uterinas, como é
possível observar na próxima figura.
1.1.3.1 Vagina
A vagina é um canal fibromuscular que se estende do vestíbulo até o colo do útero, mede de 8 a 10 cm
e tem cerca de 4 cm de diâmetro. A vagina possui capacidade elástica para que ocorra a penetração do
pênis durante o ato sexual e a passagem do bebê durante o parto.
1.1.3.2 Útero
O útero é um órgão com formato de pera invertida, onde o embrião se aloja e se desenvolve até o
nascimento. Ele se abre na vagina e superiormente é contínuo com as trompas uterinas. Inferiormente,
o útero é dividido em quatro partes: fundo, corpo, istmo e cérvix ou colo do útero. O corpo é a porção
principal, o fundo se localiza acima das trompas uterinas, e o istmo é a região inferior e de estreitamento
do útero, seguido pelo colo uterino, que faz projeção na vagina.
13
Unidade I
Além disso, em sua estrutura, o útero possui três camadas: endométrio, miométrio e perimétrio. O
endométrio é a camada mais interna, que sofre modificações durante o ciclo menstrual; o miométrio é
a camada média, que constitui a maior parte da parede uterina; e o perimétrio é a camada mais externa.
As paredes uterinas são espessas devido à musculatura, entretanto, em um útero não gravídico, a
cavidade uterina é relativamente estreita.
Mensalmente, o endométrio se prepara para receber o óvulo fecundado. Para isso, ocorre a ampliação
de volume do endométrio e da rede capilar, aumentando sua vascularização. Quando a fecundação não
ocorre, essa camada do endométrio sofre uma descamação com hemorragia através da vagina. Essa é a
chamada menstruação.
1.1.3.3 Ovários
Situados um de cada lado do útero, para trás e abaixo das trompas, os ovários são responsáveis pela
produção de óvulos e hormônios femininos (estrógeno e progesterona); por isso, em seu interior, ocorre
o processo de ovulação.
As trombas uterinas, também chamadas de tubas uterinas, são dois canais que se estendem do útero
ao ovário, apresentando cerca de 10 a 12 cm de comprimento e de 2 a 4 mm de diâmetro.
Essas estruturas transportam os óvulos que se romperam na superfície do ovário para a cavidade do
útero. Na maioria das vezes, a fecundação ocorre na trompa uterina.
Trompas Fundus
uterinas
Ovário
Útero
Canal do útero
Cérvix
Vagina
14
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
1.1.4 Mamas
As mamas situam-se ventralmente aos músculos da região peitoral, e são constituídas por tecido
glandular, estroma e pele.
Dos lobos das glândulas mamárias se projetam os ductos lactíferos, e cada um projeta de
15 a 20 ductos. Esses ductos desembocam nos mamilos, que são abundantemente inervados.
Ao redor do mamilo, há uma área de maior pigmentação chamada aréola, onde existem glândulas
sudoríparas e sebáceas.
Lóbulo
Ductos
lactíferos
Figura 5 – Mamas
O sistema urinário compreende os órgãos responsáveis pela formação da urina. Divide-se em trato
urinário superior, formado por rins e ureter, e em trato urinário inferior, formado por bexiga e uretra. A
seguir, será apresentada a descrição de cada um deles.
15
Unidade I
1.2.1 Rins
Os rins são um par de órgãos abdominais que possuem formato de um grão de feijão, situados à
direita e à esquerda da coluna vertebral. O rim direito ocupa uma posição mais inferior do que a do
esquerdo devido à presença do fígado.
1.2.2 Ureter
O ureter é um tubo muscular que une o rim à bexiga e é capaz de contrair e realizar movimentos
peristálticos.
1.2.3 Bexiga
Bolsa que funciona como reservatório de urina situada atrás da sínfise púbica, a bexiga armazena a
urina formada pelos rins por determinado tempo até que o reflexo da micção seja desencadeado.
É envolvida pelo músculo detrusor, que trabalha com a alteração da capacidade funcional (complacência)
da bexiga.
1.2.4 Uretra
A uretra é o último segmento das vias urinárias. Na mulher, serve exclusivamente para a excreção de
urina, levando a urina da bexiga ao exterior. Seu comprimento é de cerca de 4 a 5 cm.
Glândula
adrenal
Rim
Ureter
Bexiga
Uretra
16
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
É necessário ter em mente que o assoalho pélvico não é formado apenas por músculos, mas também
por ligamentos e fáscias, que serão discutidos com mais profundidade posteriormente.
Entre as funções do assolho pélvico estão: sustentar os órgãos internos, a bexiga, o útero e o reto,
permitir a passagem do feto no momento do parto e proporcionar ação esfincteriana para a uretra.
1.3.1 Períneo
O períneo é uma região em forma de losango situada abaixo da cavidade pélvica que se estende
do monte pubiano até as faces médias das coxas e as pregas glúteas. O períneo se divide em dois
triângulos e possui uma linha reta que passa entre as tuberosidades isquiáticas, formando, assim,
o trígono urogenital e o trígono anal, como observado na figura a seguir.
O trígono urogenital é uma área anterior onde se localizam os órgãos genitais externos e os
músculos que formam o diafragma urogenital. Já o trígono anal é posterior e nele se localizam o
ânus e o músculo esfíncter do ânus.
Sínfise púbica
Trígono
urogenital
Tuberosidade Tuberosidade
isquiática Trígono isquiática
anal
Cóccix
Além das funções do assoalho pélvico citadas anteriormente, os músculos dessa região, também
conhecidos pela sigla MAP, apresentam função na resistência ao aumento da pressão intra-abdominal,
na elevação do assoalho pélvico, nas continências urinária e fecal, na relação sexual e no orgasmo.
17
Unidade I
• músculo isquiocavernoso;
• músculo bulboesponjoso;
Uretra M. bulboesponjoso
M. isquiocavernoso
M. transverso
M. levantador do ânus superficial do períneo
Ânus
Vagina
• músculo coccígeo;
• músculo piriforme;
18
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Ligamento arqueado
do púbis
Esfíncter da uretra
Ligamento transverso
do períneo
Bulbo do vestíbulo
Fáscia inferior do
diafragma urogenital
Transverso profundo
do períneo Ligamento
sacrotuberal
Uretra
Músculo iliococcígeo
19
Unidade I
Nesse momento se iniciam os ciclos menstruais, que estarão presentes na vida da mulher durante
toda a fase reprodutiva. O ciclo menstrual dura em média 28 dias, podendo variar de mulher para
mulher, e as alterações hormonais estão presentes durante todo o ciclo.
Para a regulação do ciclo menstrual, deve haver integridade das estruturas que englobam o
hipotálamo, a hipófise e os ovários, pois hormônios secretados por essas estruturas estão envolvidos
nesse ciclo.
O corpo da menina passa por diversas mudanças quando ela entra na puberdade, mudanças essas
relacionadas ao início das alterações hormonais.
Na puberdade, ocorre uma modificação na resposta hipofisária, que se torna mais sensível aos
impulsos neurais provenientes do sistema nervoso central (SNC), incluindo o hipotálamo. Portanto,
aumentam os níveis de hormônios gonatrópicos, os quais estimulam a hipófise, que passa a secretar
primeiramente FSH e, depois, LH. Estes, por sua vez, estimulam a secreção dos hormônios sexuais
femininos estrógeno e progesterona.
Com a mudança hormonal o corpo da menina começa a sofrer alterações físicas e a apresentar
características do corpo feminino, ocorrendo o crescimento da pelve óssea com alargamento dos
quadris, alterações e posterior crescimento das mamas, aumento dos ovários, aparecimento de pelos
pubianos e, então, a menarca.
O FSH é responsável pela proliferação das células foliculares ovarianas, estimulando a secreção de
estrógeno, o que faz com que as cavidades foliculares se desenvolvam e cresçam.
2.2.3 Estrógeno
Observação
Por último, o estrógeno tem uma importante função no desenvolvimento do endométrio (camada
mais interna do útero) durante o ciclo menstrual.
2.2.4 Progesterona
Além disso, a progesterona atua durante a fecundação e a gestação, preparando o útero para a
aceitação do embrião e as mamas para a lactação, através do aumento dos graus de atividade secretória
das glândulas mamárias e das células que revestem a parede uterina. E, por último, inibe as contrações
do útero e impede a expulsão do embrião que está sendo implantado ou do feto em desenvolvimento.
Muitas pessoas acreditam que o ciclo menstrual se resume ao período da menstruação. Entretanto,
a menstruação é apenas um evento que marca o início do ciclo menstrual. Todo ciclo menstrual se inicia
no primeiro dia da menstruação e vai até o primeiro dia da menstruação seguinte. Ele dura em média
28 dias, podendo variar bastante, de 25 a 32 dias, em geral.
21
Unidade I
Lembrete
O ciclo menstrual pode ser subdividido em dois, um presente nos ovários e outro no útero. Ambos
interagem e, na primeira metade do ciclo menstrual, antes da ovulação, há a preparação do óvulo
para ser liberado do ovário e o desenvolvimento do endométrio. Na segunda metade, após a ovulação,
ocorre a preparação do corpo e do útero para aceitar o óvulo fecundado ou para iniciar um novo ciclo.
Na figura a seguir, é possível observar um resumo de todo o ciclo menstrual, com suas subdivisões e
variações hormonais e dos órgãos.
Os ciclos ovarianos são divididos em duas fases: a fase folicular e a fase lútea.
Na fase folicular, o óvulo é preparado para ser liberado, enquanto na fase lútea o corpo se prepara
para uma possível gravidez.
Entre as duas fases ocorre a ovulação, que é a liberação do óvulo dentro do ovário, quando este está
pronto para a fecundação.
Os ciclos uterinos são divididos em três: período menstrual, fase proliferativa e fase secretora.
Como já explicado anteriormente, o ciclo menstrual se inicia com a menstruação. Nesse momento,
a hipófise aumenta a secreção de FSH, que transmite informação aos ovários para prepararem um
óvulo para a ovulação. Nos ovários existem diversos folículos (bolsas de fluídos contendo óvulos) em
diferentes estágios de desenvolvimento, em ambos os ovários.
Mais ou menos na metade da fase folicular (no final da menstruação) um folículo se desenvolve
mais do que os outros. Este folículo será o folículo dominante, que será preparado para ovular,
produzindo estrógeno à medida que cresce. O estrógeno atinge o pico alguns dias antes da ovulação.
22
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Nesse momento ocorre uma leve diminuição de FSH. A fase folicular varia de ciclo para ciclo, mas
dura, em média, de 10 a 15 dias.
Então, à medida que o folículo mais desenvolvido ou folículo dominante do ovário cresce, aumenta
mais e mais a produção do estrógeno. Quando os níveis de estrógeno estão altos o suficiente, uma
informação é encaminhada à hipófise, causando um grande aumento de LH. Esse pico de LH induz a
ovulação, que é a liberação do óvulo no ovário.
Em relação à outra metade do ciclo menstrual, fase que tem início após a ovulação, uma vez que
esta ocorre, o folículo que continha o óvulo liberado se transforma no chamado corpo lúteo ou corpo
amarelo, que começa a secretar estrógeno e elevada quantidade de progesterona. O aumento desses
hormônios diminui a produção de FSH e LH.
Os níveis de progesterona têm um pico na metade da fase lútea, aproximadamente. Essas mudanças
hormonais da fase lútea são associadas aos sintomas pré-menstruais, como cefaleia, alterações de
humor, edema e hipersensibilidade nas mamas.
Quando o óvulo é fecundado, o corpo lúteo continua a secretar progesterona para o suporte
inicial da gravidez. Caso não ocorra a fecundação, o corpo lúteo involui 9 a 11 dias após a ovulação.
Essa involução do corpo lúteo resulta em uma queda nos níveis de estrógeno e progesterona, o que
causa a menstruação.
Após a ovulação, o útero começa a liberar substâncias químicas que ajudarão na fixação do embrião,
caso o óvulo tenha sido fecundado, ou ajudarão o endométrio a descamar durante a menstruação.
Os altos níveis de progesterona fazem com que o endométrio pare de espessar e comece a se preparar
para uma possível fecundação e implantação do embrião. A fase secretora do útero tem esse nome
porque o endométrio produz e libera substâncias químicas, como as prostaglandinas.
As prostaglandinas aumentam durante a segunda metade desse ciclo e alcançam seu pico durante a
menstruação. Quando ocorre uma gravidez, as prostaglandinas param de ser produzidas.
23
Unidade I
Entretanto, quando não ocorre a gravidez, o corpo lúteo para de produzir estrógeno e progesterona.
A baixa concentração desses hormônios e as prostaglandinas fazem com que os vasos sanguíneos se
contraiam e o endométrio descame. Iniciam-se, então, a menstruação e todo o ciclo novamente.
Histologia
ovariana
37 ºC
Temperatura corporal
36 ºC
Estradiol Hormônio luteinizante (LH)
Hormônio Progesterona
foliculoestimulante
Hormônios
(FSH)
Menstruação
endometrial
Histologia
1 3 5 7 9 11
13 15 17 19 21 23 25 27
2 4 6 8 10
12 14 16 18 20 22 24 26 28
Dia do cliclo menstrual
(valores médios, as durações e valores podem variar entre
mulheres e ciclos diferentes)
3 OBSTETRÍCIA
A gestação de um bebê termo tem a duração média de 37 semanas e 7 dias a 41 semanas e 7 dias.
Durante esse período, para proporcionar o desenvolvimento do bebê, o corpo da mulher sofre inúmeras
alterações, ocorrendo grandes mudanças em seu funcionamento e em sua forma em um curto período.
Na figura a seguir, é possível observar o posicionamento do bebê e de importantes órgãos, como a
bexiga e o útero, no final da gestação.
24
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Após a gestação, a mulher entra em uma nova fase de transformação, chamada puerpério ou
pós-parto, na qual o funcionamento do corpo tende a voltar à situação pré-gravídica.
Aa. umbilicais
V. umbilical
Fundo do útero
Colo sigmoide
Tampão mucoso
Fórnice da vagina,
parte posterior
Porção vaginal do colo,
óstio do útero
Escavação retouterina
Placenta
Prega transversa
do reto
Vagina
Cóccix
Lig. umbilical mediano
Fáscia retovaginal
Linha alba (septo retovaginal)
Espaço retropúbico
Sínfise púbica, disco interpúbico Septo vesicovaginal
Bexiga urinária
Clitóris, corpo cavernoso do clitóris
M. esfíncter externo
Glande do clitóris do ânus
M. transverso profundo do períneo
Uretra M. esfíncter interno
Lábio maior do pudendo do ânus
Lábio menor do pudendo feminina
M. esfíncter
da uretra
Essa implantação do ovo no endométrio uterino ocorre cerca de 6 a 7 dias após a fecundação.
Inicialmente, a nutrição do embrião é realizada pelo corpo lúteo, que continua a secretar hormônios
importantes para a manutenção da gestação – estrógeno e progesterona. Após a 13ª semana gestacional,
o corpo lúteo involui e a nutrição fetal passa a ser feita exclusivamente pela placenta.
25
Unidade I
Observação
A placenta se desenvolve e cresce durante a gravidez. Ao final, essa estrutura chega a medir
aproximadamente 20 cm de diâmetro, 3 cm de espessura e pesar cerca de 500 a 700 gramas. A placenta
é a responsável pela difusão de nutrientes entre mãe e feto, pela difusão de produtos de excreção entre
feto e mãe e pela secreção de grandes quantidades de hormônios.
Lembrete
Placenta
Figura 13 – Placenta
Quando ocorre a gestação, a mulher apresenta alguns sinais, como amenorreia (ausência de
menstruação), congestão mamária, náuseas, vômitos, fadiga, entre outros. O teste de urina para
detecção da gravidez mensura o beta HCG (gonadotrofina coriônica humana), que nessa fase aumenta
para impedir a destruição do corpo lúteo.
26
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A gestação pode ser dividida em três diferentes fases: pré-parto, parto e puerpério. A fase do parto,
por sua vez, é subdividida em dilatação, expulsão e secundamento; e o puerpério, em imediato, tardio e
remoto. A gestação, a partir dessas divisões, será estudada a seguir.
3.1 Pré-parto
O pré-parto é a fase da gestação em si, na qual o feto está se desenvolvendo dentro do útero da
mulher. É uma fase de adaptações no organismo materno e mudanças em vários sistemas.
Nessa fase, a mulher deve ser assistida e realizar o pré-natal, através de um atendimento humanizado,
assistencial e preventivo associado ao conhecimento de integralidade da equipe multiprofissional, que
inclui o fisioterapeuta.
É importante saber que, no Brasil, toda gestante tem direito a realizar o pré-natal através do Sistema
Único de Saúde (SUS).
Saiba mais
3.1.1 Útero
O útero gravídico cresce, aumenta de volume, bem como sofre hipertrofia e dilatação. A vascularização
aumenta de 50 mL/min para 500 mL/min, sua capacidade se amplia de 5 mL para até 10.000 mL, o
comprimento passa de 7 cm para 30 cm e o peso sobe de 70 g para cerca de 1.100 g. Entretanto, esse
aumento é gradativo com o desenvolvimento da gestação e, a partir da 10ª semana gestacional, o útero
já pode ser palpado acima da sínfise púbica.
Para fechar o colo do útero e impedir infecções, desenvolve-se o tampão mucoso, que só sairá nas
últimas semanas gestacionais. O colo do útero se torna mais grosso e mais vascularizado e, a partir
do terceiro trimestre gestacional, começa a afinar em preparação para o parto.
Com o aumento de tamanho do útero, a bexiga é comprimida e, por isso, é comum nas gestantes o
aumento da frequência miccional. Além disso, após a 20ª semana gestacional, esse aumento também
27
Unidade I
gera compressão da veia cava inferior e da artéria aorta, quando a grávida se posiciona em decúbito
dorsal, o que pode gerar a síndrome da hipotensão supina, na qual ocorre a compressão dos grandes
vasos, com diminuição do fluxo sanguíneo e da pressão arterial, gerando uma sensação de tontura na
gestante, bem como diminuição da oxigenação fetal. Se essa postura for mantida por muito tempo,
o bebê pode entrar em sofrimento. Portanto, durante a gravidez, é recomendado o decúbito lateral
esquerdo. Nas figuras a seguir, é possível observar a diferença entre a compressão dos grandes vasos, em
decúbito dorsal, e a descompressão, em decúbito lateral.
Retorno venoso
diminuído
Útero Área de
compressão
Veia cava
Aorta inferior
Fluxo sanguíneo
arterial diminuído
Aorta
Veia cava
inferior
28
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
3.1.2 Vagina
Durante a fase gestacional, a vagina perde sua rugosidade para facilitar a passagem do bebê
durante o parto. Além disso, assim como o útero, ela hipertrofia, apresenta aumento na vascularização
e hiperpigmentação, graças às alterações hormonais.
Durante toda a fase gestacional, os hormônios FSH e LH diminuem a valores mínimos. Além disso, há
aumento da produção de prolactina, estrógeno, progesterona e relaxina.
A relaxina, por sua vez, é um hormônio produzido exclusivamente em mulheres grávidas. Antigamente,
acreditava-se que sua função era provocar maior flexibilidade nas articulações, que pode ser observada
especialmente a partir do segundo trimestre gestacional. Entretanto, esse hormônio, produzido por
ovários, corpo lúteo e placenta, está mais presente no primeiro trimestre gestacional e diminui a partir
do segundo trimestre; ou seja, essa pode não ser uma função da relaxina. Atualmente, as funções desse
hormônio ainda são pouco conhecidas, mas parece haver uma possível relação com o amadurecimento
do colo uterino.
Devido às alterações hormonais, a pele das gestantes também pode sofrer algumas mudanças, como
o aparecimento de melasmas, que são manchas hiperpigmentadas na região da face. Essas manchas
podem ou não desaparecer após o parto. Também ocorre a pilificação, ou seja, o aumento dos pelos
corporais. Algumas gestantes, em consequência do aumento do peso corporal e do estiramento da
pele, apresentam estrias, principalmente na região da barriga, das mamas e dos glúteos. Além disso, é
bastante comum o aparecimento da linha nigra no final da gestação, uma linha vertical mais escura que
divide toda a barriga da gestante.
29
Unidade I
3.1.5 Glândulas
As glândulas sebáceas e sudoríparas sofrem uma intensificação nas atividades, gerando aumento na
transpiração e na oleosidade da pele, o que predispõe ao aparecimento de acnes.
3.1.6 Varizes
Em geral, o aparecimento das varizes ocorre após a segunda metade da gestação. Isso ocorre devido
ao aumento do peso corporal, à diminuição do retorno venoso e à vasodilatação periférica provocados
pela pressão gerada pelo útero gravídico.
3.1.7 Mamas
As mamas ficam mais sensíveis até a 10a semana gestacional. Além disso, elas sofrem aumento de
vascularização e volume (de 500 g a 800 g) e hipertrofia do tecido alveolar, o que nodulações.
Os mamilos, por sua vez, ficam mais escuros devido à hiperpigmentação e hipertrofiam, como preparo
para a lactação. A partir da 20ª semana, algumas gestantes começam a secretar um líquido incolor pelas
mamas. Trata-se apenas de um colostro incolor, que não apresenta propriedades nutricionais e ainda
não é considerado leite materno.
30
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Com o aumento do útero, a bexiga da gestante é elevada progressivamente, sendo pressionada para
cima, o que aumenta o desejo miccional e, consequentemente, a frequência miccional. Por essa razão,
as grávidas são mais propensas a apresentarem incontinência urinária de esforço.
Além disso, os rins também aumentarão de volume e peso, devido à intensificação da função renal
e do fluxo sanguíneo renal em cerca de 60% a 80%.
Principalmente após a 20ª semana gestacional, a grávida sofre alterações posturais, devido à
mudança do seu centro de gravidade, que tende a se deslocar para a frente pelo aumento da barriga.
Para compensar esse deslocamento, a gestante projeta o corpo para trás e aumenta a base de apoio,
apresentando alterações posturais típicas que normalmente geram muita dor. Entre as alterações
estão: protrusão dos ombros, anteriorização da cabeça com hiperlordose cervical, hipercifose torácica,
anteroversão pélvica, hiperlordose lombar e hiperextensão dos joelhos – por essa razão é tão comum
que mulheres grávidas reclamem de dores no corpo, principalmente na lombar.
Além das alterações posturais, a distensão abdominal provoca o distanciamento dos músculos
retoabdominais, com a modificação da linha alba. O distanciamento de até 3 cm é considerado normal,
mas, acima disso, é considerado diástase abdominal, o distanciamento patológico da musculatura
que normalmente ocorre em mulheres com fraqueza nos músculos abdominais, como observado na
figura a seguir.
31
Unidade I
Grávidas normalmente apresentam náuseas e vômitos da 6ª à 16a semana gestacional, o que pode
variar de mulher para mulher. A chamada náusea matinal pode ser experimentada por cerca de 50% a
90% das mulheres no primeiro trimestre gestacional.
Além da obstrução mecânica causada pelo útero, o intestino também sofre diminuição de tônus e,
consequentemente, de motilidade. Por isso é muito comum ouvir grávidas se queixando de constipações
intestinais.
A dispneia é um dos primeiros sintomas respiratórios que podem aparecer na gestante. Essa condição
aumenta o consumo de oxigênio devido à nutrição fetal e à oxigenação da musculatura uterina.
O aumento do útero também causa a elevação do diafragma, gerando uma respiração apical na
gestante. Além disso, a compressão torácica gerada pelo útero causa aumento do volume corrente e
diminuição do volume de reserva expiratório. Há também aumento do trabalho respiratório em cerca de
50%, em virtude da redução da complacência torácica.
Gestantes apresentam aumento do débito cardíaco em até 30%. Isso ocorre graças à vasodilatação
periférica e ao aumento do volume de líquido intersticial, extracelular e plasmático. Dessa maneira, a
frequência cardíaca tende a aumentar de 1 a 20 batimentos por minuto.
No primeiro trimestre, a pressão arterial tende a diminuir, mas, a partir da 20ª semana gestacional,
pode surgir a hipertensão arterial gestacional que, para ser assim considerada, deve desaparecer em até
6 semanas após o parto. Para diagnosticá-la, a gestante deve apresentar pressão arterial sistólica maior
que 140 mmHg e pressão diastólica maior que 90 mmHg, em duas ocasiões, com intervalo de 6 horas
ou após descanso em decúbito lateral esquerdo por 1 hora.
Observação
Caso a gestante já apresente hipertensão arterial antes da gravidez ou essa condição tenha surgido
antes da 20ª semana gestacional, a paciente é considerada e tratada como uma hipertensa crônica, não
tendo relação com a gravidez.
A hipertensão arterial gestacional é classificada em dois tipos – leve e grave –, e cada tipo exige
tratamentos diferentes. Na hipertensão leve, é recomendado repouso de pelo menos 2 horas por dia em
decúbito lateral esquerdo, além de controle da ingesta alimentar, monitoramento do peso e de hábitos
impróprios, e prática de exercícios físicos. O controle pré-natal, nesse caso, é quinzenal e depois passa
a ser semanal.
A hipertensão grave, por sua vez, exige internação da gestante e repouso, além dos controles
descritos anteriormente.
Existem outras duas condições patológicas em gestantes que também envolvem a hipertensão
arterial, porém mais graves: a pré-eclampsia e a eclampsia.
Caso a pré-eclampsia não seja tratada e controlada, pode evoluir para uma patologia mais grave, a
eclampsia, exclusiva de pacientes com pré-eclampsia. A eclampsia é caracterizada por uma desregulação
do fluxo sanguíneo cerebral, o que causa um edema cerebral, gerando convulsões e/ou coma, podendo
ser letal para a gestante. O único tratamento é a interrupção da gestação, independentemente da fase
gestacional.
3.2 Parto
O período pré-parto ocorre algumas semanas antes do parto, sendo evidenciado através do encaixe
pélvico do bebê, que ocorre de 2 a 3 semanas antes do trabalho de parto e contribui para o aumento da
pressão pélvica, notado nessa fase. Além disso, os membros inferiores ficam edemaciados e as contrações
de Braxton Hicks ficam mais presentes.
33
Unidade I
As contrações de Braxton Hicks são contrações uterinas indolores, esporádicas e disritmadas, e não
são as contrações características do trabalho de parto. Essas contrações são comuns a partir do terceiro
trimestre gestacional.
O pródomo também é um período observado antes do trabalho de parto. Esse período é caracterizado
pela descida do fundo uterino em cerca de 2 a 4 cm, pelo aumento das contrações uterinas sem ritmo,
que não são suficientes para promover dilação, e pelo abaixamento do colo uterino.
A descida do fundo uterino ocorre devido à descida da cabeça do bebê, o que gera o aumento das
dores lombares e na região dos quadris das gestantes. Entretanto, algumas delas só se queixam de uma
sensação de “peso” na região suprapúbica. O colo do útero, por sua vez, começa a passar por um processo
de amadurecimento, no qual ele fica mais amolecido e progressivamente mais curto ao toque vaginal.
Antes do início do trabalho de parto, ocorre a saída do tampão mucoso, uma pequena quantidade
de muco espesso e viscoso que pode conter sangue e indica que o colo do útero está preparado para
o trabalho de parto. No entanto, isso não significa que o bebê nascerá no mesmo dia; o mais comum
é que o tampão saia entre a 37ª a 42ª semanas de gestação. Portanto, o trabalho de parto ainda pode
demorar até 3 semanas para ocorrer.
Lembrete
Os sinais do trabalho de parto são a ruptura do saco amniótico com a saída do líquido amniótico
(líquido transparente) e o início das contrações uterinas, que agora são mais fortes, ritmadas e progressivas.
O trabalho de parto é composto por três etapas. A primeira é a fase de dilatação, que é assim
chamada por nela ocorrer a dilatação do colo do útero para permitir a passagem do bebê. Nessa fase,
as contrações uterinas se tornam progressivamente mais longas, fortes e próximas. Essas contrações
são as responsáveis pela dilatação, necessária para a saída do feto, que mede cerca de 10 cm de
diâmetro, em média.
34
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Segmento Segmento
ativo uterino
superior
Segmento
passivo Segmento
Colo uterino
inferior
Orifício externo
A segunda fase é a expulsiva, que é a fase da saída do bebê, um estágio muito mais rápido que
o primeiro.
B) O segundo
estágio continua
A) Início do
segundo estágio
C) Fim do D) Nascimento
segundo estágio
Na última e terceira fase, chamada secundamento, ocorre a expulsão da placenta e dos anexos.
35
Unidade I
Os trabalhos de parto variam bastante de mulher para mulher, mas na primeira gestação duram de
12 a 14 horas, em média, e nas gestações seguintes, cerca de 6 horas.
É importante destacar que existem diferentes tipos de partos. Independentemente do tipo, o ideal é
que todos sejam humanizados e discutidos entre o médico e a gestante.
• Parto normal, vaginal ou transpélvico espontâneo: inicia-se com a dilatação do colo uterino
(10 cm) e termina com a expulsão da placenta e dos anexos. A única posição compatível para esse
tipo de parto é o bebê em apresentação cefálica de vértice, ou seja, de cabeça para baixo, com a
cervical totalmente flexionada.
• Parto fórceps: colabora na realização do parto normal, com a utilização de um instrumento para
auxiliar na retirada do bebê, com função de apreensão, tração e, algumas vezes, rotação do polo
cefálico do bebê.
• Parto cesariana: técnica cirúrgica para realização do parto que requer uma incisão através da
parede uterina. Deve ser utilizado somente se houver indicação médica.
• Parto humanizado: todo parto pode ser humanizado, pois tem como foco as necessidades da
mãe e do bebê. É uma forma de assistir a gestante, respeitando sua natureza e vontade. Portanto,
trata-se de uma assistência acolhedora e que respeita a mulher em todas as suas necessidades
físicas, emocionais, sociais, psicológicas e espirituais. Além disso, em um parto humanizado, o
bebê deve ser colocado imediatamente perto da mãe após a expulsão, pois esse é um momento
importante para o estabelecimento de vínculos entre a mãe e o bebê.
36
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Durante o trabalho de parto, a mulher tem autonomia para escolher a posição mais confortável e
desejada, principalmente no parto normal.
As posições verticais de parto, em pé, de cócoras, sentada, ajoelhada e de gatas apresentam vantagens
devido ao efeito da gravidade e ao peso das vísceras, além de o útero se projetar para a frente e, assim,
se alinhar com o canal do útero, o que facilita a expulsão do bebê. Essas posturas também favorecem
contrações mais rítmicas e frequentes, facilitando o trabalho de parto.
A postura de cócoras (figura 22) é considerada uma das melhores posturas, pois aumenta em
28% a área do plano de saída da pelve, além de a flexão de quadril e o encontro da coxa com o
abdome contribuírem para a retificação da região lombossacra, aumentando o diâmetro de saída da
bacia e facilitando a passagem do bebê. Entretanto, não é uma postura fácil de se adquirir e pode ser
desconfortável para algumas mulheres, mas pode ser treinada durante a gestação.
Apesar dos benefícios da postura de cócoras, muitos obstetras não encorajam as mulheres a tentarem
ficar nessa posição, pois dificulta o uso de manobras extrativas, como o fórceps e a episiotomia – uma
incisão medial ou lateral na vulva feita durante o parto, se necessário, para facilitar a passagem do
bebê. A episiotomia era muito utilizada no passado, mas o Brasil ainda é um dos campeões mundiais
em realização dessa técnica; contudo, deve-se ter cautela, uma vez que pode trazer complicações para
a mulher durante o puerpério.
A última postura vertical é a de gatas (figura 23), que facilita a proteção perineal durante a fase de
expulsão, o que diminui o risco de lacerações perineais.
Outra posição favorável para as gestantes no período de trabalho de parto é em decúbito lateral
esquerdo, pois favorece maior oxigenação ao feto durante o período expulsivo. É uma posição confortável
que deve ser adotada por grávidas cardiopatas.
Por fim, a postura mais comum e mais adotada é a supina ou em decúbito dorsal. É a postura
menos fisiológica, mas que facilita as intervenções médicas, pois favorece a compressão dos grandes
vasos sanguíneos pelo útero, dificultando a troca gasosa entre feto e gestante, além de diminuir a
efetividade das contrações uterinas.
37
Unidade I
A) B)
3.3 Puerpério
38
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A genitália externa e a vagina ficam edemaciadas após o parto, e esse edema tende a regredir nas
primeiras 48 horas após o parto. A parede vaginal também sofre um relaxamento e uma secreção vaginal
chamada lóquios ocorre após o parto. Os lóquios incialmente têm uma característica sanguinolenta,
depois, serossanguínea e, por último, ao término, se torna uma secreção esbranquiçada e serosa. Essa
secreção para de ocorrer por volta de 4 a 6 semanas após o parto.
Após o parto, a parede abdominal tem uma característica flácida e as vísceras voltam aos poucos
à posição original. Ainda é possível observar o distanciamento dos músculos retoabdominais, e a
recuperação da tonicidade é lenta, podendo demorar cerca de 6 semanas ou até mais e, em alguns
casos, até ser imperfeita.
Muitas mulheres apresentam constipação intestinal no puerpério imediato, que pode ocorrer em
virtude da diminuição da ingesta alimentar, da fraqueza da musculatura abdominal e perineal e da
inibição antálgica, mais presente nos partos cesarianas.
39
Unidade I
O fisioterapeuta deverá assistir a mulher durante toda a fase gestacional, e o tratamento poderá ser
feito em grupos homogêneos ou de maneira individual, preferencialmente com o acompanhamento
do(a) companheiro(a).
A gestante deve ser avaliada individualmente para que seja desenvolvido um programa de exercícios,
levando em consideração intensidade, duração e tipo de exercício. Além disso, durante a avaliação, o
fisioterapeuta deve perguntar se a gestante já praticava atividade física antes da gravidez ou não, pois
isso impacta diretamente a intensidade do exercício.
Muitos estudos demonstram os benefícios da atividade física durante a gestação, entre eles a
diminuição do risco de pré-eclampsia e diabetes gestacional. A prática de atividade física também
evita o ganho excessivo de peso, prevenindo indiretamente, portanto, a hipertensão gestacional, o
desenvolvimento fetal alterado, a redução da duração da gravidez e a alteração da vitalidade do
recém-nascido. Entretanto, é indicado que a gestante sempre realize as atividades sob orientação de
um profissional.
O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (Acog) indica que as atividades físicas devem ser
iniciadas somente após a 12ª semana gestacional, desde que não haja contraindicações clínicas por
complicações obstétricas.
A indicação é uma prática regular de exercícios durante pelo menos 30 minutos diários ou no mínimo
três vezes por semana, por 60 minutos.
Saiba mais
Para saber mais sobre as recomendações e os tipos de exercícios mais
indicados durante a gestação, leia o artigo a seguir:
MOTOLLA, M. F. et al. Canadian guideline for physical activity throughout
pregnancy. British Journal of Sports Medicine, n. 52, p. 1.339-1.346, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/3hT3GTb. Acesso em: 23 jan. 2021.
Esse artigo é uma diretriz recente com informações importantes
sobre a prática de atividade física na gestação e evidências sobre os
exercícios utilizados.
40
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
4.1.2 Exercícios
Na realização dos exercícios, devem-se tomar alguns cuidados, como evitar a postura em decúbito
dorsal, principalmente a partir do segundo trimestre gestacional, para não causar a síndrome da
hipotensão supina, evitar posturas e exercícios que causem risco de traumas abdominais, quedas e
desequilíbrios, e evitar realizar exercícios em horários mais quentes do dia, dando preferência para
o início da manhã, o final de tarde e a noite, a fim de prevenir hiperventilação, diminuição súbita de
pressão arterial e desidratação.
As gestantes também devem ser orientadas quanto à alimentação antes da atividade física e ao uso
de roupas e calçados adequados, para evitar lesões e hiperventilação.
41
Unidade I
Os exercícios em piscina terapêutica são sempre muito indicados para as gestantes devido às
propriedades da água que proporcionam prevenção ou melhora dos edemas de membros inferiores,
pelo aumento do retorno venoso e linfático, por relaxamento e diminuição das dores musculares, por
diminuição da pressão articular, graças ao empuxo, entre outros aspectos.
O treinamento resistido também é indicado, desde que seja sempre supervisionado e individualizado.
Exercícios de relaxamento (massagem, indução verbal, mentalização) são indicados, pois promovem
a redução da ansiedade e do estresse materno, através da diminuição da FC e dos níveis de cortisol
e noradrenalina. A drenagem linfática também pode ser realizada em gestantes com o objetivo de
prevenir e minimizar edemas, principalmente de membros inferiores.
Observação
Exercícios para a musculatura do assoalho pélvico devem ser realizados após a 12ª semana
gestacional, com o intuito de promover o fortalecimento da musculatura. Apesar de estudos atuais
relatarem que a realização desse tipo de exercício durante a gestação não previne as incontinências
urinárias e fecais, a qualidade dessas evidências ainda é muito baixa.
A partir da 34ª semana gestacional, os exercícios para o assoalho pélvico não devem ser mais
realizados pois, a partir desse momento, deve-se preparar o canal vaginal para o parto, através da
indução do relaxamento muscular para facilitar a passagem do bebê pelo canal vaginal.
Para induzir esse relaxamento, são utilizados massagem perineal e um dispositivo chamado Epi-no,
apresentado na figura a seguir. Ambas as técnicas são iniciadas entre a 35ª ou 36ª semana gestacional
com o intuito de também prevenir as lacerações perineais e episiotomias.
42
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A massagem perineal é realizada pela introdução de um terço dos dedos indicador e médio na vagina
da mulher, utilizando luva e lubrificante. Após pressionar a parede da vagina e realizar um deslizamento,
se forem encontrados pontos de maior tensão, ou trigger points, estes devem ser massageados.
Figura 23 – Epi-no
4.1.4 Orientações
Durante toda a gestação, é trabalho do fisioterapeuta e de toda a equipe que assiste a gestante
dar informações sobre a gestação e o parto, pois isso reduz a ansiedade e promove maior controle
materno sobre o parto.
Orientações sobre técnicas de respiração e relaxamento para serem usadas no parto, e também sobre
amamentação, devem ser realizadas. Essas técnicas e a amamentação serão discutidas adiante.
O fisioterapeuta que atua com as gestantes nessa fase e toda a equipe devem saber que a protagonista
durante o parto é a mulher, portanto, toda atenção deve estar voltada a ela. Nessa fase, a fisioterapia
43
Unidade I
promove cuidados e realiza atividades com o objetivo de oferecer à mulher a possibilidade de vivenciar
da forma mais positiva e tranquila o trabalho de parto e o parto, uma vez que o que mais dificulta essa
vivência é a dor.
A dor durante o trabalho de parto é uma resposta subjetiva, complexa e multidimensional aos
estímulos gerados pelo processo de parturição. Durante a fase de dilatação do colo uterino, predomina
a dor visceral, com estímulos dolorosos provenientes da contração, da distensão uterina e da dilatação.
Essa dor, muitas vezes, gera estresse na mulher; se for intensa e não controlada, pode dificultar a
progressão do trabalho de parto, devido à incoordenação da atividade uterina, além de acarretar efeitos
prejudiciais à mãe e ao feto, podendo gerar alcalose materna, aumento da pressão arterial e diminuição
da perfusão placentária - e, consequentemente, sofrimento fetal.
Diferentes posturas devem ser adotadas durante o trabalho de parto, incluindo a posição vertical e a
deambulação, pois contribuem para melhor contratilidade do útero, garantindo, assim, boas condições
fetais. Nesse momento, podem ser utilizadas as bolas terapêuticas para a aquisição de posturas mais
confortáveis, como mostrado na figura a seguir.
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A massagem tem efeito na redução das dores das contrações uterinas e da ansiedade por meio do
relaxamento muscular induzido e da distração do foco da dor.
A orientação quanto a uma respiração eficaz é muito importante, mas devemos tomar muito
cuidado com a hiperventilação da mulher, portanto, respirações do tipo “cachorrinho” são totalmente
contraindicadas. O ideal é que a mulher faça dois tipos de respiração, sempre inspirando pelo nariz e
expirando pela boca. As instruções que se deve dar são: cheire a flor e apague a vela e, depois, cheire a
flor e derrube a vela. Ou seja, sempre uma inspiração lenta pelo nariz, seguida de uma expiração lenta,
e, depois, uma expiração mais forte e rápida. Essa respiração deve ser incentivada, preferencialmente, na
fase ativa do trabalho de parto com o intuito de auxiliar a manutenção da oxigenação materno-fetal,
promover maior relaxamento e minimizar a ansiedade e a dor.
Outra técnica orientada pelo fisioterapeuta é a utilização de banhos quentes, que podem ser de
imersão em banheira, chuveiro ou ducha localizada. A água quente produz relaxamento, alívio da dor
e ansiedade, maior liberação de endorfina e ocitocina e promove vasodilatação, diminuindo a pressão
sanguínea e melhorando a oxigenação uterofetal.
Uma técnica bastante utilizada nessa etapa para minimizar a dor é o Tens, mas é importante destacar
que esse aparelho é de uso restrito ao trabalho de parto e não deve ser utilizado durante a gestação. O
Tens é um método não invasivo, não farmacológico, seguro, fácil de aplicar e remover (se necessário),
não possui efeitos adversos e pode ser aplicado a qualquer momento, durante o trabalho de parto.
O ideal é a utilização de um aparelho portátil para não restringir a mobilidade da mulher a fim de que
ela consiga realizar as trocas de postura e até a deambulação. Os parâmetros utilizados, normalmente,
são frequência de 80 Hz a 100 Hz, burst de 2 Hz, largura de pulso de 275 µseg e intensidade de até 50 mA.
Os eletrodos devem ser fixados na região paravertebral, sendo um par entre T10 e L1 (região da
inervação do útero) e outro par entre S2 e S4 (região de inervação do canal do parto e assoalho pélvico),
como demonstrado na figura a seguir.
Figura 25 – Posicionamento dos eletrodos para aplicação de Tens durante o trabalho de parto
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Unidade I
Inicialmente, o fisioterapeuta deve realizar uma avaliação minuciosa, coletando os dados da mulher,
incluindo informações quanto ao histórico obstétrico, portanto, paridade, tipo de parto, tempo de
trabalho de parto, necessidade de indução, uso de fórceps, episiotomia, presença de laceração perineal,
sangramento importante ou outras complicações no parto.
Na anamnese, você deve questionar sobre funcionamento intestinal, queixas e presença de desconforto
ou dores, bem como a respeito de incontinência urinária ou fecal prévias ou durante a gestação.
No exame físico, é importante verificar os sinais vitais (pressão arterial, frequências cardíaca e
respiratória e temperatura), realizar uma avaliação respiratória e abdominal, para verificar presença de
diástase, verificar a existência de edema vulvar e varizes, bem como de edema ou sinais de trombose
venosa profunda (TVP) em membros inferiores.
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Após essa avaliação inicial, o fisioterapeuta já deve iniciar o tratamento utilizando técnicas para
realizar a reeducação respiratória e prevenir complicações respiratórias, incentivando a respiração
diafragmática e a tosse assistida, principalmente nos partos cesárea. O aparelho circulatório também
deve ser estimulado para prevenir TVP e edemas. Para isso, devem-se realizar exercícios que favoreçam
o retorno venoso, orientar quanto ao posicionamento e ao uso de meias elásticas e incentivar a
deambulação precoce.
A prevenção e o tratamento das incontinências urinárias e fecais são realizados através dos exercícios
para a musculatura do assoalho pélvico, utilizando contrações rápidas e sustentadas. Isso será discutido
com mais detalhes posteriormente.
A diástase, nessa fase inicial, deve ser tratada apenas com exercícios respiratórios, através de
respirações lentas e profundas e contrações isométricas da musculatura. Já o edema vulvar pode ser
tratado com drenagem linfática manual e, para melhora da constipação intestinal, deve ser realizada
deambulação precoce e massagem abdominal, mas esta só deve ser orientada após partos normais.
Nesta fase, também é função do fisioterapeuta orientar quanto ao posicionamento da mãe nos
cuidados com o recém-nascido e durante a amamentação, que será discutida adiante.
Além disso, o fisioterapeuta tem um importante papel no tratamento das incisões cirúrgicas no
períneo realizadas para o aumento da via de parto, as episiotomias. O Brasil ainda é um dos países que
mais realiza episiotomia, apesar de todas as complicações que podem ser geradas por essa incisão.
Por isso, ela nunca deve ser a primeira opção do obstetra, e o fisioterapeuta tem um importante papel
durante a gestação e o trabalho de parto para que esse procedimento não seja necessário.
A episiotomia é realizada na segunda fase do trabalho de parto e pode ser de dois tipos: na linha
média e na linha mediolateral. Ela é indicada quando a mulher apresenta riscos de laceração perineal ou
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Unidade I
tem dificuldade de consciência perineal, ou seja, não entende onde fica a região perineal. Além disso, a
episiotomia está muito relacionada também ao peso e ao perímetro cefálico do bebê.
Essas incisões podem trazer complicações a curto prazo às puérperas, como dor, hemorragia,
hematomas, formação de fístulas e, com isso, gerar mais tempo de internação. Contudo, se não forem
tratadas, podem gerar disfunções sexuais e incontinência urinária a longo prazo. Portanto, o papel do
fisioterapeuta no tratamento das episiotomias é muito importante e vem sendo amplamente estudado,
apesar de ainda não apresentar um alto nível de evidência.
Observação
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Nessa fase, deve-se realizar uma nova avaliação, com nova anamnese e exame físico para só depois
dar início ao tratamento. Caso uma das queixas da puérpera seja dor lombar, são utilizados exercícios de
fortalecimento, alongamento, mobilização e restruturação da imagem corporal.
Quando a mulher apresenta incontinências urinária e/ou fecal, devem ser realizados exercícios para a
musculatura do assoalho pélvico e outras técnicas de tratamento, que serão discutidas posteriormente.
Para a diástase abdominal, nesta etapa, todos os exercícios estão liberados e deve-se focar no
fortalecimento dos músculos abdominais.
A puérpera já pode realizar qualquer tipo de exercício, e os exercícios aeróbios devem ser incentivados.
É mito que os exercícios prejudicam a lactação.
4.4 Amamentação
O leite materno possui todos os nutrientes necessários e é o alimento mais adequado ao lactente,
não havendo necessidade de nenhuma outra fonte de alimentação até os 6 primeiros meses de vida.
• Aleitamento materno exclusivo: a criança recebe apenas leite humano diretamente da mama
ou ordenhado. O bebê não se alimenta com outros líquidos ou sólidos e sequer ingere água.
• Aleitamento materno predominante: a fonte predominante de nutrição é o leite humano, mas
o lactente recebe água ou outras bebidas à base de água (chás e sucos).
• Aleitamento materno complementado: o bebê recebe leite materno e outras fontes de nutrição,
como alimentos sólidos ou semissólidos com a finalidade de complementar, e não substituir. A
criança pode receber outro tipo de leite, mas este não é considerado complementar.
• Aleitamento materno misto ou parcial: a criança recebe leite materno e fórmula ou outros
tipos de leite.
A prática do aleitamento materno deve ser exclusiva até os 6 meses e complementada até 2 anos
de idade, pois melhora a qualidade de vida do bebê, diminui as chances de desnutrição infantil e,
consequentemente, o risco de mortalidade infantil. Além disso, evita a obesidade infantil, diminui o
risco de alergias, evita infecções respiratórias, entre outros benefícios.
49
Unidade I
Saiba mais
Durante a gestação, ocorre o aumento dos hormônios sexuais femininos, estrógeno e progesterona,
que, além das funções apresentadas anteriormente, também auxiliam na lactação. A progesterona é
responsável pela preparação das mamas para a lactação; e o estrógeno, pelo aumento das mamas e pelo
desenvolvimento do tecido mamário glandular.
Nas últimas semanas gestacionais, próximo ao parto, as mamas estão mais volumosas e pesadas, e
as glândulas mamárias começam a se encher de colostro. No final da gestação, as mamas já estão aptas
para a amamentação; no entanto, as mamas não secretam leite nesse período gestacional devido à
somatomamotropina coriônica, que inibe essa ação.
Logo após o nascimento do bebê, o estrógeno e a progesterona diminuem e, com isso, aumenta a
produção de prolactina, hormônio que estimula a produção de leite nos alvéolos.
Nos primeiros dias de vida da criança, a mulher ainda não produz leite e o bebê irá se alimentar do
colostro produzido nas últimas semanas gestacionais. O colostro é um líquido ligeiramente amarelo
repleto de nutrientes valiosos, com grande quantidade de anticorpos. Além disso, tem um efeito laxativo
para que o bebê elimine o mecônio acumulado no intestino. Portanto, é muito importante que o bebê
mame esse colostro.
O leite será produzido através do aumento da prolactina e da sucção do bebê, portanto, quanto mais
o bebê sugar e mamar, mais leite a mulher terá. Com a sucção do bebê, a hipófise secreta ocitocina, que
chega às mamas e produz a contração das células que circundam as paredes externas dos alvéolos para
o sistema dos ductos e, assim, o leite começar a escoar. Ou seja, essa sucção determina a produção, não
somente na mama que sofre a sucção, mas em ambas.
A amamentação deve ser iniciada tão logo seja possível. O ideal é que seja na primeira hora após o
parto, mas a sucção espontânea ainda pode demorar.
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A livre demanda deve ser encorajada, ou seja, o bebê deve mamar quando quiser, pois isso gera um
comportamento natural ao recém-nascido, fazendo com que ele mame na frequência que desejar e sem
regularidade de horário. Além disso, é importante seguir a orientação dada por muitos pediatras de que
as mamadas não se espacem por mais de 3 horas.
O tempo em cada mama não deve ser estabelecido; o importante é que o bebê seja capaz de esvaziar
a mama, pois o leite posterior ou leite do final da mamada é o que possui maior valor calórico e
promove mais saciedade. Importante destacar que a habilidade em esvaziar a mama varia entre os
bebês e até numa mesma criança, dependendo da mamada. É importante, durante o período pré-natal,
que o fisioterapeuta oriente a gestante quanto à técnica correta de amamentação e aos cuidados com
o mamilo. A gestante não deve usar cremes e hidratantes sobre a aréola e o mamilo, pois dificulta
a lubrificação natural. O preparo das mamas para lactação, com o uso de buchas nas mamas, tomar
banhos de sol, entre outras técnicas, em geral, não têm mostrado resultados, mas cada caso deve sempre
ser avaliado individualmente.
No caso do HIV, o bebê não pode tomar o leite diretamente das mamas. A mulher deve realizar a
ordenha e, depois, a inativação do vírus através da pasteurização, ou seja, deixar o leite aquecer em uma
temperatura de 62,5 ºC por 30 minutos e, em seguida, resfriá-lo rapidamente.
Uma boa técnica para amamentar evita traumas mamilares. Um bebê mal posicionado escorrega
da mama, o que pode gerar fissuras mamilares. Além disso, a pega ideal previne dores durante a
amamentação e proporciona uma transferência mais efetiva do leite para a criança.
Ao iniciar a amamentação, a mulher deve estar em uma posição confortável, sentada, com as costas
e os pés apoiados, relaxada e sem dor. O ideal é que ela utilize uma almofada ou travesseiros para
facilitar a aproximação do bebê ao seio e o posicionamento dele, em uma inclinação do tronco de 45º
no colo da mãe para evitar refluxos.
Para a pega ideal do bebê, a mãe deve estimular o lábio inferior da criança com o mamilo para que
ela abra a boca reflexamente e abaixe a língua. O ideal é que o bebê vá até a mama, e não o contrário.
Então, ele abocanha o mamilo e parte da aréola, e curva os lábios para fora fazendo um vedamento,
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Unidade I
chamado de boca de peixe. Nessa posição, o bebê se mantém fixo à mama, sem escorregar nem largar o
mamilo, movendo somente a mandíbula para a sucção.
Antes de iniciar a ordenha manual, a mulher deve prender os cabelos, lavar as mãos e os antebraços,
bem como proteger a boca e o nariz com uma máscara ou um pano limpo. Após a higienização, ela
deve massagear a mama que será ordenhada – uma mão apoia a mama, enquanto os dedos da outra
mão realizam movimentos circulares e firmes do sentido da aréola para o tórax e, depois, do tórax para
a aréola, ao redor de toda a mama.
Para retirar o leite, a mulher deve posicionar o polegar por cima da mama, na altura da aréola, e deixar
os outros dedos por baixo, também na aréola. Então, deve comprimir a mama levemente em direção
ao tórax com o polegar e o indicador, mantendo um movimento rítmico e repetitivo. Os primeiros jatos
devem ser sempre dispensados, pois possuem maior número de bactérias.
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Após a ordenha, se o bebê não for consumir imediatamente o leite, ele deve ser armazenado em
frasco de vidro com tampa de plástico e imediatamente congelado. O descongelamento deve ser feito
em banho-maria, em uma temperatura de, no máximo, 40 ºC. Após descongelado, o leite pode ser
mantido na geladeira por 12 horas.
Figura 30 – Ordenha
É necessário se atentar para o fato de que, durante a amamentação, podem ocorrer três complicações
principais: ingurgitamento mamário, fissuras mamilares e mastite.
Outra complicação bastante comum são as fissuras mamilares geradas pela pega inadequada do
bebê. Para evitá-las, deve-se, além de ensinar a pega correta, orientar a mãe a não utilizar produtos
nos seios, inclusive sabão e sabonete, a não tomar sol na região das mamas e, durante a amamentação,
quando perceber que o bebê não está sugando, não introduzir o dedo na boca do bebê para interromper
a mamada e não passar o próprio leite nas mamas. Para evitar isso, podem ser utilizados protetores para
que a amamentação não seja interrompida.
Para o tratamento das fissuras mamilares existem pomadas, mas a mulher deve ser orientada para
que, antes da amamentação, retire toda a medicação, pois ela facilita que o bebê escorregue da mama,
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Unidade I
aumentando a chance de piorar a lesão. Outra técnica bastante promissora para o tratamento das
fissuras mamilares é o laser, que vem sendo amplamente estudado, mas ainda segue sem um consenso
sobre a aplicação.
Para prevenir a mastite, as mulheres são orientadas a esvaziar completamente as mamas, realizar
a pega correta do bebê, amamentar com mais frequência e ordenhar, se necessário. O tratamento
da mastite inclui repouso, uso de anti-inflamatórios e analgésicos, bem como ingesta abundante de
líquidos. Caso seja necessário o uso de antibióticos, a mulher não deve amamentar no período.
Figura 32 – Mastite
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Resumo
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Unidade I
Exercícios
I – O crescimento do útero durante a fase pré-parto ocasiona a compressão da veia cava inferior e
da artéria aorta quando a gestante está posicionada em decúbito lateral.
II – O estrógeno é responsável por modificações necessárias para a gestação, entre elas a redução da
capacidade de contração do útero e o aumento da temperatura e da gordura corporal.
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a compressão da artéria aorta e da veia cava inferior ocorre quando a gestante está em
decúbito dorsal. Nesse caso, é necessária a orientação de que a gestante mantenha o decúbito lateral
como posição predominante para dormir ou descansar.
II – Afirmativa incorreta.
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Questão 2. Avalie o gráfico a seguir, referente ao ciclo menstrual e às suas fases, e assinale a
alternativa correta.
Histologia
ovariana
37 ºC
Temperatura corporal
36 ºC
Estradiol Hormônio luteinizante (LH)
Hormônio Progesterona
foliculoestimulante
Hormônios
(FSH)
Menstruação
endometrial
Histologia
1 3 5 7 9 11
13 15 17 19 21 23 25 27
2 4 6 8 10
12 14 16 18 20 22 24 26 28
Dia do cliclo menstrual
(valores médios, as durações e valores podem variar entre
mulheres e ciclos diferentes)
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Unidade I
D) O evento da ovulação é observado, em geral, na metade do ciclo menstrual, entre 13 a 15 dias antes
da próxima menstruação. Nesse período, os níveis de progesterona e de estradiol são máximos.
E) O pico de hormônio luteinizante (LH), produzido pelo hipotálamo, é evento presente durante
a ovulação.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a fase folicular é caracterizada pela presença de baixo nível do hormônio FSH, o que
ocorre no final do período menstrual.
C) Alternativa correta.
Justificativa: para uma possível fecundação, são necessárias adaptações no endométrio, possíveis
pela ação da progesterona, que atinge seu pico após o período da ovulação.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: na ovulação, é possível observar que o nível de estradiol é alto, mas a progesterona
atinge seu pico após esse período.
E) Alternativa incorreta.
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