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DIREITO FISCAL

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE
1
CLÁUDIA AFECTO DIAS
2023/2024
INTRODUÇÃO
ATIVIDADE FINANCEIRA PÚBLICA

Estado necessita de recursos financeiros para


suportar determinado nível de despesa pública.
Ciclo de
Atividade arrecadação de
Financeira receitas e
Pública realização de
despesas
ATIVIDADE FINANCEIRA PÚBLICA

ESTADO
FISCAL
• Impostos são a principal
“Os TRIBUTOS compreendem
fonte de receita
os impostos, incluindo os aduaneiros
ESTADO e especiais, e outras espécies
TRIBUTÁRIO tributárias criadas por lei,
designadamente as taxas e demais
• Impostos, taxas e outros contribuições financeiras a favor de
tributos são as fontes de entidades públicas”.
receita Art. 3.º/2 LGT
ATIVIDADE FINANCEIRA PÚBLICA

Direito • Conjunto de princípios e regras


jurídicas que disciplinam a atividade
Financeiro financeira pública
Público • Ramo do direito administrativo especial

• Conjunto de normas jurídicas que


Direito disciplinam a arrecadação de tributos
Tributário pelo Estado e demais entes públicos
• Ramo do direito financeiro

• Universo de normas jurídicas relativas


Direito Fiscal aos impostos
FINALIDADES DO SISTEMA FISCAL

A satisfação das necessidades financeiras do Estado


e demais entidades públicas

Despesas públicas devem, em princípio, ser financiadas pela via fiscal

A repartição justa dos rendimentos e da riqueza

Potencial redistributivo dos impostos devendo o sistema fiscal ser apto


para reduzir as desigualdades sociais.
Art. 103.º da CRP e art. 5.º LGT
IMPOSTO - DEFINIÇÃO

“Traços fundamentais da figura do imposto como receita tributária:”


- Haver uma obrigação legal que tem por objeto uma prestação patrimonial;
- Ser uma receita definitiva;
- Ser uma receita com função não-sancionatória e não compensatória;
- Ser uma receita unilateral
Sousa Franco

“Prestação pecuniária, coativa e unilateral, sem o caráter de


sanção, exigida pelo Estado com vista à realização de fins
públicos”.
Teixeira Ribeiro
IMPOSTO - DEFINIÇÃO

“Os impostos assentam essencialmente na capacidade contributiva,


revelada nos termos da lei, através do rendimento ou da sua utilização
e do património”.
Art. 4.º LGT
IMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO

Impostos sobre o Impostos sobre o Impostos sobre o


rendimento consumo património
• Incidem sobre os • Incidem sobre o • Tributam o rendimento
acréscimos rendimento despendido acumulado traduzido em
patrimoniais líquidos pelos contribuintes valores patrimoniais
obtidos pelo líquidos, bem como as
contribuinte num transmissões de
• Gerais (IVA) e determinados bens
determinado período
de tempo especiais (IABA, ISP,
IT, ISV e IUC) • IMI, IMT e IS
(transmissões gratuitas)
• IRS e IRC

Art. 104.º CRP


IMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO

Diretos Indiretos
Incidem sobre as
manifestações imediatas de Atingem as manifestações
capacidade contributiva mediatas de capacidade
contributiva
(impostos s/rendimento e
património) (impostos s/consumo)
IMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO

Reais Pessoais
Não consideram a situação Atendem à situação pessoal do
pessoal do contribuinte contribuinte
(impostos s/consumo) (IRS)
IMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO

Periódicos De obrigação única


Incidem sobre manifestações de Incidem sobre manifestações
capacidade produtiva com caráter isoladas e instantâneas de
estável e duradouro capacidade contributiva
(impostos s/rendimento e IMI) (impostos s/consumo e IMT)
IMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO

De quota fixa De quota variável


Impostos em que a lei estabelece Impostos em que o montante a
uma importância fixa a pagar pelo pagar varia em função da matéria
contribuinte coletável
(IS) (IRS)
IMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO

Não estaduais
Estaduais Impostos em que o sujeito ativo é
Impostos em que o sujeito ativo é outro ente público distinto do
o Estado Estado
(Derrama municipal)
IMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO

Proporcionais Progressivos
Impostos de taxa fixa, i.é, a Impostos cuja taxa aplicável
taxa aplicável não se altera vai aumentando à medida
em função do valor da que se eleva o valor da
matéria coletável (IVA, taxas matéria coletável
liberatórias de IRS) (taxas gerais do IRS)

Regressivos
Impostos cuja taxa aplicável
diminui à medida que
aumenta o valor da matéria
coletável
TAXAS

As taxas assentam na prestação concreta de um serviço público, na


utilização de um bem de domínio público ou na remoção de um
obstáculo jurídico ao comportamento dos particulares.
art. 4.º n.º 2 LGT
TAXAS

TAXAS (Art. 4.º n.º 2 LGT)


• Pressupõem uma constraprestação específica
• Bilateral (pressupõem uma contraprestação ainda que nem sempre signifique o particular
gozo de uma vantagem ou benefício)
• Natureza sinalagmática (administradas aos beneficiários de determinados serviços)
• Distingue-se dos preços por pressupor o jus imperii
• Sujeição ao princípio da legalidade?
• CRP estabelece um regime de reserva relativa de lei no que diz respeito ao regime geral das taxas, o
qual ainda não foi criado – inconstitucionalidade por omissão
• Não é necessário pela existência de uma constraprestação, sendo o consentimento ao pagamento da
taxa dado no momento da aceitação da contraprestação
• Multiplicação das taxas
• Serviços de consumo obrigatório ou praticamente inevitável
• Equivalência económica razoável entre os custos do serviço prestado e a taxa paga
CONTRIBUIÇÕES

OUTRAS CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
FINANCEIRAS
(art. 4.º n.º 3 LGT)
(art. 3.º n.º 3 LGT)

• Obedecem ao regime jurídico dos


impostos – reserva relativa de lei da • Tarifas e tributos parafiscais
AR para a sua criação e definição dos
seus elementos essenciais
• CONTRIBUIÇÕES DE • Equiparadas a taxas, pelo que lhes é
MELHORIA (benefício anormal aplicável o mesmo regime jurídico
resultante da realização de certas
melhorias financiadas por recursos
financeiros públicos).
• CONTRIBUIÇÕES POR MAIORES
DESPESAS (atividade desenvolvida
implicar um aumento da despesa
pública)
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

SISTEMA FISCAL
FINS
MEIOS
(art. 103.º/1 CRP e art. 5.º LGT)

• Satisfação das necessidades • Principio da reserva de lei em


financeiras do Estado e outras matéria tributária (art. 103.º/2
entidades públicas CRP)
• Definição da estrutura básica
• Repartição justa dos do sistema fiscal (art. 104.º
rendimentos e da riqueza CRP) assente na tributação:
• Do rendimento dos indivíduos
e das empresas
• Do património
• Do consumo
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO PESSOAL


• Visa a diminuição das desigualdades
• Efetivada por um imposto único
• Requer a aplicação de taxas progressivas
• Atende às circunstâncias concretas do agregado familiar
TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO DAS EMPRESAS
• Incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real

TRIBUTAÇÃO DO PATRIMÓNIO
• Deve contribuir para a igualdade entre os cidadãos

TRIBUTAÇÃO DO CONSUMO
• Visa adaptar a estrutura do consumo à evolução das necessidades:
• Do desenvolvimento económico
• Da justiça social
• Deve onerar os consumos de luxo
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE

Todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres


consignados na Constituição e, tratando-se de pessoas coletivas, estes
deverão ser compatíveis com a sua natureza.
Art. 12.º da CRP

ASSIM, tributos devem ser pagos por todos os cidadãos e pessoas coletivas
nacionais

ESPECIFICIDADE AO NÍVEL TRIBUTÁRIO Articulação dos


critérios de residência e da fonte
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA IGUALDADE

 Igualdade perante os encargos públicos

 Igualdade dos sacrifícios

 Igualdade tributária (igualdade de tratamento de contribuintes através


da adoção de escalões de rendimentos)
 Atende a critérios relacionados com a capacidade contributiva e com o
rendimento real
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA NECESSIDADE TRIBUTÁRIA

 Incondicionalidade do imposto

 Tributação é uma medida autoritária, imposta pelo Estado

 Não existe uma contrapartida imediata implicando não existir


qualquer incentivo à contribuição
 Existência de privilégios creditórios/ garantias (penhor, hipoteca,
direito de retenção de mercadorias…)
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DO RESPEITO PELOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

 Sistema fiscal não viole os direitos, liberdades e garantias;

 Sistema fiscal não viole os direitos económicos, sociais e culturais

 Sistema fiscal financie a realização satisfatória dos direitos


fundamentais em geral
 Sistema fiscal proteja os direitos fundamentais de agressões através do
mercado
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA


Art. 103.º da CRP – Sistema Fiscal
1. (...)
2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e
as garantias dos contribuintes.
3. (...)
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA


Art. 165.º da CRP - Reserva relativa de competência legislativa
1. É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as seguintes matérias, salvo
autorização ao Governo:
(...)
i)Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais contribuições financeiras a favor das
entidades públicas;
(...)
2. As leis de autorização legislativa devem definir o objeto, o sentido, a extensão e a duração da autorização, a
qual pode ser prorrogada.
3. As autorizações legislativas não podem ser utilizadas mais de uma vez, sem prejuízo da sua execução
parcelada.
4. As autorizações caducam com a demissão do Governo a que tiverem sido concedidas, com o termo da
legislatura ou com a dissolução da Assembleia da República.
5. As autorizações concedidas ao Governo na lei do Orçamento observam o disposto no presente artigo e,
quando incidam sobre matéria fiscal, só caducam no termo do ano económico a que respeitam.
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA
Art. 198.º da CRP - Competência legislativa
1. Compete ao Governo, no exercício de funções legislativas:
(...)
b) Fazer decretos-leis em matérias de reserva relativa da Assembleia da República, mediante autorização
desta;

Art. 8.º da LGT – Princípio da legalidade tributária


1. Estão sujeitos ao principio da legalidade tributária a incidência, a taxa, os benefícios fiscais, as
garantias dos contribuintes, a definição dos crimes fiscais e o regime geral das contra-ordenações
fiscais.
2. Estão ainda sujeitos ao principio da legalidade tributária:
• A liquidação e cobrança dos tributos, incluindo os prazos de prescrição e caducidade;
• A regulamentação das figuras de substituição e responsabilidade tributárias;
• A definição das obrigações acessórias;
• A definição das sanções fiscais sem natureza criminal;
• As regras de procedimento e processo tributário.
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

SUBPRINCÍPIOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


PREVALÊNCIA DE PRECEDÊNCIA DE
RESERVA DE LEI
LEI LEI

• Lei prevalece sobre • Toda a atividade • Existência de


todos os administrativa deve matérias sobre as
regulamentos, atos ter uma base legal,
administrativos e quais só a AR tem
quaisquer outros atos
i. é, a lei deve ser competência
de administração anterior a toda a legislativa
tributária atuação exclusiva (OE)
administrativa
• Atos legislativos • Reserva relativa
inclui leis, decretos- (crimes fiscais)
lei e decretos
legislativos regionais
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA

 Garantia da estabilidade, previsibilidade e calculabilidade, essenciais ao


desenvolvimento da generalidade das atividades humanas
 Publicidade das normas fiscais
 Precisão clareza e determinabilidade das normas e atos tributários
 Proibição da retroatividade das normas fiscais que criam impostos
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

 Legitimidade dos fins (realização de interesses públicos de relevo constitucional e


legal)
 Legitimidade dos meios (investigação da existência de proibição expressa na
utilização de um determinado meio)
 Adequação dos meios à realização dos fins
 Necessidade ou exigibilidade dos meios (a carga fiscal deve limitar-se ao
estritamente necessário para a promoção das necessidades financeiras do Estado)
 Avaliação da proporcionalidade custo-benefício
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO JURISDICIONAL EFETIVA

 Direito de acesso à justiça tributária para obter a tutela plena e efetiva


de todos os direitos e interesses legalmente protegidos

 Principio da impugnabilidade e recorribilidade de todos os atos em


matéria tributária que lesem direitos ou interesses legalmente
protegidos
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO FISCAL

PRINCÍPIO DA JUSTIÇA DISTRIBUTIVA

 Cobrança de impostos efetuada de uma forma justa

 Receitas de impostos sejam empregues, do lado da despesa, de forma


socialmente justa e redistributiva
A RELAÇÃO
JURÍDICA
TRIBUTÁRIA
DEFINIÇÃO DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

Relações jurídicas estabelecidas entre a Administração Tributária, agindo


como tal, e as pessoas singulares e coletivas e outras entidades legalmente
equiparadas a estas (art. 1.º/2 LGT), compreendendo a definição de um
conjunto de direitos e deveres jurídicos.

Compreende:
 Sujeitos
 Objeto
 Facto jurídico
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

TÍTULO II DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA


CAPÍTULO I SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA
Artigo 15.º - Personalidade tributária
Artigo 16.º - Capacidade tributária
Artigo 17.º - Gestão de negócios
Artigo 18.º - Sujeitos
Artigo 19.º - Domicílio fiscal
Artigo 20.º - Substituição tributária
Artigo 21.º - Solidariedade passiva
Artigo 22.º - Responsabilidade tributária
Artigo 23.º - Responsabilidade tributária subsidiária
Artigo 24.º - Responsabilidade dos membros de corpos sociais e responsáveis técnicos
Artigo 25.º - Responsabilidade do titular de estabelecimento individual de responsabilidade limitada
Artigo 26.º - Responsabilidade dos liquidatários das sociedades
Artigo 27.º - Responsabilidade de gestores de bens ou direitos de não residentes
Artigo 28.º - Responsabilidade em caso de substituição tributária
Artigo 29.º - Transmissão dos créditos e obrigações tributárias
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

SUJEITOS ATIVOS

 Administração tributária (entidade de direito público titular do direito de


exigir o cumprimento das obrigações tributárias, quer diretamente, quer
através de representante – art. 18.º/1 LGT)

 Sujeitos não estaduais (desde que devidamente mencionados e denominados


nos documentos emitidos pela administração tributária – art. 18.º/2 LGT)
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

SUJEITO PASSIVOS

 Pessoa singular ou coletiva, o património ou a organização do facto ou de


direito que, nos termos da lei, está vinculado ao cumprimento da prestação
tributária, seja como contribuinte direto, substituto ou responsável.
 São determinados com base nas normas de incidência subjetiva dos impostos
e limitado com base nos princípios de residência e da fonte.
 Não é sujeito passivo quem:
 Suporte o encargo do imposto por repercussão legal;
 Deva prestar informações sobre assuntos tributários de terceiros, exibir documentos,
emitir laudo em processo administrativo ou judicial ou permitir o acesso a imoveis ou
locais de trabalho.
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

PERSONALIDADE TRIBUTÁRIA
(ART. 15.º LGT)

SUSCETIBILIDADE DE SER SUJEITO DE RELAÇÕES


JURIDICAS TRIBUTÁRIAS

CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
(ART. 16.º LGT)

INCLUI, PARA ALÉM DOS SUJEITOS COM PERSONALIDADE


TRIBUTÁRIA, OS SEUS REPRESENTANTES E O CÔNJUGE,
COM O CONHECIMENTO E CONSENTIMENTO
DO OUTRO
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

DOMICILIO FISCAL
(ART. 19.º LGT)

CRITÉRIO ESPACIAL DE DETERMINAÇÃO DA JURISDIÇÃO


TRIBUTÁRIA DO ESTADO E O UNIVERSO DE SUJEITOS
PASSIVOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

PESSOAS COLETIVAS
PESSOAS SINGULARES
LOCAL DA SEDE OU DIREÇÃO
EFETIVA OU O LOCAL DO SEU
RESIDÊNCIA HABITUAL
ESTABELECIMENTO ESTÁVEL
EM PORTUGAL
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

DOMICILIO FISCAL
(ART. 19.º LGT)

Integra ainda a caixa postal eletrónica


Obrigatoriedade de comunicação do domicilio do sujeito passivo
à administração tributária

Comunicação da alteração do estatuto de residência no prazo de 60 dias

Ineficácia da mudança de domicilio até à sua comunicação à


administração tributária

Obrigatoriedade de designação de representante:


a. Sujeitos passivos residentes no estrangeiro sendo facultativa para residentes que se
ausentem para Estados Membros da UE ou EEE
a. Residentes em TN ausentes por um período superior a 6 meses
b. Pessoas coletivas que cessem a respetiva atividade
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Prestação tributária é exigida a pessoa diferente do contribuinte – o substituto


tributário – efetivada por retenção na fonte do imposto devido (art. 19.º LGT)

Retenção na fonte

Entregas pecuniárias efetuadas por dedução nos rendimentos


pagos ou colocados à disposição do titular do
rendimento pelo substituto (art. 34.º LGT)
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
 Para além dos sujeitos passivos originários, a responsabilidade tributária
pode abranger solidária ou subsidiariamente outras pessoas. (art. 22.º/2 LGT)
 A responsabilidade tributária abrange, para além da totalidade da dívida
tributária, os juros e demais encargos legais (art. 22.º/1 LGT)
 A responsabilidade do cônjuge do SP é a que decorre da lei civil, sem
prejuízo do disposto em lei especial.
Os responsáveis solidários e subsidiários gozam dos mesmos direitos de
reclamação e impugnação da divida tributária de que goza o devedor
principal, bem como das necessárias garantias de segurança e proteção
jurídica (art. 22.º/4 LGT)
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA SUBSIDIÁRIA

Obrigação solidária (art. 512.º CC) Ocorre quando ao devedor


principal se segue, em segunda
Respondem igual e integralmente linha, um outro devedor que só
pelo cumprimento da dívida pode ser demandado depois de
Tributária demandado o primeiro

Sócios e membros nos casos de Reversão em sede de processo de


Liquidação de sociedades de execução fiscal (art. 23.º LGT)
responsabilidade ilimitada
OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO II - OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA


Artigo 30.º - Objecto da relação jurídica tributária
Artigo 31.º - Obrigações dos sujeitos passivos
Artigo 32.º - Dever de boa prática tributária
Artigo 33.º - Pagamento por conta
Artigo 34.º - Retenções na fonte
Artigo 35.º - Juros compensatórios
OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

Compreende os direitos e deveres que recaem sobre as partes da relação


jurídica tributária:

 Crédito e dívida tributários


 Direito a prestações acessórias
 Direito à dedução, reembolso ou restituição do imposto
 Direito a juros compensatórios e indemnizatórios

O crédito tributário é indisponível, só podendo fixar-se condições para a sua


redução ou extinção com respeito pelo principio da igualdade e da legalidade
tributária.
OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

OBRIGAÇÕES DOS SUJEITOS PASSIVOS

 Obrigação principal
Dever de efetuar o pagamento da dívida tributária (art. 31.º/1 LGT)

 Obrigações acessórias
Visam possibilitar o apuramento da obrigação de imposto, consistindo na
apresentação de declarações, exibição de documentos fiscalmente relevantes
(contabilidade), a prestação de informações (art. 31.º/2 LGT), exigência de
recibo…
CONSTITUIÇÃO E ALTERAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA
TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO III CONSTITUIÇÃO E ALTERAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA


TRIBUTÁRIA
Artigo 36.º - Regras gerais
Artigo 37.º - Contratos fiscais
Artigo 38.º - Ineficácia de actos e negócios jurídicos
Artigo 39.º - Simulação dos negócios jurídicos
CONSTITUIÇÃO E ALTERAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA
TRIBUTÁRIA

Resulta da ocorrência do facto tributário


(art. 36.º/1 LGT)

MATÉRIA COLETÁVEL
CONSTITUIÇÃO E ALTERAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA
TRIBUTÁRIA

PRINCIPIO DA INALTERABILIDADE

 Inalterabilidade dos elementos essenciais da relação jurídica tributária por


vontade das partes (art. 36.º/2 LGT)

 Impossibilidade de concessão de moratórias no pagamento das obrigações


tributárias (art. 36.º/3 LGT)

 Irrelevância da qualificação jurídica do negócio feita pelas partes (art. 36.º/4


LGT)
CONSTITUIÇÃO E ALTERAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA
TRIBUTÁRIA

PRINCIPIO DA QUALIFICAÇÃO LEGAL

 Não vinculação da administração tributária pela qualificação do negócio


jurídico efetuado pelas partes, mesmo em documento autêntico (art. 36.º/4
LGT)

 Tributação no caso de negócios jurídicos ineficazes (art. 38.º/1 LGT)

 Ineficácia de negócios jurídicos artificiosos e fraudulentos (art. 38.º/2 LGT)

 Tributação dos negócios jurídicos reais e não dos simulados (art. 39.º LGT)
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO IV EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA


SECÇÃO I Pagamento da prestação tributária
Artigo 40.º - Pagamento e outras formas de extinção das prestações tributárias
Artigo 41.º - Pagamento por terceiro
Artigo 42.º - Pagamento em prestações
Artigo 43.º - Pagamento indevido da prestação tributária
Artigo 44.º - Falta de pagamento da prestação tributária .
SECÇÃO II - Caducidade do direito de liquidação
Artigo 45.º - Caducidade do direito à liquidação
Artigo 46.º - Suspensão do prazo de caducidade
Artigo 47.º - Fiscalização tributária a solicitação do sujeito passivo
SECÇÃO III - Prescrição da prestação tributária
Artigo 48.º - Prescrição
Artigo 49.º - Interrupção e suspensão da prescrição
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

PRESCRIÇÃO PAGAMENTO

CADUCIDADE
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

PAGAMENTO (ART. 40.º LGT)

 Meios normais (moeda corrente, cheque, débito em conta, transferência conta


a conta, vale postal e meios utilizados pelos CTT ou pelas instituições
financeiras que a lei expressamente autorize)

 Meios extraordinários (dação em cumprimento e a compensação de créditos)

 Indicação do tributo a pagar bem como do período a que respeita


EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

PAGAMENTO (ART. 40.º LGT)

 Pagamento de montante inferior ao devido é primeiramente imputado ao


pagamento de juros moratórios e outros encargos legais, depois ao pagamento
da dívida tributária e respetivos juros compensatórios e por último ao
pagamento de coimas

 Pagamento a prestações (art. 42.º LGT)

 Pagamento indevido da prestação tributária (art. 43.º LGT)

 Falta de pagamento da prestação tributária - Juros de mora (art. 44.º LGT)


EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

CADUCIDADE DO DIREITO DE LIQUIDAÇÃO


(ART. 45.º E SEG. LGT)

Ausência de uma notificação válida da liquidação ao contribuinte

4 Anos
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

CADUCIDADE DO DIREITO DE LIQUIDAÇÃO


(ART. 45.º E SEG. LGT)

a. Erro evidenciado na declaração do sujeito passivo

3 Anos
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

CADUCIDADE DO DIREITO DE LIQUIDAÇÃO


(ART. 45.º E SEG. LGT)

Dedução ou crédito de imposto

Exercício desse direito


EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

CADUCIDADE DO DIREITO DE LIQUIDAÇÃO


(ART. 45.º E SEG. LGT)
CONTAGEM DO PRAZO:

 IMPOSTOS PERIÓDICOS
A partir do termo do ano em que se verificou o facto tributário

 IMPOSTOS DE OBRIGAÇÃO ÚNICA


A partir da data em que o facto tributário ocorreu

EXCEÇÃO: No IVA e nos IR quando a tributação seja efetuada por retenção na fonte a titulo
definitivo, caso em que o prazo de caducidade se conta a partir do inicio do ano civil seguinte
àquele em que se verificou, respetivamente, a exigibilidade do imposto ou o facto tributário.
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

CADUCIDADE DO DIREITO DE LIQUIDAÇÃO


(ART. 45.º E SEG. LGT)

O prazo referido no n.º 1 do art. 45.º é de 12 anos sempre que o


direito à liquidação respeite a factos tributários conexos com:
• País, território ou região sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável,
constante de lista aprovada por portaria do Ministro das Finanças, que devendo
ser declarados à administração tributária o não sejam; ou
• Contas de depósito ou de títulos abertas em instituições financeiras não residentes
em Estados membros da União Europeia, ou em sucursais localizadas fora da
União Europeia de instituições financeiras residentes, cuja existência e
identificação não seja mencionada pelos sujeitos passivos de IRS na
correspondente declaração de rendimentos do ano em que ocorram os factos
tributários.
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

PRESCRIÇÃO DA PRESTAÇÃO TRIBUTÁRIA


(ART. 48.º LGT)

As dívidas tributárias prescrevem com o transcurso de 8 anos


GARANTIA DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

A. GARANTIA DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS


 Património do devedor (art. 50.º/1 LGT)
 Privilégios creditórios (art. 50.º/2, a) LGT)
 Penhor ou hipoteca legal (art. 50.º/2, b) LGT)
 Direito de retenção de mercadorias (art. 50.º/2, c) LGT)

B. PROVIDÊNCIAS CAUTELARES (ART. 51.º LGT)

C. GARANTIA DE COBRANÇA DAS PRESTAÇÕES TRIBUTÁRIAS (ART. 52.º LGT)


GARANTIA DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

Para GARANTIA DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS, a administração


tributária dispõe de:

◦ Dos privilégios creditórios previstos no Código Civil ou nas leis tributárias


◦ Do direito de constituição, nos termos da lei, de penhor ou hipoteca legal,
quando essas garantias se revelem necessárias à cobrança efetiva da dívida
ou quando o imposto incida sobre a propriedade dos bens
◦ Do direito de retenção de quaisquer mercadorias sujeitas à ação fiscal de
que o sujeito passivo seja proprietário
◦ Do direito de penhora de bens e adoção de providencias cautelares
GARANTIA DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
◦ A Administração Tributária pode adotar providências cautelares para
garantia dos créditos tributários em caso de:
◦ Fundado receio de frustração da sua cobrança ou de destruição
◦ Extravio de documentos ou outros elementos necessários.

As providências cautelares consistem:


◦ Apreensão de bens, direitos ou documentos ou
◦ Retenção, até à satisfação dos créditos tributários, de prestações
tributárias a que o contribuinte tenha direito
GARANTIA DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

As providências de natureza administrativa podem ser adotadas exclusivamente


pela AT

Providências cautelares de natureza judicial


ARRESTO: É uma apreensão judicial de bens, que tem por objetivo conservar
na esfera jurídica (património) do devedor (contribuinte e/ou responsável
subsidiário) os bens por forma a garantir a cobrança dos créditos tributários.
ARROLAMENTO: É uma apreensão judicial de documentos e/ou de bens, que
tem por objetivo conservar na esfera jurídica do contribuinte os documentos ou
os bens com vista a garantir o apuramento da situação tributária.

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