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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E


MINERALOGIA

JÚLIO MANUEL ADRIANO CACEBOLA

MODELOS DE JUSTIÇA ADMINISTRATIVA

TETE
FEVEREIRO DE 2024
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E
MINERALOGIA

JÚLIO MANUEL ADRIANO CACEBOLA

MODELOS DE JUSTIÇA ADMINISTRATIVA

Trabalho da cadeira de Direito de Contencioso Administrativo, 4º Ano, Período Laboral, por


orientação do docente da cadeira, Beneficio Langa.

TETE
FEVEREIRO DE 2024

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Índice

1. Introdução……………………………………………………………………………04

1.1. Objectivos…………………………………………………………………………
.04
1.1.1. Objectivo geral……………………………….
………………………………..04
1.1.2. Objectivos específicos……………………………………………..………….04

2. Modelos de justiça administrava……………………….


…………………………….05

2.1. Modelo administrativista…………………….……………………………...…….05

2.1.1. Característica do modelo administrativista…………..…………………………06

2.2. Modelo judicionalizado ou judicialista………………………………………...….06

2.2.1. Característica do modelo judicialista…………………….…………….……….07

3. Conclusão……………………………………………………………………………08

4. Referências bibliográficas……………………………………..…………………….09

3
1. Introdução

Neste presente trabalho abordar-se-á, precisamente, em torno daquilo que são os


modelos de justiça administrativa. Como também, em torno daquilo que são os sistemas
administrativos. Sendo que, os sistemas administrativos correspondem a um modo
jurídico de organização, funcionamento e controlo da Administração Pública. E,
existem três sistemas administrativos; o sistema tradicional; sistema de tipo britânico ou
de administração judiciária e o sistema francês ou de administração executiva.
Vigorando no ordenamento jurídico moçambicano um respectivo sistema administrativo
(sistema francês ou de administração executiva). Enquanto, por outro lado,
relativamente aos modelos de justiça administrativa existem dois principais modelos de
justiça administrativa; o modelo administrativista; e o modelo judicialista.

1.2. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

 Analisar os modelos de justiça administrativa.

1.1.2. Objectivos específicos

 Compreender o modelo de justiça administrativista e o modelo de justiça


judicionalizado ou judicialista;
 Examinar o modelo de justiça administrativista; e
 Apreciar o modelo de justiça judicialista.

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2. Modelos de justiça administrativa

De acordo com Vieira de Andrade1, "para se apreciar os modelos de justiça


administrativa é importante, desde logo, ter em conta a evolução verificada no modo
como se concebe a vinculação da administração à lei e ao Direito, como se entende a
divisão dos poderes entre Legislador, Administrador e Juiz, como se encara a sujeição
da Administração ao interesse público e a garantia da protecção dos direitos e
interesses dos administrados".

Tendo por base a "separação de poderes", em especial a separação entre a


Administração e a Justiça, ou seja, entre o poder executivo e o poder judicial, conforme
a existência dos três poderes, analise-se os modelos de justiça administrativa.

2.1. Modelo administrativista

Relativamente ao modelo administrativista, sob o ponto de vista do entendimento da


teoria da separação de poderes, na ocorrência da separação entre a Administração e a
Justiça, este modelo, que tem como lema "julgar a administração é ainda administrar",
originariamente caracteriza-se pela absoluta separação entre a Administração e a Justiça
e pela atribuição aos órgãos superiores da Administração do poder de apreciar e de
decidir, numa palavra, de julgar, os litígios administrativos. Nele, o contencioso é
confiado à própria Administração activa, que, pela via de jurisdição excepcional, julga
os litígios. Este modelo consubstancia o sistema de justiça reservada nas mãos do
Governo. Embora a competência para decidir os litígios administrativos continue a ser
da administração activa, especialmente o Governo, esta passa a ser auxiliada no
processo de resolução dos litígios administrativos por órgão especializado da
administração consultiva ao qual se atribui competência para apreciar e emitir pareceres
sobre questões contenciosas, que teriam de ser submetidos à homologação do Governo.
Posteriormente, o modelo administrativista perde a sua radical pureza e começa a
evoluir para um modelo, conforme refere Vieira de Andrade, mitigado, quando se
reconhece ao órgão consultivo competência para decidir definitivamente e sem
homologação ministerial os litígios de natureza administrativa. Poder-se-á, assim, dizer
que esse modelo de justiça conhecido como originariamente por "sistema de justiça

1
Vieira de Andrade, ob.ª cit. (11.ª edição), p.ª 13.

5
reservada" ou modelo de "administrador-Juiz" evolui, com a criação de uma
administração consultiva, para um modelo de "justiça mitigada". 2

2.1.1. Característica do modelo administrativista

Pode-se observar questões que caracterizam o modelo de justiça administrativista. Sobre


as quais mostra-se relevante extrair a principal caracterização deste modelo de justiça.

a) Sob o ponto de vista processual, este modelo caracteriza-se pelo facto de postular
um processo ao acto e uma fiscalização exclusivamente da legalidade. Assim, sob
este ponto de vista, o modelo é por natureza objectivista, tendo no recurso de
anulação do acto administrativo o seu principal meio processual. Tal não significa
que, complementarmente, não sejam admitidos outros meios processuais, como
acontece com a apreciação de litígios decorrentes de contratos administrativos e
relativos à responsabilidade civil, em que o contencioso passa a ser de plena
jurisdição, embora limitado "ao princípio da decisão administrativa prévia e a
impossibilidade de injunções directas à administração".3

2.2. Modelo judicionalizado ou judicialista

O modelo de justiça judicialista no ponto de vista de entendimento da teoria da


separação dos poderes, este modelo, embora respeite a separação entre a Administração
e a Justiça, atribui aos Tribunais comuns competências para julgar os litígios
administrativos. Deste modo, e de acordo com princípio-regra deste modelo, segundo o
qual "julgar a Administração é julgar", as questões contenciosas podem ser apreciadas
por Tribunais integrados numa ordem jurisdicional única, mesmo que no interior desta
ordem seja criados Tribunais especializados em questões de natureza administrativa. As
questões administrativas podem assim ser aprecias quer em Tribunais especializados,
quer pelos Tribunais comuns sem quais especialização, sendo certo que, num ou noutro
caso, a decisão final poderá ser tomada pelo Tribunal hierarquicamente superior nessa
ordem jurisdicional única. Entende-se também que neste modelo poderá ser atribuída
competência aos Tribunais que integram uma ordem jurisdicional própria diferente da
ordem jurisdicional comum, com os próprios Tribunais superiores. Querendo-se com
isso dizer que o modelo comporta uma ordem jurisdicional unitária ou uma dualidade

2
BRITO, Wladimir Augusto Correia. O contencioso Administrativo: Generalidades. (vol. 13). Niterói:
PGSD-UFF, 2012.
3
BRITO, Wladimir Augusto Correia. O contencioso Administrativo: Generalidades. (vol. 13). Niterói:
PGSD-UFF, 2012.

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de ordens jurisdicionais, composta pelos tradicionalmente denominados Tribunais
comuns e pelos Tribunais administrativos. 4

2.2.1. Característica do modelo judicialista

O importante para a caracterização deste modelo é o facto de a competência para julgar


as questões do contencioso administrativo ser atribuída aos Tribunais, à Jurisdição,
portanto, e não é à Administração. Por outro lado, o que vai marcar com clareza a
distinção entre este modelo e o administrativista, é a sua dimensão processual ou, se se
quiser, a natureza plena dessa jurisdição.5

a) Sob o ponto de vista processual, o modelo é de natureza subjectivista, não sendo


portanto, o de um processo ao acto, mas sim um processo para dirimir quaisquer
litígios decorrentes da relação jurídico-administrativa, "processo ao concreto
litigio", portanto, que é o núcleo central desse modelo. Assim, neste modelo, o
recurso de anulação deixa de ser o meio processual típico dominante, passando a
ser admitidos vários e diversificados meios processuais; acções, procedimentos
cautelares e outros meios acessórios, recursos. Neste modelo, procura-se assegurar
uma plena e eficaz protecção dos administrados e, para tanto, o particular e a
administração são reconhecidos comos sujeitos processuais colocados
processualmente em pé de igualdade, isto é, com iguais direitos e deveres, e o poder
jurisdicional é pleno, no sentido de ser reconhecido o Juiz amplos poderes de
cognição e de decisão. O objectivo dominante deste modelo é a protecção dos
direitos individuais. 6

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BRITO, Wladimir Augusto Correia. O contencioso Administrativo: Generalidades. (vol. 13). Niterói:
PGSD-UFF, 2012.
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BRITO, Wladimir Augusto Correia. O contencioso Administrativo: Generalidades. (vol. 13). Niterói:
PGSD-UFF, 2012.
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BRITO, Wladimir Augusto Correia. O contencioso Administrativo: Generalidades. (vol. 13). Niterói:
PGSD-UFF, 2012.

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3. Conclusão

Em conclusão, no que diz respeito aos modelos de justiça administrativa, pode-se


concluir que existem dois modelos de justiça administrativa; o modelo administrativista
e o modelo judicialista. Contudo, os dois modelos assentam-se na teoria da separação de
poderes, característica essa que cria a relação de semelhança. Diferentemente dos
modelos de justiça administrativa existentes no sistema administrativo tradicional. Mas,
o modelo administrativista apresente também suas distinções face ao modelo
judicionalizado ou judicialista. Onde, por um lado, o modelo judicialista apresenta
principal característica de sujeição da Administração Publica aos tribunais comuns e ao
direito comum. E, por outro, lado, o modelo administrativista apresenta a principal
característica de os tribunais comuns não poderem invadir as funções administrativas ou
mandar citar por actos funcionais (a decisão final dos litígios, entre a Administração
Pública e os particulares é da competência dos órgãos superiores da Administração
activa).

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4. Referências bibliográficas

DE ANDRADE, José Carlos Vieira. A Justiça Administrativa. (16ª.ed.). Coimbra:


Almedina, 2017.

BRITO, Wladimir Augusto Correia. O contencioso Administrativo: Generalidades.


(vol. 13). Niterói: PGSD-UFF, 2012.

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