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pelo sinal recebido e implementam a alteração

adequada no comportamento celular. Dependendo do


O hipotálamo, pequena região do cérebro, é o
sinal, do tipo e do estado da célula que o recebe,
centro de coordenação do sistema endócrino; ele
esses efetores podem ser reguladores de transcrição,
recebe e integra as mensagens do sistema nervoso
canais iônicos, componentes de uma via metabólica
central. Em resposta a essas mensagens, o hipotálamo
ou partes do citoesqueleto.
produz hormônios reguladores (fatores de liberação)
que passam diretamente para a glândula hipófise
próxima a ele, por meio de vasos sanguíneos especiais
INTERAÇÃO ENTRE OS ORGÃOS
e neurônios que conectam as duas glândulas. A
glândula hipófise tem duas partes funcionalmente Pâncreas: Secreta insulina e glucagon em resposta a

distintas. mudanças na concentração sanguínea de glicose.

A neuro-hipófise contém os terminais axonais Fígado: Processa gorduras, Fígado carboidratos e

de muitos neurônios que se originam no hipotálamo. proteínas da dieta; sintetiza e distribui lipídeos, corpos

Esses neurônios produzem os pequenos hormônios cetônicos e glicose para outros tecidos; converte o

peptídicos ocitocina e vasopressina, que se deslocam excesso de nitrogênio em ureia.

pelo axônio até os terminais nervosos na hipófise, Veia porta: Transporta nutrientes do intestino para o
onde são armazenados em grânulos secretores e fígado.
aguardam o sinal para sua liberação. A adeno-hipófise
Intestino delgado: Absorve nutrientes da dieta, move-
responde aos hormônios hipotalâmicos transportados
os para o sangue ou para o sistema linfático.
pelo sangue, produzindo hormônios trópicos, ou
tropinas. Encéfalo: Transporta íons para manter o potencial de
membrana; integra sinais do corpo e do ambiente;
envia sinais para outros órgãos.
COMUNICAÇÃO INTRACELULAR
Musculo cardíaco: Usa ATP gerado aerobiamente para
A maioria das células em um organismo bombear sangue.
multicelular emite e recebe sinais. A recepção dos
Sistema linfático: Transporta lipídeos do intestino para
sinais depende das proteínas receptoras, geralmente
o fígado.
localizadas na superfície celular, às quais as moléculas
de sinalização se ligam. A ligação ativa o receptor, o Tecido adiposo: Sintetiza, armazena e mobiliza
qual, por sua vez, ativa uma ou mais vias ou sistemas triacilgliceróis. (Tecido adiposo marrom: realiza a
de sinalização intracelular. Esses sistemas dependem termogênese.)
de proteínas sinalizadoras intracelulares, que
Musculo esquelético: Usa ATP gerado aeróbia ou
processam o sinal dentro da célula receptora e o
anaerobiamente para realizar trabalho mecânico
distribuem para os alvos intracelulares apropriados.
Os alvos localizados na porção final das vias de
sinalização geralmente são denominados proteínas
efetoras, as quais são, de alguma forma, alteradas
METABOLISMO GLICOSE-6-FOSFATO NO FIGADO a glicose sanguínea. A exportação é a via
predominante quando o estoque de glicose-6-fosfato
Para satisfazer essas condições variáveis, o fígado tem
é limitado, porque a concentração da glicose no
uma notável flexibilidade metabólica. Por exemplo,
sangue deve ser mantida suficientemente alta para
quando a dieta é rica em proteína, os hepatócitos se
fornecer energia adequada para o cérebro e outros
abastecem com altos níveis de enzimas para o
tecidos.
catabolismo dos aminoácidos e a gliconeogênese.
Algumas horas após uma mudança para uma dieta rica ➋ A glicose-6- -fosfato não imediatamente necessária
em carboidratos, os níveis dessas enzimas começam a para manter a glicemia é convertida em glicogênio
diminuir, e os hepatócitos aumentam a síntese de hepático ou direcionada para um de vários outros
enzimas essenciais para o metabolismo de destinos. Seguindo a glicólise e a reação da piruvato-
carboidratos e para a síntese de gorduras. desidrogenase,

➌ a acetil-CoA formada pode seroxidada para a


produção de ATP no ciclo do ácido cítrico, com a
Açúcares O transportador de glicose dos hepatócitos
transferência de elétrons e a fosforilação oxidativa
(GLUT2) permite difusão passiva e rápida da glicose de
decorrentes gerando ATP.
forma que a concentração deste açúcar em um
hepatócito é essencialmente a mesma daquela no ➍ A acetil-CoA também pode servir como precursora
sangue. dos ácidos graxos, que são incorporados em TAG e

A glicose que entra nos hepatócitos é fosforilada pela fosfolipídeos, e do colesterol. Grande quantidade dos

hexocinase IV (glicocinase) para gerar glicose-6- lipídeos sintetizados no fígado é transportada pelas

fosfato. A presença da glicocinase permite aos lipoproteínas sanguíneas para outros tecidos.

hepatócitos continuar fosforilando a glicose quando ➎ A glicose-6-fosfato pode, alternativamente, entrar


sua concentração se eleva muito acima dos níveis que na via das pentoses-fosfato, gerando poder redutor
sobrecarregariam outras hexocinases. (NADPH) necessário para a biossíntese de ácidos

A frutose, a galactose e a manose, todas absorvidas a graxos e colesterol, e D-ribose-5-fosfato, precursor

partir do intestino delgado, também são convertidas para a síntese de nucleotídeos. O NADPH também é

em glicose-6-fosfato. A glicose-6-fosfato está no um cofator essencial na destoxificação e eliminação de

cruzamento do metabolismo dos carboidratos no muitos fármacos e outros xenobióticos metabolizados

fígado. Ela pode entrar em qualquer de várias vias no fígado

metabólicas importantes, dependendo das


necessidades metabólicas do organismo. Pela ação de
METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS NO FÍGADO
várias enzimas reguladas alostericamente, e por meio
de regulação hormonal da síntese e da atividade de Aminoácidos Os aminoácidos que chegam ao fígado
enzimas, o fígado direciona o fluxo de glicose para seguem várias vias metabólicas importantes
uma ou mais dessas vias.
➊ São precursores para a síntese proteica, processo
➊ A glicose-6-fosfato é desfosforilada pela glicose-6- discutido. O fígado repõe constantemente suas
fosfatase para gerar glicose livre, exportada para repor proteínas, que têm uma taxa de renovação
relativamente alta (meia- -vida média de horas a dias), piruvato, o produto da glicólise, formando alanina,
sendo também o local de biossíntese da maioria das que é transportada para o fígado e desaminada.
proteínas plasmáticas.
Os hepatócitos convertem o piruvato resultante em
➋ Alternativamente, os aminoácidos passam via glicose sanguínea (via gliconeogênese ➎), e a amônia
corrente sanguínea para outros órgãos, onde são em ureia para excreção 4b. Uma vantagem deste ciclo
usados na síntese das proteínas teciduais. glicose- -alanina (ver Figura 18-9) é amenizar
flutuações nos níveis de glicose sanguínea nos
➌ Outros aminoácidos são precursores na biossíntese
intervalos entre as refeições. O déficit de aminoácidos
de nucleotídeos, hormônios e outros compostos
imposto aos músculos é suprido após a próxima
nitrogenados no fígado e em outros tecidos. Os
refeição pelos aminoácidos da dieta
aminoácidos não utilizados como precursores
biossintéticos são transaminados ou desaminados e
degradados para gerar piruvato e intermediários do
ÁCIDOS GRAXOS
ciclo do ácido cítrico, com vários destinos; a amônia
liberada é convertida em ureia, um produto de Lipídeos Os ácidos graxos componentes dos lipídeos

excreção. que chegam aos hepatócitos também têm vários


destinos (Figura 23-14).
➎ O piruvato pode ser convertido em glicose e
glicogênio pela gliconeogênese, ou ➊ Alguns são convertidos em lipídeos hepáticos.

➏ pode ser convertido em acetil-CoA, que tem vários ➋ Na maior parte das vezes, os ácidos graxos são o

destinos possíveis: principal combustível oxidativo no fígado. Ácidos


graxos livres podem ser ativados e oxidados para gerar
➐ oxidação via ciclo do ácido cítrico e
acetil-CoA e NADH.

➑ fosforilação oxidativa para produzir ATP, ou


➌ A acetil-CoA é posteriormente oxidada no ciclo do

➒ conversão em lipídeos para armazenamento. ácido cítrico, e

➓ Os intermediários do ciclo do ácido cítrico podem ➍ as oxidações no ciclo promovem a síntese de ATP

ser desviados para a síntese de glicose pela por fosforilação oxidativa.

gliconeogênese. O fígado também metaboliza os ➎ O excesso de acetil-CoA, não requerido pelo fígado,
aminoácidos que provêm intermitentemente de é convertido em acetoacetato e b-hidroxibutirato;
outros tecidos. O sangue é suprido adequadamente esses corpos cetônicos circulam pelo sangue para
com glicose logo após a digestão e a absorção dos outros tecidos, para serem usados como combustível
carboidratos da dieta ou, entre as refeições, pela para o ciclo do ácido cítrico. Os corpos cetônicos, ao
conversão do glicogênio hepático em glicose contrário dos ácidos graxos, podem atravessar a
sanguínea. Durante o intervalo entre as refeições, barreira sangue-cérebro, fornecendo ao cérebro uma
especialmente se for prolongado, algumas proteínas fonte de acetil- -CoA para oxidação geradora de
musculares são degradadas em aminoácidos, que energia. Os corpos cetônicos podem suprir uma fração
doam seus grupos amino (portransaminação) para o significativa da energia em alguns tecidos extra-
hepáticos – até um terço no coração, e em torno de 60 Os adipócitos do TAM produzem calor pela oxidação
a 70% no cérebro durante jejum prolongado. de seus próprios ácidos graxos, mas eles captam e
oxidam tanto ácidos graxos como glicose do sangue
➏ Uma parte da acetil-CoA derivada dos ácidos graxos
em taxas fora de proporção de suas massas. Na
(e da glicose) é usada na biossíntese de colesterol, que
verdade, a detecção de TAM por tomografia de
é ne
varredura por emissão de pósitrons (PET scan)
depende da taxa relativamente alta de captação e

O TECIDO ADIPOSO MARROM É TERMOGÊNICO metabolismo da glicose. Humanos com


feocromocitoma (tumores da glândula suprarrenal)
Como os adipócitos brancos, os marrons armazenam
produzem adrenalina e noradrenalina em excesso, e
triacilgliceróis, mas em várias gotículas de lipídeo
um dos efeitos é a diferenciação dos pré-adipócitos
menores por célula em vez de uma única gota central.
em regiões discretas de TAM, localizadas
As células do TAM têm mais mitocôndrias e um aproximadamente nos mesmos locais dos recém-
suprimento mais rico de capilares e de inervação do nascidos. O fator de transcrição nuclear PPARg
que as células do TAB, e sua característica cor marrom (descrito mais adiante neste capítulo) tem um papel
é conferida pelos citocromos das mitocôndrias e pela central na adaptação ao calor ou ao frio do ambiente,
hemoglobina nos capilares. e na diferenciação normal do TAB e do TAM.

A atividade dessa proteína é responsável por uma das


principais funções do TAM: a termogênese. Nos
ENDOCRINOS, PARACRINOS E AUTOCRINOS
adipócitos marrons, os ácidos graxos armazenados nas
gotículas de gordura são liberados, entram nas Os hormônios também podem ser classificados pelo

mitocôndrias e sofrem conversão completa em CO2 trajeto que fazem desde o ponto de liberação até as

pela b-oxidação e pelo ciclo do ácido cítrico. células-alvo.

O FADH2 e o NADH reduzidos gerados passam seus Os hormônios endócrinos são liberados no sangue e

elétrons pela cadeia respiratória para o oxigênio transportados para as células-alvo por todo o corpo (a

molecular. insulina e o glucagon são exemplos).

Os depósitos de gordura marrom estão localizados Os hormônios parácrinos são liberados no espaço

onde o calor gerado pela termogênese garante que os extracelular e difundem-se para células-alvo vizinhas

tecidos vitais – vasos sanguíneos para a cabeça, (os hormônios eicosanoides são desse tipo).

principais vasos sanguíneos abdominais, e as vísceras, Os hormônios autócrinos afetam a mesma célula que
incluindo o pâncreas, as glândulas suprarrenais e os os libera, ligando-se a receptores na superfície celular
rins – não tenham sua temperatura reduzida quando o
recém-nascido entra em um mundo de temperatura
ambiente mais baixa (Figura 23-16). Após o INSULINA
nascimento, o TAB começa a se desenvolver e o TAM
A insulina é uma proteína pequena com duas cadeias
começa a desaparecer.
polipeptídicas, A e B, unidas por duas ligações
dissulfeto. Ela é sintetizada no pâncreas como um estímulo para a liberação do hormônio do crescimento
precursor inativo de uma só cadeia, a pré-pró-insulina posteriormente, se mostrou um potente estimulante
com uma “sequência sinalizadora” aminoterminal que do apetite, que funciona em escala de tempo mais
direciona sua passagem para as vesículas de secreção. curta (entre as refeições) do que a leptina e a insulina.
A remoção proteolítica da sequência sinalizadora e a Os receptores de grelina estão localizados na hipófise
formação de três ligações dissulfeto produzem a pró- (provavelmente mediando a liberação do hormônio do
insulina, que é armazenada em grânulos secretores crescimento) e no hipotálamo (afetando o apetite),
nas células b pancreáticas. Quando a glicose bem como no músculo cardíaco e no tecido adiposo. A
sanguínea estiver suficientemente elevada para grelina atua por meio de um receptor acoplado à
desencadear a secreção da insulina, a pró-insulina é proteína G para gerar o segundo mensageiro IP3, que
convertida em insulina ativa por proteases específicas, controla sua ação. A concentração de grelina no
que hidrolisam duas ligações peptídicas e formam a sangue varia entre as refeições, atingindo um pico
molécula de insulina madura e o peptídeo C, que são imediatamente antes da refeição e diminuindo
liberados por exocitose no sangue. rapidamente logo. A injeção de grelina em humanos
produz sensação imediata de intensa fome.
HORMÔNIOS CATECOLAMÍNICOS
Pessoas com a síndrome de Prader-Willi, cujos níveis
Os compostos hidrossolúveis adrenalina (epinefrina) e
de grelina no sangue são extremamente altos, têm
noradrenalina (norepinefrina) são catecolaminas,
apetite incontrolável, levando à extrema obesidade
assim denominadas devido ao composto catecol,
que, com frequência, resulta em morte antes dos 30
estruturalmente relacionado. São sintetizadas a partir
anos
da tirosina

As catecolaminas produzidas no cérebro e em outros


tecidos neurais atuam como neurotransmissores, mas O PYY3-36 é um hormônio peptídico (2 resíduos Y
a adrenalina e a noradrenalina também são aminoterminais mais 34 aminoácidos) secretado pelas
hormônios, sintetizados e secretados pelas glândulas células endócrinas que revestem o intestino delgado e
suprarrenais. o colo, em resposta à chegada do alimento vindo do
estômago.
À semelhança dos hormônios peptídicos, as
catecolaminas encontram- -se altamente O nível de PYY3-36 no sangue aumenta após uma
concentradas nas vesículas secretoras, são liberadas refeição e se mantém alto por algumas horas. Ele é
por exocitose e atuam por meio de receptores de levado pelo sangue para o núcleo arqueado, onde age
superfície para gerar segundos mensageiros nos neurônios orexigênicos, inibindo a liberação de
intracelulares. Eles controlam uma ampla variedade NPY e reduzindo a fome. Humanos injetados com
de respostas fisiológicas ao estresse agudo PYY3-36 sentem pouca fome e se alimentam menos
que o normal por cerca de 12 horas.

A GRELINA é um hormônio peptídico (28


aminoácidos) produzido pelas células que revestem o
estômago. Originalmente, foi reconhecido como o
A leptina é uma adipocina (167 aminoácidos) que, ao
alcançar o cérebro, age nos receptores hipotalâmicos
e reduz o apetite.

O gene DB codifica o receptor de leptina. A função


sinalizadora da leptina é perdida quando o receptor é
defeituoso. O receptor de leptina é expresso
principalmente em regiões do cérebro que regulam o
comportamento alimentar – neurônios do núcleo
arqueado do hipotálamo

A leptina leva a mensagem de que as reservas de


gordura são suficientes, e promove uma redução na
captação de combustível e um aumento no gasto de
energia. A interação leptina-receptor no hipotálamo
altera a liberação de sinais neuronais para a região do
cérebro que controla o apetite.

A leptina também estimula o sistema nervoso


simpático, aumentando a pressão sanguínea, a
frequência cardíaca e a termogênese, pelo
desacoplamento das mitocôndrias dos adipócitos
marrons

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