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22/08/2023

Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑ Incidência
➢ População geral: 2 – 7 a cada 1000 pessoas/ano (provavelmente sub relatado)

• Maior em pessoas mais jovens


Reabilitação na entorse aguda/pós aguda e na • Maior em mulheres

➢ Populações altamente ativas


instabilidade crônica do tornozelo • 15% de todas as lesões no esporte
• Principalmente em esportes que envolve corrida, mudanças de direção e saltos
• 15 esportes da National Collegiate Athletic Association - 0,75 a 0,89 entorses/1000 atletas
Agosto 2023 expostos (1 atleta participando em 1 competição ou prática esportiva)

➢ População de militares ativos: 58,3 lesões a cada 1000 pessoas/ano


Prof. Dr. Fábio V. Serrão (Fabinho) Prof. Dr. Rodrigo Scattone da Silva
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar Universidade Federal do Rio Grande do Norte – ❑ Mais de ¾ de todas as entorses do tornozelo são laterais
UFRN Campus FACISA

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑ Recorrência de episódios de entorse ❑ Mecanismo de lesão mais comum: inversão, rotação interna e flexão plantar
(Garrick Am J Sports Med 1977)

Mas ...

A flexão plantar está sempre


envolvida no mecanismo de lesão?
Herzog et al J Athl Train 2019

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Hockey na grama

Salto em altura

➢ Contato Inicial ➢ Contato Inicial


• 30 graus de inversão • 7 graus de inversão
• 28 graus de rotação interna • 4 graus de rotação interna
• 5 graus de flexão plantar • 41 graus de dorsiflexão

➢ Pico de Inversão ➢ Pico de Inversão


• 142 graus de inversão • 78 graus de inversão
• 37 graus de rotação interna • 27 graus de rotação interna
• 7 graus de dorsiflexão • 13 graus de dorsiflexão

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑ Mecanismo de lesão

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑ Graduação da severidade da entorse lateral

➢ Grau I ➢ Grau III


• Pouca ou nenhuma dor e edema • Severa dor e edema
• Mínima perda da habilidade de suportar o peso corporal • Severa perda da habilidade de suportar o peso corporal
• Mínima perda da estabilidade mecânica (lesão parcial do • Severa perda da estabilidade mecânica (lesão completa do
complexo ligamentar lateral – tipicamente isolada ao LTFA) complexo ligamentar lateral; ruptura da cápsula do
• Mínima perda de movimento tornozelo)
• Perda de função por curto período • Significativa perda de movimento
• Severa perda de função
➢ Grau II
• Moderada dor e edema
• Moderada perda da habilidade de suportar o peso corporal
• Moderada perda da estabilidade mecânica (significativo
• LTFA: resiste à inversão com o tornozelo em flexão-plantar comprometimento do LTFA e lesão parcial do ligamento CF)
• Moderada perda de movimento
• LCF: resiste à inversão com o tornozelo em posição neutra, dorsiflexão
• Significativa perda de função
• LTFP: estabiliza o tálus na pinça maleolar; limita o excesso de abdução do tálus Gribble J Athl Train 2019

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑ Alterações sensório-motoras normalmente observadas após a entorse de tornozelo


❑ Fatores de risco para a entorse lateral aguda
➢ Alteração no tempo de reação dos músculos do tornozelo, joelho e quadril
➢ Sexo feminino
➢ Fraqueza dos músculos do tornozelo e quadril
➢ Fraqueza dos músculos abdutores do quadril
➢ Alterações proprioceptivas no tornozelo
➢ Fraqueza dos músculos extensores do quadril
➢ Diminuição da amplitude de dorsiflexão do tornozelo
➢ Pobre desempenho nos testes de equilíbrio e saltos
➢ Aumento do movimento da articulação subtalar e do mediopé
Martin et al JOSPT 2021
Martin et al JOSPT 2021

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑ Características clínicas

➢ Primeiras duas semanas: rápida diminuição na dor e melhora na função Definindo Instabilidade Crônica do Tornozelo ...
➢ Embora a maioria das lesões cicatriza...
até 35% das pessoas com entorse lateral do tornozelo continuam a ter: É uma condição caracterizada por episódios repetitivos ou
• Dor percepções de falseio do tornozelo; presença de sintomas tais
• Edema
• Crepitação como dor, fraqueza ou reduzida amplitude de movimento do
• Fraqueza
• Rigidez tornozelo; função auto-relatada reduzida; e entorses recorrentes
• “Giving way”
do tornozelo que persistem por mais de 1 ano após a lesão inicial
➢ A entorse lateral do tornozelo contribui com 80% dos casos de osteoartrite pós-traumática do
tornozelo (Gribble et al Br J Sports Med 2016)
➢ Até 70% das pessoas que tiveram uma entorse lateral aguda podem desenvolver instabilidade crônica Hertel & Corbett J Athl Train 2019
do tornozelo (Gribble et al Br J Sports Med 2016)

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica


Reabilitação na entorse lateral aguda/pós aguda
e na instabilidade crônica do tornozelo
❑ Fatores de risco para a instabilidade crônica do tornozelo

➢ Não usar suporte externo (brace) profilático

➢ Não participar de um programa de exercícios voltado à melhora do equilíbrio

➢ Pobre desempenho funcional após uma entorse lateral aguda

➢ Participação em esportes

➢ Alto índice de massa corporal

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

A reabilitação na entorse lateral aguda/pós aguda e na


instabilidade crônica do tornozelo apresentada separadamente.

Para isso...

➢ Agudo - uma a duas semanas após a lesão

➢ Pós agudo - tempo após o período agudo até 12 meses

➢ Instabilidade crônica - pessoas que continuam a se queixar de instabilidade (considerou-se aquelas


pessoas com sintomas persistentes por 12 meses ou mais após a lesão)

Martin et al JOSPT 2021

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

Porém, antes de falarmos de reabilitação após a entorse lateral aguda/pós ❑Reabilitação entorse aguda/pós aguda
aguda, há alguma coisa que podemos fazer para prevenir um primeiro
episódio de entorse lateral do tornozelo? ➢Proteção e carga ótima

Martin et al JOSPT 2021


Martin et al JOSPT 2021

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação entorse aguda/pós aguda OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

➢ Exercícios terapêuticos envolvendo treinamento


➢Exercícios terapêuticos neuromuscular, re-educação postural e treino de
equilíbrio parece melhorar a estabilidade subjetiva e
objetiva do tornozelo, bem como reduz o tempo de
retorno à atividade pré-lesão

➢ A composição dos programas de exercícios na


literatura é diverso. Assim, recomendações
específicas considerando o modo e o volume são
indisponíveis
Martin et al JOSPT 2021
➢ O fisioterapeuta deveria customizar o programa de
exercícios de acordo com os achados da avaliação
física e a análise da tarefa para a qual o paciente
retornará

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Entorse grau I ou II há menos de 7 dias

Grupo Padrão Grupo Exercício

Baseline a 1 semana Baseline a 1 semana

➢ gelo, compressão e elevação ➢ gelo, compressão e elevação

Semanas 1 a 4 ➢ exercícios adaptados

➢ fortalecimento muscular, treinamento Semanas 1 a 4


neuromuscular e exercícios funcionais
específicos ao esporte ➢ fortalecimento muscular, treinamento
neuromuscular e exercícios funcionais específicos ao
esporte Bleakley et al BMJ 2010

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação entorse aguda/pós aguda

➢Exercícios terapêuticos – Treino neuromuscular/sensório-motor

❑ Apoio Unipodal

➢ Aumento da dificuldade

• Diminuir o suporte externo do pé


• Diminuir a estabilidade da superfície
(toalhas, travesseiros, espumas)
• Perturbação externa
• Distração
• Movimentos cervicais (flex-ext, rotação)
• Olhos fechados
• Combinação dos fatores acima
Bleakley et al BMJ 2010

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação entorse aguda/pós aguda

➢Terapia manual

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Mattacola & Dwyer J Athl Training 2002

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Diminuição da dorsiflexão – Restrição Talocrural – Diminuição da dorsiflexão – Restrição Talocrural –


Deslizamento A/P do Tálus Mobilização com Movimento com Suporte do Peso Corporal
• Paciente em decúbito dorsal ou semi-deitado • Paciente em pé na mesa de exames
• Use uma mão para estabilizar a tíbia e fíbula • Um cinto é posicionado ao redor da região posterior da tíbia e fíbula do paciente e
• A outra mão apoiada na região anterior do tálus, com o web space ao redor da cintura ou das nádegas do terapeuta
• Força dirigida de anterior para posterior em linha com o plano da articulação • O terapeuta estabiliza o tálus usando o web space
• O terapeuta introduz uma dorsiflexão guiada “sentando-se para trás” sobre o cinto

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação entorse aguda/pós aguda

➢Crioterapia
➢ Terapia manual + exercícios (n = 37) (MTEX) X Exercícios (n = 37) (HEP) OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

➢ Exercícios ➢ Desde o GPC de 2013, forte evidência emergiu que o


repouso, gelo, compressão e elevação são
• Mobilidade do tornozelo e pé insuficientes para a melhora da função auto-
• Fortalecimento (faixa elástica) relatada
• Exercícios com resistência do peso corporal
• Atividades sob um pé
➢ O uso de gelo combinada a intervenções que
• Em pé na prancha de equilíbrio
• Atividades funcionais com suporte do peso corporal envolvem exercícios pode melhorar a tolerância à
carga durante o suporte de peso e, desta forma,
pode melhorar a habilidade do indivíduo suportar o
Houve maior melhora no grupo MTEX, quando comprado ao grupo HEP, na peso corporal no membro inferior afetado
função auto-relatada, intensidade da dor e na melhora auto-percebida em 4 Martin et al JOSPT 2021
semanas (após a intervenção) e no seguimento de 6 meses

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação entorse aguda/pós aguda

➢Outras intervenções

➢ Dois ensaios randomizados controlados com alto risco de viés

➢ Crioterapia + outras intervenções X Outras intervenções

Resultados Conclusões

Evidências incertas mostram que a crioterapia não A literatura atual carece de evidências que apoiem o
aumenta os efeitos de outras intervenções sobre o uso da crioterapia no tratamento da entorse aguda
edema, intensidade da dor e amplitude de do tornozelo. Há uma necessidade urgente para
movimento maiores ensaios clínicos randomizados de alta Variação nos parâmetros de intervenção
qualidade. disponíveis em relação ao laser de baixa
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intensidade e ultrassom

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação instabilidade crônica


O que podemos fazer para prevenir a
➢Terapia manual
recorrência de entorse lateral após
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
uma entorse inicial?
➢ Embora os efeitos não sejam observados a longo
prazo, os efeitos a curto prazo das intervenções
podem ser importantes para ajudar as pessoas com
instabilidade crônica do tornozelo participar de
atividades e atingir os objetivos da reabilitação a
curto prazo
Martin et al JOSPT 2021

Martin et al JOSPT 2021

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação instabilidade crônica

➢Agulhamento a seco
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

➢ Atualmente, poucos estudos existem dando suporte


ao uso do agulhamento a seco em pessoas com
instabilidade crônica do tornozelo. Os resultados
relatados em pequenos ensaios controlados
randomizados e estudos de coorte foram
geralmente favoráveis para a dor, função, força e
Martin et al JOSPT 2021 equilíbrio

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

E os exercícios para aumento da força muscular na • Mini-bands


Grupo Resistência Elástica

instabilidade crônica do tornozelo? •



4 direções (eversão/inversão; dorsi/flexão plantar)
70% do comprimento de repouso

Grupo FNP
• Padrão D1 – dorsi-inversão e flexão plantar-eversão
• Padrão D2 – dorsi-eversão e flexão plantar-inversão
• Resistência nas cabeças dos metatarsos

• Grupo Resistência Elástica - ↑ força de dorsiflexão, inversão e eversão


• Grupo FNP - ↑ força de inversão e eversão
• Ambos os grupos melhoraram na instabilidade percebida
• Não houve melhora no triple-crossover hop test e no Y-Balance test

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

❑Reabilitação instabilidade crônica ❑Reabilitação instabilidade crônica

Os protocolos usados no estudo forneceram resistência adequada para o aumento ➢Tratamentos combinados (dois ou mais tipos de intervenções)
da força de flexão plantar?

Provavelmente, há necessidade de outros exercícios em CCF e


CCA que forneçam maior resistência

Martin et al JOSPT 2021

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Entorse lateral aguda/pós aguda e instabilidade crônica

➢ Mensagens para casa

o Há forte recomendação para o uso de suportes externos (por exemplo, brace) para prevenir um primeiro
episódio de entorse, bem como prevenir recorrência de entorses laterais do tornozelo MUITO OBRIGADO !!!
o Há forte recomendação para o uso de exercícios terapêuticos no tratamento da entorse lateral aguda/pós
aguda do tornozelo. O programa de exercícios de acordo com os achados da avaliação física e a análise da
tarefa para a qual o paciente retornará
fserrao@ufscar.br
o Há forte recomendação para o uso de técnicas de terapia manual no tratamento da entorse lateral
aguda/pós aguda, bem como da instabilidade crônica do tornozelo fserrao10@gmail.com
o Há moderado grau de recomendação para o uso de outras intervenções adicionalmente a um treino de
equilíbrio (tratamentos combinados) ao uso de treino de equilíbrio isolado

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