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TRANSTORNOS DE HUMOR

Transtorno de afeto = transtorno de humor

TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
Epidemiologia

5-15% ao longo da vida

14,6% da população geral

Predomínio em mulheres 2:1

Idade de início: 30a

80% não são diagnosticados adequadamente

em pacientes com doenças inflamatórias ou neoplasias 33-47%

Etiopatogenia

Risco ambiental → predisposição genética + fatores ambientais

substâncias psicoativas

alteração de ritmo biológico

eventos estressantes

Alteração no sistema de neurotransmissão

monoaminas (5HT, NA, DA)

serotonina, noradrenalina e dopamina

teoria monoaminérgica: a depressão é causada por uma deficiência


da neurotransmissão monoaminérgica, e os antidepressivos agem
aumentando a disponibilidade de monoaminas na fenda sináptica,
corrigindo essa disfunção.

Diminuição em produção, esgotamento ou disfunção

Alterações neuro-endócrinas

Eixo hipotálamo hipófise adrenal

é um componente importante na resposta neuroendocrina ao


estresse.

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Estressores na infância levam a um aumento da resposta do cortisol
a novos estressores, que persiste até a vida adulta, sendo uma
causa provável de transtor­nos psiquiátricos associados a traumas,
incluindo o TDM.

A ação de fármacos antidepressivos está associada ao eixo HHA. O


uso agudo de antidepressivos inibidores da recaptação das
monoaminas provoca um aumento nos níveis séricos de cortisol,
enquanto o uso continuado leva a uma normalização desses níveis

intensa ativação(estresse crônico) leva a aumento de glicocorticoides

apoptose de neurônios do hipocampo

Envolvimento inflamatório

hipótese das citocinas na depressão

aumento de citocinas pro inflamatórias (IL1, IL6) e TNF alfa

Comorbidades com EM, DII, AR

Quadro clínico + diagnóstico


O paciente deve apresentar ≥ 5 de:

Humor deprimido

na maior parte do dia; ocorre todo dia ou quase todo dia

Perda de prazer/apatia

Alteração do peso ou apetite (ganho ou perda)

Insônia ou hipersonia

Agitação ou retardo psicomotor

Fadiga

Sentimento de inutilidade ou culpa

Menor capacidade de pensar ou concentrar-se/ disfunção executiva

Pensamentos recorrentes sobre a morte, ideação, plano ou tentativa de


suicídio

OBS: para ser caracterizado depressão: deve ter 5 ou mais desses sintomas,
mas um desses sintomas deve ser humor deprimido ou perda de prazer.
TEMPO ≥ 2 SEMANAS

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SINTOMAS NEUROTRANSMISSOR REGIÃO CEREBRAL

Apatia e perda do Córtex pré frontal, hipotpalamo,


NA e DA
interesse nucleus acumbens

cortex pre frontal, talamo,


Distúrbio do sono 5HT, NA e DA
hipotálamo

fadiga NA e DA cortex pre frontal

cortex pre frontal (região


Disfunção executiva NA e DA
dorsolateral)

Agitação/retardo Cortex pre frontal, cerebelo,


5HT, NA e DA
psicomotor nucleus acubens

Alterações do apetite 5HT hipotalamo

cortex pre frontal (regiões


Ideação suicida 5HT orbitofrontal e ventromedial)
amigdala

Sentimento de culpa ou cortex pre frotnal (regiao


5HT
menos valia cventromedial) amigdala

💡 Depressão unipolar x depressão bipolar (TB)

Paciente com depressão bipolar, pelo menos uma vez teve


hipomania/mania ao longo da vida.

Primeiro episodio depressivo antes dos 20/25anos; lentificação;


peso no corpo; aumento de apetite; pior resposta a AD; familiar
de primeiro grau de 1 grau com transtorno bipolar; aumento da
necessidade de sono; uso de substancias; efeito colateral
diferente a medicamentos.

Risco de suicídio em paciente com TB é maior do que na


depressão unipolar.

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Fatores associados a maior recorrência de depressão

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Transtorno bipolar

Quadros ansiosos

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TEPT - transtorno de estresse pós traumático

Psicose → os pródomos de psicose podem simular depressão

CLASSIFICAÇÃO

LEVE → não impede atividades diárias

MODERADA → intermediária

GRAVE → interfere/impere a realização das atividades diárias

Tratamento

Leve → psicoterapia OU antidepressivo ⇒ normalmente começa com a


psicoterapia e se não resolver, associa ao antidepressivo.

Moderada/grave: Psicoterapia e antidepressivo

ANTIDEPRESSIVOS
⇒ Inibidores seletivos da recaptação de serotononia (ISRS)
Fluoxetina, citalopram, escitalopram, sertralina, paroxetina

Sertralina → inibidor fraco da recaptação de dopamina

geralmente inicia com os efeitos colaterais e depois diminui e surge os


efeitos terapêuticos

São bem absorvidos via oral

Meia vida plasmática 18-24horas * → a fluoxetina atua por mais tempo: 24-
96horas

Efeitos colaterais: náusea; vômito; perda/diminuição do apetite e libido;


anorgasmia

são menos sedativos que que os triciclicos

OBS: paroxetina e fluoxetina não são utilizadas em combinação com


os tricíclicos, pois podem aumentar a toxicidade deles, já que inibem o
metabolismo hepático interagindo com a CYP2D6

Em combinação com IMAO ou ISRS, podem causar a “síndrome da


serotonina”, caracterizada por tremores, agitação, reflexos aumentados,
hipertermia e colapso cardiovascular, que podem levar à morte

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⚠️ Há preocupação sobre o uso de ISRS em crianças e adolescentes
em virtude dos relatos de aumento dos pensamentos suicidas no início
do tratamento

⇒ Antidepressivos Tricíclicos
Amitriptilina; nortriptilina; imipramina; clomipramida

São bem absorvidos via oral e se ligam a albumina plasmática

Meia vida longa 10-20h ⇒ são ainda mais longas em idosos


Mecanismo de ação: é bloquear a recaptação das aminas pelas terminações
nervosas, por competição pelo ponto de ligação do transportador de aminas.
A maioria dos ADT inibe a recaptação de norepinefrina e de 5-HT

Efeitos colaterais: boca seca; constipação; hipotensão ortostática; visão


embaçada,distúrbios da condução cardíaca ; ganho de peso; maior risco de
virada maníaca

Em superdosagem podem causar arritmias ventriculares associadas ao


prolongamento do intervalo QT

⚠️Evitar em pacientes com risco de suicidio.


Interações medicamentosas: por dependerem do metabolismo hepático
(CYP/P450) para eliminação, aumentam probabilidade de efeitos adversos.

Os ADT potencializam os efeitos do álcool e dos anestésicos por


motivos que não são bem compreendidos

interfere na ação de anti-hipertensivos

Toxicidade: excitação e delírio, que podem ser acompanhados de


convulsão.

⇒ Inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) (DUAIS)


Venlafaxina; Duloxetina; desvenlafaxina

Efeitos colaterais: igual ISRS + aumento da PA

Duloxetina - importante na modulação da dor. inibe a captação de


norepinefrina e de 5-HT

Também são eficazes para transtorno de ansiedade

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A venlafaxina é um inibidor da captação de 5-HT, porém menos seletiva para
5-HT em relação à norepinefrina que os ISRS. É convertida em
desvenlafaxina, que apresenta maior inibição da recaptação de
norepinefrina

⇒ Antidepressivos atípicos
Bupropiona

inibe tanto a captação de norepinefrina quanto a de dopamina (mas não


de 5-HT)

Efeitos colaterais: diminui limiar convulsivo

Benefícios: diminui risco de disfunção sexual e tabagismo( pois é


utilizado na dependencia de nicotina)

Agomelatina

Agonista da melatonina

Efeitos colaterais: sedativo

Benefícios: boa para insônia

Mirtazapina

Bloqueia não somente os receptores α-adrenérgicos, como também


outros receptores, incluindo os receptores 5-HT2C, que contribuem para
sua ação antidepressiva

na pode atuar mais rapidamente do que outros antidepressivos, e causa


menos náuseas e disfunções sexuais que os ISRS

Efeitos colaterais: Aumenta apetite; sedação (dose baixa, menor dose,


maior efeito sedativo)

Benefícios: não causa disfunção sexual

são não seletivos e inibem uma variedade de receptores, inclusive os


receptores α2-adrenérgicos e 5-HT2

⇒ Moduladores da Serotonina
a depender do receptor de serotonina, esses moduladores inibem ou estimulam

Trazodona

Efeitos colaterais: sedação, priapismo

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são não seletivos e inibem uma variedade de receptores, inclusive os
receptores α2-adrenérgicos e 5-HT2

⇒ Inibidores da Monoamina Oxidase (MAO)


aumentam os depósitos citosólicos de norepinefrina e 5-HT nas terminações
nervosas.

A MAO-A tem preferência de substrato pela 5-HT e norepinefrina e é o principal


alvo para os IMAO antidepressivos

Tranilcipromina

Efeitos colaterais: aumento da PA; evitar consumo de alimentos que


contém tiramina (cerveja, queijo, leite, vinho), pois aumentam as
monoaminas cerebrais, pode causar sd serotoninergica.

monoaminas cerebrais: serotonina, dopamina, noradrenalina

não são seletivos com respeito aos subtipos MAO-A e B

Moclobemida

inibidor seletivo da MAO-A

💡 A MAIOR PARTE DOS ANTIDEPRESSIVOS DEMORAM PELO


MENOS 2 SEMANAS PARA FAZEREM EFEITO

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TRANSTORNO BIPOLAR
Definição

Oscilações do humor que se alternam entre fases de depressão e


mania/hipomania

Tem forte componente genético

Epidemiologia

Idade média de início: 21a

Sexta causa de incapacidade entre 15-44 anos

Risco de 20-30x maior de suicídio

Diagnóstico demora cerca de 10 anos

Expectativa de vida é reduzida.

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FATORES DE RISCO

Genéticos → história familiar. o risco aumenta com o grau de parentesco.

Ambientais: trauma precoce (abuso e negligência)

SINTOMAS DA SÍNDROME MANÍACA

Euforia, elação ou alegria patológica

elação = engrandecimento do eu

Aceleração de todas as funções psíquicas (taquipsiquismo)

Agitação psicomotora

loquacidade/logorreia → falar muito / falar rápido sem nexo(”não junta lé


com cré” )

Pensamento acelerado e fuga de ideias

Atitude alegre, brincalhona, desinibida, irritada ou arrogante

Pensamento vago, impreciso

Hipersexualidade

Gastos excessivos

Impulsividade

Delírio de grandeza, missão ou poder

Alucinações (olfativas, auditivas ou visuais)

TEMPO DE DIAGNÓSTICO ≥ 1 SEMANA OU INTERNAÇÃO

HIPOMANIA ⇒ é uma mania sem prejuízo social; não necessidade de


internação e não tem sintoma psicótico (não tem delírio de grandeza)

CLASSIFICAÇÃO

Tipo I → mania franca que dura pelo menos 7 dias. Não precisa esperar
necessariamente os 7 dias. Pelo menos um episódio maníaco ao longo da
vida ( pode ou não estar acompanhado de depressão)

Tipo II → hipomania + depressão. pior prognostico, diagnostico tardio,


predominio de depressão, maior indice de suicidio.

TRANSTORNO CICLOTÍMICO ⇒
instabilidade persistente do humor ≥ 2
anos. Hipomania + depressão menor. As flutuações do humor são muito
rápidas.

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💡 Muitas vezes o paciente não tem insight, não se dá conta do que está
acontecendo.

O tipo de mania vai influenciar o tipo de tratamento.


Mania e hipomania → há morte de neurônios.

Geralmente transtorno bipolar utiliza polifarmácia, do que monoterapia.


DIAGNÓSTICO

Exames complementares iniciais:

O diagnóstico de mania:

Sintomas presentes por pelo menos uma semana, a maior parte do dia

Humor elevado + ≥ 3 sintomas :

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≥ 1 episódio de mania → bipolar tipo I

Hipomania + depressão → bipolar tipo II

não é obrigatório ter depressão para ter mania, apenas um episódio da


mania, é tb.

Investigar episódios maniacos:

TRATAMENTO
Antes de iniciar o tratamento farmacológico é preciso>

1. Intervenção comportamental/ambiental → se tem comportamento de risco


(suicídio)

2. Definir local de tratamento - emergência, ambulatório ou internação ⇒


capacidade de aderir ao tratamento

3. Descontinuação de AD se estiver em uso

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4. Investigação de desencadeadores/perpetuadores do episódio: cafeína,
álcool, drogas ilícitas, corticosteroides e doenças clínicas (como
hipertireoidismo)

O tratamento é a longo prazo. tem o tratamento agudo e de manutenção.


⇒ Os fármacos utilizados são antipsicóticos e ou estabilizadores de humor.
|→ Antipsicóticos - todos, mas a clozapina deve ser prescrita em
escalonamento
|→ Estabilizadores de humor: Lítio ou divalproato de sódio

Hipomania/mania leve ou moderada: antipsicótico ou lítio

Mania grave: antipsicótico + lítio +- benzodiazepínico.

Se o paciente tem depressão → ter cuidado com antidepressivo, pois pode


causar a virada maníaca.

Quetiapina - é antipsicótico com efeito antidepressivo

💡 TODO PACIENTE COM DEPRESSÃO DEVE SER QUESTIONADO


SE É UNI OU BIPOLAR, POIS A CONDUTA VAI MUDAR.

DISTIMIA ⇒ depressão leve > 2 anos


TRATAMENTO DA DEPRESSÃO BIPOLAR
Os antidepressivos e os agonistas dopaminérgicos contribuem para a virada
maniaca, por isso as opções são poucas.

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