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Obs3: Uso da imagem

a) uso de uniformes com logomarcas


CLT
Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral,
sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras
e de outros itens de identificação relacionados à atividade desempenhada.

CC
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade,
ou se se destinarem a fins comerciais.
"(...) INDENIZAÇÃO POR DANO EXTRAPATRIMONIAL. USO NÃO AUTORIZADO DA IMAGEM DO
EMPREGADO COM FINS COMERCIAIS. EMPREGADO OBRIGADO A TRAJAR UNIFORME COM
LOGOMARCA DE PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELA EMPREGADORA. CONTRATO DE TRABALHO
EXTINTO ANTES DA LEI Nº 13.467/17. Trata o caso dos autos de situação ocorrida anteriormente à
vigência da Lei nº 13.467/17, motivo pelo qual, em face do princípio da irretroatividade, não se
aplica o comando inserido do art. 456-A na CLT. A jurisprudência pátria consolidou-se no sentido de
reconhecer o direito à indenização por dano extrapatrimonial nos casos de utilização da imagem
para fins econômicos. Ao obrigar o reclamante a utilizar vestimenta com a finalidade de produzir um
ganho econômico ao empregador, sem o devido consentimento e sem a devida contraprestação
pelo serviço prestado, a empresa recorrida extrapolou o direito de empregadora, incorrendo em
abuso de direito, exatamente como prevê o artigo 187 do Código Civil, segundo o qual "Também
comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes" . Recurso de
revista conhecido por violação do artigo 5°, V, da CF e provido para, reconhecendo a
responsabilidade civil da empresa, condená-la ao pagamento de indenização por dano
extrapatrimonial no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) " (RR-1728-37.2017.5.11.0006, 7ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 10/02/2023).
"(...) INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DIREITO DE IMAGEM. UTILIZAÇÃO DE UNIFORME COM
LOGOMARCA DOS PRODUTOS COMERCIALIZADOS. FATO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. INDENIZAÇÃO DEVIDA. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. NÃO CONHECIMENTO.
I. Esta Corte Superior firmou jurisprudência no sentido de que o uso obrigatório de uniformes
comlogomarcasde fornecedores e propaganda de produtos, sem autorização do empregado e sem
compensação pecuniária, constitui violação do direito deimagem, hábil a ensejar compensação
pordanomoral. II. Nesse contexto, a conclusão adotada pelo Tribunal Regional, no sentido de que a
obrigatoriedade de o empregado vestir uniformes contendo propagandas ou logomarcas dos
produtos comercializados pelo empregador gera direito a indenização por dano moral, está em
conformidade com a jurisprudência desta Corte Superior. Logo, o conhecimento do recurso de
revista encontra óbice no disposto no art. 896, § 7º, da CLT e na Súmula nº 333 do TST. Com ressalva
de entendimento pessoal. III. Recurso de revista de que não se conhece" (RRAg-1139-
58.2015.5.20.0008, 4ª Turma, Redator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 26/11/2021).
- Nova regra pode alterar a posição majoritária
"RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR - DIREITO DE IMAGEM - USO DE UNIFORME COM
PROPAGANDAS - DANO MORAL NÃO CONFIGURADO - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA
RECONHECIDA 1. Esta Eg. Corte, há algum tempo, firmou o entendimento de que a imposição
do uso de uniformes com exibição de logomarcas de outras empresas, geralmente parceiras
comerciais, desacompanhada de repercussão na remuneração ou, ao menos, anuência expressa
dos trabalhadores, configura abuso de poder diretivo do empregador. 2. Entretanto, em razão
da edição da Lei nº 13.467/2017, é forçoso revisitar a jurisprudência consolidada no âmbito
deste Tribunal Superior, para que se adeque ao teor do artigo 456-A da CLT, que dispõe: " cabe
ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão
no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de
identificação relacionados à atividade desempenhada ". (...)" (RR-1001278-27.2019.5.02.0372,
4ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 09/12/2022).
b) uso de imagem do funcionário sem autorização
Súmula 403 do STJ
Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.

"INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. USO DA IMAGEM DO EMPREGADO SEM A SUA PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO. O Regional deferiu a indenização por dano moral pelo uso indevido da imagem, sob
o fundamento de que ficou comprovado que a reclamada se utilizou da imagem do autor no âmbito
interno da relação de trabalho, em que pese a ausência de prova de sua anuência. Ficou consignado
que, ainda que não se trate de peça publicitária externa, a ausência de autorização do reclamante
para uso de sua imagem pela reclamada autoriza a indenização pretendida. Tal como proferido, o v.
acórdão regional está em consonância com a jurisprudência desta Corte, segundo a qual o uso da
imagem de empregado em vídeo institucional da empresa sem prévia autorização enseja o
pagamento de indenização por danos morais. (...)" (RR-20600-32.2015.5.04.0761, 5ª Turma, Relator
Ministro Breno Medeiros, DEJT 17/08/2018).
“INDENIZAÇÃO PELO USO INDEVIDO DO NOME DO EX-EMPREGADO. DANO MORAL. I - Este
Tribunal Superior firmou entendimento de que o uso indevido do nome do empregado após o
término da relação de emprego, sem a sua autorização, configura abuso do poder diretivo do
empregador e constitui violação do direito de imagem, e, via de consequência, dano, o qual é
passível de reparação civil, nos termos dos artigos 5º, X, da Constituição da República e 186 do
Código Civil. II - No caso vertente, é incontroverso o fato de o nome da parte reclamante ter
permanecido no sítio eletrônico da instituição de ensino após a rescisão contratual, como se seu
empregado fosse, sem sua autorização. A falta de anuência do ex-empregado, por si só,
configura o dano à imagem, ainda que não tenha sido provado qualquer constrangimento
decorrente da divulgação da parte reclamante. Nesse contexto, ao entender indevida a
indenização por dano moral, o Tribunal Regional violou o art. 5º, X, da Constituição da
República. III. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-1703400-
42.2009.5.09.0011, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT
28/04/2023).
Obs4: Fixação de metas

a) Cobrança de metas por si só não é abusiva


"ASSÉDIO MORAL. O Regional concluiu que o reclamante não se desincumbiu do ônus de
comprovar o alegado assédio moral. Asseverou que, pela análise da prova testemunhal, não foi
possível concluir que ele tenha sofrido assédio moral no ambiente de trabalho, destacando que
a meta estabelecida pela empresa não demonstrava ser abusiva ou além daquilo que pudesse
ser executado dentro da jornada. Acrescentou que a cobrança de metas, por si só, faz parte do
direito potestativo do empregador, uma vez que é a pessoa que responde pelos riscos do
negócio, não se configurando em conduta abusiva quando não extrapola os limites do direito de
gerir o trabalho. Diante do contexto delineado pela Corte de origem, não se verifica violação
direta e literal dos artigos 5º, V, da CF e 186 e 927 do CC. (...)" (AIRR-21079-56.2015.5.04.0007,
8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 11/10/2019).
b) Impossibilidade de ameaça de dispensa por meta não cumprida
"(...) II - RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014 E DA IN/40. DANO MORAL. ASSÉDIO
MORAL. AMEAÇAS DE TRANSFERÊNCIA E DEMISSÃO. Embora a exigência de produtividade por parte
da empresa não represente, por si só, assédio moral que enseje reparação, no aspecto, a
reclamante logrou provar que o reclamado praticou ato ilícito quando ameaçou de dispensa quem
não cumprisse com as metas exigidas. E isso ficou bem claro com o depoimento da testemunha que
comprovou a existência de ameaças de transferência ou de demissão. Ressalta-se que, embora as
ameaças tenham sido feitas de forma impessoal, a conduta do empregador a ameaçar
trabalhadores com transferência ou de demissão é abusiva, sendo desnecessário que as ameaças
tenham sido dirigidas especificamente para a reclamante. É dever do empregador zelar pelo meio
ambiente de trabalho, assegurando a higidez física e mental dos empregados, impedindo práticas
que violem a dignidade humana, como fundamento da Constituição Federal. Assim, está provado
que a reclamante sofreu humilhação e constrangimento por parte dos seus superiores hierárquicos,
sendo devida a indenização por danos morais. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-11433-
11.2015.5.03.0149, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Miranda Arantes, DEJT 13/12/2019).
c) Impossibilidade de vinculação de pausas individuais a metas coletivas
"(...) DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. (...) DIVULGAÇÃO COLETIVA DAS METAS INDIVIDUAIS
ATINGIDAS, JUNTAMENTE COM A PAUSAS USUFRUÍDAS. INFLUÊNCIA NA REMUNERAÇÃO
COLETIVA. APELO FUNDADO EM DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL INESPECÍFICA. Na situação em
análise, a Corte regional condenou a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais
decorrentes de assédio moral por ela praticado, tendo considerado "abusiva a prática de enviar
a todos os trabalhadores o número de pausas usufruídas por empregado e as metas atingidas,
pois o expõe e viola sua honra e intimidade, ainda mais em se considerando a existência de
metas coletivas, situação que afeta a remuneração de todos, colegas e supervisor. Não há como
negar que o fato da remuneração da reclamante e do seu supervisor estar interligada e
relacionada à ausência de pausas e faltas acarreta pressão extra do empregador" . Impossível o
seguimento do apelo, tendo em vista que, no tema meritório do dano moral em si, a reclamada
fundamenta seu apelo unicamente em divergência jurisprudencial e, na hipótese, nenhum dos
arestos colacionados considera situação idêntica à dos autos, em que havia divulgação coletiva
das metas individuais atingidas, junta-
mente com a pausas usufruídas, além de considerar que o atingimento, ou não, das metas
afetaria a remuneração coletiva, inclusive da supervisão, e não apenas do trabalhador. Observa-
se, portanto , que a reclamada não observou o disposto no item I da Súmula nº 296 do Tribunal
Superior do Trabalho, segundo o qual a especificidade do julgado se observa na "existência de
teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que
as ensejaram" (grifou-se). Agravo de instrumento desprovido. (...)" (AIRR-2324-
30.2017.5.09.0021, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 21/02/2020).
d) Impossibilidade de uso de palavras de ofensa de qualquer espécie
“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. COBRANÇA ABUSIVA POR METAS. ASSÉDIO MORAL.
CARACTERIZAÇÃO. Na hipótese, o Tribunal Regional, com fundamento nas provas, consignou
que havia a cobrança de forma abusiva de metas pelo gerente do reclamado, constando dos
autos o teor da prova oral no sentido de que "o superintendente regional fazia as cobranças de
metas de forma dura, grosseira, usando palavras de baixo calão e chegava a diversas a humilhar
o gerente e algumas vezes por áudio presenciou isso ocorrer em relação à Autora" . A
delimitação do acórdão regional revela a existência de abuso do poder diretivo praticado pelo
empregador e danos morais gerados pelo quadro de assédio moral sofrido pela reclamante no
ambiente de trabalho, decorrente dos excessos praticados pelo empregador na cobrança por
metas, em descompasso com a dignidade da pessoa humana, passível de indenização, nos
termos do art. 5º, V e X, da CF/1988. Agravo de instrumento a que se nega provimento" (ARR-
475-31.2015.5.12.0014, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT
16/10/2020).
e) Impossibilidade de estabelecimento de prendas

"RECURSO DE REVISTA. ASSÉDIO MORAL VERTICAL DESCENDENTE. CUMPRIMENTO DE METAS.


EXIGÊNCIA. EMPREGADOR. PODER DIRETIVO. ABUSO. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO (...) 6.
Extrapola a razoabilidade a determinação de realização de micos e prendas vexatórias pelos
vendedores que não logram atingir as metas preestabelecidas, bem como a imposição de
alcunhas aptas a causar dor e atribulação aos empregados, como, no caso, molambento e
tiazinha. 7. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-687-39.2010.5.02.0262, 4ª Turma,
Redator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 28/03/2014).
f) (Im)possibilidade de fixação de ranking de metas

“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. COBRANÇA EXCESSIVA DE METAS. NÃO
CONFIGURAÇÃO. (...) A estipulação de metas, e, a comparação dos resultados entre os
empregados, não representa, sob hipótese alguma ofensa moral, vez que em momento algum o
reclamado expôs ou denegriu a imagem daqueles que não obtiveram resultado satisfatório " (fl.
1453). Sobre o tema, esta Corte tem entendido que a exposição do "ranking" de produtividade
não gera, por si só, o direito à indenização pordanosmorais, porquanto não é possível concluir
pela configuração de ofensa à dignidade do empregado apenas com base em referida ação.
Precedentes. Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão agravada, nenhum
reparo enseja a decisão. Agravo não provido, com acréscimo de fundamentação " (Ag-RR-1195-
70.2013.5.15.0115, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 31/03/2023).
“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COBRANÇA DE METAS - EXPOSIÇÃO DO RANKING DE
PRODUTIVIDADE EM AMBIENTE INTERNO DO BANCO . 1. A jurisprudência desta Corte Superior
é no sentido de que eventual desconforto causado pela exposição do "ranking" de
produtividade em ambiente interno da empresa não gera, por si só, o direito à indenização
postulada, porquanto não se pode concluir com base em tal elemento pela ocorrência de
afronta à dignidade do empregado. Precedentes. 2. No caso, consoante registrado no acórdão
regional, a prova produzida nos autos não foi suficiente para demonstrar que a exposição do
"ranking" dentro do banco tenha colocado o autor em situação de constrangimento ou
vergonha perante seus colegas de trabalho, de forma a atrair a indenização vindicada." (ARR-1-
57.2014.5.03.0075, 2ª Turma, Relatora Desembargadora Convocada Margareth Rodrigues Costa,
DEJT 19/12/2022).
“COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. ASSÉDIO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.
Esta Corte Superior possui entendimento de que a exposição do ranking de produtividade não gera, por
si só, o direito à compensação por danos morais, em razão de não ser possível concluir com base em tal
ação a configuração de ofensa à dignidade do empregado. Precedentes. Na hipótese , a egrégia Corte
Regional manteve a sentença que indeferiu o pagamento de compensação por dano moral decorrente de
assédio moral. Para tanto, constatou que a cobrança de metas não violou a dignidade e os direitos de
personalidade da autora, pois o simples fato de o empregado ter que atingir metas e ser cobrado por
isso não era suficiente para a caracterização do dano moral. Acrescentou que a existência de ranking
expondo a produtividade dos empregados também não violou os direitos de personalidade da
reclamante. Entendeu que a existência de ranking e a realização das demais dinâmicas na empresa
inseriam todos os empregados, não se referindo diretamente à reclamante, o que poderia configurar sua
inferiorização perante os demais funcionários. Estando, portanto, o v. acórdão recorrido de acordo com a
jurisprudência deste colendo Tribunal Superior do Trabalho, o conhecimento do recurso de revista
esbarra nos óbices do artigo 896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333. Recurso de revista de que não se
conhece " (RR-1267-41.2010.5.03.0036, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos,
DEJT 04/06/2021)
2- Poder regulamentar

O poder regulamentar decorre do poder diretivo e refere-se à prerrogativa do empregador de


editar normas gerais aplicáveis aos trabalhadores e ao processo produtivo. É normalmente
consubstanciado mediante normas escritas tais como regulamentos, portarias, ordens de
serviço, instruções, provimentos etc.
Uma vez estabelecido um regramento, esse conjunto de normas insere-se no contrato de
trabalho.

Esse poder regulamentar possui limites também. Não podem violar princípios, leis, bons
costumes e norma coletiva.
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3- Poder fiscalizatório

Também conhecido como poder de controle, é mais uma vez derivado do poder diretivo. O
empregador possui a prerrogativa de fiscalizar, acompanhar o desempenho das atividades dos
trabalhadores, zelar pelos seus bens, utilizando diversos metódos de controle.

Claro que esse poder também comporta limites na lei, nos princípios, nos bons costumes e nas
normas coletivas.
Por exemplo, não se admite, como regra, a revista íntima de trabalhadores (que envolva
desnudamento)

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CLT
Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o
acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos
trabalhistas, é vedado:
VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias.
(...)

"(...) 6 - REVISTA ÍNTIMA. 6.1. No caso, a revista realizada não se limitava a bolsas e sacolas, pois
os empregados tinham os corpos apalpados durante a fiscalização, conforme premissa fática
consignada no acórdão e insuscetível de revisão, por força da Súmula 126 do TST. 6.2. A
jurisprudência desta Corte vem, reiteradamente, entendendo que a revista corporal do
empregado ou a que, de alguma forma, ingresse em sua esfera íntima enseja reparação por
danos morais. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (...)" (RR-189-69.2012.5.08.0014,
2ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Miranda Arantes, DEJT 18/05/2018).
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a) Revista íntima pode ser caracterizada por apalpamento

"(...) 6 - REVISTA ÍNTIMA. 6.1. No caso, a revista realizada não se limitava a bolsas e sacolas, pois
os empregados tinham os corpos apalpados durante a fiscalização, conforme premissa fática
consignada no acórdão e insuscetível de revisão, por força da Súmula 126 do TST. 6.2. A
jurisprudência desta Corte vem, reiteradamente, entendendo que a revista corporal do
empregado ou a que, de alguma forma, ingresse em sua esfera íntima enseja reparação por
danos morais. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (...)" (RR-189-69.2012.5.08.0014,
2ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Miranda Arantes, DEJT 18/05/2018).
"(...) INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. REVISTA ÍNTIMA. TOQUE NO CORPO DOTRABALHADOR
PELOS VIGILANTES DA EMPRESA. CONFIGURAÇÃO. A relação de emprego não pode servir de
fundamento para que o poder empresarial menospreze o balizamento constitucional relativo à
preservação da intimidade. Constata-se ofensa à intimidade e procedimento abusivo atinente à
revista pessoal, em que o trabalhador é constrangido a exibir partes do corpo com apalpação
pelos vigilantes. É permitido ao empregador utilizar todos os meios necessários à fiscalização de
seu patrimônio, desde que não invada a intimidade dos empregados. O poder de direção
previsto no art. 2º da CLT deve ser exercido sem abuso e com atenção ao art. 187 do Código
Civil. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-10861-98.2013.5.03.0028, 6ª
Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 22/11/2019).
b) Revista íntima pode ser caracterizada por desnudamento

"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REVISTA
ÍNTIMA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. SÚMULA Nº 296, ITEM I, DO
TST. O recurso não merece ser conhecido por divergência jurisprudencial. A Turma do TST
registrou que o reclamante trabalhava no estoque, com mais 100 empregados, e que a vistoria
era feita por um encarregado no local e outro junto à divisória existente na sala e envolvia 4 a 5
funcionários por vez, os quais tinham que se desnudar em uma sala e, assim, ir até a outra sala
para colocar o uniforme, chegando à conclusão de que essa conduta empresarial configura clara
ofensa ao direito à intimidade do empregado, previsto no artigo 5º, inciso X, da Constituição
Federal, não obstante a empresa atue em atividade que envolva manipulação de medicamentos
tóxicos e psicotrópicos submetidos a controle estatal. (...)" (E-ED-RR-63000-79.2005.5.15.0058,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta,
DEJT 20/02/2015).
“DANO MORAL. BARREIRA SANITÁRIA. EXIGÊNCIA DE CIRCULAÇÃO EM TRAJES ÍNTIMOS. A
barreira sanitária justifica-se como providência para assegurar o processamento de alimentos
em ambiente higienizado. Sem embargo, tal justificativa não autoriza o desapreço à proteção da
intimidade do empregado que, à semelhança de todos quantos protegidos pelo art. 5º, X, da
Constituição, deve esgrimir-se contra quem ofenda a existência, em nosso ordenamento
jurídico, de direitos da personalidade. E se não há exigência na portaria do Ministério da
Agricultura de que homens e mulheres exponham-se total ou parcialmente desnudos enquanto
passam pela barreira sanitária, nem poderia havê-lo sem ferimento da ordem constitucional, é
de se afirmar que nada imuniza o empregador da obrigação de respeitar a intimidade dos
empregados ao exigir que eles transitem, como devem transitar, pela barreira sanitária. Recurso
de revista conhecido e provido" (RR-10292-40.2015.5.12.0008, 6ª Turma, Relator Ministro
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 20/04/2022).
c) não importa se é realizado por pessoa do mesmo sexo
"(...) DANO MORAL. BARREIRA SANITÁRIA. VESTIÁRIO COLETIVO. TROCA DE UNIFORME E
CIRCULAÇÃO EM TRAJES ÍNTIMOS. Hipótese em que o Tribunal Regional manteve a sentença
que indeferiu a indenização por danos morais decorrente da troca de uniforme e circulação em
trajes íntimos em barreira sanitária, com amparo na Súmula 123 do próprio TRT. A SDI-1 fixou o
entendimento de que, em regra, nas hipóteses de observância das normas de natureza sanitária
expedidas pelo Poder Executivo, o empregador não pratica ato ilícito, salvo se restar
demonstrado que o demandado exacerbou os limites da legislação e das normas técnicas,
submetendo o empregado a situação vexatória. Na hipótese dos autos, extrai-se da decisão que
havia a troca de uniforme e a circulação em trajes íntimos em frente a outras colegas de
trabalho. Nesse contexto, a exigência da troca de uniforme e a circulação em trajes íntimos
perante as demais colegas de trabalho, ainda que sejam do mesmo sexo, configura ofensa à
intimidade e dignidade humana , ensejando o direito à indenização por danos morais nos
termos dos arts. 5º, X, da CF c/c o art. 186 do Código Civil. Precedentes. Recurso de revista
conhecido e provido " (ARR-972-92.2017.5.12.0008, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 21/10/2022).
d) existe uma situação excepcional
"RECURSO DE REVISTA. REVISTA ÍNTIMA. AGENTE DE DISCIPLINA DE PRESÍDIO. PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. RELAÇÕES ESPECIAIS DE SUJEIÇÃO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE
COLETIVO. DANOS MORAIS INEXISTENTES . I - As premissas fáticas consignadas pelo Regional e,
portanto, imutáveis nesta esfera (Súmula n.º 126) foram: a) o Autor, como agente de disciplina
que trabalhava em presídio, era submetido a revista íntima, na qual tinha de se desnudar,
agachar três vezes e abrir a boca botando a língua para fora; b) essa revista era feita em uma
sala fechada, perante dois colegas que deixavam o turno , e era de pleno conhecimento do
Autor , desde o curso preparatório para o ingresso na função; c) o próprio Autor , ao deixar o
turno , também vistoriava os que entravam para lhe render; d) o detector de metais e o
aparelho de raio-x que havia no presídio não se prestavam a detectar a entrada de droga. II -
Nesse panorama, a questão que se coloca é de que, se a pretexto da defesa da segurança ou de
um interesse coletivo, a intimidade de um indivíduo, direito fundamental, pode ser afrontada
dessa forma. Os direitos fundamentais, que se assentam na própria Constituição da República,
podem sofrer limitação quando estiver em jogo a necessidade de se viabilizar o funcionamento
adequado de certas instituições - são as situações chamadas de relações especiais de sujeição.
É o princípio da proporcionalidade que vai traçar a legalidade ou não de determinada conduta
quando estiver na balança esta mesma conduta em oposição a um direito fundamental
individual. E as dimensões do princípio da proporcionalidade têm sido pontuadas pela doutrina
(a partir de decisões da Corte Constitucional alemã) em três critérios: a adequação, a
necessidade ou vedação de excesso e de insuficiência e a proporcionalidade em sentido estrito.
Estando presentes estes três critérios, há possibilidade de se limitar um direito fundamental. III -
Do que ficou assentado, a revista era necessária porque o raio-x não detectava a entrada de
drogas no presídio. Portanto, nem o detector de metais nem o aparelho de raio-x poderia
substituir a revista que era procedida. Ademais, extrai-se com facilidade do acórdão regional
que o motivo que ensejou a adoção do procedimento ora questionado foi exatamente a
inadequação da aparelhagem para coibir a entrada de drogas no presídio. A revista íntima
procedida foi adequada , e era a possível para atingir o resultado que se pretendia, isto é, não
permitir a entrada de drogas no presídio. IV - Não há de se questionar que a revista a que eram
submetidos os empregados da Reclamada como agentes de disciplina era , no mínimo ,
constrangedora. O que se deve perquirir é se havia maneira menos onerosa moralmente para se
evitar que a fiscalização para coibir a entrada de drogas fosse realizada dessa forma. E, aqui, há
de se considerar que a Reclamada prestava serviço a uma penitenciária do estado que,
portanto, era quem disponibilizava os meios de fiscalização. E esses meios, detector de metais e
aparelho de raio-x, não permitiam que se averiguasse a entrada de drogas, porque eram
ineficazes. Ademais, à época, não havia mesmo outro meio mais suave ou menos constrangedor
para se atingir o fim pretendido. V - Por fim, ainda resta analisar o último viés do princípio da
proporcionalidade: o benefício alcançado pela revista íntima buscou preservar valores mais
importantes do que os protegidos pelo direito que tal medida limitou? E a resposta a esta última
indagação exsurge cristalina no sentido afirmativo, porque o objetivo da revista era nada menos
do que garantir a segurança dos presídios, em benefício de toda a população, incluídos os que
ali trabalham. A razão pública aqui suplanta a limitação da intimidade do Autor. Violações não
configuradas. Recurso de Revista não conhecido " (RR-83-23.2012.5.11.0015, 4ª Turma, Relatora
Ministra Maria de Assis Calsing, DEJT 08/08/2014).
REVISTA PESSOAL. APALPAMENTO DE PARTES DO CORPO DO EMPREGADO. AGENTE DE
DISCIPLINA PLENO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EM PRESÍDIO (COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE
ITABUNA). PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. PREVALÊNCIA DO
INTERESSE PÚBLICO. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. A Corte
Regional entendeu que a revista pessoal e de pertences caracteriza violação à intimidade e à
dignidade humana do empregado, salvo nas estritas hipóteses previstas em lei, pouco
importando se foi de maneira reservada ou não, pois a atitude impõe situação vexatória ao
empregado. II. Embora a jurisprudência trabalhista tenha se posicionado contrária às revistas
pessoais ocorridas de forma abusiva nas empresas, em virtude de violação ao direito à
intimidade, à dignidade e à honra dos trabalhadores, existem peculiaridades fáticas no presente
caso que o distingue das hipóteses acima referidas. III. No caso dos autos, o Reclamante foi
contratado pela Recorrente para trabalhar como agente de disciplina pleno em presídio
pertencente ao Estado da Bahia. Constou do acórdão recorrido que as testemunhas arroladas
pelas partes confirmaram a ocorrência de revista nas mochilas, bolsas e sacolas, e que o Autor
tinha que tirar os sapatos e havia apalpação, ainda que por cima da roupa. IV. Todavia, a Corte
de origem não apontou nenhum elemento capaz de demonstrar que as revistas reduziam a
honra do Autor ou que elas extrapolassem os limites do poder de direção do empregador, a
ensejar a ocorrência de dano à intimidade, à imagem, e à dignidade do empregado. V. Apesar da
ocorrência do contato físico, revela-se razoável a realização da revista pessoal tal qual ficara
descrita no acórdão regional, dada a peculiaridade do local em que o Autor prestava suas
atividades, exercendo funções do cargo de agente de disciplina num presídio e em contato
frequente com detentos, mostrando-se justificável as revistas pessoais a que era submetido o
Reclamante quando chegava ao trabalho. Isso porque a revista pessoal tinha caráter preventivo
com a finalidade de coibir a entrada de objetos e produtos não permitidos no presídio, tais
como armas, explosivos, drogas, aparelhos celulares e outros similares, para a preservação da
segurança pública. O resultado que se busca alcançar nesse caso é a preservação de valores
mais amplos do que aqueles protegidos pela esfera individual do trabalhador, mesmo aqueles
direitos erigidos ao patamar constitucional, desde que realizado em estrita observância a
procedimento legal e com respeito aos princípios e às garantias constitucionais. VI. Logo,
encontra-se dentro dos limites da proporcionalidade e da razoabilidade a imposição de revista
pessoal, mesmo que incômoda para o empregado, em prol de bem jurídico maior e mais
abrangente, ou seja, a segurança pública em geral, consagrada no caput do art. 5º da CF/88, e,
também, a dos presídios em específico, que se insere, inclusive, em um dos deveres do Estado.
VI. Feitas essas considerações, sobressai a conclusão que o interesse público, nesse caso,
suplanta a garantia constitucional do direito à privacidade, à dignidade, e à intimidade, previsto
no art. 5º, X, da Constituição Federal, sobretudo porque, na hipótese dos autos, não se constata
desrespeito ao direitos da personalidade. Embora haja o registro no acórdão regional de que o
Reclamante era submetido à revista mediante contato físico, não há notícia de que houvesse
qualquer tipo de abuso por parte do empregador que excedesse os limites da razoabilidade,
tampouco indício de que as revistas eram efetuadas de forma vexatória, motivo pelo qual se
revela indevida a condenação da Reclamada ao pagamento de indenização por dano moral à luz
do art. 5º, X, da CF/88. VII. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-
540-38.2015.5.05.0461, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 12/08/2022).

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