ELEMENTOS INCIDENTAIS

DO NEGÓCIO JURÍDICO

Sendo o negócio jurídico existente e eficaz, em regra, ele é eficaz, ou seja, está
apto a produzir todos os seus efeitos no mundo jurídico. No entanto, existe uma
exceção: quando existe no negócio jurídico um elemento de eficácia, chamado de
incidental (ou acidental pela doutrina). Esses elementos incidentais podem ser de três
espécies: condição, termo ou encargo. São sobre eles que concentraremos esforços
em estudar nesse tópico.

1. CONDIÇÃO

A condição existirá quando que, para um negócio jurídico ser eficaz, exista a
condição de acontecer um evento futuro e incerto. Ou seja, o negócio só será eficaz
SE acontecer algum evento futuro e incerto. Assim:

ACONTECIMENTO ART.
FUTURO E INCERTO "SE"
121
Imagine o seguinte exemplo: João tem 17 anos e quer fazer um intercâmbio
para os Estados Unidos. No final deste ano terá eleições naquele País. Temeroso, o
pai de João coloca uma condição para que este possa ir morar nos EUA: SE Donald
Trump se reeleger presidente dos EUA, então o pai de João lhe dará o dinheiro
necessário para que este possa estudar no país da América.
Veja que Trump se reeleger presidente é um acontecimento futuro – pois as
eleições acontecerão ao final do ano – e incerto – pois não se sabe ao certo como se
dará o pleito eleitoral e muitos acontecimentos políticos até lá ditarão o futuro eleitoral
do país.

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Disciplina de Fundamentos de Direito Civil
Professora Monique Pereira
 CONDIÇÃO SUSPENSIVA X CONDIÇÃO RESOLUTIVA

Uma condição pode ser suspensiva (suspendendo os efeitos do negócio até

que a condição aconteça) ou resolutiva (quando o contrato produz efeitos desde o
início, porém, quando acontece a condição, seus efeitos se resolvem, ou seja, perde
a eficácia).

CONDIÇÃO SUSPENSIVA CONDIÇÃO RESOLUTIVA

O NEGÓCIO JURÍDICO PRODUZ EFEITOS DESDE

O DIREITO AINDA NÃO É ADQUIRIDO
O INÍCIO

QUANDO ACONTECER A CONDIÇÃO, ADQUIRE QUANDO ACONTECE A CONDIÇÃO, O NEGÓCIO

O DIREITO JURÍDICO PERDE A EFICÁCIA

EMBORA ATÉ ACONTECER A CONDIÇÃO NÃO ADQUIRE O DIREITO DESDE A REALIZAÇÃO DO

TENHA DIREITO, O TITULAR PODE REIVINDICAR NEGÓCIO, MAS PERDE DEPOIS QUE
A COISA - art. 130 ACONTECER A CONDIÇÃO - art. 127

EXEMPLO: te emprestarei todos os meus livros EXEMPLO: te emprestarei todos os meus livros
quando eu passar no concurso do Ministério até que eu passe no concurso do Ministério
Público Público

Neste exemplo os livros poderão ser usados até

Neste exemplo os livros só poderão ser usados
que a condição aconteça. Ou seja, enquanto eu
após eu passar no concurso. Somente depois
não passar, pode continuar usando. Quando eu
de aprovada é que eles poderão ser usados.
passar, não poderá mais.

O acontecimento da condição SUSPENDE a O acontecimento da condição RESOLVE o

eficácia do negócio negócio, extinguindo sua eficácia.

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 REGRAS DA CONDIÇÃO

SÃO PROIBIDAS: art. 122, CC

➢ Condições que retiram o efeito do negócio jurídico. Ou seja, o negócio é existente

e eficaz mas acontece alguma condição que tem o condão de retirar o efeito do
negócio jurídico. Imagine o seguinte exemplo: Em um contrato de compra e venda
de um imóvel realizado em 2018 é perfeito e eficaz e as parcelas vêm sendo
pagas pelo comprador; porém, no contrato, havia previsão de que, se o filho da
vendedora passasse no vestibular de 2020 (evento futuro e incerto), o contrato
perderia a eficácia, pois a casa seria para este morar enquanto perdurassem seus
estudos.

➢ Condições que são deixadas ao arbítrio de só uma das partes. Ou seja, “se” uma
das partes quiser, em algum momento, inclui alguma condição.

CONDIÇÕES INVALIDANTES: art. 123, CC

A presença de algumas espécies de condições invalidam (tornando-o nulo,

art. 166) o negócio jurídico. São elas:
➢ Condições fisicamente ou juridicamente impossíveis (quando suspensivas)
➢ Condições ilícitas
➢ Condições incompreensíveis ou contraditórias.

CONDIÇÃO INEXISTENTE: art. 124, CC

A condição imposível, quando é resolutiva, não invalida o negócio jurídico.

Porém tem-se que essa condição é inexistente, ou seja, sua presença sequer deve
ser levada em consideração.

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 2. TERMO

É natural que muitos negócios jurídicos tenham um prazo estabelecido, ou

com uma data certa, ou uma situação específica. Nesse caso, diz-se que o negócio
jurídico está subordinado a esperar seu termo, seja ele final ou inicial. Assim:

ACONTECIMENTO ART.
QUANDO? 131 A
FUTURO E CERTO 135

Cuidado com a morte: o mais natural é pensar que se trata de uma condição:
“quando eu morrer” acontecerá tal coisa. Muito cuidado: a morte é termo, pois trata-
se de acontecimento certo. Longe ou perto da data, todos morrerão, a morte é certa.
O termo pode ser inicial (suspendendo a eficácia até quando chegar a data) ou
final (resolvendo-se o negócio e sua eficácia quando chegar a data). Quando o prazo
é inicial, diz-se a data exata em que o contrato. Veja:

TERMO INICIAL TERMO FINAL

DATA OU SITUAÇÃO ESPECÍFICA EM DATA OU SITUAÇÃO ESPECÍFICA EM
QUE O NEGÓCIO COMECERÁ A QUE PARAM DE PRODUZIR OS
PRODUZIR EFEITOS EFEITOS DO NEGÓCIO

ATÉ QUE A DATA CHEGUE, O DIREITO

TEM O DIREITO E A PARTIR DA DATA
JÁ É ADQUIRIDO, MAS SUSPENDE SEU
FINAL, ENCERRA-SE O DIREITO
EXERCÍCIO

EXEMPLO: o empréstimo do carro EXEMPLO: o empréstimo do carro vai

terá início no dia 24 de maio até o dia 24 de maio

já tem o direito do empréstimo, mas

o exercício só terá início no dia 24 de o direito terá fim no dia 24 de maio
maio

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 Contagem de prazos: art. 132, CC

➢ Exclui o dia do começo e inclui o fim

➢ Vencimento em feriado, prorroga até o dia útil seguinte
➢ MEADO – 15º dia do mês
➢ Prazo em meses ou em anos: termina no exato dia em que começa, ou no
seguinte, se faltar exata correspondência.
➢ Prazo em horas: contagem de minuto a minuto.
➢ Sem prazo: termo é imediato, salvo costume diverso ou da natureza da coisa –
art. 134, CC

3. ENCARGO

Trata-se de uma obrigação ao beneficiário de uma liberalidade (doação).

Assim:

NECESSÁRIO QUE O DOADOR TERÁ QUE

IMPOR UMA
HAJA UMA CONTRAPRESTAÇÃO "DESDE QUE" ART. 136 e 137
LIBERALIDADE AO DONATÁRIO

➢ O encargo gera direito adquirido:

Não suspende a aquisição, nem o exercício do direito. Ou seja, o donatário
receberá a liberalidade, mesmo sem cumprir o encargo, segundo a regra do art. 136
do CC.
Exceção a esta regra: a segunda parte do artigo 136 do CC prevê que há a
possibilidade de constar expressamente no negócio jurídico que o encargo (enquanto
não cumprido) suspende a eficácia do negócio. Dessa forma, o negócio é eficaz,
porém o direito não é adquirido até que se cumpra o encargo. Veja esses dois
exemplos:

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 REGRA - DIREITO EXCEÇÃO - ENCARGO
ADQUIRIDO SUSPENSIVO

VOCÊ RECEBERÁ A CASA DA VOVÓ

VOCÊ RECEBE A CASA DA VOVÓ,
QUANDO ELA MORRER, DESDE QUE
DESDE QUE PINTE ELA TODO ANO
PINTE ELA TODOS OS ANOS

NESSE CASO, PINTAR A CASA TODOS

NESSE CASO, ENQUANTO A VOVÓ
OS ANOS É O ENCARGO. O DIREITO
VIVER, O DIREITO ESTÁ SUSPENSO.
É ADQUIRIDO.

➢ Encargo impossível ou ilícito: considera-se não escrito (faz-se de conta que não
está escrito). Exemplo: vou te doar meu carro desde que você vá até a lua de barco.
Encargo torna-se não lido, e a doação é eficaz.
➢ Se o encargo ilícito ou impossível for o motivo determinante do negócio jurídico,
se invalida este negócio (tornando-o nulo). Exemplo: vou te doar meu carro se você
matar o Fulano. Nesse caso, o objeto ilícito (matar o fulano) é motivo do negócio, por
isso que este não é válido.

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