Você está na página 1de 40

Histórico do Direito Processual Brasileiro

terça-feira, 19 de abril de 2022 20:24

• Processo como engrenagem: inicia na inicial e termina na sentença


○ Importância da visão ampla e geral
• Execução como a prática de um direito reconhecido
○ Processo de conhecimento como reconhecimento de direitos; sentenças funcionam
como "títulos executivos"
○ Exemplo da cobrança de títulos executivos/dívidas
○ Nulla executio sine titulo
• Dualidade conhecimento/execução
○ CPC73 era dividido entre processos de conhecimento e execução, o que caiu no CPC15
○ Processo de execução, em tese, não permitiria interrupção
○ Polêmica: embargos de execução surgem como terceiro tipo de processo
▪ Na prática: voltam como processo de conhecimento

CPC73 - Código Buzaid


• Promulgado no ápice da ditadura; redigido unicamente pelo filho da Sanfran, Alfredo Buzaid
• Livro I - Processo de conhecimento tratava de processo ordinário e sumário
• Livro II: Processo de execução
• CPC73 ainda trazia um terceiro livro tratando sobre processo cautelar e um quarto sobre
procedimentos especiais (além do quinto)
• Procedimentos especiais no CPC73
○ Especialidade: possibilidade de liminar

Conhecimento/execução
• Liebmann: conhecimento e execução não podem ocorrer concomitantemente
• No Brasil, isso passou a acontecer com a antecipação da tutela
○ A partir disso, caiu a necessidade dos processos cautelares
○ Processo cautelar funcionava como uma espécie de "processo coringa"

Divisão da ação:
• Processo: conhecimento/execução
• Procedimento: comum/especial
• Tipo de ação:
○ Declaratória
○ Condenatória
○ Constitutiva
○ Mandamental
○ Executiva

Página 1 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Formas de processo
segunda-feira, 25 de abril de 2022 20:30

Importante fazer a verificação


• Tipo de processo
• Tipo de procedimento
• Tipo de ação

Processos no CPC73
Processo de conhecimento

Fases do processo (flashbacks de processo I)

• Fase postulatória
○ Fase em que se faz os pedidos; inicia com a inicial
○ A isso se segue possíveis emendas à inicial, citação do réu etc.
○ Tudo através de despacho
○ Contestação do réu: também pode ocorrer postulação
▪ Reconvenção se dá já na defesa
○ Prova documental vem à tona na fase postulatória (inicial, contestação, réplica, tréplica)
• Fase saneadora
○ Saneamento: filtrar os pontos controversos ou incontroversos; produzir provas etc.
○ Decisão saneadora (interlocutória)
• Fase instrutória
○ Somente se necessário
• Fase decisória
○ Aqui se chega na sentença
○ Julgamento antecipado ocorre quando não há necessidade de produção de provas além
das documentais
▪ Já é a sentença
• Exauriu-se o conhecimento do processo: passa-se para a sentença

Coisa julgada se faz somente após sentença de procedência ou improcedência

• Segunda instância: sobe ao TJ, daí a decisão monocrática segue para o acórdão e aí vai
• Maior parte das sentenças são mantidas nos tribunais, segundo o CNJ
○ Aí se dá a importância de ter o pedido procedente na sentença

Processo de liquidação
• Necessário em questões de sentenças ilíquidas
• Menos comum e até mesmo desestimulado pelo CPC15
• Procedimento do processo de liquidação passa pelas mesmas fases do de conhecimento

Processo de execução
• O único processo que não é de conhecimento
• Mais uma inicial
• Nesse caso, ao menos, não há contestação
• Ocorre, no entanto, reajuste dos valores (planilha de cálculo)
• O que dá azo a um embargo de execução

Embargos da execução
Página 2 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber
Embargos da execução
• Processo completamente novo; de certa forma são um processo de conhecimento também
○ O único processo no qual não se conhece é o executivo

Sincretismo processual
• Reforma de 2005 do CPC
• Sincretismo: amálgama entre conhecimento e execução num mesmo processo
• Pós CPC15: processo sincrético
○ Todas as diferentes formas de processo se tornam fases diferentes de um único
processo
○ Conhecimento? Fase de conhecimento
○ Liquidação? Se houver, fase de liquidação
○ Execução? Cumprimento de sentença
• Processo de execução só ocorre quando há um título executório extrajudicial
○ Por conta disso, os embargos da execução também só são impetrados em caso de título
extrajudicial

Conceito de sentença
• CPC73: decisão por meio da qual o juiz põe fim ao processo
• Decisões interlocutórias são as intermediárias entre o início e o fim do processo

Página 3 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Pronunciamentos judiciais (art. 203-205)
terça-feira, 26 de abril de 2022 20:39

Critérios do CPC
CPC1973
• Possuía critério finalístico ou topológico:
○ Critério da finalidade: diz respeito ao fim do ato (sentença como fim do processo)
○ Topológico: diz respeito ao local (o fim)
• Ao critério da finalidade não importa o conteúdo da decisão, somente seu local

Reforma de 2005
• Dá-se lugar ao critério do conteúdo
• Sentença deixou de ser a decisão que punha fim ao processo
• Ato pelo qual o juiz resolve alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269
○ Tais artigos definiam o que eram sentenças sem (267) ou com (269) mérito

CPC15
• Critério misto: tanto finalístico/topológico quanto conteudista
• Art. 203 § 1º: tanto encerra a fase cognitiva do processo quanto extingue o processo
• Toda decisão que não sentença passa a ser decisão interlocutória
○ Critério de exclusão
○ Mantém o critério da finalidade como decisivo para conceituação de sentença

Pronunciamentos judiciais (arts. 203-205)


CPC, Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

• Cada pronunciamento possui um tipo específico de recurso a ser interposto


• Sentença encerra a fase cognitiva do procedimento comum
○ Além disso, extingue a execução
○ Da sentença cabe apelação ainda na primeira instância
• Decisão interlocutória possui caráter decisório, sem extinguir a fase de conhecimento
○ Agravo de instrumento se interpõe para recorrer de uma decisão interlocutória
○ Recorre-se ao tribunal
• Despachos são os pronunciamentos residuais
○ Irrecorríveis, por não possuírem caráter decisório

Sentença
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o
juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
execução.

• Decisão que encerra a fase cognitiva do processo


• Sinônimo de tutela definitiva; também de decisão exauriente
• Hoje, a tutela definitiva pode ocorrer em outros casos (ler abaixo sobre decisão interlocutória)
• Julgamento com mérito: art. 487
○ Exemplo: Improcedência da inicial
• Julgamento sem mérito: art. 485
○ Exemplo: Indeferimento da inicial

Decisão interlocutória

Página 4 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Decisão interlocutória
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.

• Decisões que ocorrem durante a tramitação do processo


• Apesar disso, são também decisões em definitivo
• Entre a inicial e a sentença
• Decisão "entre falas"; interlocutório = interlocução
• Decisões que costumavam resolver pequenos problemas do processo
○ Após a antecipação da tutela, a decisão interlocutória costumava versar nesses casos
sobre tutela provisória somente
○ Hoje, decisões interlocutórias versam também sobre tutelas definitivas
○ Tutela provisória é permeada por cognição sumária (ocorre no início do processo)
• De decisão interlocutória cabe agravo de instrumento em 15 dias
○ Passado o prazo, ocorre o trânsito em julgado do pedido (ação)
• Decisões interlocutórias servem de saneamento ao processo também
• Julgamento parcial com mérito: art. 356
• Julgamento parcial sem mérito: art. 354

Despacho
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da
parte.

• São todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo


○ Sejam eles de ofício ou a requerimento da parte
• Despachos não possuem carga decisória
○ Apenas impulsionam o feito
• Conteúdo é o que diferencia a decisão interlocutória do despacho
• Citação: caso de decisão interlocutória, não de despacho
• Irrecorríveis
• Problema surge

Atos ordinatórios
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

• Feitos de ofício pelo servidor

Página 5 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Sentença
terça-feira, 3 de maio de 2022 20:44

• Segunda instância profere decisões tais quais a primeira


○ A depender do recurso impetrado
○ Decisões monocráticas/acórdãos podem servir, dentro do processo, como decisões
interlocutórias
○ Assim como podem servir como sentença
• Inexistência de conflito entre os diferentes graus de jurisdição

Classificação das sentenças


Em relação à eficácia

Sentenças de procedência - resolução do mérito (art. 487)


Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

• Leva em conta a classificação das ações


○ Classificação das ações, pedidos e sentenças
○ Princípio da adstrição da sentença
• Classificação ternária - adotada pelo CPC73:
○ Declaratória, constitutiva, condenatória
• Classificação quinária traz outras duas formas de eficácia:
○ Mandamental
○ Executiva lato sensu

Sentenças de improcedência - sem resolução do mérito (art. 485)


Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.

• Não há resolução da lide; não faz coisa julgada material


○ É a coisa julgada material que traz segurança jurídica às partes
• Toda sentença de improcedência possui eficácia declaratória negativa
○ Estado declarando um não-direito
• Indeferimento da inicial:
○ Não diz respeito ao mérito da questão, mas sim ao tempo do processo: se dá no início
○ Motivos são muitos: parte ilegítima, cláusula de arbitragem, falta de advogado etc.
• Negligência e abandono: muitas vezes se misturam
• Pressupostos: de existência de validade do processo
• Inciso V: pressupostos negativos
○ Existindo, o processo não pode seguir
○ Litispendência: outro processo idêntico anterior
Perempção: abandono ou desistência por três vezes (quarta ação é peremptória)

Página 6 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber



○ Perempção: abandono ou desistência por três vezes (quarta ação é peremptória)
○ Coisa julgada material
• Inciso VI: condições da ação - legitimidade e interesse processual
○ CPC73 trazia um terceiro: possibilidade jurídica do pedido
○ Pedro Miranda defende que a possibilidade é questão de mérito
• Cláusula arbitral: contrato normalmente estabelece o foro específico para se mover ação a
respeito dele
○ Essa cláusula pode definir a arbitragem como "foro" responsável
• Desistência: ato unilateral do autor
○ Sem anuência do réu, pode ocorrer até a apresentação da contestação
○ Problema da citação: abertura da pretensão
○ Desistência da ação é um ato meramente processual
○ Diferente da renúncia ao direito, que é um ato de direito material
• Morte: PM defende a redundância, por se tratar de falta de legitimidade
• Demais casos:
○ Exemplo: litisconsórcio necessário

9/Maio
Mérito
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que
antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria
eventual pronunciamento nos termos do art. 485.

• Art. 485 diz respeito à parte preliminar


○ Mérito só se trata após a preliminar
• Art. 487 trata do mérito, fazendo coisa julgada
• Inciso I trata de procedência e improcedência
○ Sentença de improcedência sempre é declaratória negativa
• Inciso II: prescrição e decadência
○ Fundamentos de defesa, alegados pelo réu
• Inciso III: sentenças em que há o mérito quando o juiz homologa certos feitos
a) Reconhecimento do direito do autor pelo réu
▪ Mais completo que a mera confissão dos fatos, que não diz respeito,
necessariamente, ao direito
▪ Parte-se para uma sentença de procedência
b) Transação = acordo
▪ Sentença de procedência parcial
c) Renúncia à pretensão, por parte do autor
▪ Sentença de improcedência
○ Não há juízo de mérito, por não haver julgamento de mérito propriamente dito
○ Apesar disso, são atos que fazem coisa julgada material
○ Por exemplo: diferente da desistência, a renúncia ao direito não é um ato processual,
mas sim ato material; portanto, faz coisa julgada material
• Princípio da primazia do mérito da ação: art. 488 vinculado com o art. 4º
○ Máximo que réu pode extrair da ação é a improcedência, não somente a extinção do
feito

Elementos da sentença
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o
registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

Página 7 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada,
enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a
conclusão.
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o
princípio da boa-fé.

1. Relatório
○ Diz respeito (somente) às ocorrências do processo
2. Fundamentação
○ Diz respeito às questões de fato e de direito
3. Dispositivo
○ Resolução das questões submetidas ao juízo
○ Princípio da congruência (CPC, art. 492): necessariamente precisa se ater ao que foi
pedido
▪ Sentença ultra petita: excede o pedido
▪ Sentença citra petita: não analisa todos os pedidos formulados
▪ Sentença extra petita: concede algo que sequer foi pedido

Página 8 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Coisa julgada
segunda-feira, 16 de maio de 2022 20:01

Definição de coisa julgada


Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais
sujeita a recurso.

• Via de regra, "coisa julgada" se refere à material


• Não se discute materialmente aquilo que transitou em julgado
○ Essa é a diferença entre coisa julgada material e formal

Coisa julgada formal


• Coisa julgada formal é a decisão que forma coisa julgada somente dentro de seu processo
• Quando não se discute mais o mérito especificamente no processo
• Caso de extinção do processo sem resolução do mérito, por exemplo

Cognição
• Exauriente: já se ouviu todas as partes, processo pronto para julgamento
• Sumária: tutela antecipada, juiz ainda não ouviu as partes; não faz coisa julgada material

Coisa julgada material


Art. 504. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em
que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.

• Internamente ligada à segurança jurídica


• É cláusula pétrea: CF88, art. 5º, inciso XXXVI
• Vale para ambas as partes
○ Independente do teor da decisão
○ Processo Penal: é cabível rediscussão a qualquer momento com ação revisional; coisa
julgada só é válida quando absolve o réu

• Interposição de recurso impede a formação de coisa julgada


○ Recurso mantém a lide pendente
• Coisa julgada material tem força de lei em relação àquele mérito

Requisitos da coisa julgada


Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o
aprofundamento da análise da questão prejudicial.
Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as
defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.

• Resolução de mérito
Art. 487 do CPC

Página 9 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ Art. 487 do CPC
• Cognição exauriente
○ Tutela antecipada não
• Trânsito em julgado

Página 10 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Meios de impugnação das decisões judiciais
segunda-feira, 23 de maio de 2022 20:50

Ações impugnativas autônomas


• São chamadas assim por serem literalmente o que se diz
○ É uma nova ação
○ Impugna a decisão
○ Não ocorre dentro do processo
• Novas relações jurídico-processuais
• MS: exemplo de aberração
○ Juiz como autoridade coatora

Rescisória (arts. 966-975)


• Ocorre após o trânsito em julgado da ação
○ Constitui uma nova relação jurídico-processual

Anulatória (art. 966 § 4º)


Querela nullitatis
Mandado de segurança
Reclamação (art. 987-985)

Sucedâneos recursais
• Quase que recursos, porém sem o princípio da taxatividade
○ Só são recursos os listados no art. 994
• Substitutivo dos recursos; é um meio de impugnação tal qual qualquer outro
○ Ainda assim, não constitui um recurso de fato
• Não possuem efeito obstativo (recursos possuem)

Remessa necessária
Pedido de reconsideração
Correição parcial (reclamação)

Recursos (art. 994)


• Possuem efeito obstativo; possibilidade de se obstar a preclusão

AC - Apelação Cível
AI - Agravo de Instrumento
ED - Embargos de Declaração
AgInt (1021) - Agravo interno
RO - Recurso Ordinário
RE - Recurso Extraordinário
RESP - Recurso Especial
ARE/AREsp (1042) - Agravo em Recurso Ordinário/Extraordinário
EDIV - Embargos de Divergência

Página 11 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Ação rescisória (arts. 966-975)
segunda-feira, 23 de maio de 2022 21:06

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão
entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria
ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer
uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato
efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o
qual o juiz deveria ter se pronunciado.
[...]
§ 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.
§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo
juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de
súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção
entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia,
demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica
não examinada, a impor outra solução jurídica.
[...]
Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;
II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.
§ 1º Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas
autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício
de gratuidade da justiça.
§ 2º O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos.
§ 3º Além dos casos previstos no art. 330 , a petição inicial será indeferida quando não efetuado o depósito exigido pelo
inciso II do caput deste artigo.
§ 4º Aplica-se à ação rescisória o disposto no art. 332 .
§ 5º Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será intimado para emendar a petição
inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda:
I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2º do art. 966 ;
II - tiver sido substituída por decisão posterior.
§ 6º Na hipótese do § 5º, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu complementar os fundamentos de
defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos ao tribunal competente.
[...]
Art. 971. Na ação rescisória, devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá cópias do relatório e as
distribuirá entre os juízes que compuserem o órgão competente para o julgamento.
Parágrafo único. A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja participado do julgamento
rescindendo.
Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que
proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.
Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10
(dez) dias.
Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente.
Art. 974. Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e
determinará a restituição do depósito a que se refere o inciso II do art. 968 .
Parágrafo único. Considerando, por unanimidade, inadmissível ou improcedente o pedido, o tribunal determinará a
reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do disposto no § 2º do art. 82 .

• Ação própria e única para rescindir decisão transitada em julgado


• Ação excepcionalíssima; não é um recurso
○ Depósito/multa entra como forma de diminuir a recorrência da rescisória
• Competência: tribunal
Ação originária de tribunal; nunca será ajuizada no primeiro grau de jurisdição

Página 12 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ Ação originária de tribunal; nunca será ajuizada no primeiro grau de jurisdição
○ Se porventura se tratar de decisão transitada em julgado no primeiro grau, a rescisória
se ajuíza em seu respectivo Tribunal

Requisitos
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: [...]
Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor: [...]
II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.

• Coisa julgada material (caput)


○ Formada por decisão de mérito transitada em julgado
○ Exceções: ver final da página
• Respeito ao prazo de 2 anos
• Depósito de 5% do valor da causa atualizado (art. 968 inciso II)

Prazo
Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
processo.
§ 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput , quando expirar
durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense.
§ 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova,
observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
§ 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o
Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.

• Prazo: 2 anos, com exceções


• Prazo máximo: 5 anos
• Descoberta de prova nova: 2 anos a partir do descobrimento da prova
○ Sem poder ultrapassar o prazo máximo de 5 anos

Hipóteses de cabimento
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão
entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria
ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer
uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

• Todas hipóteses gravíssimas; denota a excepcionalidade da rescisória


• I e II traz vícios na própria pessoa do magistrado; falhas da magistratura
○ I trata de crimes de fato
• III diz respeito a falhas das próprias partes - vícios de consentimento
○ Dolo, coação e simulação
• IV: ofensa à coisa julgada
○ Decisão que diga respeito a mérito já resolvido anteriormente
○ Prevalece a segunda decisão; para prevalecer a primeira, deve-se ajuizar ação rescisória
○ Aqui entra somente o juízo de cassação, pois não se rejulga o mérito
• V: violação da norma jurídica
○ Forma mais comum por ser a possibilidade de trazer à tona o que o Tribunal
eventualmente considerou erroneamente
○ Lei por si só vale nada; o que vale é a interpretação jurídica dada nos Tribunais
○ Norma jurídica = lei interpretada pelos tribunais
• VI: prova falsa
A que for declarada falsa em tribunal

Página 13 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ A que for declarada falsa em tribunal
• VII: prova nova
○ Prazo de dois anos só se abre a partir da descoberta da prova
○ Após 5 anos do trânsito em julgado, encerra-se o prazo para rescisória
○ Prazo máximo: 5 anos
• VIII: erro de fato
§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato
efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido
sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.
○ Não serve para rediscutir análise de prova; fato controverso não entra aqui
○ Premissa de que o juiz estava completamente equivocado
○ Magistrado parte da premissa de que algo que aconteceu não aconteceu ou vice-versa
○ Erro de subsunção no processo
○ Hipótese mais complicada

Juízo rescindente e rescisório


Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;

Rescindente: Juízo de cassação


Rescisório: Juízo de rejulgamento

• No caso de rejulgamento, há duas etapas de julgamento


• A primeira etapa passa pelo juízo rescindente, que cassa a sentença objeto da ação
• Na segunda etapa, julga-se novamente a causa
○ Não necessariamente a decisão será diferente da que foi objeto da rescisória

Legitimidade
Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei;
c) em outros casos em que se imponha sua atuação;
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178 , o Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica
quando não for parte.

• Parte que perdeu o processo


○ Sucessor também pode
• Terceiro juridicamente interessado
• MP, resguardados os requisitos das alíneas

Procedimento
Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de
tutela provisória.
Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30
(trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber,
o procedimento comum.

• Nova ação: inicial, contestação, etc.


• Defesa da rescisória é a contestação
○ Prazo para contestação de até 30 dias
• A ação original, em fase de cumprimento de sentença, continua correndo
○ Antecipação de tutela suspende o processo por antecipar os efeitos da sentença
rescisória

30/Maio
Hipóteses de cabimento
Página 14 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber
Hipóteses de cabimento
Art. 966 § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput , será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora
não seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.

• Sentenças que não resolvem o mérito (art. 485) podem ser repropostas
○ Portanto, não fazem coisa julgada material; não caberia ação rescisória
• Ação rescisória pode ser ajuizada nos casos em que não há resolução de mérito mas não há
mais possibilidade de propor nova ação
○ Novidade do CPC15
• Exceção à regra geral de necessidade de coisa julgada material
• Recurso possui duas etapas: admissibilidade e mérito
○ Se a admissibilidade for negativa, o recurso sequer é julgado no mérito
○ Se a admissibilidade for positiva, o recurso é julgado pelo juízo de mérito
• Um dos efeitos dos recursos é o substitutivo
○ Ideia de que a decisão do recurso substitui a decisão recorrida
○ Substituição só ocorre quando há a admissibilidade do recurso
○ Conhece-se da apelação e se dá provimento ao recurso
○ Efeito substitutivo se dá tanto na reforma quanto na confirmação da sentença
○ Acórdão sem mérito: quando não se conhece da apelação
▪ Este acórdão é passível de ação rescisória
• Também pode ser objeto de ação rescisória a decisão que não decide o mérito, mas impede a
admissibilidade do recurso (caso descrito anteriormente)
○ Novidade também do CPC15

Página 15 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Outras ações impugnativas autônomas
segunda-feira, 30 de maio de 2022 20:42

Ação anulatória (art. 966 § 4º)


Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo
juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.

• Diferenças em relação a rescisória:


○ Ação comum no primeiro grau, não no Tribunal
○ Não há deposito prévio
○ Não há prazo previsto no CPC, mas deve-se respeitar os prazos do CC (arts. 205 ss.)
• Estão sujeitas a ação anulatória e rescisória, respectivamente:
○ Sentença homologatória
○ Sentenças oriundas de vícios de consentimento (dolo ou coação)
○ Zona de intersecção entre as duas opções que permitem que possa ser ajuizada tanto
uma quanto outra
• Cada uma possui suas vantagens e desvantagens
• Não é das ações mais comuns

Querela nullitatis
Ação declaratória de inexistência de sentença

• Ajuizada no primeiro grau de jurisdição


• Não há depósito nem prazo para ser ajuizada
• Objetivo: declarar que uma sentença é inexistente
• Norma tem como pressupostos interdependentes entre si:
○ Existência
○ Validade
○ Eficácia
• Pressupostos de inexistência de sentença:
○ Ser apócrifa - não ser assinada por magistrado
○ Não possuir réu - sem citação válida
• Até então, decisão se presume existente, válida e eficaz
• Ação mais difícil ainda de se encontrar
• Jurisprudência atrela a querela nullitatis à ação anulatória
○ Ideia errada
• Efeitos após o deferimento da querela nullitatis por decisão apócrifa:
○ Sentença é anulada e encaminhada ao grau de jurisdição competente para novo
julgamento
• Efeitos após a ação por falha na citação:
○ Quase o processo inteiro é anulado, retomando a partir do ato citatório
○ Alguns autores defendem que essa é a ação que anula o processo, não somente a
sentença

Mandado de Segurança
Lei n. 12.016/2009, art. 5º:
Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

• Não foi criado para impugnar decisão judicial


○ Mas sim resguardar direito líquido e certo coagido pelo Estado
○ É impetrado contra ato coator de autoridade pública
• Quase todas as formas de decisão podem ser agravadas de inúmeras formas
O MS, quando surge, funciona indiretamente como uma forma de agravar das decisões

Página 16 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ O MS, quando surge, funciona indiretamente como uma forma de agravar das decisões
○ Não foi criado para agravar, mas sim para proteger o indivíduo contra o Estado
○ CPC15 determina que algumas formas de decisão só podem ser recorridas no momento
da apelação
• MS só pode ser impetrado quando não couber, em relação à decisão, recurso com efeito
suspensivo
○ Quando o recurso não permite agravo de instrumento contra decisão interlocutória
• STJ acabou por entender que a urgência também pode ser requisito para se impetrar MS
contra decisão judicial
○ Tema 988 do STJ definiu o agravo de instrumento como ação a ser ajuizada em caso de
urgência
• Prazo para ser impetrado de um MS comum: 120 dias
○ Porém, quando se trata de ato judicial, é somente 15 dias
○ Prazo de preclusão

31/Maio
Reclamação (arts. 988-993)
• Competência dos tribunais, ocorre durante o processo
• Assim como o MS, difere bastante da rescisória
○ Ações que são ajuizadas durante o processo, e não ao seu fim
○ Anulatória e querela nullitatis só ocorrem após o processo
• Polo passivo é sempre o litisconsórcio necessário formado ente a parte beneficiada e o juiz
que proferiu a decisão
• Existe somente no direito brasileiro
○ Caráter pessoal(?) da ação
• Prazo para reclamação é de 15 dias, por ter que ocorrer antes do trânsito em julgado

Hipóteses de cabimento
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle
concentrado de constitucionalidade;
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
incidente de assunção de competência;

• Usurpação de competência
○ Exemplo: decisão proferida pela instância errada; caso de juiz de primeiro grau julgando
admissibilidade de apelação
○ Tribunal que julga o mérito ao decidir sobre REsp ou AREsp
• Diz respeito à decisão judicial
○ Exemplo: juiz de primeiro grau não dando eficácia à decisão do tribunal
• Inobservância de precedente ou súmula vinculante
○ Observância de decisões do Supremo em controle concentrado de constitucionalidade
• À sentença que descumpre súmula vinculante cabe apelação ou reclamação
○ Ajuizamento somente da reclamação implicaria no trânsito em julgado da decisão;
péssima ideia
○ A reclamação, nesse caso, somente cassa a decisão, sem reformá-la
CF, Art. 103-A § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente,
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida
com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

Página 17 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Sucedâneos recursais
terça-feira, 31 de maio de 2022 20:51

• Por mais que pareçam, não são recursos


○ Lista de recursos do art. 994 é taxativo

Pedido de reconsideração
• CPC39 trazia o princípio da proibição da recorribilidade em separado das interlocutórias
○ Exceto nas exceções, as decisões interlocutórias eram irrecorríveis
○ Pedido de reconsideração nasce entre o período de 1939 e 1951, quando surge a lei dos
MS
• CPC73 adota a ampla recorribilidade das decisões interlocutórias
○ Apesar da possibilidade de agravo de instrumento, o pedido de reconsideração
continuou sendo comum
• Pedido de reconsideração é feito no primeiro grau de jurisdição
• Não possui efeito obstativo; não substitui um recurso
○ Em tese, o pedido de reconsideração não existe
○ Precluída a decisão, agravo é intempestivo
○ Pedido de reconsideração não suspende o prazo de preclusão
• Não possui forma específica, não sendo definido em lei
○ É o "choro" da parte perdedora
○ Prazo se deduz como sendo de 15 dias

Remessa necessária
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a
sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de
direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao
tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor
certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito
público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

• Não possui voluntariedade nem dialeticidade, dois princípios básicos dos recursos
• Sentença é necessariamente remetida ao Tribunal para que haja o reexame obrigatório
○ Duplo grau de jurisdição obrigatório
○ Remessa ocorre ao fim do prazo de 30 dias (dobro para órgão público)
• Sentença é ineficaz sem o reexame
• "Condição de eficácia da sentença, sem a qual a sentença não produz efeito algum" Nelson
Nery Jr.
• Cunho político de proteção do erário
• Não ocorre remessa necessária a depender do valor da condenação
○ União e respectivas autarquias e fundações: mil s.m.
Estados, DF e respectivas autarquias e capitais: quinhentos s.m.

Página 18 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ Estados, DF e respectivas autarquias e capitais: quinhentos s.m.
○ Municípios e respectivas autarquias: cem s.m.
○ Ideia de que esses valores não oneram os cofres públicos
• Também não ocorre quando a decisão é fundamentada em precedente vinculante
○ Súmulas e temas repetitivos

Reclamação (correição parcial)


• Muito pouco utilizada
• Nada tem a ver com a reclamação AIA
• Cabe no âmbito dos tribunais, prevista nos regimentos internos, quando há um ataque não a
uma decisão judicial, mas sim a outro ato judicial
• Ataca-se atos judiciais, não decisões
○ Exemplo: distribuição equivocada
○ Vícios ou nulidades na sessão de julgamento

Página 19 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Embargos de declaração (arts. 1.022-1.026)
terça-feira, 14 de junho de 2022 20:25

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
§ 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 .
§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos,
caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo
julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
§ 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em
tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente.
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível,
desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões
recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º .
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já
tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos
limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso
interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado
independentemente de ratificação.
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso.
§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada,
condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento
sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da
multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados
protelatórios.

Conceito
• Conceito: remédio voluntário, previsto em lei federal, que discute reforma, invalidação,
esclarecimento ou decisão judicial que se está impugnando
○ José Carlos Barbosa Moreira
• Conceito: recurso
• Doutrina antiga costumava não conceituar como recurso, por ser julgado pelo mesmo juiz que
proferiu a sentença embargada

Hipóteses de cabimento
• Erro, omissão, contradição ou obscuridade
• Primeira hipótese de cabimento é erro material
○ Erro material não transita em julgado
• Principal função dos embargos é sustar os vícios da sentença
• Decisão contraditória diz respeito à coerência interna
Fundamenta por um sentido, mas julga por outro

Página 20 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ Fundamenta por um sentido, mas julga por outro
○ Coerência deve ser interna, não externa
• Omissão é mais uma hipótese
○ Quando há mais de um pedido, mas o juiz deixa de se manifestar sobre algum deles
○ Mesmo vale para a réplica do réu, que deve ser apreciada
○ Questão que não é levada em consideração se houver questões prejudiciais (ex.:
prescrição)
• Omissão: descrita no § único
○ Quando juiz deixa de se manifestar sobre algo ou deixa de fundamentar com base no
art. 489
○ Art. 489 disciplina a fundamentação das sentenças
• Obscuridade: decisão inteligível
○ Impossibilidade de ser entendida e interpretada
○ Decisões em outras línguas e/ou dialetos, com gírias etc.
• Jurisprudência aceita mais uma hipótese de embargos de declaração não prevista no CPC
○ Caso de sentenças ultra ou extra petita
○ Podem ser solucionadas por embargos de declaração
○ Justifica-se como erro material nesse caso

Objeto
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
CJF, Enunciado 75: Cabem embargos declaratórios contra decisão que não admite recurso especial ou extraordinário, no
tribunal de origem ou no tribunal superior, com a consequente interrupção do prazo recursal.

• Toda e qualquer decisão judicial


• STF e STJ não admitem embargos de declaração contra a decisão que não admite recurso
extraordinário
○ Decisão da vice-presidência do Tribunal em questão
• Cite-se, inclusive, pode ser objeto de ED

Preparo
• Valor: não possui
• ED não possui preparo
• Preparo envolve custas processuais e taxas de corte e remessa
○ Embargos não precisam de nenhum dos dois; não são remetidos e não se tratam de um
novo serviço

Prazo
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
§ 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 .

• Padrão: cinco dias


○ Dez, nos casos em há prazo em dobro

Preclusão
• Se não forem interpostos os ED no prazo, o direito de impor os ED preclui
• Recurso de impugnação vinculada; somente quatro hipóteses
• Argumentos que poderiam ser levantados nos ED podem ser levantados em outro recurso
• Omissão não pode ser levada aos Tribunais Superiores, visto que eles só julgam decisões de
última instância

Regularidade formal
• Pode-se pedir em ED para:

Página 21 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


• Pode-se pedir em ED para:
○ Suprir omissão
○ Eliminar contradição
○ Esclarecer obscuridade
○ Corrigir erro material
• Recurso que é desprovido de regularidade formal
• É um recurso que deve ser escrito

Natureza jurídica
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo
julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
§ 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em
tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente.

• Decisão que julga os ED é da mesma natureza da decisão embargada


• ED em decisão interlocutória: gera outra decisão interlocutória
• ED em sentença: gera outra sentença
• Efeito integrativo: segunda decisão + a original funcionam como uma decisão só, e não como
duas

Fungibilidade
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível,
desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões
recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º .

• Magistrado pode "converter" ED para agravo interno, como prevê o § 3º do art. 1.024

Efeitos
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso.
§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.

Interruptivo
• ED interrompem o prazo para recurso
○ Não há a suspensão, mas sim a interrupção
○ Prazo para recurso volta a contar do zero a partir da data nova intimação
• Prazo é interrompido para todas as partes interporem apelação

Suspensivo
• Efeito suspensivo: suspende as consequências da decisão
• ED não possuem efeitos suspensivos automáticos
○ Mas isso pode ser pedido ao órgão julgador
• Apelação possui efeito suspensivo: mera possibilidade de apelar suspende os efeitos da
decisão

Modificativo
Art. 1.023 § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos
opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.

• Via de regra, ED não deveriam ter efeito modificativo, mas muitas vezes ocorrem
○ Mero esclarecimento não geraria uma decisão distinta
• No caso de possibilidade de efeito modificativo, a outra parte deve ser intimada para
apresentar contrarrazões

Página 22 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


apresentar contrarrazões

Embargos de declaração protelatórios


Art. 1.026 § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão
fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor
atualizado da causa.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento
sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da
multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados
protelatórios.

• Visto que ED interrompem prazos de outros recursos, muitos ED são interpostos somente para
interrupção de prazo
• Dispositivo que visa evitar o efeito interruptivo generalizado
• Mesmo declarado protelatório, continua interrompendo o prazo de interposição de outros
recursos
• Punições: multa de até 2% do valor da causa, podendo chegar a 10% caso sejam reiterados
○ Recursos só podem ser interpostos após o pagamento da multa
• Após os segundos ED protelatório, não se admitem outros

Pré-questionamento
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
STJ, súmula 98: Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter
protelatório.

• Pré-questionamento ficto: como se pré-questionamento fosse


• Tendo sido levantado algum argumento no ED, mesmo que o tribunal não decida, o Tribunal
Superior considera que houve o pré-questionamento, aceitando os argumentos do ED como
parte do acórdão
• Súmula 98, STJ: ED com fim de pré-questionamento não são protelatórios

Página 23 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Princípios dos recursos
segunda-feira, 20 de junho de 2022 20:53

• Podem estar expressos na legislação ou somente doutrina


• Nem por isso um princípio possui maior força e/ou importância quanto outro
• Alguns têm sua base numa regra legal, que se eleva à categoria de princípio

Duplo grau de jurisdição


• Princípio que mais revela o que é um recurso
• Não está previsto expressamente na CF88, mas é tido como um princípio constitucional
○ CF88 traz expressamente alguns dos pressupostos principiológicos processuais
○ Especialmente no art. 5º, direitos fundamentais
○ Devido processo etc. etc.
• CF88 prevê a organização do Poder Judiciário
○ STF/STJ, TRF/TJ, primeiro grau de jurisdição
○ Disso se extrai o princípio do duplo grau
○ Doutrina diverge na categoria de ser ou não princípio expresso pela CF
• Garantia de obter um julgamento colegiado no âmbito dos tribunais
• No entanto, não é garantia absoluta
○ Tribunal pode ingressar no mérito em apelações de sentenças sem resolução de mérito,
por exemplo - art. 1.013 § 3º
• Garantia do duplo grau não se trata do julgamento da mesma matéria nos dois graus de
jurisdição, somente a possibilidade de se obter um julgamento colegiado no âmbito dos
tribunais
○ Decisão monocrática: impugnação por meio de agravo interno

Taxatividade
Art. 994 do CPC

• Só são recursos aqueles previsos na lei como tal


○ Há um rol taxativo de nove recursos possíveis no sistema judiciário
• Aquilo que não se encontra no rol de recursos não é recurso
• Fora os recursos, há outros mecanismos de impugnação de decisões judiciais
○ Ações autônomas e sucedâneos recursais
• Classificação não é meramente doutrinária ou acadêmica, mas sim taxativa
• Teoria dos recursos se aplica somente aos recursos previstos no art. 994

Singularidade
• CPC39: só permitia um recurso para cada decisão; somente um por vez
○ Logo em seguida prescrevia a fungibilidade para os casos em que se interpunha o
recurso errado, salvo em caso de erro grosseiro
• CPC15 traz o princípio da singularidade, embora não de forma expressa
• Embargos de declaração podem ser interpostos concomitantemente com outros recursos
○ Dada a própria natureza dos ED, por serem cabíveis em qualquer decisão
• Mitigação do princípio da singularidade ocorre com a necessidade de interposição conjunta de
REsp e RE
○ Interposto ao STJ e STF com base na matéria de cada um

Correspondência
• Criado no CPC73 como regra geral
À sentença cabe apelação; à decisão interlocutória cabe agravo de instrumento

Página 24 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ À sentença cabe apelação; à decisão interlocutória cabe agravo de instrumento
• CPC73 não trazia as regras de singularidade e fungibilidade, partindo do pressuposto de que
não haveria dúvida sobre de que forma recorrer
• CPC15 traz o princípio da correspondência novamente; cada decisão possui um recurso
correspondente
• Diz respeito à adequação do recurso
○ Qual o recurso adequado para cada decisão?

Fungibilidade
• Recurso que não cabia pode ser convertido para o que cabia pelo juiz
• CPC39 trazia duas condições
○ Inexistência de erro grosseiro: recurso errado apesar de disposição expressa de qual
seria o correto
○ Boa-fé: interposição de recurso no prazo do errado, fora do prazo correto
• Não previsto expressamente no CPC15, porém presente

Proibição da reformatio in pejus


• Proibição de reforma para pior sob o ponto de vista do recorrente
○ Decisão se mantém ou se melhora para quem recorre
• Recorrente não pode ter sua situação piorada com a decisão do recurso
• Decorre do próprio efeito devolutivo dos recursos
○ Tribunal julga aquilo que o recorrente requer

Voluntariedade
• Recurso deve ser voluntário
○ Alguns autores defendem a ideia de que o recurso é um direito da parte; extensão do
direito de ação
○ PM defende de que o recurso é um ônus; quem deixa de recorrer abre mão de seu
direito com a preclusão
• Remessa necessária, por exemplo, não é recurso
○ Não possui voluntariedade, bem como dialeticidade e taxatividade

Dialeticidade
• Expressão maior do princípio do contraditório no âmbito recursal
• Processo (e recurso) deve ser dialético
• Recurso deve possuir razões que, portanto, serão contrarrazoadas

Consumação
• "O ato se consuma e o prazo se consome com a interposição do recurso"
• Prazo para recorrer termina com a interposição do recurso
• Não se pode aditar recurso interposto

Complementariedade
Art. 1.024 § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o
embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas
razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de
declaração.

• Exceção do princípio da consumação; adição ao recurso


• Ocorre no caso de embargos de declaração acolhidos contra parte que já apelou contra
decisão

Página 25 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


decisão
○ No caso de modificação que altera suas razões, a parte embargada pode complementar
ou alterá-las, dentro dos limites da modificação
○ Prazo de 15 dias

21/Junho
Primazia do mérito recursal
• Diretamente ligada aos requisitos de admissibilidade dos recursos

Juízo de admissibilidade
• Caso positivo, parte para o juízo de mérito
• Basta que um dos requisitos não esteja presente para que o recurso não seja mais admitido
○ Ver abaixo requisitos de admissibilidade
• Duas análises são feitas, com três possíveis resultados
○ Inadmitir (não conhecer do)
○ Admitir (conhecer do) e negar provimento do mérito
○ Admitir e dar provimento
• Decisão que admite o recurso é irrecorrível

Requisitos de admissibilidade
Intrínsecos
Dizem respeito ao direito de recorrer

• Cabimento
○ Recorribilidade + adequação
○ Decisão é recorrível? Qual o recurso adequado?
○ Ligado aos princípios da taxatividade e correspondência
○ Princípio da fungibilidade atenua o requisito do cabimento
• Legitimidade (art. 997)
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. §§
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.
○ Somente pode recorrer a parte vencida ou terceiro prejudicado ou então MP
○ O que pesa aqui é a prejudicialidade da decisão, e não necessariamente ser parte ou não
do processo
○ Outros terceiros que podem entrar como recorrentes: peritos, advogado etc.
○ MP pode recorrer tanto na posição de parte processual quanto como fiscal da lei
• Interesse recursal
○ Decorre da necessidade e utilidade do recurso
○ Algo além apenas da legitimidade, um "plus a mais"
○ Parte vencedora pode recorrer para extrair o que ainda pode da sentença
○ Exemplo: caso em que réu vence com sentença sem mérito a fim de alcançar sentença
de improcedência com mérito
○ Exemplo do cite-se: apesar de ser decisão interlocutória, é irrecorrível pela ausência de
interesse recursal
• Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer
○ Renúncia (art. 999)
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.
▪ Ato impeditivo do direito de recorrer
▪ Renúncia se faz antes da interposição do recurso; diferença para a desistência é
temporal
▪ Não precisa da anuência da parte contrária; é um ato de direito material
▪ Funciona quase como o reconhecimento do direito da outra parte; o que gera
sentença de mérito
▪ Comum ser feita em acordos
Desistência (art. 998)

Página 26 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ Desistência (art. 998)
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir
do recurso.
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha
sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
▪ Ato extintivo do direito de recorrer
▪ Desistência é feita depois da interposição do recurso; diferença para a renúncia é
temporal
▪ Não precisa da anuência da parte contrária; é um ato de direito material
▪ Funciona quase como o reconhecimento do direito da outra parte; o que gera
sentença de mérito
▪ Parágrafo único: repercussão geral ou temas repetitivos ainda podem ser julgados
○ Aquiescência (art. 1.000)
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a
vontade de recorrer.
○ Depósito da multa
▪ Falta de depósito prévio é fato impeditivo do direito de recorrer
▪ Sem o pagamento, não se pode recorrer
▪ Aplicada em embargos de declaração e agravo interno
Extrínsecos
Dizem respeito à forma pela qual se exerce o direito de recorrer

• Tempestividade
○ Recurso interposto fora do prazo
• Preparo (art. 1.007)
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente,
o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. §§
○ Custas recursais; devem ser recolhidas antes do da interposição do recurso
○ Na falta de pagamento ou pagamento insuficiente, implica-se em deserção do recurso
• Regularidade formal (art. 1.010)
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I a IV e §§§
○ Respeito às regras de formalidade do recurso
○ Deve ser uma petição dirigida ao juízo de primeiro grau contendo:
▪ Nome e qualificação das partes, mesmo que já qualificados na inicial
▪ Fato e direito
▪ Razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade
▪ Pedido de nova decisão

Art. 932 Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5
(cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.

• Princípio da primazia do mérito recai sobre os requisitos extrínsecos da admissibilidade


recursal
• Antes de declarada a inadmissibilidade, deve-se conceder o prazo de 5 dias para reforma

Juízo de mérito
• Preenchidos todos os requisitos, parte-se ao julgamento de mérito
• Negar ou dar provimento ao recurso

Página 27 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Apelação cível
segunda-feira, 4 de julho de 2022 20:57

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento,
não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a
decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze)
dias, manifestar-se a respeito delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo
da sentença.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões.
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de
juízo de admissibilidade.
Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator:
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. 932, incisos III a V ;
II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado.

• De sentença cabe apelação; regra geral e absoluta


○ Apelação não tem, com o CPC15, somente a sentença como objeto
• Decisões interlocutórias passam a ser impugnáveis por meio de apelação
○ Interlocutórias possuem uma série de hipóteses (quinze) agraváveis por meio de agravo
de instrumento
○ Fora essas hipóteses, cabe apelação no momento da sentença
• Três entes podem recorrer por apelação, sendo sempre a parte vencida
○ Autor, réu, MP
• Caso de ambas as partes apelarem, há também dois prazos, duas contrarrazões etc.
○ Partes entram como apelante e apelada
○ Recursos são independentes um do outro; um recurso pode ser admitido e outro não,
etc.
• Tribunal somente julga matéria impugnada; quem decide o recorte da decisão a ser apelada é
a parte que recorre - art. 1.013, ver abaixo em efeito devolutivo
○ "Matéria" diz respeito ao pedido impugnado, a ser devolvido ao Tribunal para ser
julgado
○ Matéria não impugnada não pode ser discutida pelo Tribunal; caso de processo com
vários pedidos, somente os pedidos apelados são apreciados pelo Tribunal
• "Recurso adesivo": apelação da outra parte, interposta no prazo das contrarrazões pela via
adesiva
○ Espécie de reconvenção no âmbito recursal
○ Diferente do direito português, não há caráter de adesão do recurso
○ É mais um caráter de subordinação do segundo recurso ao primeiro
○ Se a parte apelante desiste do recurso, o recurso adesivo também morre, mantendo a
sentença
○ Modalidade "adesiva" também cabe para: recurso especial e extraordinário, previsto no
art. 997 do CPC
• Dois caminhos possíveis para duas apelações em decisão de procedência parcial:
○ Ambas apelações interpostas concomitantemente; prazo corre para ambas como
apelações independentes
○ Somente uma apelação, na qual a outra parte recorre de volta no prazo para
contrarrazões

Efeito devolutivo
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

Página 28 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo,
ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao
tribunal o conhecimento dos demais.
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito,
examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.
§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação.
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que
deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

• Efeito horizontal: diz respeito à extensão do efeito (caput)


○ Matéria, para o código, se refere aos pedidos
○ Quem delimita é a parte recorrente
• Efeito vertical: diz respeito aos fundamentos (§ 2º)
○ Todos os fundamentos, mesmo os não acolhidos pelo juiz, são devolvidos ao Tribunal
○ Não há delimitação aqui
• Muito chamado também de "Efeito translativo" a profundidade do efeito devolutivo (efeito
vertical)
○ Fenômeno de devolver ao Tribunal o fundamento que não foi objeto de recurso
○ Matérias de ordem pública podem ser conhecidas de ofício, inclusive aqui, e mesmo se
for piorar a situação da parte apelante - art. 485 § 3º
• Teoria da causa madura: Tribunal decide de imediato o mérito quando o processo já estiver
em condições de julgamento (maduro) - § 3º
○ Julga-se o mérito no lugar de retornar ao primeiro grau para que faça uma nova
sentença
○ Sobreposição do princípio da razoável duração do processo sobre o princípio do duplo
grau de jurisdição
○ Deve-se buscar a maior agilidade e economia processual sempre
○ Ocorre quando for com base em somente em matéria de direito ou não haver
necessidade de produção de prova
○ Deve ser com base em uma das quatro hipóteses:
▪ Reforma de sentença meramente processual, sem coisa julgada
▪ Decretação de nulidade da sentença por incongruência com os limites do pedido
ou causa de pedir (sentenças extra ou ultra petita)
▪ Omissão no exame de algum pedido, podendo julgá-lo
▪ Anular sentença por falta de fundamentação

Efeito suspensivo
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença
que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença.
§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido
ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para
seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a
probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.

Página 29 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


• PM: em verdade, apelação não possui efeito suspensivo
○ Agravo, por exemplo: não possui efeito suspensivo, porém relator pode suspender os
efeitos da decisão caso assim decida; efeito suspensivo não é op legis
○ Antecipação de tutela implica em eficácia imediata, enquanto sentença não
• Fenômeno, no fim das contas, não é de suspensão, visto que a sentença já nasce ineficaz
○ Fenômeno da apelação não é suspensivo porque não há eficácia a ser suspensa
○ A apelação somente estende a ineficácia da sentença; a ineficácia se prolonga, e não a
eficácia que se suspende
• Eficácia imediata prevista pelos incisos do § 1º
○ Nesses casos, o efeito suspensivo deve ser solicitado ao Tribunal
○ Requerimento de concessão de efeito suspensivo: art. 995 do CPC

Página 30 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Agravo de Instrumento (arts. 1.015-1.020)
segunda-feira, 11 de julho de 2022 21:04

• CPC39: Agravo de Instrumento pensado como irrecorrível; princípio da proibição da


recorribilidade das decisões interlocutórias
○ 17 hipóteses previstas
• 1951: MS entram, junto com os pedidos de reconsideração, como formas de se recorrer a
decisões interlocutórias
• CPC73: princípio da ampla recorribilidade das decisões interlocutórias; agravar poderia ser
feito mediante diversas hipóteses
• 2005: diminuição das hipóteses de agravo, restando três:
○ Em caso de urgência
○ Da decisão que inadmitia a apelação cível
○ Da decisão que versava sobre os efeitos do recurso de apelação
• CPC15: de alguma maneira, resgata o CPC39, com o rol taxativo de hipóteses para interpor
agravo de instrumento
○ 15 hipóteses de agravamento de decisão interlocutória mediante agravo de instrumento
○ 12 no art. 1.015; 2 por todo o CPC; mais 1 trazida pelo tema 988 do STJ
○ Ampliação do rol para se mitigar o uso do MS como agravo à decisão interlocutória

Hipóteses possíveis
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
Art. 354 § único. A decisão a que se refere o caput (decisão parcial sem mérito) pode dizer respeito a apenas parcela do
processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.
Art. 1.037 § 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º (distinção entre tema repetitivo e o tema a
ser julgado no processo) caberá: I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;
STJ, Tema 988: O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de
instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.

• Tutelas provisórias são objeto da grande maioria dos agravos de instrumento no Brasil
○ Impacto imediato na vida das pessoas
○ Visão prática do Pedro Miranda, sem citar estudos (será que precisa?)
• Decisões parciais de mérito também são agraváveis por agravo de instrumento
○ Decisão parcial regulamentada pelo art. 356 do CPC
• Art. 1.037 versa sobre recursos repetitivos;
○ Decisões de relator, no âmbito dos tribunais, são agraváveis com agravo interno
○ As decisões que determinam o sobrestamento, no entanto, são feitas, no primeiro grau
pela secretaria
○ Nesse caso, a parte pode requerer a distinção entre o tema repetitivo e o seu caso
○ No primeiro grau, se agrava com agravo de instrumento
○ No segundo, por ser decisão de relator, se agrava com agravo interno
• Processos de execução, cumprimento de sentença e inventário permitem agravo de
instrumento em qualquer decisão do processo
Dado que cada decisão implica em alterações práticas para as partes

Página 31 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ Dado que cada decisão implica em alterações práticas para as partes
○ Todas as decisões são agraváveis por uma questão lógica; esse tipo de processo não
finaliza com uma sentença com conteúdo decisório
• Sistemática de se interpor MS na falta de possibilidade de interpor agravo de instrumento
acabou voltando por conta da taxatividade das hipóteses
• Tema 988 do STJ: traz de volta a hipótese de urgência, hipótese coringa
○ Isso decorre da inutilidade do julgamento da questão na apelação
• Tema 988 aposentou novamente o MS como recurso coringa
○ Decisão que indefere prova, por exemplo, não cabe agravo de instrumento, então
poderia ser agravada com MS
○ Verificada a urgência do agravo mediante a inutilidade da apelação somente no
momento de sentença, pode ser interposto agravo de instrumento
○ Questão de agilidade no tempo

Processamento do AI
• Único recurso interposto no órgão que irá julgar, e não no juízo a quo
• Ou seja, o AI chega nas mãos do relator sem o exercício do contraditório
• O efeito suspensivo da decisão do agravo pode possuir efeito suspensivo ou conceder a
antecipação da tutela recursal
○ Não cabe efeito suspensivo em decisão que nega um pedido, visto que não há efeito
suspensivo ativo
○ Efeito suspensivo também funciona como antecipação da tutela, por suspender a
decisão já tomada
○ Antecipação da tutela também pode ocorrer no efeito ativo

Página 32 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Ordem dos processos nos tribunais
terça-feira, 12 de julho de 2022 20:58

Distribuição
Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se a alternatividade, o sorteio
eletrônico e a publicidade.
Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o relator para eventual recurso subsequente
interposto no mesmo processo ou em processo conexo.
Art. 931. Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, que, em 30 (trinta) dias, depois de elaborar o
voto, restituí-los-á, com relatório, à secretaria.

• Decisão no âmbito dos tribunais é de natureza colegiada


• Ordenamento passou a permitir julgamento monocrático em algumas hipóteses
• De qualquer maneira se chega ao acórdão
• Distribuição é importantíssima para o direito brasileiro
○ Determina qual o órgão que irá julgar o processo
○ Elemento essencial dada a inconstância de coerência das câmaras dos tribunais
• Organização dos tribunais é prerrogativa dos regimentos internos de cada um, podendo dispor
sobre suas próprias regras procedimentais
• Alternatividade: distribuição equânime entre os magistrados das câmaras e grupos de câmaras
• Prevenção: o primeiro recurso é sorteado a um relator, que se torna prevento para todos os
recursos subsequentes do mesmo processo ou processos conexos
○ No caso de substituição do magistrado, a prevenção sobra para o que substitui o
primeiro na mesma câmara
○ Esse procedimento pode variar para cada unidade da federação
• No caso de acórdão votado por 2x1, parte-se para um segundo julgamento colegiado com
outros dois magistrados; órgão ampliado
○ Deve-se sempre ser realizado com um número suficiente para virar o placar
○ Processo permanece suspenso enquanto não for realizado julgamento do colegiado
ampliado

Poderes do relator
Art. 932. Incumbe ao relator:
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso,
homologar autocomposição das partes;
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da
decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante
o tribunal;
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal.
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente
para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.

• Relator, em tese, não é o incumbido do voto, mas sim do relatório


○ No caso de relator vencido, quem faz o voto é o primeiro a abrir a divergência
• Funções do relator são muitas; previstas no art. 932
• Tribunal dá três possibilidades de resultado de recurso:
Inadmitir

Página 33 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


○ Inadmitir
○ Admitir e prover
○ Admitir e não prover
• Relator pode inadmitir, prover e não prover o recurso

Página 34 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Agravo Interno
segunda-feira, 18 de julho de 2022 20:36

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas,
quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

• Cabe às decisões do relator; qualquer uma delas


• Já não existe mais o Agravo Regimental (AgRg), tendo sido substituído pelo Agravo Interno
• AgInt entra em vigor em 1999 no ordenamento brasileiro
• CPC73 já previa o cabimento de agravo às decisões de relator, sem o nomear
• Recurso que garante a decisão colegiada no âmbito dos tribunais
○ Manteve o direito de se obter um acórdão, com decisão colegiada, junto com a decisão
do relator
○ Englobou o finado agravo regimental
• Cabimento: qualquer decisão do relator

No caso de recurso especial


Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar
contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do
tribunal recorrido, que deverá:
I – negar seguimento:
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a
existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com
entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com
entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de
julgamento de recursos repetitivos;
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021.

• Juízo de seguimento precede o de admissibilidade


○ Vice-presidência do Tribunal decide pelo seguimento de acordo com temas prévios do
STJ ou STF
○ Juízo de admissibilidade vem somente depois
• Decisão que nega o seguimento ao Tribunal superior também é impugnável pelo AgInt
○ Previsto no art. 1.030
• Caráter interno do próprio tribunal do AgInt
○ Não sai do Tribunal, mantém-se dentro do Tribunal

Procedimento
§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada.
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo
interno.

• Necessidade de impugnar especificadamente os fundamentos da decisão do relator no AgInt


• Da mesma forma, o relator não pode se limitar à reprodução dos mesmos fundamentos para
julgar improcedente o AgInt
• Princípio da dialeticidade; via de mão dupla com o dever de fundamentar e de decidir

§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze)
dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em
pauta.
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão
colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento
do valor atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4º, à
exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

Página 35 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


• Prazo de 15 dias para agravo e contrarrazões; contraditório assegurado
• Princípio da publicidade: julgamento incluso em pauta
• No caso de inadmissibilidade ou improcedência manifesta, há multa
○ Decisão que deve ser fundamentada e aceita por unanimidade
○ Ao que se refere a inadmissibilidade ou improcedência manifesta? Falta de critérios
objetivos
• Multa é obrigatória para se interpor qualquer recurso seguinte
○ Com exceção: Fazenda Pública e beneficiários da justiça gratuita, que pagam ao final

Página 36 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Sessão de julgamento
segunda-feira, 18 de julho de 2022 21:13

Etapas da sessão
Abertura
Inclusão em pauta
Art. 936. Ressalvadas as preferências legais e regimentais, os recursos, a remessa necessária e os processos de
competência originária serão julgados na seguinte ordem:
I - aqueles nos quais houver sustentação oral, observada a ordem dos requerimentos;
II - os requerimentos de preferência apresentados até o início da sessão de julgamento;
III - aqueles cujo julgamento tenha iniciado em sessão anterior; e
IV - os demais casos.

• Via de regra, ordem é de recebimento; há possibilidade de preferência seguidas algumas


hipóteses
• Sustentação oral; requerimentos de preferência; julgamentos que tenham se iniciado na
sessão anterior

Relatório e leitura
• Relator incumbido do relatório e sua leitura
• Relatório se trata da exposição da causa, basicamente

Sustentação oral
• 15 minutos para recorrente e recorrido
• Causas de sustentação levantados pelo art. 937 do CPC15

Pedido de vista
Art. 940. O relator ou outro juiz que não se considerar habilitado a proferir imediatamente seu voto poderá solicitar vista
pelo prazo máximo de 10 (dez) dias, após o qual o recurso será reincluído em pauta para julgamento na sessão seguinte à
data da devolução.

• Prazo máximo de dez dias


• Revista: nova vista por parte do magistrado que já pediu vista

Colheita dos votos


• Relator dá início, ao qual pode pedir vista

Mudança de voto (possibilidade)


Art. 941 § 1º O voto poderá ser alterado até o momento da proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já
proferido por juiz afastado ou substituído.

• Autoexplicativo; voto pode ser virado em qualquer momento até a proclamação do resultado
pelo presidente

Julgamento ampliado (possibilidade)


Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada
com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais
terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros
julgadores que porventura componham o órgão colegiado.

• Caso de votos não unânimes, passa-se ao julgamento ampliado

Página 37 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


• Caso de votos não unânimes, passa-se ao julgamento ampliado
○ Julgamento ampliado ocorre mensalmente, com dois outros magistrados que podem
reverter o voto majoritário que não é unânime
○ No caso de câmaras com mais magistrados, como no TJSP e TJRJ, pode-se resolver o
caso na mesma sessão, já com a presença dos magistrados que poderiam votar

Proclamação do resultado
Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando para redigir o acórdão o
relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor.
§ 1º O voto poderá ser alterado até o momento da proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já proferido
por juiz afastado ou substituído.
§ 2º No julgamento de apelação ou de agravo de instrumento, a decisão será tomada, no órgão colegiado, pelo voto de 3
(três) juízes.
§ 3º O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais,
inclusive de pré-questionamento.

Página 38 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


Recursos excepcionais
terça-feira, 19 de julho de 2022 21:00

• Decorrem da CF88
• Requisitos específicos estão na própria CF88; legislação infraconstitucional traz as normas
residuais
• REsp surge quase como um apêndice do RE; traz até mesmo o mesmo requisito

Requisitos

• Esgotamento das instâncias ordinárias


○ Só se interpõe recurso excepcional de acórdão
• Causa decidida
○ Alguns chamam de pré-questionamento; PM critica essa acepção
○ Cabe às partes pré-questionar, não ao Tribunal
○ Violação de lei federal infraconstitucional (REsp) ou da CF88 (RE)
○ Pode se dar por contrariedade com norma ou negativa de vigência de certa norma
▪ Negativa de vigência: quando se ignora determinada norma no pedida
○ CPC15 traz a ideia de causa decidida ficta/tácita presentes em ED que geram,
posteriormente, acórdão vazio
○ Súmulas 211 do STJ e 356 do STF
• Matéria de estrito direito
○ Súmulas 7 do STJ e 279 do STF
○ Mera pretensão de reanálise de provas não pode ser objeto de Recurso Excepcional
○ Tribunais superiores são tribunais de estrito direito; não avaliam nada que não seja
violação de norma
○ Apesar de não se reanalisar fatos, ele ainda analisa os fatos contidos no acórdão
• Ataque a todos os fundamentos do acórdão
○ Súmulas 126/STJ e 284/STF
○ Obrigação de se interpor todos os recursos cabíveis, quando for caso de RE e REsp ao
mesmo tempo
○ Dois recursos concomitantes quando os fundamentos do acórdão são suficientes por si
só para manter a decisão final
○ De nada adianta ganhar um recurso se o outro mantiver a decisão
○ Não há essa necessidade caso o objeto de recurso seja acórdão de improcedência
○ Ambos os fundamentos são suficiente para manter o acórdão? Questão que deve ser
levantada

Recurso extraordinário - RE
CF88 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Requisito próprio: Repercussão geral

• Filtro constitucional criado por EC para que o STF não julgue todo e qualquer processo que
alcance o STF
• Possui dois elementos: qualitativo e quantitativo
○ Qualitativo: relevância da matéria, do tema; do ponto de vista social, econômico,
político ou jurídico
○ Quantitativo: transcendência; questões que devem transcender o direito subjetivo
somente daquele caso
• Ideia de se dar proveito das decisões do STF, para que não se fique criando ações iguais

Página 39 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber


• Ideia de se dar proveito das decisões do STF, para que não se fique criando ações iguais

Recurso especial - REsp


CF88 Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Requisito próprio: Relevância da questão

• AR: arguição de relevância


• Incluído recentemente; falta lei que regulamente a questão

Embargos de divergência
• O recurso mais sofisticado do sistema
• Por mais que não esteja previsto na CF88, decorre também da Constituição
○ Faz isso visto que a CF88 prevê a organização do sistema de justiça
• Cabem para os recursos excepcionais
• Caso em que há entendimento divergente entre julgados do mesmo órgão julgador (sessão do
STJ, por ex.)
• EDIV leva o processo a ser julgado novamente a fim de uniformizar a jurisprudência
• Comum ocorrer entre diferentes turmas
• Dificuldade é fazer o cotejo analítico, comparar uma decisão com a outra
○ Comparação de ementa não basta, deve ser entre trechos de cada acórdão
• Aplica-se o mesmo para o STF

Página 40 de Processo Civil II - Caderno Álvaro Huber

Você também pode gostar