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Tumores benignos do corpo do

útero
Dra Shaida Sulemane
Departamento de Ginecologia e
Obstetrícia
Fac.de medicina UEM/HCM
Generalidades
• O útero pode ser afectado por vários tipos de tumores
benignos, todos eles constituídos por células
provenientes de tecidos do próprio órgão, que se
reproduzem de maneira exagerada e formam um
tumor. Consoante o tipo de tumor, este tanto pode
crescer até à cavidade do órgão e constituir um pólipo
unido à parede uterina através de um pedículo, como
crescer na própria espessura da parede uterina ou até
formar uma proeminência para o exterior do órgão.
Todavia, deve-se referir que existem tumores benignos
que sofrem, a longo prazo e por razões desconhecidas,
uma evolução maligna, transformando-se em tumores
cancerosos.
Pólipos endométricos

• Estes pólipos desenvolvem-se no endométrio, a mucosa


que reveste o corpo do útero, nomeadamente o fundo do
órgão. Costumam ter uma forma arredondada ou comprida
e não ultrapassam os 3 cm de largura ou comprimento,
ainda que possam ser mais volumosos. Normalmente, são
únicos; contudo, por vezes, são múltiplos e podem sofrer as
alterações próprias do endométrio no ciclo menstrual.
• Os pólipos endométricos são compostos por uma
abundante rede de pequenos vasos sanguíneos e, embora
possam evoluir de forma assintomática, sangram com
facilidade e provocam hemorragias a qualquer momento
do ciclo menstrual, independentemente de ser de forma
espontânea ou provocadas pelo coito,geralmente
provocam dor forte no baixo ventre.
Tumores benignos do corpo do útero
• Leiomiomas (fibromioma)- são neoplasias
benignas do músculo liso que com frequência
originam-se no miométrio (tecido muscular).
• Acometem as mulheres principalmente na fase
reprodutiva da vida, isto é, na fase em que
menstruam e podem engravidar. A causa é
desconhecida, mas sabe-se que seu crescimento
depende de fatores hormonais, diminuindo de
tamanho após a menopausa. Podem ser únicos
ou múltiplos e desde bem pequenos até atingir
enormes volumes.
Patologia
• Os miomas são tumores redondos, brancos
nacarados, firmes, elásticos e que, na superfície
de corte exibem um padrão espiralado.Os
miomas encontram-se isolados do miométrio ao
ser redor por uma camada tecidual fina,
conectiva externa, esse plano de clivagem é
importante por permitir que os miomas sejam
facilmente separados do útero na cirurgia
• Os miomas podem sofrer degeneração hialina,
calcificada, quística, mixoide, carnosa(vermelha)
e gordurosa.
Fisiopatologia
Efeitos dos estrogênios
 Os miomas são sensíveis ao estrogênio portanto eles
se desenvolvem durante os anos reprodutivos.
 Após a menopausa os miomas geralmente regridem
e o desenvolvimento de novos é raro.Muitos factores
de risco e de protecção dependem de circunstâncias
que alterem os níveis de estrogênio, progesterona ou
ambos. É provável que os hormônios esteroides sexuais
sejam mediadores desse efeito por estimulação ou
inibição.
Fisiopatologia
 Os próprios miomas criam um ambiente
hiperestrogênico, que é requisito para seu crescimento
e manutenção.
 Em comparação com o miométrio normal, as células
dos miomas contêm maior densidade de receptores de
estrogênio, o que resulta em maior ligação de
estradiol.
 Esses tumores convertem menos estradiol em estrona
menos activa.
 Existem níveis altos de aromatase citocromo P450 nos
miomas em comparação com os miócitos normais,
esse citocromon catalisa a conversão dos androgênios
em estrogênios em diversos tecidos.
Fisiopatologia
Efeitos do progestogênio
 O papel da progesterona nos miomas não está claro,tanto
efeitos estimulantes quanto os inibidores são
relatados.Demonstrou-se que a progesterona exógena
reduziu o crescimento dos miomas em ensaios
clínicos(Goldzieher,1966;Tiltman,1985),outros estudos
relataram influência estimuladora da progesterona no
crescimento dos miomas. A mifepristona(RU486,
antiprogesterona) induziu atrofia na maioria dos miomas, o
uso de agonistas do hormônio liberador da
gonadotrofina(GnRH) reduziu o tamanho dos miomas, no
entanto se a progesterona for administrada com agonistas
é possivel haver aumento dos miomas.(Cart,1993;
Friedman,1994)
Factores de risco para ocorrência de
miomas
 Menarca precoce (maior exposc ao estrogê)
 IMC aumentado (Aumento da conversão de
androgênios em estrogênios)
 Familiar afectado e Afrodescendência (Diferenças
genéticas na produção/ metabolismo de hormônios)
 SOP ( estrogênios sem oposição em razão de
anovulação)

Risco Reduzido – 1) pós-menopausa(hipoestrogenismo)


2)Aumento da paridade (interrompe a exposc crônica ao
estrogênio); 3)COC (exposição ao estrogênio
antagonizada pela progesterona); 4)Tabagismo
(redução nos níveis séricos de estrogênio)
Classificação dos miomas uterinos
 Os miomas são classificados com base em sua
localização e orientação de crescimento.Os miomas
subserosos originam-se dos miócitos á serosa uterina,
e seu crescimento está orientado para o exterior.
 Quando estão presos apenas por uma haste ao seu
miométrio progenitor, são chamados miomas
pediculados.
 Os miomas parasíticos são variantes subserosas que se
prendem às estruturas pélvicas próximas, a partir das
quais recebem suporte vascular, podendo se soltar do
miométrio progenitor.
 Os miomas intramurais são aqueles com crescimento
centrado dentro das paredes uterinas.
Classificação dos miomas uterinos
 Os miomas submucosos, estão próximos ao
endométrio, crescem e projetam-se em direcção ao
interior da cavidade endometrial.
Classificação dos miomas pela European Society of
Hysteroscopy
Tipo 0-massa totalmente localizada dentro da cavidade
uterina;
Tipo I- se menos de 50% estiverem localizados dentro
da cavidade uterina;
Tipo 2- quando mais de 50% estiver circundado pelo
miométrio.(Wamsteker 1993)
 Cerca de 0,4% dos miomas podem desenvolver-se no
colo uterino.De forma rara, os miomas podem
encontrar-se nos ovários,trompas, ligamento largo,
vagina e vulva.
Sintomas
 A grande maioria dos miomas não provoca sintomas,
porém, alguns provocam aumento do fluxo menstrual,
com(ou sem) coágulos, podendo resultar em anemia.
Outro sintoma importante é o aumento do volume
abdominal, dor pelvica, sensação de pressão,
dismenorreia, aborto e infertilidade. Em geral quanto
maior o mioma, maior a probabilidade de
sintomas.(Cramer,1990)
 Alguns sintomas compressivos podem ocorrer, tais
como aumento da freqüência urinária, retenção
urinária, obstipação e compressão dos vasos pélvicos,
causando varizes e inchaços nas pernas.
Sintomas
 O mioma pode sofrer degeneração ou prolapso do tumor
pelo útero .e provocar uma dor aguda.
 Podem ocorrer complicações raras como torção de um
mioma subseroso pediculado e provocar dor intensa.
 O sangramento é o sintoma mais comum e apresenta-se
em forma de menorragia(devido a dilatação da vênulas)
 Os miomas volumosos exercem pressão e afectam o
sistema venoso uterino, o que provoca dilatação venosa
dentro do miométrio e do endométrio causando
sangramento.
 Quando as Vênulas dilatadas se rompem durante o
descolamento do endomètrio na menstruação,o
sangramento vindo destas vênulas dilatadas altera os
mecanismos hemostáticos normais aumentando o
sangramento durante a menstruação.
Sintomas
• Os miomas podem estar associados a infertilidade,
seus efeitos incluem oclusão do óstio tubárico e
interrupção das contrações uterinas normais que
impulsionam os espermatozoides ou o ovo., a distorção
da cavidade endometrial tb pode prejudicar a
implantação e transporte dos espermatozoides.
• Existe uma associação mais forte entre subfertilidade e
miomas submucosos do que com outros tipos.A
relação com miomas subserosos e intramurais (que
não distorcem a cavidade endométrial) é menos
provável.
Diagnóstico
 O diagnóstico pode ser realizado pelo exame físico
(exame pélvico)-com achados como aumento do útero
e contorno irregular, mas a ecografia pélvica
transvaginal ou transabdominal confirma o diagnóstico
e exclui outras patólogias.
 O aspecto dos miomas na ecografia varia de imagens
hipo e hipercoicas,dependendo da proporção de
músculo liso para tecido conectivo e da existência de
degeneração.
 A calcificação e degeneração quística criam alterações
mais distintivas na eco.As calcificações têm aspecto
hipercoico e costumam circundar o mioma.
Diagnóstico
 A degeneração quística ou mixoide ocupa o mioma
com múltiplas áreas hipocoicas, arredondadas, de
paredes lisas e tamanho irregular.
 A RM pode ser necessária quando a imagem estiver
prejudicada pela anatomia distorcida, permite avaliar
de forma mais precisa o tamanho, número e
localização dos miomas ajudando na decisão de
miomectomia, histerctomia ou embolização das
artérias uterinas.
 A RM também é importante para diferenciar o mioma
fúndico ,que têm indicação para miomectomia da
adenomiose que não tem essa indicação.
Tratamento
• O tratamento deve ser individualizado, dependendo da
presença ou não de sintomas importantes e da idade
da paciente. O tratamento pode ser medicamentoso ou
através de cirurgia: miomectomia (retirada só do
mioma) ou histerectomia (retirada de todo o
útero).Podemos dividir o tratamento em:
• 1)Observação; 2)Farmacoterapia
• 3)Embolização das artérias uterinas
• 4)Tratamento cirúrgico(miomectomia e ou
histerectomia)
• 5)Ablação endometrial
Tratamento
1) Observação--independentemente do seu tamanho,
em geral os miomas assintomáticos podem ser
mantidos em observação. E acompanhados com exame
pélvico anual. A observação adequada do útero e
anexos pode ser prejudicada por obesidade da
paciente. Em geral os miomas crescem lentamente. A
velocidade de crescimento em cada paciente varia e
alguns miomas regridem expontaneamente.Para
pacientes com miomas sintómaticos a cirurgia deve ser
marcada o mais próximo de uma eventual gravidez
planejada,para reduzir o risco de recorrência do tumor.
Tratamento
2) Farmacoterapia—Em mulheres com miomas
sintomáticos, a terapia clínica pode ser a melhor
opção.Além disso,em virtude dos miomas com
frequência regredirem na pós-menopausa, algumas
mulheres optam por tratamento clínico para aliviar os
sintomas até a menopausa, em outras a terapia clínica
com agonistas do GnRH, é usada como adjunto á
cirurgia.
AINEs(anti-inflamatórios não esteroides)-são efectivos no
tratamento da dismenorreia (D)associada aos miomas.
Mulheres com (D) apresentam níveis mais elevados de
prostaglandina F2alfa e E2 .As prostaglandina tb estão
associadas á menorragia.
Tratamento
Terapia hormonal- Tanto os COC quanto os progestogênios
são usados para induzir atrofia endometrial e reduzir a
produção de prostaglandinas, constatou-se períodos
menstruais curtos sem evidência de aumento uterino com
os COC.
Assim como observou-se que com o uso do Diu de
levonogestrel(SIU-LNG) houve uma melhoria na redução da
menorragia.(não se usa qdo ha distorção da
cav.endometrial)
Androgênios-Tanto o danazol como a gestrinona reduzem o
volume ods miomas e melhoram os sintomas de
hemorragia, porem tem efeitos adversos fortes como acne
e hirsutismo.
Tratamento
• Agonistas do GNRH- reduzem os miomas pq inibem os
efeitos de aumento do E e P.
 O acetato de leuprolida (Lupron Depot) foi aprovado
para o tto dos miomas, disponivel p administração IM
de doses mensais de 3,75mg ou doses trimestrais de
11,25mg. Entre os menos usados dos agonistas estão a
goserelina-dose mensal de 3,6mg e a triptorelina- IM
mensal de 3,75mg
 A maioria das mulheres tem redução de 50% do
tamanho do tumor após 3 meses de tto e
frequentemente experimentam amenorreia, após
suspender o tto a mentruação volta entre 4 a 10 sem e
os miomas tb podem voltar.
Tratamento
Antagonistas do GNRH- Cetrorelix e ganirelix, são usados
no tto da infertilidade e para reduzir os miomas.Seus
efeitos hipoestrogênicos são similares aos agonistas da
GNRH e sua acção é mais rápida.A limitação deste é a
necessidade de injecção diaria.
Antiprogestogênio-é um modulador selectivo do
receptor de progesterona. Temos a
mifepristona(RU486)-reduz o volume do
mioma,podem usar-se várias doses de 2,5, 5,10 ou
50mg diariamente por 12sem. Tem menos efeitos
adversos.
Tratamento
Tratamento cirúrgico-Em algumas mulheres os sintomas
não melhoram e mantem-se com sangramento
abundande, nestas casos opta-se por tto cirúrgico que
inclue: miomectomia e histercetomia.
Miomectomia-Retirada dos miomas, boa opção as
mulheres com intenção de engravidar.O procedimento
pode ser realizado por insição laparoscópica ou
histeroscópica ou por laparotomia.
Histercetomia-retirada do útero,pode ser por via vaginal,
abdominal ou laparoscópica.A remoção dos ovários
não é necessária, a decisão de ooforectomia baseia-se
na idade e risco de cancro nos ovarios.
Tratamento
Ablação endometrial-Há várias modalidades de
destruicção tecidual capazes de remover o
endométrio, usa-se para casos de HUD. Em alguns
casos a ablação é usada como tto adjunto à excisão
histeroscópica do mioma em mulheres com
menorragia.
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dispensada
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