Você está na página 1de 27

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A relação da escola e a igreja como organizações sociais

Queti Mário Muchanga - 708210665

Beira, Maio, 2023

3
Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A relação da escola e a igreja como organizações sociais

Queti Mário Muchanga – 708210665

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Práticas Pedagógicas I
Ano de frequência: 1° Ano
Turma: C

Docente: Dr. Crispino Lino Albino

Beira, Maio, 2023

4
Critérios de avaliação (disciplinas teóricas)

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
Subto
do
máxima
tal
tutor
✓ Índice 0.5
Aspectos ✓ Introdução 0.5
Estrutura organizacion ✓ Discussão 0.5
ais ✓ Conclusão 0.5
✓ Bibliografia 0.5
✓ Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
✓ Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
✓ Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
✓ Articulação e
domínio do
discurso
académico 3.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência
/ coesão textual)
Análise e
✓ Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.0
internacional
relevante na área
de estudo
✓ Exploração dos
2.5
dados
✓ Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
✓ Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Referência Normas APA ✓ Rigor e coerência
s 6ª edição em das
2.0
Bibliográfi citações e citações/referência
cas bibliografia s bibliográficas
5
Folha de Feedback dos tutores:

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

6
Índice

1.
Introdução ........................................................................
....................................................... 3

1.2.
Objectivos ........................................................................
.................................................... 4

1.2.1. Objectivo
geral .............................................................................
.................................... 4

1.2.2. Objectivos
específicos .......................................................................
............................... 4

1.3.
Metodologias ......................................................................
................................................. 4

2. Escola e a igreja como organizações


complexas .................................................................... 5

2.1. Conceito de
Escola ............................................................................
.................................. 5

2.2. Conceito de
Igreja ............................................................................
.................................... 5

2.3. Função da escola e da igreja enquanto organizações


sociais............................................... 6

2.2. Os actores da organização escolar e da


igreja ................................................................... 10

2.4. Estrutura da organização escolar e da


igreja ..................................................................... 12

Conclusão .........................................................................
........................................................ 14

Referências
bibliográficas ....................................................................
.................................... 15

7
1. Introdução
O presente trabalho tem como propósito discutir a relação da escola e a igreja como
organizações sociais. O fato de que criamos e vivemos em uma sociedade que se
caracteriza
fundamentalmente pela função social, em especial, a função social da escola, apesar
das
transformações sofridas no decorrer da história, a escola representa uma
Instituição que a
humanidade elegeu para socializar o saber.

Muito se discute a importância da educação no país, pode parecer algo simples de


questionamento, mas, é algo complexo de se imaginar, devemos analisar a escola como
um
todo, ou seja, um processo que envolver todas as partes que integram a sociedade,
cada um com
a sua determinada função.

Assim, em relação à estrutura do trabalho, este está dividido em 3 seções além


desta introdução,
os objectivos e procedimentos metodológicos: a segunda seção traz a revisão de
literatura; na
terceira, as considerações finais do estudo.

3
1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral


• Discutir a relação da escola e a igreja como organizações sociais.

1.2.2. Objectivos específicos


• Conceitualizar a escola e a igreja como organizações complexas;
• Relacionar a função da escola e da igreja enquanto organizações sociais;
• Identificar os actores da organização escolar e da igreja;
• Descrever a estrutura da organização escolar e da igreja.

1.3. Metodologias
Para viabilizar a pesquisa foi feito levantamento em fontes bibliográficas e
documentais, tais
como livros, manuais, artigos científicos publicados e disponíveis na Internet,
sobre o assunto
em questão, onde faz-se referência dos conceitos e aspectos pertinentes que
corporizarão o
trabalho.

4
2. Escola e a igreja como organizações complexas

2.1. Conceito de Escola


Segundo Pillet (2002) define Escola como sendo um estabelecimento de educação no
qual o
ensino é ministrado de forma que a acção está orientada por regras, que são
complexas de
espectativas complementares e colectivas.

A escola, é seguramente, a instituição pedagógica mais importante de entre todas as


que ate
hoje a sociedade foi capaz de criar. Mas a escola é uma instituição histórica; isto
é, nem existiu
sempre, (…), o que existiu sempre e continuara existindo – é a função educativa
(Pimenta et al,
1999, p.72).

A escola apresenta-se-nos como uma instituição social básica, como um conjunto de


relações,
processos e recursos para satisfazer interesses e necessidades comuns. A escola
como
instituição responde à necessidade social de transmitir cultura, socializar o
indivíduo e prepará-
lo para desempenhar um papel na sociedade.

Para Pinto (1999:147, cit. em King, 1982), diz que a escola existe porque existem
pessoas que
detendo determinados estatutos num sistema de interacção com determinada
delimitação
desempenham papeis específicos, através dos quais a instituição e os seus membros
prosseguem
os correspondentes objectivos.

2.2. Conceito de Igreja


A igreja costuma ser denominada como a “casa de Deus” já que, apesar de Este ser
omnipresente, é nos templos que a comunidade cristã se reúne para rezar e
participar em rituais
como a missa. Abadia, basílica, catedral, capela, convento, mosteiro e paróquia são
diferentes
noções associadas aos tipos de igreja ou templos.

A palavra igreja também permite fazer alusão à congregação dos fiéis cristãos, ao
conjunto do
clero e ao povo de um território onde o cristianismo tem crentes (adeptos), ao
governo
eclesiástico em geral (a Igreja católica) e às comunidades cristãs que se
autodefinem como
igreja (a igreja anglicana, a igreja luterana, etc.)

Enquanto comunidade em geral, a igreja é o conjunto de todos os cristãos que tenham


recebido
o sacramento do baptismo (e, por conseguinte, são reconhecidos como filhos de
Deus). Os
membros da igreja acreditam em Cristo como salvador e messias.

5
A Igreja católica tem-se mantido na sucessão apostólica desde o apóstolo Pedro até
ao Papa
actual (Bento XVI). Os protestantes, em contrapartida, negam o valor da tradição
apostólica.

Portanto, as instituições sociais são reconhecidas enquanto elementos imperativos


“da
sociedade para a sociedade”, destacando seu exercício diante de parâmetros
universais de
demandas continuamente existentes que precisam ser respondidas e afirmadas. Por
serem
determinadas pelas necessidades sociais em cada tempo e lugar, as instituições
sofrerão
transformações que acompanham o contexto (cenário) político e econômico em que
estão
inseridas, constituindo-se como elemento de cultura e valor de um povo.

2.3. Função da escola e da igreja enquanto organizações sociais


De acordo com Musgrave (1979) as escolas podem obviamente ser analisadas como
organizações, embora se deva ter em mente que este conceito é, na terminologia de
Weber, um
tipo ideal, isto é, uma construção supostamente concreta servindo para analisar um
sistema
determinado de comportamento social.

Nesta acepção de escola como organização social, que acompanha por isso as
transformações
sociais, em processos constantes de ajustamentos e resolução de conflitos, importa
ter presentes
as suas finalidades, fundamentalmente, transmitir um conjunto de valores. A
convergência dos
objectivos congregam os seus actores e dão coerência à acção, integram o conjunto
de
procedimentos que nela têm lugar, numa função que visa a socialização do indivíduo,
na
sequência de uma primeira socialização no meio familiar, que lhe permite, ainda
criança, uma
identificação com a generalidade, com a sociedade, através de processos de
identificação pelos
outros.

Contudo, essas finalidades nem sempre se encontram suficientemente definidas e


presentes no
seu quotidiano e nos comportamentos que no seu contexto se realizam. A sua
percepção - se e
quando existe - é muitas vezes exterior à escola e aos professores, dificultando o
sentido da sua
legitimidade, fazendo com que tendam a ser preteridas em favor da objectivação nos
próprios
meios, que passam a constituir as finalidades do próprio acto educativo.

Como escreve Musgrave (1979), "na escola estabelecem-se os exames e certos


regulamentos
para encorajar os objectivos de aprendizagem académica ou moral, mas é muito
frequente que
6
passar num exame ou obedecer a uma regra, por muitos considerado afinal sem
significado, se
torne um fim em si e não o referido meio de alcançar uma finalidade educativa"
(p.157).

Assim, a escola compreende-se como uma organização diferente das empresas ou das
instituições sociais, espaços em que os alunos irão prosseguir o desempenho dos
seus papéis
adultos, a partir de um constructo fundado em culturas organizacionais distintas -
"a
socialização torna-se um processo de desenvolvimento das capacidades e
responsabilidades
indispensáveis aos futuros desempenhos funcionais" (Brandão, 1998, p.38) e a
adaptação que
requer constitui "um dos imperativos funcionais do sistema (...) que visa assegurar
a adequação
dos meios aos fins perseguidos" (Brandão, 1998, p.38). A ausência dessas
finalidades
educativas, expressa na inexistência de um verdadeiro projecto pedagógico, próprio,
partilhado,
mentor da coerência lógica das aprendizagens, torna estas coercivas, os saberes
inúteis, e
teremos de dar razão a Durkheim quando, distintamente de Piaget, considera
basicamente a
socialização como uma transmissão do “espírito de disciplina” assegurada pelo
constrangimento, complementada por uma “ligação aos grupos sociais” e interiorizada
livremente graças à 'autonomia da vontade.

Segundo UCM (s/d) a escola desempenha um papel social na vida das comunidades.
Muitas
vezes este papel é atribuído ao Estado, como entidade macro da organização social,
para este
gerir as necessidades educativas dos cidadãos (p.17).

Libâneo na sua exposição sobre a gestão da escola escreve:

“Há pelo menos duas maneiras de ver a gestão centrada na


escola. Conforme o ideário
neoliberal, colocar a escola como centro das políticas
significa liberar boa parte das
responsabilidades do Estado, dentro da lógica do mercado,
deixando às comnidades e
às escolas a iniciativa de planejar, organizar e avaliar os
serviços educacionais. Na
perspectiva sócio-crítica significa valorizar as acções
concretas dos profissionais na
escola, decorrente de sua iniciativa, de seus interesses, de
suas interacções (autonomia
e participação) em funçaão dpo interesse público dos serviços
educacionais prestados
(…).” (2003: 20, cit. em UCM, s/d, p.17).

Portanto, uma escola com fins discriminatórios não pode melhorar as vidas das
pessoas, as
relações sociais justas e inscritas no quadro da participação e inclusão das massas
populares.
(UCM, s/d, p.17).

7
Segundo UCM (s/d) é preciso conceptualizar a escola como o espaço em que os actores
apreendem (principalmente alunos e professores) a construir a sua identidade
profissional e
académica paulatinamente num espírito de colaboração profissional (p.18).

Estes factores reflectem-se positiva ou negativamente na sala de aula, na medida em


que a
veiculação do discurso pedagógico da parte do professor reforça a construção
colaborativa do
conhecimento respeitando as subculturas representadas na sala de aula pelos alunos
ou pode
reforçar um discurso pedagógico pessoal como verdadeiro, imutável e inegociável com
o qual
todos devem concordar. (UCM, s/d, p.17).

Para este autor importa avaliar o papel e as funções que os membros da direcção da
escola
desempenham para a consecução dos objectivos fixados. Importa também perceber os
diferentes papéis que o director pode assumir no seu relacionamento com os
professores e oe
restantes funcionários da escola, papel este que pode ser constrangedor se não for
observada a
questão da liderança.

A escola conduz a um condicionamento mais longo num quadro uniforme e máxima


divisão do
saber, que não visa à formação de algo, mas sim a uma acumulação mecânica de noções
ou
informações mal digeridas.

A função social da escola é o desenvolvimento das potencialidades físicas,


cognitivas e afetivas
do indivíduo, capacitando-o a tornar um cidadão, participativo na sociedade em que
vivem. A
função básica da escola é garantir a aprendizagem de conhecimento, habilidades e
valores
necessários à socialização do individuo sendo necessário que a escola propicie o
domínio dos
conteúdos culturais básicos da leitura, da escrita, da ciência das artes e das
letras, sem estas
aprendizagens dificilmente o aluno poderá exercer seus direitos de cidadania.

A função social da escola, ela é muito relativa e complexa, pois há várias formas
de pensar a
educação, para três grandes sociólogos há diferenças da forma de pensar a função da
escola na
construção do aluno.

Para Durkhein a educação deve formar indivíduos que se adapte a estrutura social
vigente
instituindo os caminhos e normas que cada um deve seguir, tendo sempre como
horizonte a
instituição e manutenção da ordem social, a educação é um forte instrumento de
coesão social
e cabe ao estado ofertá-la e supervisioná-la. Para Karl Marx a educação deve ser
vista como um
instrumento de transformação social e não uma educação reprodutora dos valores do
capital,
8
para Marx a uma necessidade de uma escola politécnica estabelecendo três pontos
principais:
o ensino geral que é o estudo da literatura, ciências, letras etc.

A educação física que é atividade que promova a saúde do ser e a outra é o estudo
tecnológico
que visa acabar com a alienação do proletariado perante a classe dominante. Para
Max Weber
a educação é um modo pelo qual os homens são preparados para exercer as funções
dentro da
sociedade, sendo uma educação racional, a visão de educar está vinculada enquanto
formação
integral do homem, uma educação para habilitar o indivíduo para a realização de uma
determinada tarefa para obtenção de dinheiro dentro de uma sociedade cada vez mais
racionalizada e burocrática e estratificada.

Cabe à escola formar alunos com senso crítico, reflexivo, autônomo e conscientes de
seus
direitos e deveres tendo compreensão da realidade econômica, social e política do
país, sendo
aptas a construir uma sociedade mais justa, tolerante as diferenças culturais como:
orientação
sexual, pessoas com necessidades especiais, etnias culturais e religiosas etc.
Passando a esse
aluno a importância da inclusão e não só no âmbito escolar e sim em toda a
sociedade.

Bueno (2010) se posiciona um tanto crítico sobre a realidade da função social da


escola, nestas
o social é ignorado. A escola torna-se uma instituição abstrata e homogênea, quando
na
realidade como coloca Bueno, cada escola é ímpar, e não deve ser vista de forma
genérica, uma
intervenção não funciona em todas as instituições, cada meio tem que ser vista de
acordo com
a sua história, com a sua cultura, colocando em pauta que cada instituição é única.

Atualmente existem projetos para promover cultura na escola, estes visando que os
alunos
ampliem sua visão de mundo, valorizando as diferentes manifestações culturais ao
seu redor
(...) por meio de ações que estimulem práticas culturais e educacionais nas escolas
com
parcerias com instituições artísticas (museus, parques arqueológicos, etc.).
(Fonseca; Silva &
Silva. 2010).

A escola pública nos dias atuais deixa muito a desejar quando se fala de educação e
de formar
cidadãos para viver numa sociedade tão multicultural e pluriétnicas, como a nossa.
A falta de
investimentos e de capacitação de professores, escolas sem infraestrutura adequada
para o
recebimento desse aluno. O modelo segregado e homogêneo que com muito esforço está
mudando para o modelo de escola inclusiva, mesmo escolas sem condições adequadas
para
receber esse aluno.
9
2.2. Os actores da organização escolar e da igreja
Segundo UCM (s/d) refere que:

Os aparelhos ideológicos nas escolas, não criam a ideologia,


mas inculcam a ideologia
dominante. Por exemplo: não é a igreja que cria a perpetuação
da religião, é esta que
cria e perpetua a igreja, diferente do que pensava Max Weber.
A análise do fetichismo
da mercadoria ultrapassa os aparelhos ideológicos. Uma escola
é um aparelho, no
sentido de que pela divisão social do trabalho em seu
interior, por exemplo, pela
organização despótica do trabalho, são elementos que definem
as relações políticas e
ideológicas concernentes aos lugares das classes sociais no
conjunto da estrutura. Há
mecanismos para reprodução de lugares e agentes, daí a
unanidade em falar de ascensão
social ou mobilidade social. A qualificação é uma
qualificação-sujeição, não é somente
qualificação técnica do trabalho. A escola é um aparelho que
distribui os seus agentes
no seu interior. As classes capitalistas não são castas
escolares (p.22).

De acordo UCM (s/d) afirma que a relação escola-aparelho econômico continua a


exercer sua
acção durante sua actividade econômica chamada formação permanente:

• Não é a escola que faz com que sejam principalmente camponeses a comporem os
lugares suplementares de operários. É o êxodo dos campos, acompanhando a
reprodução ampliada da classe operária, que desempenha o papel da escola;
• Trata-se de uma distribuição inicial dos agentes ligada à reprodução inicial
dos lugares
das classes sociais: é ela que designa para este ou aquele aparelho, para
esta ou aquela
série entre eles, e segundo as etapas e as fases da formação social, o papel
respectivo
que eles assumem na distribuição dos agentes;
• As organizações complexas controlam e domesticam as forças sociais. Elas
codificam,
centralizam. Essa apropriação pela organização da existência, sob todas as
formas, é
realizada também pela destruição e desintegração, destruindo as forças que
se opõem à
sua expansão (p.21)

A escola tem um papel nessa mascarada organizacional, operando as variações mais


amplas, a
partir dos papéis de mestre, aluno, burocrata, administrador. A organização realiza
um processo
concomitante: destruição e unificação. O Homem dividido na execução de suas tarefas
parceladas, isolado no seio da grande metrópole, é reagrupado no interior das
imagens
organizacionais. (UCM, s/d, p.22).

Portanto, as organizações mantêm-se pela transmissão, energia e pela sua conversão


em
trabalho: a reprodução da força de trabalho se dá em períodos de desequilíbrios
sociais, por

10
exemplo, nas migrações rurais-urbanas, onde multidões sem trabalho concentram-se na
periferia das grandes cidades; ou em migrações operárias de países estagnados para
áreas de
crescimento. […], a escola centralizada e unitária constitui o grande refúgio, ela
domestica a
energia sem direcção: não é por acaso que se pensa que as escolasmais eficientes
são aquelas
onde predominam um sexo só. (UCM, s/d, p.22).

Na óptica de Hutmacher (1992), existem poucas certezas quanto as finalidades dos


sistemas de
ensino e das escolas e, as políticas escolares propondo assim para que a escola
mude para
aspectos qualitativos sem deixar de parte o lado quantitativo como ilustra o tema
das reuniões
de Ministros da Educação dos países da OCDE realizada em Paris, em 1990 cuja
exigência era
uma educação de qualidade para todos (p.47).

O conjunto das características das escolas eficazes anteriormente apresentadas,


tomar-se-á
como base de análise aquilo que Nóvoa (1992) apresenta como características
dinâmicas das
organizações escolares que se assemelham as escolas eficazes sendo: a autonomia da
escola,
liderança organizacional, a articulação curricular, a optimização do tempo, a
estabilidade
profissional, a formação pessoal, a participação dos pais, reconhecimento publico e
apoio das
autoridades, sem deixar de parte o clima organizacional.

Para Edmond (1983) a escola de sucesso tem a gestão centrada na qualidade de


ensino, são
maior atenção as aprendizagens académicas, o clima é tranquilo e bem organizado,
propicio ao
ensino e à aprendizagem, os comportamentos dos professores transmitem expectativas
positivas
no que refere as competências e utilizam os resultados dos alunos para a avaliação
dos
programas e dos currículos (Good e Weinstein, 1992, p.83-84).

A gestão escolar é o conjunto de actividades e operações que tornam possível o


processo de
educação (…) é uma actividade directamente ligada a técnica (Alves, 1996, p.68).

Cabe aos directores das escolas a responsabilização final das actividades


realizadas na escola
por forma a que estas corram da melhor maneira possível. Nesta vertente, o director
ao instituir
a gestão participativa deve fazer transparecer aquilo que são as aspirações que a
escola tem em
comunhão com a comunidade para que os objectivos sejam alcançados.

Nóvoa (1992) mostra que é também importante para a criação de uma identidade da
escola, de
um ethos específico e diferenciador, que facilite a adesão dos diversos actores e a
elaboração
de um projecto próprio. (p.26)
11
2.4. Estrutura da organização escolar e da igreja

Segundo UCM (s/d) refere que a estrutura pode ser definida como o modelo
estabelecido das
relações entre os componentes ou as partes de uma organização. Existem diferentes
tipos de
estruturas organizacionais que correspondem igualmente a diferentes instituições
com vista a
facilitar a coordenação das actividades a elas inerentes (p.18)..

Ainda segundo UCM (s/d) diz que a escola comporta uma estrutura organizacional que
foi
evoluindo ao longo dos tempos.

Antes Nóvoa (2000, p.55, cit. em UCM, s/d) a organização da


escola centrava-se “na
perspectiva das ligações hierárquicas de controlo e de supervisão. Assim, o
estabelecimento de
ensino é encarado como uma antena descentralizada de aplicação de directivas e de
regras
idênticas para o conjunto de estabelecimentos de um mesmo tipo ou grau de ensino.”
(p.19).

Para UCM (s/d) compreender a escola como uma estrutura organizacional implica
situá-la num
quadro “orgânico de profissionais e alunos”, sublinhando assim a sua identidade
específica
diferente de outras organizações.

O que comumente acontece é que no exercício do poder as escolas conferem pouco


espaço de
autonomia e de liberdade aos seus profissionais o que, de certa forma, mina a
relação
estabelecida entre os dirigentes e os dirigidos. (UCM, s/d, p.19).

Ainda segundo este autor a interpenetrabilidade entre os objectivos da máquina


estrutural física
(o poder político-administrativo) e os da máquina estrutural psicológica e
subjectiva
(representada pelos professores e alunos) afigura-se como importante na instauração
de uma
organização escolar assente num profissionalismo sólido,
consciente das suas
responsabilidades.

No lugar de uma imposição das decisões tomadas a nível superior importa encontrar
mecanismos de articulação dos interesses dos actores:

“De facto, a simples transferência do poder central para o


poder local, sem redefinição
das regulações do poder local, pode comprometer o efeito
esperado de
responsabilização dos profissionais e de mobilização das
ideias e das energias no seio
dos estabelecimentos. (…) a autonomia não significa,
inevitavelmente, uma melhoria
de qualidade; em última análise, é o uso da autonomia que
é determinante. E este uso
depende, nomeadamente, da maneira como se pensa o
estabelecimento de ensino, o seu
lugar no sistema educativo, o seu modo de organização
interna, a organização de
trabalho, a partilha de tarefas e das responsabilidades, a
atribuição de recursos humanos

12
e materiais, as estratégias de avaliação e as formas de
regulação das relações de
trabalho.” (Nóvoa, 2000: 57, cit. em UCM, s/d, p.19).

Por fim, da análise das estruturas do modelo adotado, temos a tecnoestrutura


(técnicos
especializados e serviços administrativos - secretaria) e o pessoal de apoio
(auxiliares da ação
educativa), que desempenham processos de trabalho específicos, relacionados com
serviços
administrativos e de apoio às outras estruturas. De acrescentar que a restante
comunidade
educativa e o exterior são também elementos de toda a estrutura organizativa da
escola.

13
Conclusão
Concluímos que a escola não pode ser compreendida unicamente como uma infra-
estrutura
física ou um edifício. Sendo uma organização social e complexa, ela é uma entidade
de
formação onde vários actores interagem buscando novas respostas às preocupações
sociais da
vida humana.

Contudo, a razão que leva a considerar a escola como organiza o é que ela é
autónoma e
possuem um conjunto de estruturas e de procedimentos que visam a certos fins
determinados
pela sociedade apoiando-se em estratégias e técnicas.

Nesse sentido, para o seu funcionamento adequado a escola deve receber da sociedade
inputs
ou entradas como alunos, professores, conteúdos que depois são transformados em
forma de
produtos para depois estes serem projectados ao meio em forma de outputs ou saídas
como:
alunos formados, graduados satisfações, insatisfações (que depois poderão ser
devolvidos à
escola sob a forma de feedback) para a sociedade a que pertencem.

14
Referências bibliográficas
1. Alves, J. M. (1996). Modos de Organização, Direcção e Gestão de Escolas
Profissionais: Um estudo de quatro situações. Porto Editora. Lisboa.
2. Brandão, Margarida. (1998). Modos de Ser Professor. Educa. Lisboa.
3. Bueno, José Geraldo Silveira. (2010). Função social da escola e organização
do
trabalho pedagógico.
4. Equipe editorial de Conceito.de. (26 de Julho de 2023). Igreja - O que é,
conceito e
definição. Conceito.de. https://conceito.de/igreja
5. Good, L. Thomas e Weinstein, Rhona S. (1992). As escolas marcam a diferença:
evidencias, críticas e novas perspectivas (1992). Em NÓVOA, António
(coord.). As
organizações escolares em análise. Publicações Dom Quixote. Lisboa.
6. Hutmacher. Walo. (1992). Para uma análise das instituições escolares (1992).
Em
NÓVOA, António (coord.). As organizações escolares em análise. Publicações
Dom
Quixote. Lisboa.
7. Musgrave, P. W. (1979). Sociologia da Educação. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
8. Nóvoa, A. (1992). As organizações escolares em análise. Publicações Dom
Quixote.
Lisboa.
9. Piletti, N. (2002). Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental. São
Paulo: Ed.
Ática.
10. Pinto, C. A. (1999). Sociologia da Escola. Editora McGrawHill. Portugal.
11. Silva, M.; Fonseca, M.; Silva, M. (2010). Cultura na Escola: Vivências
Artísticas
Culturais no Ensino Público Estadual.
12. UCM - Universidade Católica de Moçambique (s/d). Manual de Tronco Comum -
Prática Pedagógica I. Beira

15

Você também pode gostar