Você está na página 1de 63

ANTIBACTERIANOS

NA TERAPÊUTICA
PERIODONTAL
ANTIBIÓTICOS

Os antibióticos são substâncias


químicas, obtidas de microrganismos
vivos ou de processos semissintéticos,
que têm a propriedade de inibir o
crescimento de microrganismos
patogênicos ou destruí-los.
Dias de Andrade et al., 2014
ANTIBIÓTICOS - terminologia

Pode ser feita a distinção:


- Antibióticos são produtos naturais produzidos por
microrganismos.
- Agentes antimicrobianos, por sua vez, não precisam
necessariamente ser derivados de fonte biológica, podendo
também ser obtidos por alteração química de um composto
natural ou ser sintetizados quimicamente.
- Antibacterianos, ação específica no combate às bactérias
Essa distinção entre produtos de origem natural ou obtidos
em laboratório é acadêmica e, muitas vezes, os termos
antibióticos e agentes antimicrobianos são usados
ANTIBIÓTICOS - Classificação

- Ação biológica
- Espectro de ação
- Mecanismo de ação
Dias de Andrade et al., 2014
ANTIBIÓTICOS - Classificação

Ação biológica
Bactericidas: determinam a morte dos
microrganismos sensíveis
Bacteriostáticos: inibem o crescimento e
a multiplicação dos microrganismos
sensíveis, sem, todavia, destruí-los.
Dias de Andrade et al., 2014
ANTIBIÓTICOS - Classificação

Espectro de ação
Estreito: atuam somente em um grupo
único ou limitado de microrganismos
Amplo: afetam uma ampla variedade de
espécies microbianas (por ex: Gram+ e
Gram-)
Whalen et al., 2016
ANTIBIÓTICOS - Classificação

Mecanismo de ação
Atuam na parede celular: bactericidas
Atuam na síntese das proteínas:
bacteriostáticos
Atuam na síntese dos ácidos nucleicos:
bactericidas
Dias de Andrade et al., 2014
ANTIBIÓTICOS – Mecanismo de
ação
ANTIBIÓTICOS:
Concentração x Tempo
Concentração inibitória mínima:
Concentração minimamente necessária para inibir o
crescimento de um microrganismo em um teste laboratorial
in vitro. indica a quantidade de antibiótico capaz de inibir (e
não matar!) 90% da população de somente uma determinada
bactéria.
O antibiótico só terá algum efeito se atingir sua CIM no local
onde as bactérias sensíveis se encontram.
Necessário estabelecer uma relação entre tempo de
permanência do antibiótico no tecido e o decréscimo ou
aumento da concentração no local
Dias de Andrade et al., 2014
ANTIBIÓTICOS:
Concentração x Tempo

Índices que ajudam a nortear o tratamento:


Tempo que a concentração do antibiótico no
sangue permanece acima da CIM (T > CIM)
A razão entre a concentração máxima atingida pelo
antibiótico no sangue e a CIM
(Cmáx /CIM)
A razão entre a total disponibilidade do antibiótico
durante 24 h no sangue e a CIM
(ASC0-24/CIM).
Dias de Andrade et al., 2014
ANTIBIÓTICOS:
Concentração x Tempo
ANTIBIÓTICOS:
Resistência

As bactérias são consideradas resistentes a um


antimicrobiano quando seu crescimento não é inibido
pela maior concentração do antimicrobiano tolerada
pelo hospedeiro.
- Espécies inerentemente resistentes a um
antimicrobiano
- Algumas espécies de microrganismos que são
normalmente sensíveis a um antimicrobiano em
particular podem desenvolver cepas resistentes
(resistência adquirida)
Whalen et al., 2016
ANTIBIÓTICOS:
Resistência

A resistência adquirida pode ocorrer por


- Alterações genéticas que geram resistência: o
DNA sofre mutações espontâneas ou se
movimenta de uma bactéria para outra
- Expressão alterada das proteínas na resistência
dos microrganismos

Whalen et al., 2016


ANTIBIÓTICOS:
Resistência

Erros no consumo de antimicrobianos:


- Aceitar recomendações que não sejam de
profissionais de saúde
- Tomar antibióticos fora de indicação (resfriado,
garganta inflamada, etc.)
- Usar medicamento recomendado para outra pessoa
- Tomar medicação que sobrou de tratamento anterior
- Fazer tratamento por período menor que o indicado
ou não seguir rigorosamente os intervalos
ANTIBIÓTICOS:
Resistência
Determinantes de resistência microbiana:
- Uso indevido, sem necessidade ou por período diferente
- Falhas na prevenção e controle de infecção em hospitais
e clínicas, inclusive falhas de higiene
- Capacitação indevida de alguns profissionais de saúde
para a prescrição correta
- Ausência de novos tratamentos pela indústria
farmacêutica
- Uso de antibióticos em animais destinados à
alimentação humana
PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos

-Possuem um anel beta-


lactâmico em sua
estrutura química.

-Penicilinas
-Cefalosporinas
-Monobactâmicos
-Carbapenêmicos
PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Penicilinas

Atuam na parede celular: bactericidas

- Penicilinas naturais: penicilina G potássica


cristalina, penicilina G procaína e penicilina G
benzatina
- Penicilinas semissintéticas: penicilina V,
ampicilina e amoxicilina,

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Penicilinas

Espectro de ação:

-Penicilinas G e V - Espectro estreito: cocos e


bacilos Gram+, cocos Gram-
-Ampicilina e amoxicilina - Espectro estendido
e maior atividade sobre bacilos Gram-

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Penicilinas

Betalactamses:
Certas espécies bacterianas são produtoras
de betalactamases, enzimas com a
propriedade de destruir o anel betalactâmico.
As penicilinas G e V, a ampicilina e a
amoxicilina não são eficazes no tratamento
de infecções bucais causadas por bactérias
que produzem betalactamases.
Dias de Andrade et al., 2014
PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Penicilinas

Inibidores das betalactamses:


Para combater essas bactérias, os laboratórios
criaram a associação de penicilinas com substâncias
que inativam a ação enzimática das betalactamases
-Clavulanato de potássio
-Sulbactam
-Tazobactam

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Penicilinas

Uso em odontologia:
- Penicilina V e amoxicilina: maioria das
infecções de origem dental
- Amoxicilina: melhor farmacocinética
(absorção, distribuição e biotransformação)
- Penicilina G: parenteral em casos mais graves
- Infecções por aeróbios e anaeróbios, Gram+ e
Gram- : amoxicilina + clavulanato; pode ser
associada ao metronidazol
PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Penicilinas

Efeitos adversos:
-Tontura, dor abdominal, náuseas, vômito e
diarreia
-Reações alérgicas à penicilina ocorrem com
prevalência estimada de 2%, sendo rara a
reação anafilática. As reações mais graves
acontecem mais com o uso injetável, sendo
raras ou discretas quando usada por via oral.
Dias de Andrade et al., 2014
PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Cefalosporinas

Atuam na parede celular: bactericidas


-Espectro aumentado em relação às
penicilinas
-Menos sensíveis às betalactamases
-Classificadas de acordo á ordem cronológica
de produção (1ª, 2ª, 3ª e 4ª gerações.
-Espectro de ação contra bacilos Gram- vai
aumentando.
Dias de Andrade et al., 2014
PRINCIPAIS GRUPOS:
Betalactâmicos - Cefalosporinas

Efeitos adversos:
-Nefrotóxicas – em altas doses e
uso prolongado
-Colite pseudomembranosa -
Clostridium difficile, diarréia grave
(4ª geração)
Dias de Andrade et al., 2014
PRINCIPAIS GRUPOS:
Macrolídeos

Atuam na síntese de proteínas: bacteriostáticos


-Eritromicina, espiramicina, claritromicina, roxitromicina
-Azitromicina: pertence a uma nova classe, os azalídeos,
considerados “parentes próximos” dos macrolídeos e
apresenta concentraçõesmais elevadas nos tecidos
infectados.
-Espectro de ação similar ao das penicilinas
-Não afetados pelas betalactamases

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Macrolídeos

Uso em odontologia:
- Eritromicina - pacientes alérgicos aos
betalactâmicos
- Abscessos periapicais - eficácia semelhante
à amoxicilina
- Profilaxia da endocardite
- Uso prolongado: superinfecção por bacilos
entéricos Gram-
PRINCIPAIS GRUPOS:
Macrolídeos

Efeitos adversos:
- Dorepigástrica
- Ototoxicidade
- Arritmia ventricular
- Pancreatite
- Hepatite
- Síndrome da hipersensibilidade
PRINCIPAIS GRUPOS:
Tetraciclinas

Atuam na síntese de proteínas:


bacteriostáticos
- Espectro de ação mais amplo que penicilinas e
macrolídeos: agem em infecções causadas por
Actinomyces, Actinobacillus, Fusobacterium,
Clostridium, Propionibacterium, Eubacterium e
Peptococcus.

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Tetraciclinas

-Cloridrato de tetraciclina: uso excessivo


no passado gerou resistência
-Derivados semissintéticos: mais
indicados atualmente: doxiciclina e
minociclina
- Principal indicação em odontologia:
auxiliar ao tratamento periodontal
PRINCIPAIS GRUPOS:
Tetraciclinas

Efeitos adversos:
-Distúrbios gastro-intestinais (náuseas,
vômitos, etc.)
-Pigmentação dentária (contra-indicada
em gestantes e crianças até 8 anos)
-Hepato ou nefrotoxicidade (contra-
indicada em pacientes com distúrbios de
rins e fígado).
PRINCIPAIS GRUPOS:
Tetraciclinas

Apresentam interações expressivas


com:
- Anti-concepcionais
- Anti-coagulantes
- Leite ou anti-ácidos
PRINCIPAIS GRUPOS:
Lincosaminas

Atuam na síntese de proteínas:


bacteriostáticos
-Clindamicina
-Lincomicina

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Lincosaminas - Clindamicina

-Espectro de ação semelhante às penicilinas


-Resistentes às betalactamases
-Indicações em odontologia: opção para
alérgicos aos betalactâmicos ou resistência
bacteriana à amoxicilina e à penicilina V

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Lincosaminas - Clindamicina

Efeitos adversos:
-Efeitos gastrointestinais severos
-Colite pseudomembranosa -
Clostridium difficile, diarréia
grave
- Dias de Andrade et al., 2014
PRINCIPAIS GRUPOS:
Metronidazol

Atua na síntese dos ácidos nucleicos (DNA):


bactericida
-Derivado do imidazol
-Espectro de ação estreito: apenas anaeróbios G-
-Originalmente usado em infecções genitais
-Utilização em odontologia isolada ou associada
à amoxicilina

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Metronidazol

Reações adversas:
- Gosto metálico
- Distúrbios gastro-intestinais.
- Reduz ação de anticoagulantes.
-Contraindicado com bebidas alcoólicas (efeito
antabuse)
-Hepatotoxicidade e nefrotoxicidade

Dias de Andrade et al., 2014


PRINCIPAIS GRUPOS:
Quinolonas

Atuam na síntese dos ácidos


nucleicos (DNA): bactericidas
-Ciprofloxacino, levofloxacino,
moxifloxacino e gemifloxacino
-Uso limitado em odontologia
Dias de Andrade et al., 2014
Aplicações na terapêutica
periodontal
TERAPIA CONVENCIONAL
(raspagem e alisamento radicular)

Bons resultados clínicos, apesar de não


impedir a progressão em alguns sítios.

Roos & Thompson, 1974


ANTIBIÓTICOS

Adjuvantes ou substitutos ao
tratamento conservador?
ANTIBIÓTICOS

Antibióticos administrados
isoladamente não oferecem vantagem
em relação à raspagem subgengival.
Resultados clínicos satisfatórios só
observados em utilização associada à
raspagem subgengival.
Fischer, 1999
Por quê?
BIOFILME

-Funciona como barreira, retendo as


substâncias produzidas pelas bactérias,
protegendo estas de substâncias a elas
perigosas.

- Dificuldade na ação de substâncias


antimicrobianas.
ANTIBIÓTICOS

Não atingiriam concentrações


subgengivais suficientes para eliminar
quantidades excessivas das bactérias.
INDICAÇÕES

1)Pacientes onde o tratamento


convencional não impediu a
progressão da doença periodontal.
2)Periodontite associada à presença de
Agregactibacter
acninonomycetencomitans (A.a.):
padrão molar-incisivo em pacientes
jovens.
INDICAÇÕES

3)Pacientes com condições sistêmicas


que possam participar da evolução da
doença periodontal.

4)Lesões agudas com


comprometimento sistêmico.
INDICAÇÕES

5)Peri-implantites.

6)Profilaxia antibiótica.

7)Pós-operatório de cirurgias com


técnicas regenerativas.
SELEÇÃO DO ANTIMICROBIANO

Que doença desejamos tratar?

-Periodontite? Que tipo?


-Abscesso?
-Doença periodontal necrosante?
SELEÇÃO DO ANTIMICROBIANO

O agente de escolha deve:


- Agir rapidamente no local da infecção.

- Atingir concentrações em níveis


terapêuticos no fluido e tecido
gengival.
SELEÇÃO DO ANTIMICROBIANO

O agente de escolha deve:


- Ter efeitos colaterais mínimos no
hospedeiro e efeitos sobre os
miccoorganismos.
- Ter uma relação risco-benefício
positiva.
SELEÇÃO DO ANTIMICROBIANO

Não devemos esquecer de


considerar o risco da resistência
aos antimicrobianos.
SELEÇÃO DO ANTIMICROBIANO

Devemos conhecer o mecanismo de


ação dos anti-microbianos.
TETRACICLINAS

-Amplo espectro (G+ e alguns G-).


-Inibição de colagenase e reabsorção
óssea.
-Eficazes contra A.a.: indicada em
periodontites padrão molar/incisivo
em pacientes jovens,
TETRACICLINAS

- Cloridrato de tetraciclina: 250 ou 500


mg.; 1 g./dia.
- Doxiciclina: 100 mg.; 1xdia.
- Minociclina: 100 mg.; 2xdia.
- Durante 2 a 3 semanas.
METRONIDAZOL

- Espectro de ação: anaeróbios G-


-Atuação em periodontites associadas à
presença do “grupo veremelho”
-Doença periodontal necrosante
(comprometimento sistêmico)
-400 mg.; 3xdia
PENICILINAS (AMOXICILINA)

- Amplo espectro e baixa toxicidade.


- Indicada em infecções inespecíficas
(abscesso, pericoronarite).
- 500 mg.; 3xdia.
- Pode ser associada ao inibidor da
betalactamase (clavulanato de potássio)
CLINDAMICINA

- Alergia à penicilina ou ao metronidazol.


- 1 50 mg.; 3xdia.
AZITROMICINA

- Absorvida pelos fagócitos e liberada por


longos periódos
- 500mg 1x/dia 3 dias
- Eficácia sugerida na redução de
parâmetros clínicos e microbiológicos em
periodontite crônica
Sefton et al., 1996; Smith et al., 2002
ASSOCIAÇÕES

- Complementação de espectro
- Sinergia: a associação é mais eficaz do
que cada um dos fármacos usados
separadamente
- Não se recomenda associar bactericida
com bacteriostático: interferência de
um fármaco na ação do outr0
ASSOCIAÇÕES

Metronidazol 400 mg + Amoxicilina 500


mg (ou Amoxicilina + clavulanato de
potássio); 3xdia.
-Ação contra A.a., principalmente
associado a P.g.
-Mais recomendada pela literatura para
tratamento complementar das
periodontites
ASSOCIAÇÕES

Metronidazol + Espiramicina
(Periodontil)

- Não apresenta vantagens em


comparação à administração isolada
do metronidazol.
ASSOCIAÇÕES

Outras:

-Metronidazol + Ciproflocacina.

-Metronidazol + Tetraciclina (seriada).

Você também pode gostar