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Definição

 Afogamento: Morte em até 24 horas após acidente por


submersão em meio líquido.

 Quase-afogamento: Episódio de suficiente gravidade


após submersão que exige atenção médica a vítima que
pode evoluir com alguma morbi-mortalidade.

 Afogamento secundário:Morte decorrente de


complicações ou acidente por submersão.

 Síndrome da submersão: Morte súbita, provavelmente


mediada pelo vago, devido à parada cardíaca após contato
com água gelada.
Epidemiologia
Estima-se que 500 mil pessoas se afogam a cada
ano em todo o mundo -1 pessoa a cada minuto
1998 (OMS): Taxa de mortalidade por afogamento
de 8,4/100000
Como causa de morte:
Crianças menores que 5 anos: 11° lugar
Crianças entre 5-14 anos: 4° lugar
Crianças menores de 5 anos respondem por
aproximadamente 40% das mortes por
afogamento
Epidemiologia
Fatores de risco
Idade: Taxas de afogamento são mais altas em crianças
menores que 5 anos (42%) e, a seguir, no grupo entre
15-19 anos (29%)
Sexo: Vítimas masculinas predominam em todas as
idades totalizando 74% das mortes
 Relação homens:mulheres aumenta de 2:1 em crianças para
mais de 10:1 em adolescentes
Raça: 2 a 3 vezes mais em negros
Doenças associadas - Epilepsia: risco 4 a 13 vezes maior
de afogamento
Epidemiologia
Local de afogamento:
Mais de 50% dos lactentes sofrem submersão em
banheiras
Crianças menores que 5 anos, o afogamento é comum
em baldes, vasos sanitários, lavadoras, pias e piscinas
residenciais
Crianças mais velhas e adolescentes: até 70% ocorrem
em locais com água abertos como lagos, rios, tanques
 Mais de 50% associados ao uso de álcool/drogas
Fisiopatologia
A maioria das vítimas pediátricas afoga-se
silenciosamente
Crianças pequenas podem lutar apenas 10-20 s antes
que ocorra o evento final de submersão
Ocorrendo a submersão, todos os órgãos e tecidos
estão em risco de hipóxia
A gravidade da lesão depende da duração da
exposição ao mecanismo de lesão.
Fisiopatologia
Aspiração e lesão pulmonar:
Aspiração:
 Ocorre na grande maioria das vítimas
 Geralmente aspiram pequena quantidade
 A quantidade e composição do material aspirado podem
afetar a evolução clínica do paciente:
 Conteúdo gástrico, água salina, organismos patogênicos,
substâncias tóxicas podem lesar o pulmão ou causar
obstrução de via aérea
 Aspirações volumosas aumentam a probabilidade de
disfunção pulmonar grave
 O tratamento clínico não é significativamente alterado pela
aspiração de água do mar ou água doce
Fisiopatologia
Aspiração e lesão pulmonar:
Hipoxemia e insuficiência pulmonar:
 Resultam do desequilíbrio ventilação/perfusão, aumento do
shunt intrapulmonar, diminuição da complacência pulmonar
e aumento da resistência das pequenas vias aéreas
 A aspiração de 1-3 ml/kg pode levar a hipoxemia acentuada e
uma redução de 10-40% na complacência pulmonar
Fisiopatologia
Aspiração e lesão pulmonar:
Lesões pulmonares:
 Edema pulmonar e SARA
 Consequentes à aspiração de líquido ou material estranho,
hipóxia-isquemia ou hipotermia acentuada
 Pode ser cardiogênico, ou, incomumente, neurogênico

 Pneumonia
 Decorrente da aspiração de material contaminado

 Lesão direta das vias aéreas


 Aspiração de suco gástrico ou agente cáustico

 Lesão pulmonar associada a ventilador:


 Uso de volumes correntes ou pressões excessivos ou

exposição prolongada a altas concentrações de O2


Fisiopatologia
Hipotermia (temperatura central < 35°C)
É comum após submersão
Decorrente:
 Contato prolongado da superfície corporal com água fria
 Aspiração ou deglutição de grandes quantidades de líquido
muito frio
 E quedas adicionais de temperatura após remoção da água : ar
frio, roupas molhadas, hipóxia
Crianças têm elevado risco de hipotermia:
 Relação relativamente alta de área de superfície para massa
corporal
 Menos gordura subcutânea

 Capacidade termogênica limitada


Fisiopatologia
Hipotermia
Hipotermia moderada (temp. central 32-35°C)
 Atuação de mecanismos de compensação  Aumento no
consumo de O2  Termogênese por tremor e tono simpático
aumentado
Hipotermia grave (temp. central < 32°C)
 Termorregulação falha e reaquecimento não ocorre: O
tremor cessa e a taxa metabólica celular diminui 7% por °C
na ausência de termogênese ativa
Fisiopatologia
Hipotermia (moderada a grave)
Alterações cardiovasculares:
 Bradicardia progressiva, contratilidade miocárdica prejudicada e
perda do tono vasomotor  perfusão inadequada hipotensão
 choque
Abaixo de 28°C: Bradicardia extrema e propensão à FV
espontânea ou assistolia
Alterações respiratórias:
 Depressão do centro respiratório hipoventilação e apnéia
Alterações neurológicas:
 Coma profundo com pupilas fixas e dilatadas e reflexos ausentes
 falsa aparência de morte (hipotermia grave)
Fisiopatologia
Hipotermia
Outras consequências sistêmicas:
 SARA: Pode ser vista na ausência de submersão e aspiração
 Metabolismo hepatorrenal diminuído  redução da depuração
de drogas
 Hipoglicemia: Exaustão das reservas de glicogênio
 Hiperglicemia: Liberação de catecolaminas  liberação alterada
de insulina pancreática e utilização periférica reduzida de
glicose
 Trombocitopenia, disfunção de plaquetas e CID
 Comprometimento da função de neutrófilos e retículo endotelial
 Maior suscetibilidade à infecção bacteriana, fúngica e sepse
Manifestações clínicas e
tratamento
Evolução clínica é determinada:
Circunstâncias do incidente
Duração da submersão
Velocidade de salvamento
Eficácia de forças ressuscitativas
Tratamento inicial:
Tratamento pré-hospitalar coordenado e experiente
obedecendo ao ABC de ressuscitação de emergência
Tratamento subsequente
No setor de emergência e UTIP
 Envolve estratégias avançadas de suporte de vida
 Tratamento de disfunção de múltiplos órgãos
Monitorização
 Sistema Respiratório
• Gasometrias arteriais seriadas
• Radiografia de tórax
• Amostra de Gram e cultura em caso de secreção
brônquica
 Sistema Cardiovascular
• Pele (coloração, temperatura, perfusão)
• FC
• ECG
Monitorização
Sistema neurológico
• Escala de Glasgow
 PIC
Temperatura corpórea
Monitorização de rotina:
• Função renal com débito urinário, hematúria e
proteinúria
• Dosagem sérica de uréia e creatinina
• Função hepática com coagulograma, transaminases
• Glicemia
Tratamento
 Insuficiência Respiratória
 Oferecer O2 suplementar para atingir PaO2>100mmHg
 Manter PaCO2 entre 25 e 35 mmHg
 Intubação endotraqueal e ventilação mecânica podem
ser necessárias
 Pacientes com insuficiência grave
 Oferecer grande quantidade de volume corrente (12 a 15
ml/Kg) e alto PEEP  Garante oxigenação e ventilação
adequadas
Tratamento
Insuficiência Cardíaca

 Por ser secundária à hipotermia, hipóxia e acidose, é


reversível.

 Adequação de volume intravascular: reposição de


volume e, se necessário, uso de drogas vasoativas
 Principalmente quando paciente recebe ventilação com grande
quantidade de volume corrente ou altos níveis de PEEP  cursa
com prejuízo no DC.
Tratamento
 Lesão Cerebral
 Busca prevenção da progressão da lesão hipóxico-
isquêmica
 Manter a normotermia
 Garantir ótima oferta de O2 cerebral
 Manter Ht acima de 30%
 Ofertar glicose e calorias para restabelecimento de
metabolismo celular normal
Tratamento
 Lesão Cerebral
 Prevenir convulsões principalmente nos pacientes com
lesões cerebrais graves
 Controle da PIC não melhora evolução, porém, deve-se
realizar hiperventilação leve, sedação, balanço hídrico
rigoroso, elevação de cabeceira, limitar pressões de
sucção e tosse.
Tratamento
 Correção de hipotermia
 Reaquecimento ativo em todos os pacientes com
T< 32ºC:
 Lavagem gástrica ou peritoneal com soro morno;
 Administração de fluidos via intravenosa e O2 úmido
aquecidos a 40 ºC
 Pacientes com T> 32ºC e estáveis
hemodinamicamente:
 Podem ser aquecidos com cobertores e aquecedores
externos
 O reaquecimento deve ser interrompido quando
se atinge temperatura entre 34ºC e 35ºC.
Prognóstico
Globalmente, cerca de 80% das vítimas
sobrevivem
92% destes têm uma recuperação completa
Crianças com tratamento em UTIP:
50% sobrevive neurologicamente intacta
7-27% apresentam lesão cerebral grave
13-35% morrem
A maioria das crianças apresentam bons ou maus
resultados, poucos com lesão neurológica
intermediária
Prognóstico
Fatores preditivos:
Variáveis históricas:
 Duração da submersão
 Intervenção no local
 Tempo de hipotermia

Variáveis de tratamento:
 Necessidade de RCP  Apnéia, ausência de pulso, duração da
ressuscitação
 ECoG: e progressão: < 5 mau prognóstico
 Resposta pupilar e reflexo do tronco cerebral: melhora durante
as primeiras 24-72h bom prognóstico
Exames de laboratório:
 pH
 glicemia
Prognóstico
Melhores parâmetros de prognóstico a longo prazo do
SNC:
Exame neurológico e melhora durante as primeiras 24-
72h:
 Crianças que recuperam a consciência dentro de 72h, mesmo
após ressuscitação prolongada, tendem a não apresentar
sequelas neurológicas graves
Prevenção
“A melhor esperança de ‘cura’ do
afogamento e suas consequências reside
na prevenção”
Pediatra: papel crucial na prevenção
Educar pais sobre risco de artefatos comuns:
banheiras, baldes, vaso sanitário e máquina de
lavar
Piscinas residenciais devem ser foco de esforço
preventivo:
Cercas de isolamento apropriadas  podem prevenir
até 80% do afogamento de crianças pequenas
Capas de piscina
Prevenção
Atentar sobre necessidade de supervisão de um
adulto 24 horas
Treinamento da população quanto a RCP básica
Natação:
• Aconselhada para crianças maiores de 4 anos
Adolescentes:
• Atentar sobre o uso de álcool e drogas
• Proteção individual
OBRIGADA!

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