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FRATURAS: COMPLICAÇÕES

E TRATAMENTOS

PROF. FLAVIA DIDIER


FRATURAS - COMPLICAÇÕES

• Imediatas – precoce:
• Exposição óssea;
• Choque hipovolêmico;

O choque se manifesta quando se


tem perda de 30% do volume
sanguíneo circulante normal,
aproximadamente 1 ½ litro.
FRATURAS - COMPLICAÇÕES

Embolia gordurosa;

Sua incidência maior em pacientes idosos (50 a 80 anos) obesos,


politraumatizados e principalmente em pacientes que apresentem fraturas de
ossos longos (tíbia, fêmur, úmero).
Uma intervenção imediata é fundamental para evitar o óbito por embolia
pulmonar.
FRATURAS - COMPLICAÇÕES

Lesão vascular;
Consiste na lesão de vasos próximos à fratura, a lesão de vasos de médio e
grande calibre pode levar ao necrose por hipóxia ou até mesmo ao choque
hipovolêmico.
artéria braquial, da artéria poplítea, artéria femoral, artéria tibial.
Decorrente de traumatismo ou através de projétil de arma de fogo ou ainda
devido a uma espícula óssea seccionando a artéria.

- Pesquisar sempre o pulso radial e ulnar.


- Pesquisar pulso poplíteo e art. tibial se a lesão for no joelho.
- No 1/3 proximal do fêmur, pesquisando pulso da artéria femoral.
FRATURAS - COMPLICAÇÕES

Lesão nervosa.

A classificação das lesões nervosas proposta por SEDDON, (1943)


mereceu uma aceitação generalizada, porém só é usada raramente. Ele
dividiu essas lesões nos três seguintes grupos.

Neuropraxia, designado uma pequena contusão ou compressão de um


nervo periférico com preservação do cilindro eixo porém possivelmente
com um pouco de edema ou desintegração de um segmento localizado
da bainha de mielina. Assim sendo, a transmissão dos impulsos é
interrompido fisiologicamente por um certo tempo. Sua recuperação
ocorrerá em poucos dias ou semanas.
Axoniotmese, designando uma lesão mais significativa com desintegração do
axônio e degeneração Walleriana distal porém, com preservação da célula de
Schwann e dos tubos endoneurais. Pode-se esperar a regeneração espontânea com
a boa recuperação funcional.

Neurotmese, designando uma lesão mais grave com secção anatômica completa
do nervo ou lesão extensa por avulsão ou esmagamento. O axônio e os tubos e com
células de Schwann sofrem ruptura completa O perineuro e epineuro também
sofrem ruptura em graus variáveis. Segmentos dos dois elementos podem formar
pontes sobre a lacuna quando a secção completa não é evidente. Nesse grupo, não
é possível esperar uma recuperação espontânea significativa.

Principalmente as que se localizam ao nível do cotovelo, ao nível do ombro e ao


nível do côncavo poplíteo.

Observar a sensibilidade táctil, dolorosa e térmica no local da fratura logo que


ocorra o traumatismo.
As 3 lesões anatomopatológicas:

Neuropraxia Axonotmesis Neurotmesis


Síndrome Compartimental

 A síndrome compartimental é definida pelo


aumento da pressão de um compartimento
osseofascial que pode ocorrer nos MMII ou
MMSS.
 A SCA acontece geralmente devido a trauma
direto na região, causando dor, edema e de
acordo com o estágio, o paciente já apresenta
déficits sensoriais nas extremidades devido ao
aumento da pressão, podendo já estar
associado ao sofrimento tecidual e redução do
fluxo sanguíneo, em alguns casos ocorre a
interrupção desse fluxo.
 Por todas essas características, torna-se uma
emergência médica e o tratamento é cirúrgico
através do procedimento chamado fasciotomia.
FRATURAS - COMPLICAÇÕES

• Tardias, na evolução:
• Retardo na consolidação;

Consideramos um retardo de consolidação de um osso, principalmente o


osso longo quando a cicatrização dura de 3 a 4 meses sem calcificação
completa.
FRATURAS - COMPLICAÇÕES

Consolidação viciosa;
FRATURAS - COMPLICAÇÕES

Pseudoartrose;

São fraturas que não consolidaram


no tempo hábil de cicatrização ou
união óssea.

Rigidez articular.
FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DAS
FRATURAS
Principal objetivo do tratamento
fisioterapêutico será restabelecer a função do
paciente para que ele retorne as suas
atividades do dia a dia o mais rápido possível.
EDEMA ADM
DOR

FISIOTERAPIA
FLEXIBILIDADE
CICATRIZ

FORÇA FUNCIONALIDADE
MUSCULAR
MOBILIZAÇÃO
ARTICULAR
FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DAS
FRATURAS

• Fatores que influenciam no desenvolvimento do


plano de tratamento fisioterapêutico:

• Terapia aplicada pelo médico;


• Consolidação da fratura;
• Fase de reabilitação;
• Complicações.
FRATURAS

Redução

TRATAMENTO
MÉDICO Alinhamento

Imobilização
Imobilização - consequências

a. Inicialmente, inflamação e edema;

b. Na área imobilizada, atrofia muscular progressiva,


formação de contratura, degeneração de cartilagem e
diminuição da circulação;

c. Possibilidade de enfraquecimento geral do corpo se


tiver em repouso no leito;

d. Limitações funcionais impostas pelo local da fratura e


método de imobilização utilizado.
ENFRAQUECIMENTO
DO TECIDO
CONECTIVO

DEGENERAÇÃO DA
DIMINUIÇÃO DA CARTILAGEM
CIRCULAÇÃO ARTICULAR

IMOBILIZAÇÃO

DESENVOLVIMENTO
DE CONTRATURAS ATROFIA MUSCULAR

Lesão dos tecidos moles podem levar a sangramento e formação de cicatriz.


Se for necessário repouso no leito: exercícios gerais
para as partes não envolvidas minimizam as
alterações fisiológicas sistêmicas.
Em caso de fratura de MMII maneiras alternativas
de deambulação são indicadas para pacientes que
puderem sair do leito.
Objetivos gerais do tratamento fisioterapêutico de fraturas
durante o periodo de imobilização

↓ os efeitos da inflamação durante o período agudo;

↓ os efeitos da imobilização;

Se o paciente estiver confinado ao leito, manter a


força e ADM nos grupos musculares principais;

Ensinar adaptações funcionais.


FRATURAS - TTO FISIOTERAPÊUTICO

• Crioterapia e elevação;
• Contrações isométricas intermitentes, ADM ativa
para a articulação cranial e caudal à região
imobilizada;
• ADM resistida para os grupos musculares principais
não imobilizados, especialmente na preparação para
deambulação futura;
• Uso de aparelhos para assistência ou suporte na
deambulação ou mobilidade no leito.
FRATURAS - TTO FISIOTERAPÊUTICO

ADM ativa
Considerações clínicas após o período de imobilização:

Uma boa avaliação é fundamental para se determinar as fragilidades e


potencialidades do paciente.

 Haverá ↓ na ADM, atrofia muscular e dor articular nas estruturas que foram
imobilizadas. As atividades devem ser iniciadas cuidadosamente para não
traumatizar as estruturas enfraquecidas.

 Inicialmente o paciente pode referir dor ao movimento que deve diminuir


progressivamente com ganho de ADM e força muscular.

 Se ocorrer lesão de tecidos moles durante a fratura, poderá se formar uma cicatriz
inelástica, levando a ↓ da ADM e/ou dor durante o alongamento da cicatriz. O tecido
cicatricial deverá ser mobilizado para obtenção de movimento sem dor.

 Ter cuidado com aplicação de sobrecarga distal ao local da fratura, até que a mesma
esteja radiologicamente consolidada. Quando isso ocorrer, o osso terá integridade
estrutural normal e pode suportar a sobrecarga normal.
CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA O TTO
TERAPÊUTICO PRÉ-OPERATÓRIO:

• PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
1. Determine os comprometimentos primários como a
quantidade e tipo de dor articular, derrame ou
crepitação que o paciente está experimentando.

2. Meça a ADM ativa e passiva da articulação ou membro


envolvido.

3. Verifique a ADM de todas as outras articulações.

4. Gradue a força dos principais grupos musculares ou


músculos específicos do membro afetado.
CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA O TTO
TERAPÊUTICO PRÉ-OPERATÓRIO:

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:

5. Estime a força das articulações ou membros não afetados


como base para a deambulação, transferências e AVD pós-
operatória.
6. Determine o nível de independência funcional que o
paciente tem no pré-operatório e o nível que ele espera no
pós-operatório.
7. Avalie as características da marcha, tipos de aparelhos de
assistência, e grau de peso que é sustentado durante a
deambulação. Observe desigualdades no comprimento das
pernas.
FRATURAS

→ ORIENTAÇÃO INICIAL AO PACIENTE:


• Explique o plano de tratamento pós operatório ao paciente.

• Alerte o paciente sobre quaisquer precauções ou contra-indicações


para movimentos ou sustentação de peso que devem ser seguidas no
pós-operatório.

• Ensine ao paciente a movimentação básica no leito.

• Ensine ao paciente como usar aparelhos de assistência, como


muletas ou bengalas, que poderá precisar após a cirurgia.
• ORIENTAÇÃO INICIAL
DO PACIENTE:

• Ensine ao paciente os exercícios que


serão iniciados no período pós-
operatório imediato. Estes incluem:

1. Exercícios de respiração profunda;

2. Exercícios ativos de tornozelo, se


possível, para prevenir estase
venosa;

3. Exercícios leves de contração


muscular isométrica nas articulações
imobilizadas.
METAS PÓS-OPERATÓRIAS E ORIENTAÇÕES DE
EXERCÍCIOS:

• RESUMO DOS PROBLEMAS/COMPROMETIMENTOS:


1. Dor pós-operatória devido à incisão nos tecidos mole;
2. Edema pós-operatório;
3. Complicações circulatórias e pulmonares pós-operatórias;
4. Rigidez articular ou limitação no movimento devido à lesão
em tecido mole e imobilização pós-operatória necessária;
5. Atrofia muscular devido à imobilização;
6. Perda de força para atividades funcionais;
7. Limitação na sustentação de peso;
8. Probabilidade de perda de força e mobilidade em
articulações não operadas.
OBJETIVOS GERAIS – FASE DE PROTEÇÃO
MÁXIMA (pós-operatório):

• ↓ a dor pós-operatória, proteção muscular ou espasmo;


• ↓ ou minimizar o edema;

• Prevenir complicações circulatórias e respiratórias como


tromboflebite, embolia pulmonar ou pneumonia;

• Prevenir rigidez articular residual desnecessária ou contraturas


em tecidos moles;

• ↓ a atrofia muscular ao longo das articulações imobilizadas;


• Manter a mobilidade e a força em áreas acima e abaixo do local
operado.

• Manter a mobilidade funcional enquanto protege o local operado.


TTO FISIOTERAPÊUTICO – FASE DE
PROTEÇÃO MÁXIMA (pós-operatório):

→ TTO FISIOTERAPÊUTICO – FASE DE PROTEÇÃO


MÁXIMA (pós-operatório):
 Exercícios de relaxamento; uso de TENS, frio ou calor; mobilização
passiva contínua (MPC) durante o período pós-operatório inicial.
 Elevação do membro operado, exercícios ativos de bombeamento
nas articulações distais; massagem.
 Exercícios ativos para a musculatura distal; exercícios de respiração
profunda.
 Contrações isométricas leves iniciadas imediatamente após a
cirurgia.
 Exercícios ativos e resistidos na ADM em áreas não operadas.
 Treino de marcha com aparelhos de assistência apropriados.
 Instrução sobre posições e movimentos a serem evitados nas AVDs.
OBJETIVOS GERAIS – FASE DE PROTEÇÃO
MODERADA (pós-operatório):

• Restaurar gradualmente a mobilidade do tecido mole


e articulação;
• Fortalecer os tecidos envolvidos e melhorar a
estabilidade articular;
• Continuar a manter a integridade funcional das áreas
não operadas;
• Orientar o paciente.
TTO FISIOTERAPÊUTICO – FASE DE
PROTEÇÃO MODERADA (pós-operatório):

• Exercícios de ADM ativo-assistidos e ativos dentro


dos limites da dor.
• Isométricos em múltiplos ângulos usando-se
resistência progressiva crescente.
• Fortalecimento progressivo de áreas não operadas
usando-se exercícios resistidos em cadeia cinética
aberta ou fechada.
• Ensinar ao paciente monitorar os efeitos do
programa de exercícios e fazer ajustes caso aumente
a dor ou edema.
OBJETIVOS GERAIS – FASE DE PROTEÇÃO
MÍNIMA / RETORNO À FUNÇÃO (pós-operatório):

• ↓ dor devido a sobrecarga em contraturas ou


adesões.
• ↑ a mobilidade de tecido mole.
• Fortalecer músculos de suporte, desenvolver
equilíbrio biomecânico entre os grupos musculares.
• Desenvolver resistência muscular à fadiga nos
músculos movimentadores primários e
estabilizadores.
• Progredir na independência funcional.
• Orientar o paciente.
TTO FISIOTERAPÊUTICO – FASE DE PROTEÇÃO
MÍNIMA / RETORNO À FUNÇÃO (pós-operatório):

• Alongamento seletivo para as estruturas limitantes:


alongamento passivo, massagem, mobilização articular.
• Progressão: de resistência submáxima para máxima.
• Especificidade do exercício usando concêntricos,
excêntricos, cadeia fechada e aberta; de plano único para
múltiplos; de movimentos simples para complexos;
estabilidade proximal controlada, mobilidade distal
sobreposta.
• Progressão na velocidade e tempo.
• Continuar exercícios de fortalecimento e propriocepção,
iniciar o desmame dos aparelhos de suporte.
PRECAUÇÕES GERAIS

Progrida os exercícios gradualmente durante o


período pós-operatório imediato. Os tecidos
moles manipulados durante a cirurgia estarão
inflamados. Permita um tempo adequado para
que haja cicatrização.
PRECAUÇÕES GERAIS

Evite qualquer exercício vigoroso ou de alta


intensidade de alongamento ou resistência em
músculos ou tendões em que tenha havido incisão e
reinserção durante a cirurgia por aproximadamente
6 semanas, para assegurar cicatrização e
estabilidade adequadas.

Observe continuamente o nível do derrame, dor e


drenagem na incisão. Se for notado um aumento
acentuado, avise imediatamente e pare o exercício
naquela área.
Bons Estudos!!!!!

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