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JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA XX

XXXXXX, qualificação completa, por sua


advogada que abaixo assina, vem à presença de Vossa Excelência, com
fulcro no artigo 201, § 1º da Constituição Federal e artigo 3º, inciso II da
Lei Complementar nº 142/2013, propor a presente AÇÃO
PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE
APOSENTADORIA DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA em face de
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, endereço completo na
pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos que a seguir se
expõe:
DOS FATOS

A requerente é segurada do INSS, sob nº do NIT


XXXXX.

Em XXXXX requereu o benefício de nº xxxxxxx


o qual foi indeferido.

A avaliação da deficiência e do grau de


impedimento da autora fora realizada pela perícia social em XXXXX,
sendo que o procedimento permaneceu sob análise por quase um ano,
posto que, somente em XXXXXX a autora recebeu comunicação de
INDEFERIMENTO do pedido sob o argumento de que esta não havia
completado o tempo mínimo exigido, em razão de que sua deficiência
havia sido considerada “leve” pelo médico avaliador.

A vista da decisão e levando-se em consideração


que em xxxxxx o tempo laborado superava 24 anos, restando ponto
controvertido apenas o grau de comprometimento de sua mobilidade (se
leve ou moderado), a autora ingressa com a presente ação, inconformada
com a decisão administrativa do INSS.

Excelência, a autora possui, como já mencionado,


comprometimento da função motora, caracterizado (INFORMAR A
DOENÇA), estando tudo isso fartamente documentado por exames clínicos
e laudos médicos, os quais seguem anexos.
Se corretamente avaliada, a deficiência da autora
deve ser considerada “moderada” e, deste modo, o tempo de contribuição
deve ser de 24 (vinte e quatro) anos, e não de 28 (vinte e oito) anos, como
entende o INSS para a concessão do benefício de aposentadoria do
deficiente.

Não vislumbrando alternativa, assim, socorre-se


autora do manto do Poder Judiciário, com vistas a obter a necessária tutela
jurisdicional.

DO DIREITO

O direito aqui pleiteado encontra amparo no artigo


201, § 1º da Constituição da República, in verbis:

“Art. 201. A previdência social será organizada


sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo
e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

[...];

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios


diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei
complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de
contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria
exclusivamente em favor dos segurados: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

I - com deficiência, previamente submetidos a


avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
interdisciplinar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

O dispositivo transcrito veio a ser regulamentado


com a edição da Lei Complementar nº 142/2013, fixando as condições para
a concessão do benefício especial nos seguintes termos:

“Art. 3º É assegurada a concessão de


aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, observadas as
seguintes condições:

I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de


contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado
com deficiência grave;

II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de


contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de
segurado com deficiência moderada;
III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de
contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no caso de
segurado com deficiência leve; ou

IV - aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e


55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do
grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de
15 (quinze) anos e comprovada a existência de deficiência durante igual
período.”

A Emenda Constitucional prevê em seu artigo 22:

Art. 22. Até que lei discipline o § 4º-A do art. 40 e


o inciso I do § 1º do art. 201 da Constituição Federal, a aposentadoria da
pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social ou
do servidor público federal com deficiência vinculado a regime próprio de
previdência social, desde que cumpridos, no caso do servidor, o tempo
mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício no serviço público e de 5
(cinco) anos no cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria, será
concedida na forma da Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013,
inclusive quanto aos critérios de cálculo dos benefícios.

Logo, as regras da LC 142 continuam vigentes e


aplicáveis,

A definição de pessoa com deficiência adotada


para fins destas leis está contida no artigo 1º da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com deficiência da ONU, acolhida pelo Estado
Brasileiro, ipsis litteris:

“O propósito da presente Convenção é o de


promover, proteger e assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas
com deficiência e promover o respeito pela sua inerente dignidade.

Pessoas com deficiência são aquelas que têm


impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade com as demais pessoas.” [g. N.].

Assim, temos que a autora é pessoa portadora de


deficiência XXXXXXXX, caracterizada por
XXXXXXXXXXXXXXXXX.

Os inúmeros exames acostados à presente inicial


dão conta que a autora possui quadro clínico de deficiência moderada, o
qual restringe sua plena participação no âmbito social, em função de fortes
dores e comprometimento para locomoção.

Logo, negar-lhe o direito à concessão do benefício


especial é nítida afronta ao preceituado no artigo 1º da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com deficiência da ONU a qual assegura o respeito
pela sua inerente dignidade.
Os laudos médicos anexos comprovam que a
deficiência da autora é moderada, não podendo ser considerada como leve,
em afronta à legislação que regula a matéria.

Mesmo com tantas limitações, a autora


desempenhou atividade produtiva e contribuiu para a arrecadação de
impostos, sendo um verdadeiro exemplo de superação, e agora, quando
pretendia aposentar-se, tem o benefício negado por um erro de avaliação de
sua deficiência.

É cediço que a nova forma de avaliação


(consentânea com a antedita convenção internacional e efetuada com base
nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades,
Incapacidade e Saúde - CIF, estabelecida pela Resolução da Organização
Mundial da Saúde - OMS nº 54.21, aprovada pela 54ª Assembleia Mundial
da Saúde, em 22.05.2001) prevê a análise não apenas da estrutura e das
funções do corpo da pessoa, mas também os seus fatores ambientais, as
capacidades que ela possui, as atividades que desenvolve e o seu potencial
de interação social, atribuindo pontos a cada um desses domínios e, ao
final, qualificando a forma e a intensidade da deficiência e o grau de
extensão das barreiras contextuais em deficiência (e barreira) nenhuma,
leve, moderada, grave e completa.

Assim, não pode o Instituto réu lançar mão de


exame superficial para alegar deficiência “leve”, sem para tanto, levar em
consideração os demais fatores que agravam a condição da autora, bem
assim, fartos registros médicos que noticiam a natureza moderada de sua
deficiência.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer:

a) seja a Autarquia citada, na pessoa de seu


representante judicial, no endereço indicado no preâmbulo, para, querendo,
apresentar contestação;

b) seja a presente lide julgada TOTALMENTE


PROCEDENTE, condenando-se a Autarquia-Ré a conceder o benefício de
Aposentadoria para pessoa com deficiência a partir da data do
requerimento administrativo em xxxxxxxxx, aplicando as leis vigentes e
utilizando-se da regulamentação dada pelo decreto 8.145/2013 ou
alternativamente utilizando-se de critério internacionalmente aceito (CIF)
para determinação do grau de deficiência da autora;

c) seja a Autarquia-Ré condenada ao pagamento


dos valores relativos à Aposentadoria devidos retroativamente à época do
requerimento administrativo, atualizados com a incidência da correção
monetária conforme a Súmula nº 148 do e. STJ e acrescidos de juros
moratórios de 6% ao ano, a contar da citação da autarquia até a data do
efetivo pagamento, bem como ao pagamento dos honorários advocatícios
em 20% do valor total da condenação;
d) a concessão do benefício da justiça gratuita,
com fulcro na Lei 1.060/50, vez que a requerente não possui condições de
arcar com o ônus processual da presente demanda sem comprometer o
sustento de sua família.

Protesta por todos os meios de prova em direito


admitidos, juntada de novos documentos e perícia médica.

Atribui-se à causa o valor de R$ XXXXXX

Termos em que,

Pede deferimento.

Local data

NOME DO ADVOGADO

OAB

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