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Josseline Ambilikola

O Método Científico em Aristóteles, Bacon e Galileia

Licenciatura em Ensino de Filosofia com Habilitações em Ética

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2022
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Josseline Ambilikola

O Método Científico em Aristóteles, Bacon e Galileia

Trabalho de carácter avaliativo


recomendado pela docente da cadeira de
Historia da Filosofia Moderna, a ser
apresentado ao Departamento de Ciências e
Letras no curso de Licenciatura em Ensino
de Filosofia com habilitações em ética 2º
ano I° semestre

dr. Faruque Amade

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2022
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Índice
Introdução..........................................................................................................................4

1. Método científico...........................................................................................................5

2. Método Aristotélico.......................................................................................................5

2.1. Método Indutivo-Dedutivo de Aristóteles..................................................................5

2.2. Indução e Abdução nos Contextos de Descoberta e Justificação...............................6

2.3. O Estágio Dedutivo em Aristóteles............................................................................6

3. Método científico de Galileu Galilei.............................................................................7

3.1. Método experimental..................................................................................................7

4. Francis Bacon................................................................................................................9

4.1. Os ídolos da tribo......................................................................................................10

4.1.1. Os ídolos da caverna..............................................................................................11

4.1.2. Os ídolos do foro...................................................................................................11

4.1.3. Os ídolos do teatro.................................................................................................11

4.2. Teoria da Indução.....................................................................................................11

Conclusão........................................................................................................................13

Referências bibliográficas...............................................................................................14
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Introdução

O presente trabalho tem como tema “método científico” que é um processo de pesquisa
que segue uma determinada sequência de etapas. Além disso, pode ser definido também
como a maneira ou o conjunto de regras básicas empregadas em uma investigação
científica com o intuito de obter os resultados mais confiáveis, quanto for possível.
Entretanto, o método científico é algo mais subjetivo, ou implícito, do modo de pensar
científico, do que um manual com regras explícitas sobre como o cientista, ou
pesquisador, deve agir. O método é caracterizado por um texto científico cuja função é
relatar os resultados, sendo que os fatos são calcados de originalidade, provenientes de
uma pesquisa pré-determinada.

Objectivo Geral

 Compreender a origem do método científico.

Objetivos Específicos

 Descrever os tipos de métodos


 Apresentar os métodos Aristotélicos, Baconiana e Galileana.

O trabalho é de carácter avaliativo além de servir material de consulta sobre o método


científico. No que diz respeito a metodologia usada durante a elaboração desde trabalho,
foi necessária a consulta bibliográfica e fontes cibernéticas.

A estrutura do trabalho, obedece as normas de elaboração e publicação seguidas pela


Universidade Rovuma, Introdução, Desenvolvimento do conteúdo, Conclusão e a
respectiva Bibliografia.
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1. Método científico
O método científico é um processo de pesquisa que segue uma determinada sequência
de etapas (CHIZZOTTI, 1991). Além disso, pode ser definido também como a maneira
ou o conjunto de regras básicas empregadas em uma investigação científica com o
intuito de obter os resultados mais confiáveis, quanto for possível (MARCONI;
LAKATOS, 2003). Entretanto, o método científico é algo mais subjetivo, ou implícito,
do modo de pensar científico, do que um manual com regras explícitas sobre como o
cientista, ou pesquisador, deve agir.
O método é caracterizado por um texto científico cuja função é relatar os resultados,
sendo que os fatos são calcados de originalidade, provenientes de uma pesquisa pré-
determinada (MARCONI; LAKATOS, 2003).

A criação do método científico foi atribuída a Descartes, mas, na verdade, tem suas
raízes anteriores a ele, com dois grandes pensadores: Roger Bacon e Francis Bacon. O
método científico surgiu no século XII, durante o período do Renascimento, após uma
decadência geral da civilização na Idade Média, em que não houve praticamente
nenhum avanço científico importante (DESCARTES, 2006).

Marconi e Lakatos (2003) definem que o método científico é dividido em quatro etapas,
sendo elas: a) A observação que é a etapa em que há execução dos questionamentos
sobre o fato observado, a formulação de uma hipótese que é uma possível explicação
para o problema em questão; b) A experimentação, onde o pesquisador realiza
experiências para provar a veracidade de sua hipótese; c) A interpretação dos resultados,
momento em que o pesquisador interpreta os resultados de sua pesquisa; e, por fim, d)
A conclusão, onde é feita uma análise final e considerável sobre o fato em questão.

2. Método Aristotélico

2.1. Método Indutivo-Dedutivo de Aristóteles

Nos Analíticos Posteriores (ou Segundos Analíticos), Aristóteles desenvolveu sua


concepção do método científico. Segundo ele, a investigação científica começa com o
conhecimento de que certos acontecimentos ocorrem ou que certas propriedades
coexistem (Aristóteles 2005).

Através do processo de “indução”, tais observações levam a um princípio explicativo.


Uma vez estabelecido, este princípio pode levar, por dedução, de volta às observações
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particulares de onde se partiu ou a outras afirmações a respeito dos acontecimentos ou


propriedades.
O filósofo da ciência David Oldroyd chamou este vai-e-vem de “o arco do
conhecimento”. Na Idade Média, este padrão indutivo-dedutivo seria chamado Método
da Resolução (indução) e Composição (dedução).

Tomemos o exemplo do eclipse lunar. Primeiro, observa-se o escurecimento da lua


durante o eclipse. Para explicá-lo, é preciso encontrar os princípios explicativos, que
Aristóteles identifica com as causas do fenômeno. Para isso, procede-se por indução a
partir da observação do eclipse e de outros fenômenos também. Por exemplo,
inspecionando as sombras de objetos formadas a partir da luz solar, conclui-se por
indução que os raios de luz propagam-se de maneira retilínea, e que são os corpos
opacos que geram a sombra. Então, num ato de “perspicácia”, chega-se à noção de que
o eclipse é causado pela interceptação da luz solar pelo corpo opaco da Terra, de
maneira que é a sombra projetada pela Terra na Lua que a faz escurecer. Por dedução,
posso confirmar que tal disposição dos astros de fato provoca um escurecimento da Lua,
como também posso deduzir outros aspectos do fenômeno, como o fato de que a sombra
deve ter uma forma circular, já que surge da interceptação por um objeto esférico (a
Terra).
2.2. Indução e Abdução nos Contextos de Descoberta e Justificação

Há dois tipos de indução em Aristóteles, que aparecem no exemplo dado. A indução por
simples enumeração, ou indução enumerativa, leva a uma generalização a partir da
observação de casos particulares semelhantes. Se se observa uma propriedade em vários
indivíduos, presume-se que seja verdadeiro para a espécie a que pertencem os
indivíduos. Se observa algo para várias espécies, generaliza-se para o gênero a que
pertencem as espécies.

O segundo tipo, a indução intuitiva de Aristóteles (a referida “perspicácia”), é hoje mais


conhecido como “abdução”. Segundo exemplo dado por Aristóteles, se o cientista
observa várias vezes que o lado brilhante da Lua está voltado para o Sol, ele pode inferir
que a explicação para o brilho da Lua provém da luz solar nela refletida.

2.3. O Estágio Dedutivo em Aristóteles

O estágio dedutivo parte dos princípios explicativos (generalizações), obtidas por meio
da indução (enumerativa e abdutiva), e esses princípios servem como premissas para
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que se deduzam outras afirmações a respeito dos fatos. Esse processo de explicação
dedutiva, segundo a lógica aristotélica, envolveria apenas quatro tipos de proposições.

3. Método científico de Galileu Galilei

O criado por Galileu e aperfeiçoada por Francis Bacon (1561-1626). Essa forma de
indução não deriva de elementos inferiores e permite induzir de alguns casos
observados (ou apenas um) sob diferentes pontos e circunstâncias, aquilo que se pode
afirmar ou negar. A indução científica então baseia-se na causa ou na lei que rege o
fato, que foi demonstrado em um número significativo de casos, mas não em todos
(MARCONI e LAKATOS, 2017; PRODANOV e FREITAS, 2013).

3.1. Método experimental

A revolução científica que ocorreu entre os séculos XVI e XVII tem relação direta com
a obra de Galileu, cujo produto de maior expressão foi o nascimento da ciência
moderna. Essa revolução é caracterizada pela mudança completa da atitude fundamental
do espírito humano, o que resultou em uma mudança no paradigma entre uma atitude
ativa e uma atitude contemplativa, e isso está expresso diretamente na relação do
homem com a natureza, sendo que o homem moderno procura dominar a natureza e
dela apropriar-se, já o homem medieval buscava apenas contempla-la (MARICONDA,
2006).

Galileu foi responsável por mostrar a grande utilidade científica do telescópio para
descobertas astronômicas, essas observações foram relatadas em seu livro Sidereus
Nuncius (A mensagem das estrelas). Outro aspecto relevante a ser considerado é que a
ciência de Galileu não separa a ciência (função teórica) da técnica (função prática), mas
é antes uma ciência útil, pois, além de ter consequências práticas, pode ser testada,
controlada e avaliada por essas consequências (MARICONDA, 2006).

Umas das marcas de Galileu foi o seu empenho na descoberta, no aperfeiçoamento e na


utilização de instrumentos nas suas observações, e isso é uma das principais
características do método experimental aplicado ao estudo dos fenômenos naturais,
além da relação direta entre ciência e técnica. A aplicação do método experimental
acompanhou Galileu durante toda a sua carreira científica, e isso justifica o motivo por
ele ser conhecido como um dos fundadores do método experimental. As realizações
científicas de Galileu e sua maneira particular de fazer a ciência física, o método
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científico, e principalmente a maneira como chegava aos resultados científicos são as


principais contribuições de Galileu para humanidade. O método científico de Galileu
pode ser caracterizado pela procura de regularidades matemáticas nas leis da natureza, e
a forma como busca certificar-se da verdade através da realização de experimentos,
essas são características também da ciência moderna, a ciência de Galileu. Como é
possível observar na sua atitude ativa no desenvolvimento de instrumentos específicos,
em suas observações com o telescópio e seus experimentos com o plano inclinado
(MARICONDA, 2006).

De acordo com Prodanov e Freitas (2013):

O método experimental consiste basicamente em submeter os objetos de estudo sob a


influência de determinadas variáveis, onde as condições são controladas e conhecidas
pelas pessoas que estão investigando, e a partir disso, observar os resultados que as
variáveis produzem no objeto. Parte significativa dos conhecimentos obtidos nos
últimos três séculos foi através do método experimental, que é considerado um método
de excelência das ciências naturais (PRODANOV e FREITAS, 2013).

Essa revolução iniciada por Galileu causou uma grande mudança na problemática
científica, onde ocorreu uma nova caracterização das pesquisas científicas e de seus
objetivos, criando um novo modelo de sistematização e exposição. No entanto, essa
transformação não consistiu em afastar totalmente da ciência todo e qualquer tipo de
argumentação teórica. As que foram afastadas são aquelas investigações teóricas, que
por serem muito gerais e terem um caráter principalmente abstrato e especulativo, não é
possível o seu controle durante a realização dos experimentos. Nessa nova concepção de
ciência são deixadas de lado as meras especulações que não tem relação com
experimentos, para então dar espaço as considerações teóricas que podem levar a
construção e formulação de leis naturais, a formulação de previsões, a montagem de
regras práticas que visam sempre a ação e a formulação de experimentos científicos que
podem ser controlados e replicados. E isso nos mostra que a ciência, ao buscar enfrentar
os problemas que são levantados pela técnica, não realiza apenas uma função prática,
mas acaba preenchendo também uma função teórica, pois, ela justifica racionalmente
certas práticas técnicas e certos modos especializados de fazer experimentos
(MARICONDA, 2006).

Galileu é um dos principais defensores da nova concepção de ciência, onde existe uma
relação direta entre o trabalho científico e o trabalho técnico. Essa introdução do método
experimental nas práticas científicas favoreceu diretamente a união da ciência com a
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técnica e isso foi responsável por gerar um ciclo entre três vertentes: a teoria, o
instrumento e o experimento (MARICONDA, 2006).

4. Francis Bacon

Bacon conduz a sua obra em duas partes: a primeira refere-se à “Antecipação da


mente”; e a segunda à “Interpretação da Natureza”. Aquela será destinada ao “cultivo
das ciências”, esta será destinada à “descoberta científica”. Esta última, ainda, terá como
objetivo “conhecer a verdade de forma clara e manifesta” e obter a “vitória sobre a
natureza, pela ação” que no final estabelecerá a “restauração do saber e da ciência”.

No prefácio, Bacon nos explica que o conhecimento não pode se separar da natureza, e
que sem ela a investigação da filosofia e da ciência se tornariam inócua, porque a
natureza é o fundamento para o conhecimento.

Todos aqueles que ousaram proclamar a natureza como assunto exaurido para o
conhecimento, por convicção, por vezo professoral ou por ostentação, infligiram grande
dano tanto à filosofia quanto às ciências. Pois, fazendo valer a sua opinião, concorreram
para interromper e extinguir as investigações. (BACON, 2000, p.27)

O método que o filósofo está formulando tem como objetivo substituir a dialética, pois
ela não traz certezas para as pesquisas. Podemos afirmar que ele esteja procurando uma
base sólida, que lhe dê segurança para a procura da verdade, que são a experiência e a
observação, pois a dialética não confrontava suas conclusões com os fatos, mas somente
com as palavras. Mas apresenta a dificuldade de aplicação de seu método:

Nosso método, contudo, é tão fácil de ser apresentado quanto difícil de se aplicar.
Consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e
rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre
aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto,
provém das próprias percepções sensíveis. Foi, sem dúvida, o que também divisaram os
que tanto concederam à dialética. (BACON, 2000, p.27-28)

No Novum Organum, Bacon pretende opor-se ao Organum Aristotélico e formular um


novo método científico. Em sua crítica a Aristóteles expressa o fato de que ele
“estabelecia antes as conclusões, não consultava devidamente a experiência para o
estabelecimento das suas resoluções e axiomas. E tendo, ao seu arbítrio, assim decidido,
submetia a experiência como a uma escrava para conforma – la às suas opiniões” (2000,
p. 50).
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Bacon recomendava, para a formulação do novo método científico, desconsiderar o


princípio de autoridade e admitir como base para o conhecimento a experiência e a
razão. Essas duas juntas, em harmonia, sem prevalecer uma sobre a outra, formariam os
pilares para o novo método: a indução experimental.

Trata-se do uso do método de “antecipação da natureza”, que era usado na época de


Bacon antes do estabelecimento do seu novo método, que consistia em alcançar os
axiomas por meio “de experiência rasa e estreita e a partir de poucos fatos particulares”.
Esta via “consiste no saltar das sensações e das coisas particulares aos axiomas mais
gerais e, a seguir, descobrirem-se os axiomas intermediários a partir desses princípios e
de sua inamovível verdade”. (2000, p. 36).

A exposição da teoria dos “ídolos”, que, segundo Bacon, são como “obstáculos à
própria instauração das ciências”. O objetivo da teoria dos ídolos de Bacon é uma
tentativa de analisar, classificar e tratar as fraquezas do intelecto e dos sentidos. Mas, o
que, afinal, são os ídolos para Bacon? Parece que os ídolos para Bacon são os falsos
Deuses, a ideia de idolatria, a qual impede que a mente humana busque uma
neutralidade para se poder fazer de modo correto a ciência, mostrando, desse modo,
inclinações naturais da mente humana a ilusões.

Os “ídolos” são classificados em quatro gêneros, a saber: ídolos da tribo; ídolos da


caverna; ídolos do foro e ídolos do teatro (2000, p. 44).

4.1. Os ídolos da tribo

São assim chamados porque estão fundados na própria natureza humana ou “na própria
tribo ou espécie humana”. Nesses ídolos, com efeito, os homens tomam todo
conhecimento dado pelos sentidos como verdadeiros. Eles não conseguem perceber que
as percepções alcançadas pelos sentidos são parciais, porque dependem da acomodação
própria do homem enquanto espécie. Bacon afirma que os “ídolos da tribo” “têm origem
na uniformidade da substância espiritual do homem, ou nos seus preconceitos, ou bem
nas suas limitações, ou na sua contínua instabilidade; ou ainda na interferência dos
sentimentos ou na incompetência dos sentidos ou no modo de receber impressões”
(2000, p. 44).
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4.1.1. Os ídolos da caverna

São os dos homens enquanto indivíduos”. Eles expressam os erros provenientes da


conformação de cada indivíduo, distinguindo-se, desse modo, dos “ídolos da tribo”, que
mencionam a espécie humana. Cada pessoa possui sua própria caverna, que interpreta e
distorce a luz particular, à qual estão acostumados (Oliva 1990, p. 22)

4.1.2. Os ídolos do foro

São erros gerados pela ambigüidade das palavras e pela comunicação entre os homens,
segundo Bacon, são, de todos os ídolos, os mais perturbadores, porque “insinuam-se no
intelecto graças ao pacto de palavras e nomes”. Muitas vezes levam os homens a usarem
palavras, que não são mais do que abstrações como se fossem nomes de entidades reais.
“Os homens, com efeito, crêem que a sua razão governa as palavras. Mas sucede
também que as palavras volvem e refletem suas forças sobre o intelecto, o que forma a
filosofia e as ciências sofísticas e inativas” (Oliva 1990, pp. 22-23).

4.1.3. Os ídolos do teatro

São aqueles que “imigraram para o espírito dos homens por meios das diversas
doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração”. Esses sistemas,
segundo o autor, constituíram puras invenções, como as peças de teatros que sucedem
na cena e não proporcionam um retrato fiel do universo, tal como ele realmente é.
Bacon fez uma severa crítica aos sistemas filosóficos, que dividiu em três tipos: a
sofística, a empírica e a supersticiosa.

Ainda na primeira parte do Novum Organum, Bacon começa a formular o seu método
indutivo. Segundo ele, era pertinente estabelecer para a indução fundamentos mais
sólidos. Ao seu ver, o que levaria a fazer essas modificações seria uma instauração,
propiciando fundamentos e alicerces adequados ao método científico.

4.2. Teoria da Indução

Na segunda parte de sua obra Novum Organum, estabeleceu a sua instauração. Após o
homem de ciência ou filósofo natural ter limpado os empecilhos de sua mente e se
precavido contra os “ídolos”, ou seja, ter entendido as fragilidades do método de
antecipação da natureza, ele agora está apto e preparado para seguir o caminho pela via
da interpretação da natureza, “que recolhe os axiomas dos dados dos sentidos e
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particulares, ascendendo contínua e gradualmente até alcançar, em último lugar, os


princípios de máxima generalidade” (Bacon 2000, p. 101).

Cabe, antes de entramos na discussão da indução baconiana, ver como era a indução
antes de Francis Bacon. Para tal, utilizamos a interpretação de Oliveira. Este afirma que,
antes de Bacon, a indução estava basicamente circundada ao solo da linguagem:

A indução Aristotélica (epagôge) visa mais à comunicação do que à descoberta do


conhecimento. Ela é essencialmente uma operação verbal, um simples rígido modelo de
argumentação, procedendo de palavras para palavras, não de palavras para coisas. No
aristotelismo medieval, a indução foi reduzida a mero mecanismo de retórica e dialética,
tradição que persiste na Renascença como retoricização da lógica. Para os humanistas
lógicos como Melanchthon, indução é um mecanismo de apresentação e comunicação
do conhecimento já possuído. Nem os escolásticos nem os reformadores da retórica
consideravam a indução como um processo lógico de obtenção de conhecimento.
(OLIVEIRA, 2002, p.179.)

Nota-se que a indução ficava apenas no campo da linguagem, não interferia nas coisas.
Deixando, assim, de contribuir para um conhecimento efetivo sobre a natureza.

Os aristotélicos não se importavam com as observações, dando atenção e valor para as


funções das deduções, que começavam dos primeiros princípios e, valendo-se de
silogismos nos quais os predicados das proposições não eram definidos adequadamente,
generalizavam de maneira precipitada. E ainda, confiavam de maneira equivocada na
indução por enumeração, generalizando as correlações que se aplicam a apenas alguns
casos sem se preocupar com a possibilidade de exemplos negativos (Bacha 2002, p. 35).

A mira de Bacon era menos a intuição intelectual em que se fundamentavam os


primeiros princípios do que a indução por simples enumeração na sua equivocada
confiança em suas conclusões.

O intelecto humano, quando assente em uma convicção (ou por já bem aceita e
acreditada ou porque agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. E ainda que em
maior número, não observa a força das instâncias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo
a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo. Graças a
isso, a autoridade daquelas primeiras afirmações permanece inviolada. (BACON, 2000,
p.42)

O método indutivo viria, portanto, garantir esse cuidado com as instâncias que serviriam
de obstáculo contra as conclusões apressadas e autoridades aparentemente
inquestionáveis. Após ter feito essa breve explanação sobre a indução antes de Bacon,
passamos a analisar o seu método.
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Conclusão

Ao concluir o presente trabalho, deu para entender um pouco sobre a origem do método
científico em Aristóteles que, desenvolveu sua concepção do método científico.
Segundo ele, a investigação científica começa com o conhecimento de que certos
acontecimentos ocorrem ou que certas propriedades coexistem, de Galileia o método
experimental consiste basicamente em submeter os objetos de estudo sob a influência de
determinadas variáveis, onde as condições são controladas e conhecidas pelas pessoas
que estão investigando, e do Bacon em sua obra Novum Organum, estabeleceu a sua
instauração. Após o homem de ciência ou filósofo natural ter limpado os empecilhos de
sua mente e se precavido contra os “ídolos”, ou seja, ter entendido as fragilidades do
método de antecipação da natureza.
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Referências bibliográficas

BACON, F. Novum Organum. Trad. e notas de José Aluysio Reis de Andrade. SP:
Nova Cultural, 2000. (Coleção os Pensadores)

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

DESCARTES, René. Discurso do Método. Coleção Fundamentos do Direito. São


Paulo: Ícone Editora Ltda., 2006.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed.


São Paulo: Atlas, 2017.

MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Fundamentos da Metodologia Científica. São


Paulo: Editora Atlas, 2003.

MARICONDA, P. Galileu e a ciência moderna. In: Caderno de ciências humanas. V. 9,


n.16 julho/dez, 2006.

MARICONDA, P. R.; VASCONSELOS, J. Galileu e a Nova Física- Imortais da


Ciência. Odysseus Editora, 2006.

OLIVEIRA, B.J. Francis Bacon e a fundamentação da ciência como tecnologia. BH:


UFMG, 2002.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: Métodos e


Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale,
2013.

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